Cilada



Capitulo 3 – Cilada


 


Hermione acordou assustada e sem saber onde estava. O lugar parecia muito diferente do casebre onde Harry e ela haviam estado na noite passada. Aquele era um quarto luxuoso: a cama onde estava e os lençóis que a cobriam eram macios e de ótima qualidade. Perto dela havia uma mesa e uma cadeira. E havia três portas. Hermione levantou—se de sobresalto e foi primeiro naquela que imaginava ser a porta de saída, mas estava trancada. Depois abriu as outras duas: a primeira era um banheiro de sonhos com uma banheira de hidromassagem enorme e redonda compondo grande parte do aposento; o outro era um trocador. Hermione ficou assustada ao ver que no trocador havia roupas de homem e de mulher e que as roupas de mulher pareciam-se muito com as roupas que ela mesma costumava usar. Haviam sido compradas na loja que Hermione costumava comprar e eram todas do seu tamanho. Foi então que percebeu que não usava mais a calça jeans e a camisete com a qual viera para a Rússia e sim uma camisola fina, de alcinha com o tecido sedoso de cetim.


Hermione saiu do trocador meio às trôpegas. Seu coração havia se acelerado com as possibilidades que lhe brotavam na cabeça. Alguém havia planejado sua estada ali. Seria Malfoy?


Correu para a janela e abriu as cortinas, mas o que poderia ser uma saída havia confirmado sua triste suspeita: a janela era coberta com uma lâmina pesada de ferro, não havia como Hermione sair dali.


- Deus... o que está acontecendo?


Escutou uma voz masculina no corredor. Era uma discussão, mas não conseguia escutar direito quem o que discutiam. Encostou o ouvido na porta. Reconheceu a voz de Malfoy imediatamente. A outra voz tinha um sotaque pesado. Imaginou ser de Amikail Paschenko.


- Você devia matá-la... Herrmione Grrangerr é muito perrigosa...


- De Hermione eu cuido! – Malfoy falava. – Eu fiz muitos esforços para tê-la comigo... você não imagina o quanto, Paschenko. Há anos que planejo isso...


- E sua mulherrr e sua amante sabem de sua pequena obsessão com essa nascida trrouxa...


- Minha mulher e minha amante fazem aquilo que eu mando, o que você devia fazer também, Paschenko. Não lhe dei ordens para...  Harry?


Hermione não escutou direito. Alguma coisa com Harry. O que seria?


- Sim, sim, chefe... Harry já foi...  ADO..


O que? O que ele disse? – perguntou Hermione a si mesma sem entender direito o que Paschenko ou Malfoy diziam. Algo sobre Harry. Eliminado? Seria eliminado? Harry foi eliminado?


Hermione sentiu as pernas tremerem. Não... não podia ser. Simplesmente não podia ser isso.


- Ótimo, ótimo... !  Então tudo será como planejei... – falou Malfoy confiante.


Hermione deu dois passos para trás porque sentiu os passos de alguém se aproximando. Sentiu a fechadura da porta se mover. Quando a porta se moveu, o rosto pálido de Malfoy, um homem agora de feições duras, diferentes do menino Malfoy, apareceram para ela.


- Olá, Granger... espero que tenha tido uma boa noite de sono. Se estiver com dores de cabeça é devido ao estuporamento. Tive que estuporá-la, você não queria colaborar...


- O que fez com Harry... ? – Hermione perguntou, sentindo as lágrimas brotarem em seus olhos. – O que fez...


- É só com ele que se preocupa? Devia temer por si mesma – falou Malfoy num tom que realmente meteu-lhe medo. – Não tem medo do que eu possa fazer com você – disse ele, diminuindo a distância entre os dois.


Hermione não se moveu e fixou os olhos no olhos azuis de Malfoy.


- Se fez alguma coisa com ele...


Malfoy estendeu a mão e tocou no seu rosto. Hermione teve vontade de repelir aquele gesto, mas não conseguiu se mover. O dedo dele procurou por uma lágrima e a secou. Depois deteve-se sobre seus lábios.


- Você não sabe o que tenho vivido nesses anos, lutando contra meus sentimentos... não posso mais... simplesmente eu não posso mais suportar viver sem você.


- Você é louco... – disse Hermione, sentindo seu sangue ferver de ódio, raiva e medo.


- Não sabe o que é ser uma pessoa como eu, apaixonado por alguém como você, Granger...


- O que quer dizer com isso, Malfoy... sempre fomos inimigos... você sempre me odiou por eu ser uma nascida trouxa... uma sangue ruim...


Malfoy aproximou-se ainda mais e colocou uma das mãos na cintura delgada de Hermione, puxando-a levemente para ele.


