Despedidas



Depois de se despedir de Sam, Kim caminhou lentamente pelos corredores de Hogwarts até chegar ao seu destino: o gabinete de Lupin; tinha recebido um bilhete do professor a pedir-lhe que fosse ao seu encontro o mais depressa possivel, preocupava-se com o homem como se fosse seu tio e amava-o como tal, mas aquele bilhete tinha despertado um sentimento desconhecido em si. Parou em frente da porta e bateu, esperando a resposta, ninguém respondeu e quando voltou a bater, a porta abriu-se sozinha para lhe dar passagem para o escritório totalmente às escuras.
- Professor Lupin? – Chamou Kim tentando ver através da escuridão. – Tio Remus?
Assustou-se quando a porta se fechou atrás de si com um suave estalido, estava embrenhada na escuridão e não conseguia ver absolutamente nada quando ouviu passos atrás de si, ficou quieta e procurou reconhecer de quem seriam os passos.
- Quem está ai?! – Perguntou quando não reconheceu o som atrás de si e então de repente a luz acendeu-se, deixando-a cega momentaneamente. – Quem é?!
- Desculpa se te assustei, princesa... – Sussurou uma voz rouca mas melodicamente agradável. – Não era a minha intenção.
- Mick?! – Questionou Kim já habituando a sua visão à claridade. – O que é que fazes aqui? Não te tinham expulso?!
Mick não respondeu e aproximou-se dela calmamente, ficou de frente para ela e sorrindo com os seus dentes brancos e brilhantes respondeu:
- Sim, expulsaram-me realmente... Mas não me podem afastar de ti... – Kim arrepiou-se com a resposta sentindo que dali nada de bom poderia vir. – E eu tinha que falar contigo... Com urgência... Sabia que virias se fosse um pedido do teu adorado lobisomem...Só virias se fosse por ele.
- Onde está o Lupin?! O que lhe fizeste, Mick?! – Exgiu Kim esperando respostas imediatas mas sabendo que não as teria. – O que é que queres, Mick?
- Não lhe fiz nada... Ele está bem e seguro no quarto do Black. – Respondeu Mick com tanta calma que até chegava a ser irritante. – E eu já disse o que quero, Kim... Falar contigo...
- Diz de uma vez o que tens a dizer e deixa-me em paz de uma vez por todas! – Ordenou a ruiva tentando que a sua voz soa-se enraivecida mas falhando na sua missiva.
- Antes não me tratavas assim... Antes de te teres metido com aquele humano idiota, o Samuel Winchester... – Disse Mick fazendo Kim enrigecer-se no seu lugar. – Tu sabes o que és, Kim... Tu sabes que mais cedo ou mais tarde isso há-de libertar-se e tu serás uma de nós...
- Não... – Sussurou Kim. – Não é verdade...
- Tu sabes que é verdade, Kim... Sabes que um dia serás um ser da noite... Estás destinada a essa existência... Uma existência onde não existe tempo certo... Tu sabes que serás como eu e que quando esse dia chegar, Kim, tu pertencer-me-ás... Serás minha e tu sabes que não há volta a dar a isso... E sabes que mais? Quando esse dia chegar, o teu amado Sam não irá olhar-te com os mesmos olhos... Verá em ti uma aberração, uma criatura que apenas quer sangue e morte, uma daquelas criaturas que ele mata a sangue frio.
- Não é verdade... O Sam ama-me! – Sussurou Kim deixando pequenas lágrimas escorrerem-lhe pela face agora totalmente pálida. – Nada do que tu dizes é verdade.
- Podes iludir-te pelo tempo que quiseres, Kim, querida... Mas recorda-te que o tempo para ti é curto... Dentro em breve, muito em breve mesmo, verás que tenho razão e correrás para os meus braços implorando pra ficares comigo... E mesmo que ele não te mate à primeira hipótese que tenha, ou que não fuja de ti com medo, tu matá-lo-ás, Kim... Serás chamada pelo seu sangue e não resistirás! Portanto, larga-o agora enquanto ele ainda pode sair desta enrascada com vida... Se realmente o amas, vais deixá-lo partir para que possa seguir com a sua vida de humano miserável que ele é...
- Eu... Não posso... – Kim sussurou mas na sua mente a terrivel imagem de Sam morto na sua frente e o seu sangue nas suas mãos aparecia nitida como se estivesse a acontecer. – Pára, por favor, Mick... Pára!
A imagem despareceu mas as lágrimas que lhe escorriam pelo rosto mantiveram-se lá, de repente, as suas pernas cederam e caiu de joelhos no chão. O seu olhar fixou o vazio enquanto ouvia o riso discreto de Mick, o homem ria-se silenciosamente, divertindo-se com o desespero da ruiva que tentava acalmar-se.
