Reconciliações II



Capítulo 20
Reconciliações – parte 2






No capítulo anterior...

- Você não quer me escutar, mas vai! – agora era Vincent quem suplicava – Você precisa me escutar! Precisa colocar nessa sua cabecinha que eu te amo, e que não vivo sem você. Então aconselho a desistir de me expulsar daqui, pois não saio até convencê-la desses dois fatos.

***


O silêncio que se instaurou no quarto, após as palavras suplicantes de Vincent parecia gritar aos ouvidos dos dois. Por um lado, ambos sabiam que aquela conversa era essencial para definir suas vidas. Por outro, eles não sabiam o que esperar, e no fundo sentiam medo do que aconteceria depois.

Com certo custo, Sophie conseguiu se desvencilhar dos braços de Vincent e deu alguns passos para trás, na intenção de manter distância para que seus pensamentos funcionassem facilmente. Com ele muito perto, ela temia seguir seus instintos e isso poderia fazê-la se arrepender depois.

Dessa vez, Vincent não lutou para mantê-la presa a si. Permitiu, sem reclamar, que Sophie se afastasse, entretanto seus olhos acompanharam cada movimento dela. Não queria perdê-la de vista um segundo que fosse. Observá-la era a segunda coisa que ele mais gostava de fazer. A primeira era estar com ela o tempo inteiro.

- Eu já estou cansado de lutar contra um fato impossível. Levantar e andar por aí, tentando aceitar o pior. Tentando me convencer de que você e eu não seguiremos mais juntos daqui por diante... Isso é absolutamente frustrante e torturador.

- Não, Williams! Isso é a verdade. – disse Sophie, que agora estava de costas pra Vincent, encarando um ponto fixo na parede do seu quarto, lutando contra a vontade de gritar – Aceite logo. Aliás, eu gostaria de entender porque você custa acreditar que terminou! Foi você mesmo quem escolheu seu caminho. Deveria segui-lo e me deixar em paz.

- Eu que escolhi? Ah, vamos lá! Eu sou palhaço, mas minha loucura não me deixou retardado... – disse Vincent – Não ainda! – completou, dando alguns passos em direção a Sophie – Olha, eu..

- Você o que? – num movimento rápido, Sophie se virou para encarar o rapaz. Não se importava que ele a visse chorando. O que ela realmente queria era se livrar de tudo aquilo antes que o buraco em seu peito aumentasse e sangrasse ainda mais – Eu o vi naquela maldita biblioteca. Ouvi todas as coisas que disse. Então não venha dizer que eu estou enganada ou que tudo não passou de um mal entendido. Vi quando você a beijou e estava tão... Tão... Tão apaixonado! Não minta mais pra mim, Williams. Eu já estava aceitando não ter você em minha vida, não torne as coisas mais difíceis.

Vincent levou alguns segundos absorvendo todas aquelas palavras angustiadas de Sophie. Só naquele momento que se deu conta de que não precisava apenas convencê-la de sua inocência. Precisava curá-la, pois mesmo inconsciente, ele a machucou demais.

- Sophie, me escute. – ele pediu, e ao ver o olhar furioso da loira, completou – E se quiser, depois me espanque. Me deixe apenas falar antes de tentar arrancar os dentes da minha boca com um soco potente de direita. Acho que é difícil falar desdentado. – ele parou alguns segundos para refletir sobre a cena e então voltou sua atenção para a menina a sua frente, que lutava contra a vontade de rir, espancá-lo e beijá-lo – Eu gostaria de lhe dizer que aquele cara na biblioteca não era eu. Sério, eu adoraria vir com uma daquelas histórias de filme trouxa, onde o cara tem um irmão gêmeo que causa a maior confusão, mas minha vida não é tão fácil assim, e eu sou bonito demais pra ser clonado.

Ele fez uma pausa em seu discurso, ao ver Sophie esboçar um sorriso. Fazia tanto tempo que não a via sorrir, que aquela visão iluminou sua noite. Era por aquela garota mandona e sorridente que ele lutava. E naquele instante, jurou a si mesmo que nem que precisasse ameaçar se atirar da torre de astronomia, a teria de volta.

- Pois bem, falando sério agora, e não me olhe com essa cara, pois você sabe que quando eu quero, consigo ser um rapaz sério e convincente. – ele alertou, fazendo Sophie sorrir mais uma vez – Minha cara loira, eu não posso dizer a você que não estava lá. Aquele na biblioteca era eu sim, em carne, osso e beleza... Mas não em alma e verdade.
“Eu vou te contar o que aconteceu aquele dia, passo a passo. Mas é importante que você saiba, que minhas lembranças são nítidas até o momento do treino do quadribol. Depois todas as cenas ficam desconexas e estranhas...”

Vincent estava sério novamente, e encarava Sophie, a espera de alguma reação negativa. Como essa não veio, achou que poderia prosseguir sem maiores problemas.

- Naquele dia eu estava com muita dor de cabeça. Pergunte a Scorpius ou a qualquer outro do time. Me queixei antes de irmos para o campo, e o Scorpius até perguntou se eu não queria apenas assistir, ao invés de treinar. Disse que não, e quando chegamos ao vestiário, tomei uma poção para dor de cabeça, coloquei meu uniforme e fui para o campo me aquecer, enquanto os outros iam chegando... Após o treino, como é de costume, voltei para o vestiário, tomei um banho, me troquei e fui beber meu suco de abóbora e então... Bom, é a partir daqui que tudo fica meio estranho. Acredito fielmente que isso seja devido a mistura de poções. Eu só lembro do corredor da escola, da Craig falando sobre a biblioteca, e o resto você sabe.
“Sophie, me escute. Eu sei que tudo isso parece loucura, mas estamos falando de mim, e nada relacionado a Vincent Williams faz sentido nessas horas. Mas tenho certeza que nós dois fomos vítimas de uma armação. Alguém, e acho que nós dois sabemos de que pessoa se trata, colocou alguma poção do amor no meu suco e foi por isso que reagi daquele jeito. Eu não tenho como provar nada... Mas coloco minhas lembranças a sua disposição e se quiser vamos agora mesmo invadir a sala da Diretora, em busca de uma Penseira. É claro que depois seremos expulsos por invadir os aposentos de um professor, mas valerá a pena se for para que você acredite em mim.”

- Vincent, eu...

- Eu amo você. E essa frase vai parecer repetitiva, mas eu amo você desde criança. É claro que eu era muito inocente, e novamente peço pra não me olhar com essa cara de espanto já que com 8 anos de idade não pensamos em agarrar nossa melhor amiga num cantinho escuro, mas como eu dizia, era muito inocente para perceber que você não era como uma irmã pra mim. – ele dizia, dando mais alguns passos em direção a loira – Eu não te quero como uma irmã ou amiga de escola. Eu não quero estar perto de você e não poder dividir as coisas que acontecem comigo. Eu não quero te ver passar e ficar apenas observando.

Vincent encerrou a distância que havia entre os dois e segurou o rosto de Sophie entre as mãos delicadamente.

- Eu quero ser seu amigo em todos os momentos, ouvir seus problemas e te ajudar a resolver. Eu quero estar perto de você, poder te abraçar e te proteger. Quero te ver passar, te seguir e te beijar para matar a saudade. Eu não te quero como irmã, porque eu te vejo como mulher. A única mulher que eu amo e preciso pra viver.

Sophie não conseguia dizer nada, embora sua cabeça trabalhasse furiosamente formulando uma resposta para aquela declaração. Seus olhos estavam novamente embaçados de lágrimas, e ela fez uma nota mental para brigar com Vincent depois por fazê-la chorar tanto.

- Quando eu... Quando eu te vi com a Gusmand, pensei que tinha chegado ao fim. Você não me pertencia mais e eu não tinha mais pelo que lutar. – a voz de Sophie era apenas um sussurro – Eu senti vontade de separar vocês e gritar que não, que era mentira, mas não podia fazer isso, já que você a queria... Ver vocês juntos me desesperou, pois minha consciência começou a me alertar para fatos como: não seria mais eu quem te faria sorrir. Não seria mais eu quem brigaria com você. Não seria mais eu quem escutaria as piadas mais absurdas e constataria sua loucura. Não seria mais...

- É você! Sempre foi e sempre vai ser você a pessoa que fará não apenas isso, mas muitas outras coisas. – Vincent a interrompeu, não permitindo que ela se torturasse mais.

- Eu amo você! – disse ela, por fim.

- Que bom, eu já estava mesmo pensando em formas alternativas de te convencer de tal fato.

- Será que você não pode simplesmente dizer que me ama, ao invés de fazer todo esse discurso? – indagou Sophie, dando um tapa no braço do moreno.

Vincent riu.

- E perder essa sua cara de indignada, seguida por uma reação agressiva? Jamais!

- Você é masoquista?

- Não. Sou simplesmente apaixonado pela loirinha mais mandona e forte de Hogwarts!

Os dois riram, e aproveitando esse momento de descontração, Vincent a beijou. Mas não como da primeira vez. Ah não, dessa vez ele não tinha pressa e não estava desesperado para matar a saudade. Teria tempo pra isso.

Vincent a beijava lentamente e com todo cuidado, como se Sophie fosse realmente frágil e precisasse de toda aquela proteção.

Sophie correspondia o beijo da mesma forma carinhosa. Aquela era sua forma silenciosa de dizer < i>“Eu te amo e quero que fique comigo pra sempre!”. Suas mãos estavam entrelaçadas no cabelo do moreno, acariciando lentamente sua nuca, enquanto seus lábios se movimentavam lentamente sobre os dele, se encarregando de lhe mostrar a saudade que tinha e o amor que sentia.

Os braços de Vincent agora envolviam a cintura da loira e a puxava para mais perto. Num gesto rápido, ele a ergueu do chão e a girou no ar, fazendo-a se separar dele e abrir um dos sorrisos mais lindos e sinceros que já tinha visto.

- Me coloca no chão! – disse ela, entre risos.

- Não! Só quando disser que me ama!

- Você já sabe disso, seu bobo!

- Mas eu gosto de ouvir!

- Ok, ok, eu te amo! – ela disse, e assim que Vincent a colocou no chão, ergueu uma das mãos para acariciar seu rosto. – Eu te amo demais, Vincent Brandon Williams.

Dessa vez foi Vincent que abriu um sorriso radiante, enquanto encarava a jovem a sua frente.

- Acreditaria em mim, se eu dissesse que também te amo e que você é minha vida?

- Sim, eu acreditaria.

- Pois bem, eu te AMO Sophie Charlotte Horowitz e você é minha vida pra sempre.

- Pra sempre! – ela repetiu as últimas palavras e o abraçou.

Na vida dos dois, o “sempre” nunca fizera tanto sentido quanto agora.



***




Na manhã seguinte, tudo parecia ter sido absolutamente renovado. As cores pareciam mais vivas, o ar menos pesado, o clima mais alegre... Mas, infelizmente, não eram todos que podiam notar essa mudança. Para especificar melhor, apenas quatro, das centenas de alunos da escola, podiam sentir tudo diferente.

Rose e Scorpius, Vincent e Sophie, estavam finalmente juntos. E dessa vez não haveria ninguém capaz de mudar. Os quatro haviam aprendido – um pouco tarde, é verdade – que não se pode lutar contra o amor. Que não se deve ignorar quem se ama, por um simples orgulho ou por uma dúvida capaz de lhe tirar o sono. Um pouco tarde, eles descobriram, que a conversa é a melhor solução.

As pessoas que não conseguiam notar nada de diferente na atmosfera em Hogwarts estavam reunidas no Salão Principal, aproveitando o café da manhã. Conversavam, como sempre, mas não davam a mínima atenção para o que diziam ou ouviam. Já estavam acostumadas àquela rotina matinal, com conversas insignificantes e torradas. Não esperavam ver nada de interessante, que os fizesse mudar o comportamento e finalmente focar sua atenção em algo mais atraente...

Mas aconteceu.

Enquanto todos estavam entediados demais, quatro risadas ecoaram do lado de fora do Salão, chamando atenção de alguns. Os que estavam mais próximos à porta, se viraram para descobrir a origem do som. Eles foram os primeiros a ficarem boquiabertos.