- Eu sempre te amei... sempre... mas não podia admitir. Minha família... meu clã... meu mundo e todos os que nele vivem desprezam os sangues-ruins... você sabe o que é isso? Sabe tudo o que tive que enfrentar para admitir meu amor por você...?


- Amor? Você não sabe o que é amor... – falou Hermione, com vontade de esmurrar a face de Malfoy. Como ele podia estar falando em amor e paixão quando Harry Potter, ele sim o seu maior amor e sua paixão, podia estar morto?


- Só porque sou um homem cruel, não quer dizer que não possa amar... Granger...


- Weasley... sra. Weasley pra você! E agora me diga, onde está Harry Potter?


- Como se eu não soubesse, Hermione... como se eu não pudesse ler seu coração. Você nunca amou aquele boboca do Weasley... sempre amou a Harry e o que Harry fez? Casou-se com a outra boboca Weasley...


- Cale a boca antes de falar do meu marido e da minha cunhada...


- Ora, vamos, Hermione... eu tenho de observado durante anos. Tenho fitas e mais fitas de seus movimentos diários. O que minhas câmeras captaram e Harry jamais foi esperto o suficiente para perceber é que o seu olhar quando é para ele é muito diferente do seu olhar para Weasley. Você o ama, não é mesmo?


- A quem amo, não lhe interessa... onde está ele... ele... ele... está...


- Não por muito tempo, querida... – falou Malfoy, num tom grave. – Não posso deixar Harry viver enquanto você o amar... depois que ele se for... você aprenderá a me amar... e eu poderei fazê-la muito feliz...


- Você é louco... um louco... – falou Hermione, sem poder agüentar mais as lágrimas.


- Não... não sou louco... sou ambicioso. E logo, o mundo estará nas minhas mãos, Hermione... e quando eu for o rei... você será a minha rainha...


Antes que Hermione pudesse impedir, Malfoy a abraçou e tomou seus lábios num beijo passional. Hermione se debateu contra ele, esmurrando-o violentamente, até que ele a largasse...


- Maldito... maldito... – reclamou Hermione, tentando afastá-lo de si...


Ele a empurrou fazendo com que caísse sobre a cama e depois pulou em cima dela, segurando-a pelo pescoço.


- Eu não sou um homem bondoso, Granger... então não brinque comigo...


- Não... não, por favor, não... – gritou Hermione, temendo que ele tentasse alguma coisa contra ela. Seu corpo tremia convulsivamente e Hermione não sabia se era do frio ou do medo. Realmente, Draco havia se transformado num homem muito diferente do garoto que conhecera em Hogwarts.


- Não vou me aproveitar de você, querida... isso não. Não preciso disso. Você virá até mim. Você implorará para que a possua... só então ficaremos juntos, meu amor... antes dissso, não...


E dizendo isso, saiu de cima dela, sumindo para fora do quarto.


Hermione sentou-se na cama, tremendo, sem saber o que pensar. Temia por Harry, imaginando se um dia o veria de novo com vida. Ao mesmo tempo, temia por ela. Malfoy se tornara mesmo um homem cruel. Nunca antes ele havia tocado Hermione daquele jeito. Antes ele sempre demonstrara desprezo. Agora demostrara uma paixão que Hermione jamais vira em homem algum. Não sabia o que podia acontecer, mas sabia que o horizonte era mais assustador do que nunca.


 


 


As luzes se apagaram muito tempo depois no quarto de Hermione. Não sabia que horas eram, mas deveria ser noite. Escutava o barulho de trovão lá fora, a distância. Depois de um tempo sentiu uma sonolência. Não sabia se era cansaço ou simplesmente por ter chorado tanto. Não conseguia deixar de pensar em Harry. Ah, Harry. Queria tanto poder vê-lo, poder salvá-lo. Onde estaria ele agora? Estaria sendo torturado? Meu Deus, proteja-o... proteja-o.


Escutou alguns barulhos de gritos ao longe e sentou-se na cama, tentando escutar alguma coisa. De novo um barulho de grito. Alguma coisa estava acontecendo lá fora. O que seria? Escutou passos que vinham na direção do seu quarto. Ficou alarmada, mas sabia que não havia nada a fazer. Sua varinha havia ficado no casebre, não havia simplesmente como resistir a um ataque se o sofresse. Então a porta se abriu: quando viu o rosto de Harry, levantou-se e se jogou nos seus braços.


- Harry... meu amor... – disse ela, sem se conter.


Harry a afastou, colocando na sua mão uma varinha.


- Estuporei dois capangas de Malfoy. Eles estão procurando por nós. Venha...