Kim levantou-se e ainda com as lágrimas a escorrerem-lhe pelo rosto, fixou o seu olhar repleto de ódio em Mick – que sorriu compreendendo a decisão da garota – e então disse:
- O que é...
- Tu vais despedir-te do Winchester! Mal saias daqui, ouviste, Kim? – Interrompeu Mick ficando sério. – E se não o fizeres, eu vou ficar a saber... E então o teu Winchester vai desejar nunca ter nascido!
- Tu não te atreverias...
- Eu ando a abster-me de sangue há já muito tempo, querida... E... Acidentes acontecem... Não é muito dificil de acontecerem, sabes? Com um vampiro e um lobisomem dentro de uma escola cheia de crianças inocentes!
- Dá-me um dia ou dois... É tudo que peço, Mick... Eu despeço-me dele, mas dá-me tempo!
- Não! Nem mais um minuto! Vais te despedir dele assim que saires daqui! Não me interessa! Usa os pretextos que quiseres... Se eu amanhã te vir junto dele, vais lamentar não teres obedecido às minhas ordens!
Mick saiu da sala tão rapidamente que a rapariga nem o viu sair, sem ter o vampiro lá, as lágrimas voltaram a escorrer-lhe dos olhos e o desespero tomou conta de si, as pernas voltaram a tremer e cederam. Kim ficou sentada no chão com as lágrimas a molharem-lhe o rosto, respirava com dificuldade por entre os soluços e deixou-se ficar assim, sentada no chão.
- Kim? Kim, querida! – Chamou a voz de Lupin que ao entrar no quarto se deparou com a ruiva. – Querida, o que é que se passou? O que é que estás aqui a fazer? Kim, porque é que estás a chorar, querida?!
- O Mick... – Soluçou Kim, não precisava de muitas palavras para comunicar com Lupin e sabia que ele compreenderia.
Sentiu-o endireitar-se ao seu lado e no fundo da sua garganta ouviu um rugido crescer, nem a presença do homem facilitava ou acalmava o seu estado de espirito, o seu desespero só crescia com o pensamento que também Lupin ficaria em perigo caso desobedecesse a Mick. Levantou-se lentamente, como se o facto da sua lentidão fosse atrasar o momento que se seguiria, o momento que sabia que nunca poderia cancelar mas que tinha esperança de adiar durante muito tempo. Sentia o olhar de Remus posto em si e, de certa forma, sentia o que ele transmitia: pena, medo e até mesmo, confusão!
Sem olhar para o homem, dirigiu-se à porta do quarto, e estava pronta para sair quando o ouviu levantar-se para tentar alcançá-la e detê-la de sair, poisou a mão na argola de ferro da porta e ainda sem olhar para ele disse numa voz baixa e embargada pelas lágrimas:
- Eu estou bem... Vai tudo ficar bem!
Ouviu a respiração de Remus falhar e supôs que ele ía contestar as suas palavras, que ía tentar impedí-la de ir mas ele apenas se aproximou dela e abraçou-a, Kim cedeu aos soluços que tentava prender no fundo da sua garganta e deixou as lágrimas molharem a camisa de Lupin. Sentia-se protegida naquele abraço, mas era só uma sensação, a sensação de protecção fornecida pelos braços fortes de Remus era como uma ilusão, mal o abraço acabasse o desespero voltaria com a sua força avaçaladora.
- Eu não sei o que fazer, Remus... Não sei o que fazer!
- E se começasses por contar-me... Sabes que posso ajudar-te, não sabes? – Sussurou Lupin fazendo-lhe festas no cabelo. – Eu e o Sirius sempre fizemos tudo pra te ajudar...
- Desta vez ninguém me pode ajudar...
- O que é que o Mick veio cá fazer, Kim? – A voz de Lupin denotava urgência em saber tal informação embora continuasse a parecer calma.
Kim afastou-se e viu a preocupação espelhada nos olhos do homem, deu um fraco sorriso e saiu, quanto mais tempo demorasse mais lhe custaria a despedir-se do homem que amava. Andou o mais devagar que pode até chegar ao retrato de entrada para a Torre, disse a palavra-passe e entrou rapidamente para evitar as perguntas da Dama Gorda, ainda na passagem de entrada conseguia ouvir as pessoas que estavam na sala, uma voz sobrepunha-se à das outras: a voz de Sam. Estacou na entrada e viu Dean andar de um lado para o outro em frente da lareira; Sam e Ginny estavam de pé um de frente para o outro olhando-se furiosamente; reparou em Will sentado num sofá a olhar para Ginny e Sam como se esperasse que ambos fossem começar a lutar, só estavam os quatro na sala.