O que aconteceu a seguir já era de se esperar. Depois que alguma menina gritou “Pelas barbas de Merlin!”, todas as cabeças se viraram, e, como era de se imaginar, todos abriram suas bocas em conjunto.

Os dois casais, que todos julgavam não ter volta, apareceram de mãos dadas e rindo, como se nunca tivessem passado um dia afastados. Se antes os alunos reclamavam por não ter algo para comentar, agora tinham um prato cheio. Mas era importante que, antes de mais nada, eles reaprendessem a falar. Todos pareciam petrificados.

Diante daquela atitude, Scorpius e Vincent se encararam com cumplicidade. Se todos estavam chocados, não custava nada deixá-los ainda mais espantados. Juntos, eles encararam suas respectivas namoradas, e sem que elas esperassem, as puxaram para perto e as beijaram na frente de todos.

Um grandioso “OHHHHHHHH”, seguido de risinhos e cochichos nada discretos, tomou conta do local.

Na mesa da Corvinal, havia três pessoas que não compartilharam daquela visão. Três pessoas que se pudessem, sacariam suas varinhas e terminariam com aquele showzinho. Três pessoas que caíram de seus cavalos alados. Maris, Paola e Adam, estavam furiosos.

Scorpius ainda beijava Rose, quando Hugo, de mãos dadas com Lily, apareceu. Uma expressão estranha passou pelo rosto do ruivo, que nada tinha a ver com surpresa.

- Tá legal, tá legal! Vocês voltaram, isso é bom, fico feliz. Mas será que agora dá pra vocês pararem de se agarrar? Eu ainda não me sinto a vontade em ver minha irmã nessas condições.

Rose e Scorpius se separaram, e encararam Hugo com um sorriso nos lábios. Nada iria irritá-los naquele dia.

- Quer saber maninho? Eu nunca reclamei por te ver agarrado com a Lily. Você deveria seguir meu exemplo! – disse Rose, cheia de razão.

- E cunhadinho, eu to com a sua irmã há quase quatro anos, será que não deu pra acostumar?

Hugo deu de ombros.

- Eu tento, mas vocês são muito indecentes.

- Hugo, eles só estavam se beijando. – interferiu Lily, revirando os olhos – Nós fazemos o mesmo o tempo todo.

- Coisa que eu sinceramente espero não presenciar, caso contrário você fica solteira, e Rose perde um irmão! – Alvo chegara ao local, trazendo uma Alice sonolenta junto consigo. – Bom dia, família!

- Bo... Bom dia, gente! – disse Alice, entre um bocejo. – Lily, eu demorei, mas consegui terminar o trabalho de História da Magia. – ela completou, encostando a cabeça no braço de Alvo, quase dormindo novamente.

- Ai, Ali! Você não deveria ter ficado acordada até tão tarde. – Lily a repreendeu.

- Tá tudo bem, tudo be... – ela bocejou novamente, arrancando risadas de todos.

- Eu sei que adoramos chamar a atenção, que não precisamos nem fazer muitos esforços pra isso, mas será que, por favor, podemos nos sentar para tomar café? Sabe como é, enquanto comemos, nós conversamos, colocamos a fofoca toda em dia, e de quebra, facilitamos a vida desses pobres coitados, que esticam os pescoços somente para nos encarar. – disse Vincent, e ao ver que todos continuaram parados, completou – Essa é a hora que vocês dizem “Ótima idéia, Vincent!” e começam a se mover em direção a uma mesa.

Todos riram, e uma pequena confusão se formou, quando Sophie, Vincent e Scorpius foram pra um lado – tentando arrastar Rose – enquanto Alvo, Alice, Hugo e Lily, foram para outro, também tentando carregar a ruiva.

- Certo, eu agradeceria se vocês me deixassem inteira, sabe?! – comentou Rose, soltando sua mão esquerda de Scorpius, e a direita de Hugo.

- Estamos dividindo a Rose? – perguntou Vincent, fazendo sua melhor cara de chocado – Eu também quero um pedaço dela, de preferência o cérebro, já que o da Rosecreide parece ter alguma coisa sobrenatural que o faz funcionar de maneira absurdamente inteligente.

- Desculpa aí Vincent, mas a namorada é minha e eu não divido com ninguém. – Scorpius se adiantou.

- Ok, ok, vamos deixar essa coisa de me dividir para depois, e decidir logo se vamos sentar à mesa da Grifinória ou da Sonserina, certo? – disse Rose – Eu sugiro Grifinória, já que vocês são apenas três, e nós... Bom, vocês sabem.

Scorpius, Vincent e Sophie se entreolharam, e em seguida seguiram com os demais em direção à mesa da Grifinória. Rose estava certa. Era mais fácil convencer três Sonserinos, do que doze Grifinórios a mudar de lugar.

Minutos depois que já estavam acomodados, o restante da família Weasley foi aparecendo. Primeiro chegaram Fred e Roxanne; depois Molly e Lucy; e por fim Dominique, Louis e Luiza Dursley. Finalmente a mesa estava completa.

Todos conversavam alegremente, mas nenhum deles ousava tocar no assunto a respeito da tão comentada volta. Ninguém ali queria estragar o clima de paz.

- Amor, olha a Mel vindo lá. Chame-a para se sentar conosco! – disse Sophie, pegando mais um pouco de suco.

- Certo amor! – concordou Vincent e se virou para observar a prima, que caminhava distraída – Ei, você aí pequena rainha da ironia! Venha se juntar a família e sentar-se ao lado dos leões.

Melissa, que até então estava alienada devido ao sono, não pôde evitar uma gargalhada ao ouvir o chamado do primo.

- Certo, eu me sento, mas depois você terá que imitar um leão para mim. – disse ela, caminhando em direção à mesa – Bom dia, pessoas! – ela cumprimentou os demais com um enorme sorriso no rosto. – Ohhh, vejo que finalmente mostrou do que um Williams é capaz! – acrescentou, ao ver Vincent beijar o rosto de Sophie.

- Claro. Não podia decepcionar a família.

- Não mesmo. Pois como eu disse, se você continuasse agindo feito um maníaco depressivo, até a Cameron zombaria de você. E olha que ela só tem dez anos.

- Nove! – Vincent a corrigiu, e ao ver a prima lhe lançar um olhar confuso, suspirou. – A Cameron tem nove anos. Por Merlin, agindo assim você parece eu. Acerte, ao menos, a idade de sua irmã.

Melissa deu de ombros e comeu um pedaço de sua torrada, antes de responder:

- Se eu posso apenas me preocupar com a formação do caráter da minha adorada pirralhinha, ensinando-a como agir e as melhores técnicas de manipulação, para que vou me preocupar com detalhes como idade? Deixo isso para os meus pais e... – Melissa parou de repente, encarando a janela, por onde as corujas começavam a aparecer para entregar o correio matinal – Ah não... – ela gemeu.

- O qu...? – Vincent interrompeu a própria frase, ao ver uma mini coruja cinza, voar em direção a mesa que estavam – Não pode ser...

- Mas é... – disse Melissa.

- É o que? – perguntou Lily, pra lá de curiosa, bem no instante que a coruja pousou sobre uma jarra de suco, e soltou sobre a mesa, um envelope.

Vincent e Melissa se encararam, e em seguida, olharam para o envelope.

- Abre você! – Vincent incentivou.

- Obrigada, Vin. Mas passo essa. Pode abrir se quiser.

- Olha, não quero cortar o barato de vocês, mas o envelope vai abrir sozinho. – disse Scorpius.

Poucos segundos depois, o berrador se abriu, e uma voz pra lá de melosa, se fez presente.

“Queridos VinVin e MelMel,

Fui informada que agora os dois estudam no mesmo colégio, então não achei necessário mandar mais de um recadinho a vocês...”


Vincent e Melissa se encolheram em seus lugares, sem saber onde enfiar a cara.

“... É claro que me sinto feliz em saber que os dois estão mais próximos. Mas gostaria de ter recebido essa notícia de vocês, ao invés da Cameron.

Sabiam que ela me escreve toda semana?...”


- Tinha que ser aquela baixinha! – disse Melissa.

- Eu vou atirar aquele projeto de gente do alto da vassoura, da próxima vez que encontrá-la! – comentou Vincent, tão irritado quanto a prima.

“... Vocês deveriam seguir o exemplo dela, e me mandarem cartas. Crianças ingratas, colocaria os dois de castigo agora mesmo se pudesse.

Entretanto, não é para reclamar de vocês que estou mandando o berrador...”


- Então pra que mandar um berrador? – Melissa revirou os olhos.

“... Meu objetivo é informá-los que estou na cidade. Pra ser mais exata, Vincent querido, estou em sua casa. Me apropriei de seu quarto, por ter uma vista melhor, espero que não se importe...”

- Pra ser bem sincero, eu me importo sim! – disse o rapaz, entre os dentes.

“... Enfim, o objetivo principal do berrador, é informá-los que irei visitá-los na escola em breve.”

- Não! – Vincent e Melissa, exclamaram juntos.

“Sim!”

- Não! – disseram mais uma vez.

“Sim!”

- NÃOOOOOOOOOOOOO! – dessa vez eles não esconderam o desespero.

“Sim, e tenho certeza que ficaram felizes com a notícia.

Os vejo no próximo final de semana.

Com carinho,

Titia Agnes.”


O silêncio que se seguiu foi facilmente quebrado por Scorpius, que não aguentou e caiu na gargalhada, carregando os demais com ele. Se ele bem lembrava, Agnes Williams era a tia mais coruja e ao mesmo tempo, sem a mínima noção das coisas, que Vincent e Melissa tinham. A mulher tinha fortes tendências a se esquecer de que os sobrinhos não eram mais crianças e adorava fazer brincadeiras que os constrangiam.

- É TUDO CULPA DA CAMERON! – Melissa explodiu – Aquela coisinha em miniatura não podia ter ficado quieta? O que ela faz da vida? Por Merlin, será que uma criança de nove anos não tem outra coisa melhor pra fazer a não ser escrever pra tia mais maluca da família?

- Agora você decide acertar a idade da menina. Talvez tenha sido por isso que ela escreveu pra tia Agnes. Queria desabafar o sofrimento pela própria irmã não saber sua idade. E... Mel, aonde você vai? – perguntou Vincent, ao ver a prima se colocar de pé e se afastar rapidamente.

- Escrever para mamãe e tentar salvar a nossa pele, priminho. – ela respondeu e saiu correndo do salão.

Scorpius ainda ria, junto com os demais.

- Ei, seu garoto propaganda de descolorante trouxa. Se eu fosse você parava de rir e começava a se preparar para os apertões na bochecha. Você sabe como tia Agnes te adora.

No mesmo instante, Scorpius parou de rir e por puro reflexo, levou as mãos nas bochechas. Definitivamente, a vinda da tia do melhor amigo poderia ser mais dolorosa do que ele esperava.



***




Com o adiantar da hora, Melissa não teve tempo de retornar ao Salão Principal. Deixou o corujal e rumou para estufa, para sua aula de Herbologia.

Ela corria o máximo que suas pernas permitiam, a fim de não se atrasar logo no seu segundo dia. Agradeceu a Merlin quando viu que os alunos ainda entravam na estufa, quando ela chegou.

- Bo... Bom dia, Prof. Longbotton! – ela cumprimentou Neville, que estava parado à porta, com um sorriso no rosto.

- Bom dia, Srta. Williams. Entre logo, já já começaremos nossa aula! – disse Neville, se virando para cumprimentar os outros alunos que vinham depois da menina.

Era a primeira vez que Melissa entrava na estufa. Acertara o caminho graças a explicação que Vincent lhe dera na noite anterior, antes de ir para seu dormitório.

Seus olhos vagaram por toda extensão do local. Era bem grande e, como ela imaginava, repleto de vasos com plantas e alguns elementos para cuidados das mesmas.

Não foi com surpresa que viu Fred Weasley II em sua turma. Aquela não era a única aula que os dois faziam juntos, mas surpreendeu-se por não vê-lo acompanhado de sua irmã, Roxanne.