Tudo aconteceu muito rápido. Dois brutamontes russos surgiram de algum lugar, mas Harry e ela se defenderam muito bem. Como escutaram passos, entraram num quarto em frente ao de Hermione e fecharam a porta.


Para a sorte dos dois, havia uma lareira naquilo que parecia ser uma sala e o melhor: pó-de-flu...


Hermione empurrou Harry para dentro da lareira e agarrando uma grande quantidade de pó, enfiou-se atrás dele, gritando:


- GRINGOTES...


Harry e Hermione foram puxados violentamente para baixo e caíram com estrondo. Ao levantar a cabeça, Hermione percebeu com certo alívio que se encontrava em Gringotes, no saguão principal do banco.


Como era de noite, não havia ninguém no saguão, com exceção de um guarda anão que vinha correndo para os dois.


- Estupefaça!!! – gritou Hermione para o guarda.


- Por que fez isso, Hermione? – perguntou Harry. – Talvez ele nos ajudasse.


- Não há tempo para isso, Harry. Simplesmente não há tempo para isso. Venha, precisamos ir até a minha conta. Antes que Malfoy descubra para onde fugimos.


Não foi realmente fácil descobrir a conta de Hermione. As minas dos anões eram famosas por seus labirintos, mas quando finalmente chegaram a sala com as coisas de Hermione, tudo valeu a pena. Hermione havia escondido muitas coisas na sua conta: roupas, passaportes, dinheiro, mapas, um pequeno laboratório de análises e o principal: uma chave de portal na forma de uma sombrinha.


 


Quando menos esperaram, estavam no saguão principal do seu conhecido e amigável saguão de entrada do Ministério da Magia de Londres.


- Ah, finalmente, escapamos... estamos em casa... salvos... – falou Harry , aliviado.


Hermione também respirou aliviada, mas um aperto havia ficado em seu coração.


- Falhamos em nossa missão! – falou ela, aborrecida, embora soubesse que não era isso exatamente o que a aborrecia. – Não conseguimos nenhuma amostra, não invadimos nenhum dos laboratórios clandestinos de Paschenko. Não conseguimos nada contra Malfoy...


- Não se preocupe, Hermione... o importante é que escapamos com vida! – falou Harry, esboçando um sorriso.


- Por falar, nisso, como é que você escapou, Harry? – perguntou Hermione tentando compreender alguma coisa.


O movimento do saguão chamou a atenção de Hermione. Devia ser manhã, pois algumas pessoas já chegavam para o trabalho. Quim foi um dos que apareceu e andava em direção a eles.


- Eles bateram em mim e depois de deixaram sozinho. Eu acho que eles pensaram que eu estava morto ou desacordado. Então eu fugi, desarmei dois capangas e com as varinhas passei a procurar você em todo canto por aquela casa. Eu não sairia de lá sem você, por nada no mundo... QUIM... QUIM...  – gritou Harry acenando para que Quim se apressasse...


- Você não acha que foi tudo fácil demais...? – Hermione falou, sentindo o peso crescer em seu coração. – Malfoy me fez entender que ele tinha planejado tudo aquilo a muito tempo. Ele não iria te deixar escapar tão facilmente... não é, Harry... HARRY?


Harry tinha os olhos esbugalhados. Tinha dificuldade de respirar e antes que Hermione pudesse segurá-lo, ele tombou diante dela.


- HARRY! HARRY! – gritou Hermione, colocando a mão sobre o peito dele. – QUIM, AJUDE-ME ALGUMA COISA ACONTECEU COM HARRY...


Quim, pelo contrário, parou quando estava há uns três metros deles.


- QUIM? – Hermione falou, achando estranho o comportamento do ministro.


- Ele foi infectado. – falou ele, temendo chegar mais perto.


- O que? Como? – falou Hermione sem entender nada.


- Você não sabe, Hermione? Imagino que não. Quando escutei que o avião de vocês havia caído no mar, eu pensei que estavam mortos, por isso não mandei nenhuma coruja. Desde que aquele avião caiu no mar, uma estranha peste tem se alastrado entre os bruxos. Parece que os nascidos trouxas não podem ser infectados, Hermione. Mais de mil infectados desde anteontem. Cinquenta e duas pessoas já morreram.  Se Harry já está sem ar, isso quer dizer que ele tem menos de cinco horas de vida.


Hermione sentiu que o mundo abria um buraco e a engolia de tanta agonia ao ver Harry naquele estado. Lembrou-se então da discussão entre Malfoy e Paschenko. Sabia agora o que Paschenko havia dito para o Malfoy: - HARRY havia sido infectADO.


 


 


 


 

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.