- Deviam-me ter contado!!! Julgam o quê? Que eu não ficaria a saber mais cedo ou mais tarde?! O que raio pensavam vocês, Winchester?! – Questionou Ginny gesticulando no ar.
- Só ficámos a saber há pouco tempo! Que querias que fizessemos, Ginny?! – Perguntou Sam parando de repente ao sentir a presença de Kim. – Kim?
Sam e Ginny viraram-se para a entrada da sala onde estava a rapariga, o pânico espelhou-se rapidamente no rosto de Sam ao ver os olhos vermelhos da namorada e avançou um passo, sendo logo fuzilado pelo olhar da irmã da jovem. Ginny olhou para a irmã com um misto de ternura e confusão no seu olhar, avançou na direcção da irmã com os braços estendidos, chamando-a silenciosamente para a consolar como sempre fazia.
Kim olhava para ambos sem expressão no rosto, ainda sentia o caminho que as lágrimas tinham percorrido pelo seu rosto e os seus olhos ameçavam verter mais lágrimas perante a visão do rapaz que amava e da irmã na sua frente, a dor de ver aqueles que mais amava naquele momento. Sem que algum deles pudesse compreender, Kim correu para os braços de Sam num pranto silencioso e abraçou-o, o rapaz olhava para a rapariga assustado e recebia olhares confusos da irmã dela.
- Kim? Kim, o que foi? O que se passa? – Perguntou Sam muito baixinho. – Amor? Querida, o que se passa?
- Temos que conversar... – Respondeu Kim olhando-o por entre as lágrimas que teimavam em cair.
Kim puxou Sam pelo braço até desparecerem da vista dos outros três, foram até ao dormitório masculino e lá fecharam a porta para poderem falar à vontade, o rapaz olhava preocupado para a namorada que se mantinha de costas voltadas para si. A ruiva tentava evitar olhar para o moreno para não perder a coragem para fazer aquilo que ía fazer a seguir, as lágrimas continuavam a cair e não conseguia impedir que caissem, tentava manter a sua respiração estável e tentava não soluçar.
Sam olhava para a namorada receoso, nunca a vira naquele estado, não se conseguia lembrar de quando fora a última vez que a vira derramar lágrimas daquele modo e aquele estado deixava-o alarmado. Aproximou-se dela para a abraçar mas ela pressentindo a presença dele próxima de si, afastou-se.
- Kim? O que é que se passa? Estás a assustar-me! – Murmurou Sam.
Kim conseguiu reparar na dor patente na voz de Sam e aquela mesma dor era sentida por si com o dobro da intensidade, não iria conseguir despedir-se dele sem magoá-lo e isso custar-lhe-ia mais do que qualquer outra coisa, novas lágrimas voltaram a escorrer-lhe pelo rosto com esses pensamentos.
- Sam... – Disse Kim num tom de voz que não passava de um sussuro. – Nós não podemos estar mais juntos...
- O quê? Porquê? Kim... Não percebo... O que é que se passou com o Lupin?
- Por favor, Sam... Aceita a minha decisão e não contestes...
- Como queres que não conteste quando tu me dizes que não podemos ficar juntos sem motivo aparente? Kim, tu és a minha vida! Eu não posso perder-te! – Exclamou Sam fazendo Kim girar nos seus calcanhares para encará-lo nos seus olhos verdes.
- Por favor, Sam... Não tornes isto mais dificil... – Implorou a ruiva tentando desviar o olhar do dele.
- Diz-me que não me amas! Diz-me se és capaz, Kim... Diz-mo e eu deixar-te-ei sem contestar... – Disse Sam, o aperto que sentiu no seu coração ao dizer aquelas palavras era insuportável, mas não podia demonstrar fraqueza. – Dí-lo, Kim!
- Eu... Eu... Não... Te... Amo... – Disse Kim, dizer aquelas palavras doia mais do que o pensamento de despedir-se do rapaz, especialmente porque aquilo era mentira. Novas lágrimas brotaram dos seus olhos.
- Não acredito! – Fociferou Sam obrigando-a a olhar nos seus olhos. – Diz-me isso a olhar-me nos olhos, Kim!
A principio Kim não respondeu, olhava profundamente nos olhos verdes azulados de Sam e via neles espelhada a dor que ela própria sentia naquele momento, não conseguia proferir aquela mentira olhando nos olhos do amado. Não conseguia magoá-lo, não queria deixá-lo mesmo que isso lhe custasse a sua vida, era demasiado egoista, mas então a visão de Sam morto na sua frente com o sangue do moreno a manchar-lhe as mãos atravessou-lhe a mente. Era necessário magoá-lo para o salvar, era necessário sofrer para que ele pudesse sobreviver.
- Eu não te amo! – Disse Kim agora num tom decidido, era mais importante salvá-lo.