Melissa caminhou até ele, que estava conversando com um amigo, e acomodou-se ao seu lado. Não se importava se havia ou não sido convidada, aquele era um dos melhores lugares da estufa, e ela não sairia dali.

- Oi Williams! – cumprimentou Fred, assim que se deu conta da presença da menina – O que faz aqui?

Melissa o encarou, com um sorriso zombeteiro.

- Eu? Nadinha. É que não tenho muita coisa pra fazer agora, então planejei invadir a estufa, dar uma analisada na decoração, e com base nisso, transformar meu quarto. Sabe, verde é a minha cor. – ela sorriu novamente, mas dessa vez com sinceridade – Por algum motivo eu sempre fui boa em Herbologia.

- Bem vinda à turma, então. – Fred sorriu em resposta. – Conseguiu enviar a carta a sua mãe?

- Consegui! E sinceramente espero que ela consiga impedir Tia Agnes de vir no próximo final de semana.

- Por que você e Vincent estão tão desesperados? Quero dizer, os dois já são malucos, qual é o problema em receber alguém do mesmo nível?

- O problema, meu caro Tigrinho...

- Leão.

- Tanto faz! Mas você não leva jeito pra ser o “Rei da natureza”. – ela deu de ombros – O problema é que tia Agnes consegue superar todos os limites da nossa família. A loucura dela extrapola a minha e a do Vin. Se nos acha doidos, nem queira conhecê-la.

Fred riu, ignorando a vontade de dar uma boa resposta à menina, por tê-lo chamado de “tigrinho”.

Poucos instantes depois, Neville entrou na sala, e começou sua aula.

Naquele dia, os alunos iriam aprender sobre os Arapucosos e teriam que se esforçar bastante, já que se dividiriam em duplas para trabalhar.

Cada dupla era responsável por tirar de dentro de sua respectiva planta, uma vagem que ficava escondida no toco. Entretanto, como Neville havia dito, não era nada muito simples, já que o Arapucoso reagia de forma violenta, toda vez que alguém se aproximava.

Melissa e Fred decidiram trabalhar juntos. Obviamente tal decisão foi tardia, já que antes de ser tomada, eles tiveram uma pequena desavença. Por algum motivo, Fred gostava de provocá-la.

- Primeiro as damas! – disse Fred, enquanto colocava seus óculos de proteção.

Melissa riu.

- Acha mesmo que eu, Melissa Williams, colocarei meu rostinho a prova? Não, obrigada! Vai você, e se não tiver nenhum dedo arrancado, eu tenho.

- Nossa, quanta coragem! Uma atitude típica de um Sonserino. – ele debochou.

- Weasley, é bom informar que psicologia reversa não funciona comigo. Me chamar de covarde não vai desencadear em mim o desejo de lhe provar que está errado. Portanto, poupe suas tentativas de me fazer mudar de idéia. Posso ser da Sonserina, mas tenho minhas opiniões bem formadas.

Fred ficou boquiaberto durante alguns segundos, e então balançou a cabeça. Aquela menina o deixava perdido. Sem muitas opções, ele se aproximou da planta, que como já era de se esperar, reagiu de forma violenta. Seus galhos começaram balançar furiosamente, e dar chibatadas no braço do rapaz, que estava protegido por uma grossa luva de proteção.

Alguns instantes depois, ele se afastou, sem obter êxito em sua tentativa.

- Ainda tem os cinco dedos na mão? – perguntou Melissa, assim que ele voltou para perto dela.

- Os cinco dedos, o braço inteiro e meu rosto intacto. Agora, minha querida parceira, é a sua vez! – disse ele.

Melissa ergueu uma das sobrancelhas e encarou Fred por alguns segundos, antes de se colocar de pé, prender os cabelos em um frouxo rabo de cavalo, colocar os óculos de proteção e seguir em direção à planta.

Era uma questão de honra retirar a vagem de dentro do tronco do Arapucoso.

Corajosamente, Melissa enfiou a mão dentro do tronco da planta. Assim como ocorreu com Fred, os galhos começaram a dar chicotadas no ar, antes de acertarem seu braço. Apesar de sentir dor com o impacto, ela não desistiu, e continuou apalpando, até que finalmente, encontrou o que encontrava.

- AHAAAAAAA! – ela comemorou, puxando a mão para fora, segurando a vagem – Eu consegui!

Fred revirou os olhos. Sem dúvidas, Melissa passaria o restante da aula se gabando por ter conseguido aquele feito.

- Legal, legal! – disse ele, nem um pouco animado – Já que você pegou, aproveita e abre a vagem!

Melissa depositou a vagem dentro do prato, antes de se virar para encarar Fred.

- Escuta aqui, filhote de felino, acha mesmo que eu vou fazer algum esforço pra abrir isso? – ela apontou para o prato – Já tive muito trabalho pra retirar esse treco de dentro daquela planta aspirante a lutadora de vale tudo, agora você se vira pra abrir. E rápido, porque eu quero ganhar pontos pra minha casa.

- Está me dando uma ordem, Williams? – perguntou Fred, encarando a menina com um olhar sério, se aproximando ainda mais.

Melissa, ao contrário do que ele esperava, não se intimidou com sua postura. Apenas retirou os óculos de proteção, e deu dois passos, para ficar frente a frete com o garoto.

- Não, Weasley, não estou te dando uma ordem! – disse ela, sustentando o olhar sério – Estou apenas lhe comunicando que não vou mover um dedinho se quer para abrir essa vagem, e que você ficará com esse trabalho sujo.

- E quanto a parte do “faça rápido”?

- Apenas força de expressão, que não deixa de ser uma vontade contida. Se você fizer tudo rápido e direitinho, nossas Casas ganharão pontos, e nós dois sairemos felizes. – Melissa ainda encarava Fred. Foi naquele momento que pode perceber o quanto seus olhos castanhos eram expressivos, e como ele era ainda mais bonito observado daquele ângulo.

Um pouco contrariado, Fred passou por Melissa, puxou o prato para perto de si, e num movimento rápido e um tanto irritado, rompeu a casca da vagem, com a faca afiada.

- Satisfeita? – perguntou ele, entregando o prato (agora repleto de pequenos vermes), para ela.

Melissa colocou o prato de volta no lugar, e encarou Fred.

- Sim. – disse ela, se virando para encarar os tubérculos nojentos, que se moviam no prato – Ew... Isso me dá náuseas. – comentou, e ao ver que Fred não respondeu, caminhou até ele, que estava encostado no balcão próximo aos adubos, com as mãos no bolso.

- O que foi? – perguntou ele, num tom monótono.

Melissa não respondeu. Apenas se colocou na ponta dos pés e deu um beijo em seu rosto.

- Fizemos um bom trabalho em equipe, apesar das brigas! – ela sorriu, e caminhou de volta, em busca de Neville, para mostrar que já haviam terminado.

Fred não respondeu. Não conseguiu reagir àquela atitude inesperada, e o máximo que conseguiu fazer, foi observar Melissa, que se afastava para longe. Era a segunda vez que sentia seu estômago saltar na presença da garota.



***




A aula de Defesa Contra as Artes das Trevas chegava ao fim, e com ela o prazo para entregar a redação de 40cm com um resumo a respeito do Feitiço do Patrono também.

Conforme os alunos iam terminando a tarefa, entregavam seus pergaminhos ao professor, que os liberava em seguida.

Rose, Scorpius, Alvo, Sophie e Vincent terminaram seus trabalhos praticamente juntos, e ao serem liberados, seguiram pelo corredor, rumo à aula de Transfiguração.

Durante o caminho, o assunto predominante foi a nada esperada visita de Agnes. Vincent precisou explicar os motivos que o faziam temer a presença da tia, e só então Rose e Alvo compreenderam o motivo do pânico. Segundo os relatos de Vincent, a mulher era realmente louca.

Os cinco já estavam próximos a sala, quando uma voz – nem um pouco simpática e convidativa – ecoou atrás deles, os fazendo se virar instantaneamente.

- Achei que fosse mais esperta que isso, Rose! – Adam se aproximou do pequeno grupo, com uma expressão irritada.

Rose ergueu uma das sobrancelhas e encarou Adam com certa descrença. Não queria mesmo discutir aquele assunto com ele.

Ao seu lado, Scorpius mantinha a mão firme sobre a dela, enquanto a outra segurava a varinha dentro das vestes. Seus olhos eram frios e ameaçadores. Lançavam a mensagem clara de que se Adam tentasse ser engraçadinho, arcaria com as consequências de seus atos.

- Desculpe, mas estamos falando sobre o que? – perguntou Rose, tentando se manter tranquila.

- Não se faça de desentendida! Como pode voltar com esse cara depois de tudo? TUDO, Rose! – Adam encarava apenas a menina, como se estivessem sozinhos – Ele magoou você!

- Jura? Talvez você saiba bem os motivos pelos quais Scorpius agiu daquela maneira, não? – a voz de Rose era sarcástica – Armação é o seu ponto forte, e você sabe bem que sem elas, nada teria nos separado.

- O que quer dizer com isso? – Adam perguntava, com a voz se elevando em cada palavra que dizia.

Rose tentou dar um passo a frente, mas Scorpius a impediu, puxando-a para perto de si. Alvo foi para seu outro lado, formando uma espécie de barreira protetora em volta da ruiva.

- Quero dizer que eu sei de tudo. Cada coisa que aprontou, cada mentira, cada atitude... Você me enoja. Sinto pena de pessoas como você! Sem caráter, sem amor! – disse Rose – Achou mesmo que aprontando todas, conseguiria me fazer amar menos o Scorpius? Pensou que pudesse me fazer esquecer cada momento que passei ao lado dele? Cada risada, cada brincadeira, cada beijo... – ela balançou a cabeça e sorriu – Você poderia ter feito coisas bem piores, e nem assim eu deixaria de amá-lo! O que sinto por ele é imutável, irrevogável, e mesmo que passássemos mil anos afastados, jamais deixaria de sentir o que sinto agora.

Adam arregalou os olhos em espanto, e demorou alguns segundos para absorver as palavras da ruiva. Assim que se recuperou, balançou a cabeça freneticamente e a encarou com uma expressão louca. Depois de tudo, ele não admitia perder.

- Você só pode está enganada! – disse ele, dando mais alguns passos em direção à menina – Ele não é pra você, Rose!

- Ele é exatamente o que eu preciso! – disse ela, num tom que encerrava a conversa e se virou, na intenção de ir embora.

Scorpius, Alvo, Vincent e Sophie fizeram o mesmo, mas nem chegaram a se afastar muito, já que um Adam cheio de ciúmes e absolutamente fora de si, puxou Rose pelo braço com força e tentou arrastá-la consigo.

- ME SOLTA! – gritou ela, enquanto tentava se soltar.

Instantaneamente Scorpius, Alvo e Vincent sacaram as varinhas em direção a Adam. Entretanto tinham medo de lançar qualquer feitiço e acertar Rose.

- Você não o ama! Por favor, deixe de ser idiota! – disse Adam, ignorando a presença dos demais e o pequeno tumulto que se formava.

- Larga ela, Krum! – ordenou Scorpius de forma séria e fria. – Está machucando-a!

- Krum, eu o amo! Entende isso de uma vez e aceita. – Rose afirmou, tentando puxar mais uma vez seu braço, que provavelmente ficaria roxo graças aquele apertão.

- Ele deixou você entrar na floresta! Fui eu que te salvei, já esqueceu? – disse ele, segurando a menina pelos dois braços firmemente.

- Não, não esqueci! Mas um ato de bondade não apaga os outros tantos de crueldade que já fez. Agradeço por ter me tirado de lá! Não sou hipócrita a ponto de dizer que não devo minha vida a você. Mas isso não me faz te amar! – Rose estava histérica – Agora me solta! Você tá me machucando!

- KRUM, SOLTA ELA! – Scorpius gritou, chamando ainda mais atenção dos demais. – SOLTA ELA AGORA, OU VOCÊ VAI SE ARREPENDER.

- O que vai fazer? Me azarar? Por favor, se fizer qualquer coisa com essa varinha acertará sua adorada Weasley! – respondeu Adam, despreocupada.

Scorpius lançou um olhar para os demais, e em seguida pra Rose, que já não aguentava mais se debater, na intenção de se livrar de Adam.

O loiro analisou rapidamente a posição que Rose se encontrava, e lançou a ela um olhar rápido, avisando que iria agir e que ela deveria estar preparada.

- Solte-a, Krum! É a última vez que eu aviso! – disse Scorpius, pausadamente.

Adam não o ouviu. Ao contrário disso, soltou sua mão direita, para pegar a varinha, preparando-se para se defender. Achava que Rose já estava devidamente imobilizada, para tentar sair dali novamente.

Se enganou.

Aproveitando que Adam fora pegar sua varinha, com um movimento brusco, Rose conseguiu se soltar e correu em direção à Sophie.

No mesmo instante, Alvo, Vincent e Scorpius, lhe azararam, fazendo com que voasse a metros de distância.

- Ui, essa deve ter doído! – comentou Vincent, com um sorriso debochado.

- EU POSSO SABER O QUE ESTÁ HAVENDO AQUI? – uma voz autoritária, severa e nem um pouco amistosa, ecoou por trás daquela pequena multidão – Ora, deixem-me passar! – disse Minerva, surgindo no meio dos alunos – Algum de vocês pode me explicar, o que... Por Merlin, o que o Sr. Krum faz pendurado de ponta cabeça?

Diante de tal pergunta, todos começaram explicar ao mesmo tempo. Irritada, Minerva ampliou sua voz magicamente e ordenou que todos se calassem.

- Céus, vocês parecem gralhas! – ela ralhou – Creio que vocês – ela encarou o grupo de cinco amigos – estejam diretamente ligados a essa pequena confusão.

- Por que nós estaríamos envolvidos em uma briga, sabendo que é absolutamente contra as regras? – perguntou Vincent, fingindo-se de ofendido.

- Primeiro, porque todos aqui sabem da inimizade visível que existe entre o Sr. Malfoy e o Sr. Krum, e... Ah sim, por Merlin, esqueci de descê-lo dali. – com um floreio da varinha, a Diretora desfez o feitiço, fazendo com que Adam caísse sobre uma pilha de almofadas que ela havia conjurado para amenizar a queda – Assim está ótimo. Mas, como eu dizia, além da inimizade, existe um fato que pesa muito mais que isso.

- Ouviu Alvo? Existe um fato que pesa! Faça um regime.

- Sr. Williams! – Minerva o repreendeu.

- Desculpe.

- Como eu dizia, além da inimizade, todos vocês possuem uma herança genética fortíssima, que não os deixa fugir a regra dos seus pais, e os fazem aprontar. – disse Minerva, encarando os cinco sobre os óculos – É claro que eu não esperava que fosse diferente. São anos e anos vendo fichas e mais fichas de detenções, recheadas de peças pregadas por seus pais, pais dos seus pais, e por aí vai... Entretanto, estou altamente curiosa para saber o que desencadeou essa confusão, que deixou o Sr. Krum de ponta cabeça e os cabelos do Sr. Potter no lugar.

- Meus cabelos estão no lugar? – Alvo perguntou, passando instintivamente as mãos na cabeça.

- Estavam até dois segundos atrás, Sr. Potter. Mas chega de enrolações, e me expliquem já!

Os cinco se entreolharam, perguntando-se quem começaria a falar. Todos tinham muita culpa no cartório, e estavam decidindo através do olhar, quem seria o mais imparcial para narrar a história.

- Eu realmente não quero levá-los até a minha sala e mandar uma carta aos seus pais. Então, acho melhor vocês...

- Eu conto! – no meio daquele aglomerado de alunos, surgiu Melissa, que vinha saltitante, para perto de onde o primo estava – Eu estava cruzando o corredor, quando tudo começou, e, sendo uma terceira pessoa alheia aos sentimentos irritados que esse grupinho aqui está, acho que serei suficientemente imparcial quanto a minha narração.

- Srta. Williams, o que quer dizer com isso? – Minerva, diante da falação da menina, acabou ficando perdida.

- Por Merlin, a senhora não sabe o que é ser imparcial? – Melissa arregalou os olhos em espanto – Pois bem, eu explico. Imparcialidade é quando...

- Srta. Williams eu sei muito bem o significado de imparcialidade. Não entendi o motivo de querer se meter nesse assunto. Mas já que se propõe a narrar os fatos, comece, pois minha paciência está acabando.

- Certo! – Melissa sorriu – Mais uma vez eu me encontrava perdida nesse castelo gigante e cheio de corredores, pedindo a Merlin para não ir parar em algum lugar muito distante de onde seria minha próxima aula, e... Aliás, a senhora poderia colocar plaquinhas aqui! Isso é muito confuso. E caso não tenha notado, as escadas mudam! É sério, é tão assustador e... Ok, ok, vou voltar ao assunto! – disse a menina, quando viu Minerva lançar-lhe um olhar bastante severo.
“Pois bem, eu estava passando por aqui, quando vi aquele ser que se encontra repousando no conforto das almofadas conjuradas, chamar Rose. E ele chamou bem alto... Na verdade ele gritou, mas creio que isso não vá interessar a senhora. Enfim, depois de uma pequena discussão, em que ele se amaldiçoava internamente por não ser loiro, ter olhos azuis acinzentados e se chamar Scorpius Malfoy, já que essa é a única pessoa que Rose pode amar, ele a puxou!”

Melissa fez uma pausa, e encarou Minerva como se aquilo fosse um ato que merecesse mandar Adam direto para Azkaban.

- Então começou a gritaria. Rose dizia ‘solta’, ele dizia ‘não solto’; Scorpius dizia ‘larga’, ele dizia ‘não largo’... Enfim, durante esse diálogo, ele começou a achar que o braço da Rose era alguma fruta, já que ele apertava e espremia com tamanha violência que a fez quase chorar. – Melissa olhou pra Rose – Você quase chorou, não foi?

Diante do olhar significativo de Melissa, a ruiva balançou a cabeça e disse:
- Sim... Ele é muito forte, e meu braço está doendo muito!

- Como eu disse: ele a apertou demais! – Melissa deu de ombros – Mas ela conseguiu se soltar bem a tempo, enquanto o Sr. Chato tentava sacar sua varinha para azarar meu pobre primo, o pobre melhor amigo dele, e o priminho da Rose! – ela parou por uns instantes e refletiu, antes de prosseguir – Acho que ele não iria azarar a Sophie, já que ela é menina, e isso não seria um ato de cavalheirismo... Se bem que ele tava machucando a Rose, e isso não foi nada gentil... Mudei de idéia, ele realmente ia azarar a Sophie.

- Srta. Williams será que não pode ser direta, e chegar logo a parte final da história? – exigiu Minerva.

- E ainda preciso contar? Ele grita, puxa a Rose, aperta ela, tenta azarar todo mundo... O que aconteceu depois foi bem óbvio. Scorpius, Vincent e Alvo foram mais rápidos e acertaram ele em cheio, antes que ele os acertasse. Isso foi o que costumamos chamar de legítima defesa... A senhora sabe o que é isso né? – Melissa perguntou com certa dúvida. – É quando nós nos defendemos de um ataque, e...

- Eu sei o que é isso, obrigada Srta. Williams! – disse Minerva, já farta de toda aquela conversa. Melissa havia deixado sua mente confusa, mas ela não admitiria isso aos alunos – Diante de tal fato, só me resta pedir que o Sr. Krum venha comigo até minha sala e que a Srta. Weasley siga até a enfermaria para ver se está tudo bem. Estão dispensados da minha aula e agradeçam a Srta. Williams por ter participação nisso, já que me prendeu aqui para contar detalhadamente um relato que poderia ser feito em apenas dois minutos.

- Não precisa agradecer. Fico realmente feliz por ter contribuído para o bem da escola! – disse Melissa sorridente, enquanto observava Minerva se afastar com Adam Krum.

Assim que a diretora partiu, o pequeno tumulto que havia se formado foi se desfazendo, restando no final apenas os diretamente envolvidos na confusão e Melissa.

Quando os seis tiveram certeza de estarem sozinhos, começaram a rir descontroladamente. Aquilo, definitivamente, havia sido uma situação pra lá de maluca. Eles achavam que não iam parar de gargalhar tão cedo.

- Você... Você é maluca, Mel! – disse Vincent, tentando recuperar o fôlego.

- Maluca não. Sou uma pessoa muito persuasiva, o que é diferente! – disse ela.

- Não era mais fácil você ter dito que apenas queria nos azarar? – perguntou Alvo.

- Sim, seria. Entretanto uma resposta curta gera mais perguntas. Ela com certeza iria querer saber como tudo começou, o que daria tempo para ele formular alguma defesa espetacular, que colocaria a versão de vocês em contradição, por isso apelei para detalhar a versão dos fatos. Isso a cansou, e não deixou margem para que criasse diversas questões a respeito do ocorrido.

- Você é diabólica! – concluiu Scorpius, que rapidamente se virou pra Rose – Amor, você quer ir a ala hospitalar?

- Não, está tudo bem! – ela garantiu – Mas vamos sair daqui. Esse corredor já deu muito que falar por hoje!



***



Faltava pouco pra hora do almoço quando Maris e Paola retornaram ao Salão Comunal da Corvinal, em busca do material de Poções que haviam esquecido. Como a aula seria logo após a refeição, elas não queriam ter o desprazer de almoçar rápido e depois correr para pegar o que faltava.

O local estava vazio, o que era um milagre, considerando que alguns alunos tinham tempo vago. Provavelmente estavam aproveitando os jardins.

- Eu realmente não consigo acreditar em tudo que está acontecendo! – Maris esbravejou, jogando-se na poltrona e levando as mãos à cabeça – Quero dizer, como podemos ter falhado?

Paola a encarou confusa. Levou alguns segundos para ela entender que a amiga estava se referindo à volta de Scorpius com Rose e de Vincent com Sophie.

- Por Merlin, diga alguma coisa! Esse seu silêncio conformado está me dando nos nervos.

- Quer que eu diga o que? – perguntou Paola – Não acho que tenhamos falhado em nossos planos.

- E como não? Você notou que é a primeira vez que tudo deu errado? É claro que fizemos as coisas mal feitas.

Paola revirou os olhos, enquanto ajeitava as luvas nas mãos.

- Maris, nós tentamos de tudo. Até Poção Polissuco fizemos, e isso é ilegal! – Paola enfatizou bem a última palavra – Se tudo não deu certo, é porque subestimamos os sentimentos deles, e...

A frase de Paola foi interrompida por uma sonora gargalhada. Maris estava ouvindo bem? A menina a sua frente queria mesmo falar sobre sentimentos?

- Ah, não me venha dizer que agora acredita na força do amor? – perguntou a menina, em tom de descrença.

Paola ergueu uma das sobrancelhas e cruzou os braços em frente ao corpo. Detestava quando Maris usava esse tom com ela.

- E por que não acreditar? Diante de tudo que vimos e ouvimos, creio que o “amor” não seja um sentimento tão inútil como nós julgamos.

- Deixe-me lhe contar uma história sobre o amor, queridinha. Ele é lindo, perfeito e te faz ser feliz pra sempre, apenas em contos infantis. Não é pra sempre, como pregam por aí, e não te faz sentir bem, como querem que acreditemos. – Maris dizia tudo pausadamente – Ele não é puro, é idiota. Te deixa cego e patético. Te faz sofrer e chorar... Até mesmo o amor daqueles que, supostamente, deviam nos amar incondicionalmente, é uma farsa. Veja seu pai e você. Ele deveria te amar mais que tudo, entretanto, mal lembra que você existe. Gosta mais dos galões que ganha, do que a filha que tem... Seu pai deve achar que eles têm mais utilidade que você!

Naquele momento, Paola congelou. Seus olhos estavam arregalados em espanto.

Por mais que detestasse admitir, àquela era a mais pura verdade. Seu pai, o único que devia e que tinha a obrigação de amá-la e protegê-la, não se importava se ela existia ou não. Maris estava certa. O dinheiro era mais importante para ele.