Sam viu a determinação nos olhos da ruiva, não compreendia o que poderia ter mudado, ainda há poucas minutos estavam num corredor vazio a trocar beijos apaixonados arriscando-se a serem apanhados e agora ela dizia que não podiam ficar juntos e que já não o amava, não conseguia entender a mudança repentina na ruiva – primeiro, as lágrimas e agora, a determinação. Perguntas sem resposta enchiam-lhe a mente ao mesmo tempo que uma dor sem fim se apoderava do seu corpo, era uma dor dilacerante, algo pior que mil facas a serem espetadas, sentiu os seus olhos humedecerem-se e então quando a ruiva estremeceu sob as suas mãos, teve a certeza de que ela tinha se apercebido disso.
- Então... É o fim? – Perguntou num fio de voz doloroso. – Isto acaba aqui e assim? Diz-me apenas porquê, Kim...
Sam tinha largado Kim e ela tinha se afastado em direção à porta, quando a ruiva o ouviu fazer aquelas perguntas parou, queria mais que tudo poder contar-lhe a verdade, dizer-lhe que se ficasse consigo o seu fim seria a morte. Ao pensar naquela última palavra, sentiu um aperto no peito e novas lágrimas escorreram dos seus olhos, olhou para os seus pés ponderando no que lhe havia de dizer, talvez fosse melhor não se virar para encará-lo, talvez até fosse melhor não dizer nada.
- Um dia compreenderás, Sam... E espero sinceramente que esse dia chegue depressa... Eu não queria que as coisas tivessem que ser assim... Custa-me mais do que qualquer coisa ter que me depedir de ti... – A voz da ruiva estava ainda mais fraca do que a de Sam, as palavras transmitiam a dor que a rapariga sentia e sabia que o rapaz notaria naquilo.
- Se te custa tanto porque é que o fazes? As coisas não têm de ser assim, Kim... Nós podemos ficar juntos... Enfrentamos o que quer que aconteça juntos... – O tom desesperado na voz de Sam fez a revolta em Kim. Será que ele não via o quanto aquilo lhe custava? Será que ele não podia pura e simplesmente deixá-la ir como prometeu que faria? Porque é que ele tinha que complicar tudo?!
- Será que não vês? Será que não tens o minimo de interesse pessoal? Auto-preservação? – Explodiu Kim com mais lágrimas a cairem-lhe dos olhos. – Eu não sou mulher para ti, Sam... Eu não posso ficar contigo! O problema não és tu! – Disse ao vê-lo abrir a boca para contestar. – Sou eu... Se ficares comigo corres perigo de vida, não compreendes?
- E se eu estiver disposto a arriscar? – Desafiou Sam. – E se eu quiser ficar contigo mesmo que isso signifique a minha morte?
- Diz-me, eu já não te magoei o suficiente ao afirmar que já não te amo?
- Nenhuma dor é maior do que a de te perder, Kim... E eu sei que mentiste... Eu sinto-o... Tu amas-me, eu sei que sim...
- Não compreendes, Sam? Por te amar mais do que a minha própria vida é que eu estou a fazer isto! Para preservar a tua vida...
- Porquê?! De que perigo mortal é que me queres proteger?! Responde-me, Kim!
- Eu não posso contar-te... Tu não podes fazer nada para impedir... Ninguém pode... Tu não ías compreender... – Respondeu Kim saindo do quarto a correr.
- Kim! Kim!!! – Gritou Sam vendo sair do quarto.
Sam correu até à porta tentando seguí-la mas parou deixando-a ir, naquele momento apercebeu-se de que lágrimas lhe escorriam pelo rosto e então encostou-se à parede deixando-se escorregar até ao chão, a dor que fora substituida por uma leve esperança enquanto discutia com a ruiva voltou com o dobro da força, era uma dor esmagadora. Aquele sentimento de perda era quase uma dor fisica, algo tão insuportável que até lhe custava respirar e realmente, ele não respirava, ofegava.
Kim correu para o dormitório feminino e fechou a porta com força, encostando-se a ela, escorregou até o chão entregou-se à dor e ao desespero que tinha tentado evitar sentir enquanto estava junto do rapaz. Parecia que se estava a afogar num lago cuja água densa não a deixava vir à tona, mas também não lhe interessava subir à superficie, não queria sentir o alivio que sabia existir lá, não queria sentir a satisfação de ter feito algo que era certo – pois sabia que aquilo não era o certo, nem o fácil, era apenas um modo simples de se auto-destruir.
- Espero que estejas feliz... – Murmurou Kim com raiva na voz. – Conseguiste o que querias, Mick...
Kim ficou sentada no quarto, chorando a sua dor o resto da tade.