Foi só ao ver a expressão de Paola, que Maris se deu conta do que havia falado. Ela não se arrependia por completo, é claro. Dissera a verdade, entretanto havia se esquecido desse lado frágil da menina.

- Pah, me desculpe! Eu não quis dizer isso. Seu pai... Bom, ele ama você, é claro que ama! Ele só é... Um pouco distraído, nada demais.

- Não tente corrigir a verdade, Marisa! – disse Paola, com uma voz morta – Meu pai realmente não me ama, e eu deveria parar de me iludir. – dizendo isso, a jovem se virou e correu para o dormitório, com intenção de se refugiar.

Maris até pensou em ir atrás, mas desistiu. Não estava com vontade de aturar choradeiras. Aquilo podia interferir em seu apetite.

- Garotinha mimada, aff... – ela comentou, enquanto arrumava o cabelo.

- Ela não é mimada, você que não pensa nas coisas que diz. – disse Adam, enquanto caminhava monotonamente em direção à morena.

- Que susto! Há quanto tempo está aí?

- Tempo suficiente para ouvir você dizer coisas absurdas, esquecendo-se que as pessoas possuem sentimentos.

Novamente ela riu. Todos pareciam ter decorado o mesmo discurso sobre sentimentalismo.

- Ah, não me diga que agora você se importa? Por favor, até agora a pouco estava tentando arrancar o braço da Weasley. Não venha bancar o bom rapaz, porque essa não vai colar. – ela revirou os olhos – Vamos tratar de alguma coisa mais interessante. Precisamos dar um jeito de...

- Não! – Adam a interrompeu.

- Desculpe?

- Você entendeu bem o que eu disse. – Adam estava sério – Não vou mais participar dos seus joguinhos, planos e armações. Cansei de bancar o idiota e tentar mudar o imutável. Não vou lutar por uma causa perdida... Eu simplesmente cansei de tudo isso. Se quiser fazer alguma coisa pra separá-los, sinta-se à vontade, mas não conte com minha ajuda. Dessa vez eu tô fora!

- Ora... Vo... Você não pode desistir assim! Ama a Weasley, esqueceu? – Maris se colocou de pé, para encarar o garoto de frente – Não pode desistir agora.

Adam riu e balançou a cabeça negativamente.

- Ai, ai... Desista! É sério, nada do que disser vai me fazer mudar de idéia, e quer saber? Hoje, depois de passar por aquela cena ridícula no corredor, me dei conta das burradas que fiz desde que juntei a você. Eu ignorei todos os princípios que meus pais me ensinaram, deixei de lado meu caráter, minha educação, para dar ouvidos a uma maluca que nunca está satisfeita com nada.
“Sinceramente? Envergonho-me de tudo que fiz até agora, mas pena que fiz isso tarde demais. McGonagall enviou uma coruja ao meu pai, e essa semana ele virá aqui. Será lastimável ver os olhos dele repletos de decepção, mas ainda sim, tudo isso me fez aprender que nunca, em momento algum, por mais revoltado que se esteja, não devemos optar por fazer mal as pessoas. Quando gostamos de alguém, respeitamos o que a pessoa decide. Hoje percebi que nunca gostei da Weasley de verdade. Era capricho, desejo e admiração apenas, mas nunca foi amor. Então não diga que preciso fazer mais alguma coisa contra ela e o Malfoy, pois será tempo perdido. Agora que encontrei o Adam que havia deixado pra trás, não cairei mais nas suas conversas.”

Maris ficou boquiaberta. Era a primeira vez que não tinha uma resposta na ponta da língua. Sentia-se uma idiota, mas ainda sim não conseguia elaborar uma boa teoria que o fizesse engolir as próprias palavras.

Diante do silêncio da morena, Adam se virou e seguiu rumo às escadas do dormitório feminino. Isso fez com que Maris reagisse.

- Aonde vai? Não pode subir aí!

- Eu sei que não, mas posso mandar um bilhete até a Paola. Caso não tenha notado, ela está mal, e se você não presta nem para ser uma boa amiga, eu assumirei essa função daqui por diante. – disse Adam, num tom seco – E mais: a próxima vez que ouvir falando coisas desse tipo para ela, vai se ver comigo.

- Está me ameaçando, Krum?

- Sim, estou. E acho bom ter medo!



***




Conforme o dia foi passando, os alunos pareciam mais acostumados àquela novidade que os chocou pela manhã. Os comentários já eram mais contidos e pareciam que logo desapareceriam.

Passava um pouco das cinco da tarde e aqueles que voltavam de suas últimas aulas, corriam para suas Casas, na intenção de se trocarem para o jantar.

Ao contrário de como estava pela manhã, os terrenos da escola começavam a esvaziar. Com o cair da tarde, o vento frio – que ainda lembrava a presença de um inverno que finalmente chegava o fim – começava soprar, e muitos preferiam se refugiar dentro do castelo.

Melissa estava sentada, próxima ao Lago Negro, observando o horizonte. Seus olhos estavam fixos em um ponto distante e sua expressão era serena. Vista de longe, nem parecia àquela menina louca, cheia de teorias absurdas, que no final acabavam salvando muita gente.

Fred, que voltava da casa de Hagrid, ao ver a menina, não resistiu à incrível vontade de ir falar com ela e rumou para sua direção. Não entendia bem o efeito maluco que Melissa tinha sobre ele, mas resolveu ignorar isso. Apesar de conhecê-la há apenas dois dias, ela era uma pessoa que o fazia sentir bem.

- Vai acabar pegando um resfriado se continuar exposta ao frio desse jeito. – disse Fred, parado em pé ao lado dela.

Melissa deu de ombros.

- Eu gosto do frio. – disse ela e então ergueu a cabeça para encará-lo – Ora, seu grandão, se quer conversar comigo, sente-se ao meu lado. Se eu ficar com a cabeça erguida por muito tempo, terei torcicolo.

Fred riu e atendeu ao pedido da menina, sentando-se ao seu lado.

- E então, o que faz aqui sozinha? Não deveria estar cercada pelos seus amigos, inventando teorias esquisitas?

- Ai, ai, Weasley. Não me subestime! – ela sorriu, virando-se mais uma vez para encará-lo – Eu posso parecer, mas não sou apenas uma maluca que fica filosofando por aí, a fim de fazer os outros rirem.

- É, eu sei que não! – disse ele simplesmente, voltando seu olhar para o horizonte. – Entretanto, acho que essa é a primeira vez que a vejo desacompanhada.

- Não, não é! Quando nos vimos pela primeira vez, eu também estava sozinha. – ela o lembrou.

- E perdida! – Fred acrescentou.

Os dois riram.

- Nós falamos disso como tivessem se passado anos. Ora, isso aconteceu ontem!

- Sim! Mas pra mim, parece que foi há tempos... – Fred lançou um olhar intenso sobre Melissa, e ao vê-la corar, voltou a encarar o horizonte.

Os minutos se passaram e os dois permaneceram em silêncio. A verdade era que ambos não sentiam necessidade de falar nada. Estavam satisfeitos, embora não tivessem coragem para admitir, com a presença um do outro.

O vento começou a ficar mais intenso. Apesar de gostar daquele clima de inverno, Melissa não pode deixar de estremecer, quando uma forte rajada fez com que seus cabelos balançassem furiosamente.

- Se está com frio, podemos entrar. – disse Fred.

- Ora, esse ventinho não vai me espantar. Quero observar o horizonte até escurecer. Isso me lembra a Irlanda, de certa forma.

- Tinha um lago na sua casa?

Melissa riu.

- Não seu bobo! É que eu costumava ficar na sacada do meu quarto, junto com minha irmã caçula, observando a noite chegar. Cameron costuma dizer que é mágico... De certa forma ficar aqui e observar o horizonte escurecer, me faz lembrar dela. – explicou Melissa, sem esconder a saudade – Pode não parecer, mas sinto falta daquela pirralha. Sem dúvida ela será muito melhor que Vincent e eu nas ironias. – ela sorriu e em seguida suspirou – Fui chamar o Vincent de maníaco depressivo e agora estou virando uma. Nem parece que estou há pouco tempo fora de casa.

Fred riu, e movido por um impulso, passou o braço por cima do ombro de Melissa e a abraçou. Só algum tempo depois que ele percebeu o que havia feito. Pensou em se afastar e pedir desculpa, mas a menina não pareceu se importar, já que se aconchegou melhor nele, a fim de se manter aquecida.

- Saudade é normal. Logo você se acostuma... Você vai sentir falta, é claro. Mas no final acaba se conformando. – disse Fred, tentando confortá-la.

Melissa sorriu e ergueu um pouco a cabeça para encará-lo, sem sair do abraço.

- Se contar ao Vincent que admiti que sinto falta da Cam, eu te azaro! – ela o ameaçou, fazendo sua melhor cara de brava.

- Não se preocupe, não vou contar nada! Não depois desse olhar mortal que me lançou.

Novamente os dois riram. Talvez a piada não tenha feito tanta graça, mas aquilo não importava para eles. Melissa e Fred gargalhavam juntos, como se estivessem diante da situação mais hilária de suas vidas.

O amor às vezes acontece de forma engraçada.

Quando menos esperamos, ele surge, nos fazendo perder a linha e acreditar em coisas até então impossíveis.

Algumas pessoas levam uma vida em busca de um verdadeiro amor. Outras levam meses... E há aqueles que encontram, apenas se perdendo em um corredor da escola, tendo como ‘salvador’ a pessoa que se tornará sua para sempre.

As risadas foram se perdendo. Aquele silêncio de antes foi retornando, mas dessa vez trazendo consigo algo diferente. Algo que fazia Fred e Melissa sentirem calafrios e borboletas no estômago. Algo que impedia os dois de desviarem o olhar e se afastarem, tomando uma distância cautelosa.

Os dois foram se aproximando lentamente. Não queriam mais prolongar aquela sensação de desejo e paixão que ardiam em seus olhos.

Os lábios ficaram cada vez mais próximos, as respirações entrecortadas, até que por fim, eles acabaram com toda aquela tortura e se beijaram.

O primeiro beijo foi rápido. Era como se ambos precisassem ter certeza de que não estavam cometendo uma loucura. Eles se afastaram um pouco, se encararam e sorriram. Era óbvio que estavam fazendo o certo.

Movidos pela certeza, se aproximaram novamente e dessa vez se beijaram como deveria ser. Uma das mãos de Melissa foi parar no rosto de Fred, o acariciando lentamente, enquanto a outra foi parar em sua nuca, onde brincava com os cabelos do rapaz, entrelaçando os dedos e puxando delicadamente.

Fred, que já tinha um dos braços em volta dos ombros da menina, apenas passou o outro pela sua cintura e a puxou para mais perto de seu corpo. Sua mão foi parar entre os longos cabelos castanhos da jovem, enquanto seus lábios se moviam sobre os dela, de forma suave e ao mesmo tempo provocante, aprofundando cada vez mais o beijo.

Eles podiam se conhecer há pouco tempo, mas a forma como se beijavam indicava uma intimidade que se adquire com um tempo.

Nada acontece na vida por acaso. E o encontro de Fred e Melissa certamente estava muito longe de ser considerado uma mera coincidência. Sem querer descobriram que haviam sido feitos um pro outro, e por mais que não quisessem admitir em palavras, suas atitudes demonstravam tudo que sentiam.

Pouco a pouco o beijo foi se tornando lento novamente, até que finalmente eles se afastaram e se encararam profundamente.

- Acharia muito precipitado da minha parte se eu dissesse que te amo? – perguntou Fred, acariciando suavemente o rosto da menina.

- Se você não dissesse isso, eu provavelmente lhe jogaria no Lago Negro! – Melissa brincou – Eu acredito em amor a primeira vista, então, posso dizer que não acharia nada precipitado.

- Eu amo você! – sussurrou Fred.

- Eu sei... Eu também te amo.

E então os dois selaram aquela declaração com mais um beijo.

Caminhando à procura de Melissa pelos terrenos da escola, vinham Vincent e Sophie. Os dois já haviam rodado praticamente à escola inteira atrás da garota e nada.

- Só me faltava essa! Perder aquela criatura nanica no segundo dia de aula. – disse Vincent impaciente.

Sophie apenas riu.

- Calma! Vai ver ela tá mais perto do que a gente imagina! – disse Sophie, tentando acalmá-lo.

- Eu espero mesmo e... O QUE É AQUILO? – Vincent parou abruptamente, com uma expressão chocada no rosto – Me diga que aquela criatura de meio metro não é a minha priminha.

- Er... Amor, eu sinto te desanimar, mas é a Mel sim!

- Eu disse pra me dizer que não era ela!

- Ok, ok, não é ela. – disse Sophie, tentando acalmá-lo.

- Como você pode mentir na minha cara? É óbvio que é ela!

- Vincent, você tá me deixando confusa. É pra dizer ou não?

Vincent não respondeu. Apenas começou a caminhar em direção à Melissa em passos firmes.

Sophie precisou correr para alcançá-lo e o segurou pelo braço, antes que se aproximasse mais.

- Amor, fica calmo tá? Por Merlin, ela não tá fazendo nada demais! – Sophie disse pausadamente, na intenção de fazê-lo compreender bem.

- Não tá fazendo nada demais? Até dois dias atrás a Mel brincava de bonecas e... Eu não tinha idéia de que ela sabia beijar... Pára tudo! O que ele ta fazendo? EI VOCÊ, TIRE AS MÃOS DA MINHA BEBÊ! – gritou Vincent, enquanto caminhava rapidamente até a prima.

A essa altura, Melissa e Fred já estavam separados, e absolutamente constrangidos.

- Mel, levante-se e vá até a Sophie! – ordenou Vincent.

- Eu não vou a lugar nenhum!

- Certo, então vou mandar uma carta a tia Agnes pedindo que envie um berrador exclusivo pra você, alegando que sente muita falta dela.

Melissa estreitou violentamente os olhos e em seguida se pôs de pé. Pagar outro mico como aquele era demais.

Fred, numa atitude bastante corajosa, também se colocou de pé, a fim de encarar Vincent frente a frente. Entendia bem o ciúme do rapaz, mas não deixaria que isso interferisse em sua vida.

- Vincent, escute, eu...

- Escute você! Seu tarado por primas anãs de jardim! Quem você pensa que é pra chegar agarrando minha pobre, doce e inocente prima? – Vincent o encarou sério – Esperava ter sido bem claro quanto ao aviso: Homens mantenham-se longe da minha Mel.

- Você está sendo exagerado! – Fred revirou os olhos.

- Eu sei. E ridículo também, mas preciso manter as aparências e além do mais você não gostaria se eu saísse com sua irmã e...

- Você o que, Williams? – perguntou Sophie, com as mãos na cintura.

- Quero dizer, que qualquer outro saísse com sua irmã e não te desse a mínima satisfação, não é? – Vincent corrigiu rapidamente a frase, diante do olhar mortal de Sophie. Nada o assustava tanto como aquela expressão que dizia claramente ‘repete isso e vai se ver comigo’

- Vincent, eu não vim com tudo isso planejado, se quer saber. Não me aproximei da sua prima com segundas intenções nem nada... É só que... Cara olha pra ela! – Fred apontou para Melissa – É perfeita! E não me refiro apenas à aparência. O jeito dela, a personalidade... A Mel é completamente diferente das outras meninas que eu já conheci... Vai ver que é por isso que gosto tanto dela.

- OWWWWWN que fofo! – Melissa correu em direção a Fred e o abraçou – Tá vendo, seu ciumento chato, irritante e manipulador?

- Por que ela tá descrevendo o Scorpius ao invés de mim? – Vincent perguntou a Sophie, fingindo-se de desentendido.

Todos riram.

- Ele gosta de mim do jeito que eu sou, tá feliz agora?

- Pra ser sincero tô é com pena do cara. Não sei se alguém já te disse, mas você é chata e altamente sem graça...

- Chata? Sem graça? Por favor, querido, pare de enxergar seus defeitos nas pessoas. Eu sou a perfeição em forma humana.

- Em forma humana com tamanho de duende, você quer dizer, não é?

Melissa estreitou violentamente os olhos e caminhou até Vincent, com as mãos na cintura.

- Tamanho não é documento, fofo!

- Claro que não... Documentos são maiores.

- Até o zelador da escola é mais engraçado que você!

Vincent a encarou visivelmente chocado, e então os dois retomaram sua discussão irônica, enquanto caminhavam de volta para o castelo.

Sophie e Fred vinham logo atrás, apenas rindo das frases que ouviam.

- Eles são sempre assim? – perguntou Fred descontraído.

- Não... Às vezes a coisa é bem pior! – respondeu Sophie com sinceridade – Acostume-se com isso e divirta-se. As coisas nunca são monótonas com um Williams por perto.

Os dois riram.

- É... Acho que eu percebi isso.

- Ah, tem mais uma coisa que precisa saber.

- O que?

- Uma vez apaixonado por um Williams, é impossível voltar atrás. O sentimento se torna eterno...

- Ahhhh, isso com certeza não será um problema pra mim.



***




Dominique voltava do corujal, completamente distraída. A hora do jantar estava próxima, e ela havia prometido a sua prima Molly que não demoraria despachando uma carta à sua irmã. Não falava com Victoire direito desde o casamento, e decidiu enviar uma coruja em busca de notícias.

Estava bem próxima a entrada do hall do castelo, quando se deparou com um grupo de sonserinos, dentre eles Chad, Jude, Sam e Michael. Tentou passar por eles sem atrair atenção para si, o que era praticamente impossível, tendo em vista que sendo descendente de Veela, sua beleza era o que mais atraía olhares.

- Ora, ora, ora, veja se não é a Weasley! – disse um dos garotos do grupo – Não é um pouco tarde pra uma pequena criança está nos terrenos da escola? Da última vez que isso aconteceu, a pobre Monitora Chefe passou alguns dias na enfermaria, e...

- Já chega! – Michael cortou o assunto do rapaz, antes que não aguentasse e lhe desse um belo soco – Deixe a menina ir e vamos voltar a nossa conversa. Ela não nos fez nada! – disse ele, lançando um olhar nada amigável ao colega, que não tirava os olhos de Dominique.

Sam riu. De todos, ela foi a única que percebeu o ciúme e desejo de proteção implícitos na voz de Michael.

- Por favor, ela é uma Grifinória e pior que isso, é uma Weasley. Não precisamos de mais motivos pra perturbá-la.

- E eu não preciso de mais motivos pra sacar minha varinha e azarar você! – disse Dominique, estreitando os olhos violentamente e fechando a mão ao redor da varinha.

Michael se meteu entre as duas, a fim de evitar um duelo, no qual provavelmente Samantha pararia no St. Mungus, considerando que Dominique com raiva podia ser bem perigosa.

- EU DISSE JÁ CHEGA! – gritou ele, encarando primeiramente Sam, e depois se virando pra Dominique – Vá pro Salão Principal. Vi Alvo e seus outros primos indo para lá não tem muito tempo.

Samantha não aguentou tudo aquilo e soltou uma gargalhada. Definitivamente Michael deixava muito claro que sua atitude era de alguém apaixonado.

- Ah, já entendi tudo! Você é bem esperto, Mike! – disse Sam.

- Do que está falando? – perguntou o rapaz, completamente confuso.

- Bom, é tudo tão óbvio. Está defendendo a Weasley somente para parecer um bom rapaz... É bem inteligente da sua parte, mas deveria se empenhar mais. Ela não vai cair nessa de bom moço. Não quando todos aqui sabem que você a considera mais uma peça do seu tabuleiro de Xadrez.

Dominique uniu as sobrancelhas em sinal de confusão. Isso fez a Sonserina dar mais uma risada.

- Oh, querida, vai me dizer que não percebeu que aquela cisma do Mike era apenas pra te conquistar e depois largar como fez com todas as outras? – ela fingiu espanto – Pobrezinha, ele provavelmente deve ter feito um discurso lindo sobre amor e cuidado pra você, não foi? Ai, ai... Definitivamente Mike, você precisa mudar seu repertório. É tudo tão repetitivo... Mas enfim, deixe-me te desiludir, amorzinho, e dizer que você é só um jogo. Nada mais que isso! Veja, é nosso último ano aqui, e era natural que o Sonserino com maior talento para sedução quisesse jogar com uma das pessoas mais difíceis... E olha só, Mike! Repare no olhar ferido dela... – Sam sorriu maldosamente – Você fez um ótimo trabalho!

Dominique, sem se importar com o provável castigo que receberia, ergueu a varinha e lançou sobre Sam a famosa azaração pra combater bicho papão, que sua tia Gina lhe ensinou. Em seguida, se virou e correu. Mas não para o Salão Principal, a fim de se reunir sua família. Correu sem rumo para dentro do castelo, querendo se esconder de tudo e de todos, pois Sam estava certa. Ela estava ferida e não queria que ninguém lhe visse assim.



***




Após o jantar, Adam retornou ao Salão Comunal da sua Casa, torcendo para encontrar Paola. Apesar de seus esforços, a menina se recusou a ir jantar, e isso o deixou um tanto preocupado. Agora que estava decidido a recuperar por completo seu antigo ‘eu’, se tornaria um bom amigo e como prova disso, iria ajudar Paola a superar suas tristezas e traumas, coisa que pelo visto, Maris nunca se preocupou tanto.

Pensava em mil e uma formas de retirar a menina de seu quarto, quando para sua sorte, ao entrar no Salão, deparou-se com ela sentada na janela, com as pernas encolhidas junto ao corpo e a cabeça encostada nos joelhos. Adam sentiu um misto de dó e pena lhe invadir ao vê-la naquele estado. Provavelmente ficou pensando no que Maris lhe dissera, desde a hora do almoço.

- Paola? – Adam a chamou em voz baixa, sentando-se no espaço vago que havia em seu lado.

- Eu saí do quarto das meninas pra não ter que conversar com ninguém. Será que tá tão difícil de entender que não quero papo? – disse Paola de forma agressiva.

Adam ignorou isso.

- Você não comeu nada. Nem no almoço e nem agora... Só a vi indo para aula de Poções, depois imagino que tenha ficado dentro do quarto... Paola, isso não faz bem!

Paola ergueu a cabeça e o encarou séria. Estava tão cansada, que uma simples conversa lhe deixava estressada.

- Krum, caso me lembre bem, meus horários de refeição dizem respeito apenas a mim. Se não fui comer, era porque estava sem fome e com pouquíssima vontade de ficar no meio de pessoas idiotas, ouvindo suas conversinhas sem conteúdo!

- Agindo desse jeito só vai dar razão ao que a Maris disse, e fazê-la sentir como a dona da razão! – disse ele, ignorando todas as palavras agressivas da menina – Eu estava na sala quando ela lhe disse aqueles absurdos e, sinceramente, fiquei decepcionado quando não sacou a varinha e lhe lançou uma azaração. Ela bem que merecia...

Paola não pode conter um sorriso que se formou em seus lábios. Imaginar a cara de espanto de Maris ao ser azarada era uma coisa pra lá de divertida.

- Você escutou tudo que ela disse, foi? – a expressão de Paola ficou triste, ao se lembrar das palavras da amiga.

- Cada palavra... Entretanto, creio que ela tenha exagerado. Maris sempre exagera.

- Não... Ela... Ela não exagerou. – disse a menina com uma voz fraca - Ele realmente não me ama.

- E por que você acha isso?

- Por quê? Obviamente você não conhece minha história, mas vou lhe contar... – ela respirou fundo e encarou Adam – Antes deu nascer, minha família era incrivelmente feliz. Meus pais já tinham uma filha, a Pippa, que é como costumo chamar minha irmã, e não precisavam de mais nada.
“Bom, então minha mãe engravidou de mim e... Ela morreu quando eu nasci. Entende? Eu matei minha mãe, e isso revoltou meu pai. Ele pode negar, dizer que é exagero, mas indiretamente me culpa pela morte dela...
Desde criança, ele nunca foi uma pessoa presente. Nunca esteve nos meus aniversários, sempre mandava presentes caros e um cartão se desculpando. Festas com a família, feriados... Ele raramente aparecia. Eu nunca passei um natal com meu pai, acredita?”