Um mês se passou desde a despedida de Kim e de Sam, esses deixaram de se falar - Kim isolou-se de todos os que conhecia e Sam deixou de ser o rapaz humorado que costumava ser – e todos estranhavam o comportamento de ambos, Dean e Bella continuaram a encontrar-se às escondidas, Will e Angie começaram a namorar, tal como, Francis e Patty. Até os relacionamentos inter casas era diferente, Bella foi apresentada por Dean aos amigos do Gryffindor e começou a dar-se com eles, tornando-se uma grande amiga de Angie e Patty.
O mês de Dezembro depressa chegou com o frio do inverno e as alegrias do natal que se aproximava, Hogwarts foi enfeitada para a festividade, no Salão Principal os habituais quatro pinheiros da Floresta Proibida carregados por Hagrid, já estavam enfeitados e do tecto mágico caiam pequenos flocos de neve, os campos do castelo também já estavam cobertos por uma grossa camada de neve e o lago estava revestido por uma camada de gelo que parecia inquebrável. Os alunos já se vestiam com grossas camisolas de lã e já usavam os gorros, cachecóis e luvas com as cores das suas casas, eram poucos aqueles que tinham coragem para enfrentar o frio dos jardins, mas os poucos que o faziam divertiam-se com guerras de bolas de neve e a fazer bonecos de neve.
Num dos fins-de-semana em que Hogwarts ficava praticamente vazia pela ida dos alunos a Hogsmead, Bella encontrava-se no seu quarto arrumando os seus pretences, quando Ammie surgiu na porta com um envelope nas mãos dizendo:
- Bella, uma carta para ti... – Entregou a carta à amiga e sentou-se na cama observando-a. – É de quem?
- É da minha mãe... – Murmurou Bella abrindo a carta. – Hum... Que estranho...
Bella sentou-se na cama e começou a ler a carta para si:
“Querida Bella,
Sei que já há algum tempo não dava noticias, mas como sabes, tenho andado ocupada com as missões.
Queria que viesses passar o natal comigo, querida, mesmo tendo pouco tempo livre, queria passá-lo contigo. Para que possamos pôr a conversa em dia.
A propósito de pôr a conversa em dia, o Lord tem uma missão para te entregar, meu anjo. Nada me deixaria mais orgulhosa se a aceitasses...
Com amor,
Mãe!”
A carta embora fosse curta, era bastante directa para quem soubesse ler as entre-linhas, não era uma visita para matar saudades que a sua mãe queria que ela fizesse, era uma visita cujo regresso poderia não existir. Sentiu um aperto no peito e levou a mão ao lugar do coração, ao fechar a mão contra o peito sentiu algo nos seus dedos e elevou a mão ao nivel dos olhos, então viu o anel que Dean lhe tinha dado. Não conseguia pensar numa solução, sabia o que aí vinha e não queria sequer pensar na possibilidade de ter que o perder para orgulhar a sua mãe, sentiu uma pequena tontura e por isso segurou-se à barra de madeira da cama.
- Bella? Está tudo bem? – Perguntou Ammie.
- Sim... Está tudo óptimo... – Respondeu Bella num sussuro. – Foi só uma tontura... Demasiada informação...
- A sério? O que é que se passou? A tua mãe conheceu alguém? – Questionou Ammie com um súbito interesse.
- É foi isso... Mas agora, eu não quero falar sobre isso... Tenho que ir dar uma volta para ver se melhoro... – Disse Bella levantando-se devagar e caminhando à mesma velocidade para a saida do quarto. – Tenho que ver o Dean! – Pensou já fora da sala comum.
Caminhou pelos corredores já tão seus conhecidos em direcção à torre de Gryffindor, sabia que era só chegar lá que Dean saberia que estava ali, olhou para o seu relógio de pulso e viu as horas: 20h30m; faltava apenas meia hora para o seu encontro nocturno com o moreno, talvez se adiantasse o encontro encontrasse as respostas que não conseguia encontrar sozinha. Chegou ao retrato da Dama Gorda e disse tão calma e educadamente como conseguia:
- Não me obrigue a arrombar o retrato... Chame o Professor Dean Winchester! Por favor!
Talvez tivesse sido o brilho “assassino” nos olhos azuis da rapariga ou talvez tivesse sido a ameaça de derrobar o quadro, a Dama Gorda saiu da sua moldura e voltou minutos depois com um ar descontente por estar a obedecer a uma Slytherin, a figura do quadro declarou que Dean vinha a caminho e assim aconteceu. Pouco depois da Dama Gorda voltar ao retrato, este abriu-se e deu passagem ao moreno que ao encontrar a morena, abraçou-a e beijou-a com saudade.
- Está tudo bem, querida? – Perguntou Dean encaminhando Bella para longe do retrato. – Estás pálida...