Paola deu uma risada triste. Desabafar aquilo estava lhe fazendo bem, de certa forma.

- Ele nunca me abraçou também. Não de verdade, sabe? Ele nunca quis fazer isso, só fazia porque estava entre os amigos e não queria causar má impressão... Eu fui criada pela governanta da casa e pela minha irmã, praticamente. Com onze anos fui mandada pra escola, e ele nunca foi me fazer uma visita. Mandava uma carta a cada dois meses, apenas para fingir que se importava... Quando eu era mais nova e perguntava o motivo dele desaparecer tanto, ele costumava dizer que era para que eu pudesse usufruir do dinheiro e de uma vida ótima. Como se galeões realmente me importassem, fala sério!
“Eu sempre quis acreditar que meu pai gostava de mim... Era mais fácil suportar as coisas criando essa ilusão, sabe? Mas hoje me dei conta de que não importa o quanto eu feche os olhos, essa é a verdade e está praticamente estampada. Ele não gosta de mim, não importa se estou bem ou não. Tenho certeza que se eu morresse, el...”

- Não ouse completar essa frase, Gusmand! – disse Adam, num tom que não admitia contestação. – Escute, as coisas que vou dizer podem não te ajudar em nada, mas ainda sim torço pra que façam algum sentido pra você. Podemos não ser grandes amigos... Ok, nós não somos amigos, apenas “parceiros de armações”... Mas isso não importa, certo? Até mesmo nós podemos nos ajudar. Enfim, antes de mais nada quero que tire da cabeça, a idéia de que matou sua mãe.
“Paola, por Merlin, ela morreria de qualquer forma. Quer você tivesse nascido ou não. É da natureza humana essas coisas, e havia chegado a hora dela. Não foi sua culpa, você era um bebê, não pode ser culpada por nada. Se seu pai pensa isso, definitivamente é um imbecil. Desculpe dizer isso, mas um pai que culpa a filha por uma coisa sem sentido não pode ser classificado de outra forma.
E bom... Ele pode não ter estado presente nos últimos dezesseis anos, mas com certeza houveram outras pessoas na sua vida, certo? Sua irmã e a senhora que criou você sem dúvida nenhuma te amam, e é por elas que você deve viver... Um dia, cedo ou tarde, seu pai vai perceber a burrada que fez e vai tentar arrumar.”

- E se ele nunca perceber?

- Bom, daí você segue sua vida. Com certeza é ele quem tá perdendo, e não você! Afinal, dizem que uma das melhores coisas da vida é ser pai e mãe... E se ele tá jogando a chance dele fora, só tem a perder! Sabe, a mim você não engana... Pode parecer má, insensível, egoísta e mimada, mas tenho certeza que ama sua família e que é uma ótima filha...

Pela primeira vez, desde que pisou em Hogwarts no dia 1º de setembro, Paola abriu um sorriso sincero. Estava agradecida a Adam por tê-la escutado e ajudado, e muito aliviada por finalmente desabafar.

- Ai, ai... Eu gostaria que minha melhor amiga dissesse a metade do que você disse pra mim, viu?!

- Talvez você precise começar a rever seu conceito sobre quem é sua melhor amiga...

- O que quer dizer? – perguntou Paola, erguendo uma das sobrancelhas.

Adam deu de ombros.

- Paola hoje eu me dei conta de todas as burradas que cometi desde que cheguei nessa escola. Eu tentei destruir a vida de duas pessoas que nunca me fizeram mal nenhum, e tudo isso por capricho e orgulho. Hoje, eu tive uma conversa séria com a Diretora e ela me fez enxergar coisas que eu havia deixado pra lá. Esqueci quem eu era e me tornei um vilão apenas pra me divertir com a tragédia dos outros.

- E o que isso tem a ver com a Maris?

- Tem a ver que ela é o tipo de pessoa que quanto mais vê tragédia acontecendo, mais feliz fica. Ela gosta de dominar, ter o controle de tudo e se perde, age feito uma louca. Não viu hoje? Ela descontou em você uma raiva que era direcionada a outra situação. Que tipo de amiga faz isso? Diz coisas cruéis e insensíveis?

- O tipo de amiga que talvez... Talvez não seja tão amiga assim...? – disse ela, cheia de dúvidas.

- Exatamente. Escuta, não tô aqui tentando fazer sua cabeça e nem nada. Você sabe bem o que faz da sua vida, mas se quer um conselho: se afasta dessa loucura enquanto é tempo! Uma hora a vida de joguinhos vai acabar e quando olhar pra trás, vai perceber que não teve nenhum amigo e sim inimigos. E aí, eu te pergunto: será que ela ainda vai estar do seu lado no fim? – Adam se colocou de pé – Pense bem nisso. – disse ele, antes de se virar, na intenção de ir embora.

Paola rapidamente pulou da janela e segurou o braço de Adam, antes que ele subisse para o dormitório.

- Você seria meu amigo? – perguntou séria.

- Se você me prometer que não vai falar de armações e nem de enfeites pra cabelo, sim! – respondeu ele com um sorriso.

Paola sorriu e estendeu a mão para Adam.

- Amigos?

Adam sorriu também e apertou a mão dela.

- Amigos!



***




Como era de costume, o Salão Comunal da Grifinória estava tomado por conversas animadas.

Os alunos mais sortudos estavam sentados em frente à lareira, aproveitando para se aquecer, enquanto os outros estavam espalhados pelo local, sentados em almofadas ou nas poltronas que ali haviam.

Em um canto, sentados à mesa, estavam Alvo, Alice, Lily e Hugo. Os quatro estavam em silêncio, tentando terminar seus respectivos trabalhos.

- Definitivamente, ajudaria bastante se todos eles calassem a boca! – disse Alvo, levemente aborrecido. – Vocês dois deveriam utilizar da autoridade que possuem como Monitores e dar um jeito nessa baderna.

Lily riu, enquanto pousava a pena sobre a mesa e encarava o irmão com um ar debochado.

- Até onde eu lembro, meu caro irmãozinho gato, você tem seu lindo quarto aonde o silêncio chega ser irritante. Por isso, se está incomodado com o barulho, siga meu conselho e vá pra lá. Aproveita e arrasta a Alice com você.

- Se Alice e eu ficarmos sozinhos dentro do meu quarto, a última coisa que vamos conseguir fazer é o trabalho.

- Ah sim. Esqueci que você e a Alice não conseguem ficar muito tempo sozinhos no mesmo local sem se agarrar... – Lily revirou os olhos.

Hugo riu e balançou a cabeça.

- Ah amor, não recrimine os dois.

- Não estou recriminando, só dizendo a verdade. Veja, Alice nem fica vermelha quando eu comento. Virou uma tarada, aproveitadora de irmãos! – Lily abriu a boca em falso espanto – Eu deveria punir você por isso.

- Me punir? Eu não tenho culpa por amar seu irmão desde os doze anos, ok?! Se quiser aplicar uma punição, que seja nele, por ser um fofo, lindo e perfeito. – disse Alice, de forma sonhadora, se virando para encarar Alvo, que lhe sorria.

Lily apenas riu e encarou Hugo, que já não escondia as risadas. Ela se aproximou mais do ruivo para beijá-lo, quando ouviu seu irmão fazer um barulho estranho com a garganta e lhes encarar com uma das sobrancelhas erguidas.

- Lilian você não pretende beijar o Hugo aqui, não é? – ele perguntou.

- Sim, pretendo. Por quê? Algum problema quanto a isso?

- Claro que sim. Tem muitas pessoas aqui! – disse ele, como se aquela desculpa fosse o suficiente.

- Ah sim, claro. Você preferia que Hugo e eu fizéssemos como você e a Alice e nos trancássemos em algum lugar a sós, hein? – Lily encarou o irmão, com um sorriso vitorioso nos lábios. Diante do silêncio do irmão, ela completou – Foi o que eu imaginei!

Dizendo isso, Lily se aproximou de Hugo e o beijou, sem se importar em nada com os olhares mortíferos que Alvo lhes lançava. Definitivamente, ela sabia como calar seu irmão.

Alice, tentando distrair o namorado daquela cena tão constrangedora para ele, o encarou e precisou dar-lhe um cutucão para chamar sua atenção.

- Você não disse que Rose viria ajudar o Louis e a Luiza com um trabalho de Feitiços? – perguntou ela, lembrando-se da conversa que eles tiveram a caminho do Salão Comunal.

- Ela vai. Antes ia à biblioteca... E bom, você conhece bem a Rose. Não duvido que apareça aqui trazendo vários livros.

Os dois riram, e em seguida Alvo atirou um pergaminho enrolado na cabeça de Hugo, na intenção de afastá-lo de sua irmã.

- Deixe a coitada respirar! – disse Alvo.

- Cara, você é tão chato... – Hugo revirou os olhos – Mas nem vou reclamar, afinal de contas, faço o mesmo quando a Rose tá atracada com o Scorpius.

Lily revirou os olhos de forma impaciente, e puxou seu pergaminho, voltando imediatamente ao trabalho.

- Acho que a Lily ficou chateada... – disse Alice para Alvo.

Lily rapidamente ergueu a cabeça e encarou a amiga com os olhos estreitados.

- Eu.estou.perfeitamente.bem! – disse ela, entre os dentes. Sua afirmação sobre estar bem combinada com o tom de sua voz contrastou bastante, fazendo com que todos rissem. – Ok, ok, vamos voltar ao trabalho, é o melhor que a gente faz!



***




Conforme o previsto por Alvo, Rose estava realmente na biblioteca. Mas, diferente do que imaginava, não estava sozinha. A ruiva convenceu o namorado, Vincent e Sophie, a fazerem logo o trabalho de Transfiguração pedido por Minerva, com o objetivo de se livrarem rapidamente desse encargo.

De todos, Rose era a única que se preocupava em explicar detalhadamente cada tópico pedido pela professora, floreando cada frase, a fim de deixar tudo perfeito.

- Se Rosecreide fosse ganhar um prêmio por cada trabalho bem feito que fizesse, não haveria espaço na sala de troféus! – comentou Vincent, pousando sua pena sobre o pergaminho.

- Você deveria parar de falar e seguir meu exemplo, Vincentilino! – disse Rose, encarando o amigo.

- Vincent o quê? – ele perguntou chocado – Por acaso meu nome virou alguma nomenclatura de doença infecciosa e eu não sei?

- Não. Mas foi isso que eu pensei quando você me apelidou de Rosecreide.

- Mas... Mas... Rosecreide é praticamente sua marca. Um apelido carinhoso que lhe dei! Foi uma demonstração do meu mais puro afeto e apreço a sua amizade!

- Vincent, você andou lendo algum livro de auto-ajuda? – perguntou Scorpius entre risos.

- Não, por quê?

- Porque suas frases sobre amizade e afeto estão muito profundas...

- Coitadinho do Lininho. Deixe-o filosofar! – Sophie o defendeu, dando um beijo em seu rosto.

Vincent ficou boquiaberto.

- Lininho? LININHO? – ele perguntou em voz alta, mas ao ver o olhar severo da bibliotecária precisou se conter – Merlin, eu estou sendo alvo de chacotas.

- Que nada, cara! Lininho é até bem gentil. Vamos mandar estampar isso no seu uniforme para o próximo jogo!

Todos riram, e então Rose se colocou de pé.

- Droga! Eu tenho que correr pro Salão Comunal da Grifinória. Prometi ao Louis e a Luiza que ajudaria com o trabalho de Feitiços... E ainda tenho que entregar o trabalho do Alvo.

- Trabalho do Alvo? – Sophie perguntou confusa.

- Sim. Além do meu, fiz o dele também. É provável que esteja se agarrando com a Alice e esqueça da vida... Enfim, não quero ver meu primo com nota baixa, né?! – ela deu de ombros e ao ver Vincent encará-la de boca aberta, perguntou: - O que foi?

- Eu aqui, demorando pra fazer apenas um, enquanto você fez dois e ainda terminou antes que todos nós... Definitivamente, você é de outro planeta.