- Está tudo bem, não te preocupes...Só queria ver-te...
Dean sorriu carinhosamente e beijou-a com ternura, pararam em frente de uma sala e entraram, o rapaz selou a sala e depois dirigiu-se de novo à rapariga que olhava para os seus pés com uma expressão preocupada, o moreno franziu o sobrolho e abraçou-a assustando-a.
- O que é que se passa? Podes contar-me, sabes disso...
- Dean, se eu tivesse que me ir embora da escola agora no natal, para ir visitar a minha mãe e...
- E... – Insistiu o rapaz começando a sentir-se preocupado.
- E houvesse a probabilidade, mesmo que pequena, de eu não poder voltar a Hogwarts... Como é que ficarias?
- Eu iria atrás de ti e presuadiria a Tia Bellatrix a deixar-te voltar comigo... Não quero nem pensar em ficar longe de ti... Já é doloroso pensar que somos de casas diferentes e que na tua casa há muitos rapazes aproveitadores de donzelas como tu...
Bella sorriu, um sorriso fraco mas ainda assim, um sorriso presunçoso com a afirmação ciumenta de Dean.
- E se não fosse a minha mãe que não me deixava voltar? E se fosse eu que não quisesse voltar?
- Eu arrastar-te-ia de volta ao castelo... Ou então ficaria contigo onde quer que quisesses estar...
- E se...
- Bella, deixa-te de rodeios e diz logo o que é que se está a passar... Não precisas de mentir-me.
- Eu recebi uma carta da minha mãe... – Disse a morena retirando a carta do bolso e entregando-lha. – Ela quer que eu vá a casa no natal...
Dean examinou a carta e leu-a vezes sem conta, agora estava confuso, como é que Bellatrix poderia ter mudado de ideias? Porque teria mudado de ideias?
- Bella, tens a certeza de que esta carta é da tua mãe? – Perguntou Dean vendo-a acenar afirmativamente. – Não percebo... Querida, diz-me o que é que tencionas fazer.
- Eu ainda não sei, Dean... Tenho medo... O Quem-Nós-Sabemos quer dar-me uma missão... Eu não sei o que hei-de fazer... Não quero deixar-te!
- Não precisas de aceitar... E tu sabes! Podes ficar aqui comigo... A Ordem da Fénix...
- Protege-me mas e a minha mãe? Eu não posso deixá-la, Dean! Ela é a minha única familia... É a única pessoa que eu tenho no mundo... do meu sangue! – Acrescentou vendo-o fechar o rosto num tom ofendido por ela não o levar em consideração.
- Mas sabes que se aceitares a missão ou se sequer ouvires a proposta daquele... – Dean fez uma pausa no nome e respirou fundo para conter a raiva. – Tu serás marcada...
- Tu irias deixar-me se isso acontecesse?
- Não me interessa o que tu és... Desde que te tenha do meu lado... Só isso importa... – Declarou Dean olhando-a ternamente.
- Obrigada, Dean. Amo-te...
- Eu também te amo... Nunca te esqueças disso, ok?
Bella acenou afirmando a sua promessa e beijou-o com ainda mais vontade e desejo que antes, os braços de Dean envolveram-na numa espécie de prisão entre os seus braços e o seu peito, a sensação que a morena sentia nos braços do namorado era tão reconfortante que poderia nunca mais sair dali. Esse era o seu desejo, nunca ter que sair dos braços do namorado, daquele que amava com todas as suas forças, daquele por quem seria capaz de dar a vida. Dean tentava manter a calma, tentava resistir ao impulso de contar a verdade toda a Bella sobre a missão que Voldemort lhe queria entregar, desejava no seu intimo que ela não tivesse que ter sido a escolhida e que aquele simples momento - em que não havia mais nada nem ninguém – pudesse durar para sempre.
- Dean? – Perguntou Bella com a sua cara encostada ao peito dele.
- Hum? – Disse Dean em resposta com o seu rosto entre os cabelos negros da namorada. – Diz.
- O que é que se passa com o Sam? E com a Kimberly? Porque é que a Kimberly se afastou de todos? Quando a conheci, ela andava sempre com o Sam.
- Não sei bem o que é que aconteceu... Mas o Sam tá deprimido com a separação... A Kim afastou-se de todos e o Sam só me disse que ela o tinha feito para nos proteger... Não sei do que ou de quem... Mas sei que a dor que isso causa aos dois é terrivel...
- Como sabes?
- Eu conheço o meu irmão, Bella... E a Ginny conhece a irmã dela melhor que qualquer um de nós... A Ginny nunca viu a irmã naquele estado... Nem eu vi o Sam assim... Ele está a sofrer muito... Mais do que alguma vez julguei que ele fosse sofrer.
Bella ficou calada durante muito tempo, o que preocupou Dean que a afastou para olhá-la no rosto e reparou na sua expressão pensativa, passou a mão carinhosamente pela ruga de preocupação que se lhe formava na testa e beijou-a, abraçou-a com mais força e percebendo qual era a preocupação dela disse com carinho:
- Connosco é diferente... Eu não vou deixar-te... Nem que me ameaçem de morte... Nem que me apontem uma varinha à cabeça... E eu vou proteger-te de tudo o que poder acontecer...
Bella voltou a beijá-lo, rezando internamente para que Dean pudesse comprir a sua promessa e que ela não tivesse que o abandonar, pensou em Sam e no estado em que o rapaz se encontrava, se ele estava assim por Kim e só tinha tido a hipótese de estar com ela desde o baile, não queria imaginar em que estado ficaria Dean que já estava com ela há realmente muito tempo. Abraçou-o com mais força só com o pensamento, sabia que a força que exercia contra o corpo dele era apenas um nadinha junto da força que ele poderia exercer se realmente quisesse, mas não se importava com aquilo, apenas queria sentir o calor dele contra si e sentir-se protegida no seu abraço.
Dean sentiu a força do abraço dela e mergulhou o seu rosto nos cabelos negros dela, conseguia saber no que estava ela a pensar e não gostava dos pensamentos dela, não gostava de saber que a ideia de ela própria ter que se sacrificar pela segurança da mãe e até a sua própria lhe passava pela cabeça, odiava-se por ter que (não intencionalmente) obrigá-la a escolher entre si e a mãe dela. No entanto, aquele ódio que sentia por si próprio desapareceu no momento em que sentiu as mãos de Bella fecharem-se nas suas costas, soube imediatamente que ela conseguia pressentir os seus pensamentos e que isso magoava-a mais do que a ideia de ter que apenas se despedir.
- Eu prometo que nunca te vou deixar, ouviste, Bella? Nunca! – Prometeu no ouvido na rapariga. – Prometo.
Ficaram abraçados durante mais um tempo, Dean embalava o seu corpo levemente para a frente e para trás com Bella nos braços, depressa se apercebeu de que a rapariga tinha adormecido e ao ver a expressão tranquila no seu rosto, sorriu. Ver aquele rosto angelical e saber que aquela mulher era só sua, era reconfortante e ao mesmo tempo apavorante, tantos perigos que ela correria por sua causa e tantas coisas que ele lhe queria dar e não podia, tremia só de tentar visualizar um futuro dos dois juntos e sempre que o fazia deixava logo de o fazer... Não queria ver o que tinha a certeza que veria: o mesmo fim que a sua mãe teve...
Já estava a ficar tarde e não poderia levá-la para as masmorras, pegou-lhe ao colo e foi andando - devagar para não acordá-la – até à Torre de Gryffindor, passou pelo retrato da Dama Gorda que resmungava devido à presença da Slytherin e dirigiu-se ao seu quarto, deitou a morena na sua cama e ficou a observá-la dormir, ela já era linda enquanto estava acordada mas a sua beleza era superada enquanto dormia, parecia um anjo. Suspirou e saiu do quarto silenciosamente, ía a descer as escadas quando reparou que a porta do dormitório masculino estava entreaberta, espreitou para o interior e viu Sam sentado na janela ao lado da sua cama, o rapaz olhava para o lado de fora e por isso não deu pelo irmão entrar.
- Sam! – Chamou Dean fazendo o irmão assustar-se.
- Dean... És tu... – Disse Sam num tom de voz baixo mas audível, olhou para o irmão e esboçou um sorriso triste, voltando a olhar para o extrerior em seguida.
Dean aproximou-se e olhou para onde o irmão estava a olhar, viu a grande lua cheia sobre o lago e pequenos flocos de neve cairem numa dança celestial sob o brilho pálido do luar, era uma bela paisagem. Ouviu um ronco de Will e assustou-se ao acordar do devaneio da paisagem, olhou para o irmão e sussurou:
- Isso não te faz bem, sabes?
- O que é que sem ela me faz bem, Dean? – Perguntou Sam no mesmo tom, olhando para o irmão com um olhar atormentado.
Dean pode ver o sofrimento nos olhos de Sam, nunca tinha imaginado que o irmão pudesse ficar assim por alguém que não fosse da sua familia e isso lembrou-o de Bella, deitada na sua cama, sabia perfeitamente que aquilo que via em Sam era quase que um reflexo do seu futuro. Afastou o pensamento da sua mente e disse num tom sério:
- Não podes deixar-te abater porque ela decidiu que estarias melhor sem ela. Ela escolheu o seu caminho... Tens que seguir o teu!