Rose riu e balançou a cabeça.

- Sophie, me ajuda a pegar uns livros de Feitiços?

- Sim, claro! – Sophie deu um beijo rápido em Vincent, antes de se colocar de pé e sumir por entre as prateleiras junto com a amiga.

Scorpius ficou observando as duas, até que finalmente sumiram de vista. Quando teve certeza que não poderiam ouvi-lo, se virou na direção de Vincent.

- Escute-me, aproveitando que estamos a sós, preciso dizer uma coisa...

- Scorpius, sinto lhe informar que chegou tarde. Há um dia, eu teria dito sim ao seu pedido e aceitado viver com você, mas agora que estou com a Sophie, desista! Não traio minha loira por nada! – disse Vincent, numa seriedade tão grande, que por pouco não fez Scorpius soltar uma gargalhada.

- O que ela tem que eu não tenho? – Scorpius entrou na brincadeira – Cabelos grandes? Eu posso deixar o meu crescer também!

- Mas não teria o mesmo balanço... Desculpe! Está tudo acabado entre nós! – Vincent fez sua melhor expressão dramática, e levou a mão até a testa, fingindo desapontamento.

Scorpius não aguentou dessa vez e riu.

- Ai, vamos falar sério agora.

- E nós estávamos brincando? Eu aqui, sofrendo, e você diz isso na minha cara? Que injusto, que injusto!

Scorpius deu um tapa na cabeça do amigo e riu.

- Cara, eu estive pensando...

- Isso sim é um milagre!

- HÁ-HÁ! Muito engraçado. – disse Scorpius – Bom, eu tava pensando que... Cara, nós já passamos pela parte mais difícil com essas meninas. Reconquistamos a confiança delas!

- Sim. E preciso dizer que levei várias bofetadas no caminho dessa conquista.

- É, eu também... Enfim, eu acho que não podemos perder mais tempo.

- O que quer dizer?

- Quero dizer que precisamos demonstrar que as queremos de verdade, pra sempre! Vincent, nós precisamos pedi-las em casamento novamente.

Os dois se encararam em silêncio por alguns instantes, obviamente refletindo a respeito do assunto.

- Olha... Scorpius, eu nunca pensei que diria isso, mas... Sinceramente tô com medo de fazer isso.

- Medo? Por quê?

- Sophie e eu voltamos agora. Tudo está bem, aparentemente, mas tenho medo de fazer isso e ela achar que estou sendo precipitado demais. Entenda, eu não mudei minha opinião! Quero casar com ela, quero muito... O problema é que...

- É que...?

- É que pela primeira vez eu não posso te dizer que ela irá topar a mesma coisa. E se ainda estiver magoada? Não se esqueça que somos todos Sonserinos. Mentir é uma de nossas dádivas.

- Acha que ela está mentindo pra você?

- NÃO! Não é isso. Acho que ela ainda pode estar chateada, e apenas escondendo de mim pra não me magoar.

Scorpius suspirou. Sabia perfeitamente como o amigo se sentia, afinal de contas, estava assim também.

- Cara, olha, nós conhecemos a Sophie desde criança, e sabemos perfeitamente que com ela não existe dúvida. Se está certa de uma coisa, vai até o fim! Se ela está com você agora, é porque confia plenamente em sua palavra, caso contrário, pediria um tempo ou coisa parecida. – disse Scorpius, com convicção – Eu sei do medo que você sente. De verdade, entendo seu receio e tudo mais, porque também tô assim... Fiz a Rose sofrer demais, e acredito que possa estar indo rápido com as coisas, pedindo que se case comigo novamente. Mas quer saber? Eu vou arriscar. O máximo que posso ganhar é um “não”, mas se isso acontecer, não vou desistir! Já perdi aquela ruiva uma vez, e prometi a mim mesmo que nunca mais iria perder de novo.

- Sabe de uma coisa? Você tá certo! – disse Vincent, com um sorriso nos lábios – Vamos pedir nossas namoradas em casamento novamente, e se negarem, faremos com que elas percebam que estão cometendo uma crueldade e que nos suicidaremos porque fomos rejeitados!

- É isso aí!

- Cara, que pessimista você é. Era pra discordar da parte do suicídio!

- Era?

- Sim!

Scorpius deu de ombros.

- Eu nunca sei quando posso ou não discordar de você.

- Essa era uma situação que você deveria discordar.

- Certo, então nós não vamos nos matar.

- Está discordando de mim? Do seu melhor amigo? – disse Vincent chocado.

Scorpius balançou a cabeça.

- Você tem sérios problemas, sabia?

- Sabia... E é daí que vem meu charme. – respondeu ele, convencido – Agora chega de enrolações. Vamos ao plano... Você tem um plano pro pedido de casamento, não tem?

- É claro que tenho! O que acha que sou?

- Loiro!

Os dois riram, e então Scorpius explicou detalhadamente o que pretendia fazer.

Vincent às vezes sorria e balançava a cabeça em sinal de concordância. Estava gostando da idéia que seu amigo tivera.

- Cara, eu detesto admitir isso, mas você é um gênio!

Scorpius abriu um sorriso irônico e encarou o amigo, antes de responder:
- Gênio não. Sou um Malfoy.



***




"O amor é absurdo... É patético... É estranho...

Não é inteligente e muito menos sensato.

Maltrata... Machuca...

Mas ainda sim nos dá esperança, e é graças a ele que levantamos todos os dias com a certeza de que depois de uma tempestade, o sol aparecerá e brilhará no céu, trazendo um novo dia.

Filosofia demais? Ilusão demais? Até aqueles que não amam, acabam pecando ao descobrir que também sentem... Sentem amor por si próprios, por seus ideais, por seus jogos idiotas, pela sua forma de vida... Mas sentem, ainda que de forma errada.

Eu sei. Garanto que todos estão decepcionados pela forma que minha notícia começou, não é? Esse é o problema da rotina... Nos acostumamos a ela! Tsc... Tsc... Deveriam ser menos previsíveis, sabiam?

Eu não venho lhes trazer nenhuma fofoca nova. Nenhum acontecimento bombástico que ocorreu nas últimas 48hs. Já fizeram isso por mim, seria idiotice minha comentar algo tão falado.

Entretanto, sinto-me inspirada a dar os parabéns a Rose e Scorpius, e a Vincent e Sophie, pela tão esperava volta. É..., vocês mereciam ficar juntos no final das contas.

Engraçado como as coisas funcionam, não? Às vezes o tempo parece agir de forma estranha e trabalhar de forma inversa, ao lado do destino. Eu disse destino? Sim, disse. E isso me deixou tão surpresa quanto vocês.

Eu fico me perguntando se valeu a pena todos que apostaram num final infeliz... Gostaria de saber como se sentem aqueles que lutaram contra a correnteza; os que jogaram com as pessoas de forma tão fria e cruel... Os que aprontaram, sem se importar com os sentimentos... Estão felizes agora? Estão satisfeitos por perceberem que há coisas no mundo que são imutáveis?

Ai, ai... Nós seres humanos, somos tão fracos, não é verdade? Achamos que temos tudo sobre a palma de nossa mão, e que podemos controlar cada passo que damos e às vezes os dos outros também... Mas nos enganamos feio! No final das contas, não podemos controlar nada, e só nos resta aprender com nossos erros.

Uma coisa que pessoalmente aprendi com toda essa confusão que acompanhei de perto, é que todo mundo mente. É da natureza humana contar mentiras. Alguns mentem por prazer; outros por necessidade... Alguns mentem para livrar as pessoas, enquanto outros mentem para proteger... Mas no final, todos acabam mentindo!... Exceto eu, é claro. Eu nunca minto...

Agora vocês devem estar fazendo a seguinte pergunta: “E o que aconteceu com o todo mundo mente?”. Minha resposta é tão curta, que vai chocá-los.

Eu estou mentindo.

Simples, não?

Bem... Creio que já chega de filosofias por hoje. Minha missão desta noite era apenas lembrá-los de que mais cedo ou mais tarde, a verdade sempre aparece... E é claro, dizer ao trio do mal da Corvinal que eles quebraram a cara.

Até breve, meus caros leitores.

Boa noite!

XoXo,

Garota Misteriosa."




Em algum lugar do castelo, sozinha, a garota misteriosa pousou sua pena sobre o pergaminho e sorriu.

Verdade... Essa palavra insistia em martelar em sua mente, conforme os minutos de passavam. Pensou em ignorar a idéia absurda que lhe ocorrera, mas já era tarde.

Ela já estava com o pergaminho Mestre em mãos, mandando uma nova mensagem, desta vez, apenas para as pessoas que ela julgava merecedores.



"Vocês querem saber quem sou eu?

Aguardem, pois logo terão uma surpresa.

Não deixem de conferir seus pergaminhos... Cedo ou tarde uma nova mensagem pode chegar.

Vejo vocês em breve..."




A garota misteriosa sorriu. Já imaginava bem a cara de surpresa que eles fariam.

Distante de onde a menina se encontrava, os pergaminhos de Rose, Scorpius, Alvo, Sophie, Vincent, Lily, Hugo, Alice e dos outros Weasley brilharam mais uma vez. Eles eram os escolhidos.
















~~













N/A: *autora pega a varinha e lança um feitiço escudo* PROTEGO.

Certo, eu sei que vocês são leitoras legais, amáveis e compreensivas, mas não custa me proteger de algum possível ataque, não é? Afinal, faz um mês, salvo engano, desde a última atualização e isso não é legal...

Enfim, antes de mais nada, quero agradecer a todos pelo apoio. Minha semana de provas foi mais tranqüila que imaginei e como havia dito, a entrega do pré-projeto da monografia já foi feito. Agradeço de coração as palavras de carinho e incentivo que deixaram. Vocês são uns amores!

Bom, é com certa tristeza que anuncio que faltam apenas três capítulos para o fim. É, como as coisas passam rápido não? Como autora, preciso confessar que dá um aperto no coração por saber que tá acabando... Mas bola pra frente que ainda tenho outra fic pra criar. Afinal, a saga só termina depois que eles disserem “sim” no altar AUHAUAHAU

Olha, eu sei que vocês querem me matar agora. Terminar o capítulo com esse mistério em torno da Garota Misteriosa foi algo realmente cruel, mas sendo eu, praticamente amiga íntima de Belatriz Lestrange, não tinha como agir de outra forma, certo? HAUAHAUAHAU Em breve vocês saberão quem ela é. Façam suas apostas, pois estou pensando em alguma recompensa para aquela que acertar quem é a tal garota. Quem sabe eu deixarei que leia o primeiro capítulo da próxima fic antes que todos ou então ela entre pra história também...

Viram? Viram? Nem todo ser com aparência maligna e cruel é um caso perdido. Adam finalmente acordou pra vida, e vamos torcer pra que leve Paola para o caminho da luz! AMÉM IRMÃOS!

Galerinha, eu detesto a Samantha e vocês? Ainda bem que o dela tá guardado... Esperem pra ver.

E essa tia do Vincent e da Melissa, ahn? Por Merlin, já posso imaginar as coisas malucas que vão acontecer.

Bom, é melhor eu ficar calada, antes que estrague todas as surpresas dos próximos capítulos.

Pessoas, eu também gostaria de agradecer por votarem na minha outra fic no concurso. Fiquei feliz ao ver que meu número de votos cresceu por lá.

Quem ainda não votou e quiser dar uma ajudinha para sua pobre autora, fique a vontade em ir aqui

http://fanfic.potterish.com/visucap.php?identCap=10946&identFic=32493&tCh=15

E votar na fic “Os inimigos do Herdeiro”.

Agora sim me vou.

Espero que tenham gostado do capítulo e também da prévia da terceira fic.

COMENTEM HEIN!

Amoooooooooooooooo vocês *-*

XoXo,

Mily.



Enquanto aguardam novas atualizações, que tal se distraírem lendo

Os inimigos do Herdeiro
http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=32298

E também

O segredo da Serpente (a nova fic da minha Twin *-*)
http://fanfic.potterish.com/menufic.php?id=31994

Garanto que vão adorar!!!





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