Sam não lhe respondeu, ergueu o canto do lábio num sorriso de través e então disse:
- Tu sabes, não sabes? – As suas palavras confundiram Dean que não as esperava ouvir. – Sabes que o fim também está a chegar para ti e para a Bella! E tens medo... Medo que seja assim que fiques, não é, Dean? Mas não te preocupes... És mais forte que eu... Ultrapassarás isto melhor do que eu!
Dean ouviu as palavras de Sam num silêncio abismado, se o irmão dizia aquilo era porque sabia o que viria, porque sabia qual seria a escolha de Bella, virou-lhe as costas e saiu calmamente do quarto, regressou ao seu quarto e deitou-se ao lado de Bella, adormecendo instantaneamente. Na manhã seguinte, acordou sozinho e suspirou, Bella deveria ter-se indo embora antes de alguém acordar, levantou-se e ao lado da sua almofada viu um cartão, leu-o e então o seu coração falhou um batimento para depois começar a bater desenfreadamente.
“Meu amor,
Desculpa ter-me ido embora sem me despedir de ti, mas eu sou uma Slytherin e se alguém me visse a sair do teu quarto tu ficarias em grandes sarilhos.
Logo à noite encontramo-nos na mesma sala, às mesmas horas que ontem? Preciso de falar contigo.
Amo-te!
Bella”
Dean guardou o papel e vestiu-se rapidamente, tinha que falar com Sirius e Remus, eles tinham que saber que Bella tencionava ir ao encontro da mãe e que Bellatrix devia estar em perigo, saiu a correr do seu quarto e do mesmo modo desceu as escadas, passou numa correria pelos corredores até chegar ao quarto de Sirius. Parou abruptamente em frente da porta e bateu com urgência, esperou até que a porta se abrisse e quando isso aconteceu, entrou no quarto sem esperar ser convidado.
- A Bellatrix está em perigo! – Disse Dean mal entrou, olhando para a cara preocupada de Sirius.
- Quê?! O que é que estás pra aí a dizer, Dean?! – Perguntou Sirius confuso, o seu ar era de quem acabava de acordar.
- A Bellatrix mandou uma carta à Bella a dizer que o Voldemort tinha uma missão para ela... E dizia também que queria que a Bella fosse passar o natal a casa, Sirius!
- A Bellatrix está em perigo? – Sirius começou a assimilar as palavras do “sobrinho”, a confusão ainda não tinha passado totalmente mas as coisas começavam a fazer sentido. – Merlin santo... Temos que avisar o Dumbledore... A Bella não pode sair de Hogwarts em circunstância alguma...
- A Bella não vai deixar a mãe sozinha, Sirius! – Disse Lupin na porta, ele tinha ouvido tudo o que Dean dissera.
- O que fazemos? – Perguntou Dean agora a ser tomado pelo medo.
- Primeiro avisamos o professor Dumbledore... Ele deve de conseguir arranjar uma solução... – Disse Lupin num tom calmo.
- Não. – Disse Sirius depois de ficar um tempo em silêncio. – O Professor Dumbledore não tem nada para nos ajudar, Moony!
- Padfoot, o Professor pode ajudar-nos... – Disse Remus tentando convencê-lo. – É a protecção da Bellatrix e da Bella que está em questão...
- Por esse mesmo motivo... O Dumbledore ordenou à Bellatrix que ficasse entre os Devoradores a troco da sua liberdade!
- Pára de julgá-lo por isso! Terias feito melhor? – Argumentou Remus com a raiva patente na voz.
- Não, Remus, não teria... Mas não teria deixado uma criança com ela... Não para que acabasse nisto! – Exclamou Sirius, a fúria começava a apoderar-se dele. – O Dumbledore sabia que isto ía acontecer! No entanto não fez nada para evitar!
- Sirius, ela já sofreu ao perder um... Como ficarias se fosse contigo e te tirassem os dois?! – Exclamou Remus.
- Esperem! Como assim? Tirar os dois? Perder um? O que querem dizer com isso?! – Perguntou Dean agora não compreendendo nada.
Remus e Sirius olharam um para o outro, então ambos se lembraram de que Dean não conhecia a história e suspiraram, Dean permaneceu quieto à espera de uma resposta e quando viu que nenhum dos homens lhe ía explicar a que se referiam, disse:
- Se não me vão contar a verdade... Ou pelo menos parte dela, sugiro que peçamos ajuda ao Professor Dumbledore.
Sairam os três do quarto de Sirius e dirigiram-se ao escritório de Dumbledore, Sirius disse a palavra-passe e entraram, Dumbledore já os esperava sentado atrás da secretária observando a porta sobre os seus óculos de meia-lua e com os dedos entrelaçados debaixo do queixo. O seu primeiro olhar foi dirigido a Dean, examinou-o atentamente e depois abriu um pequeno sorriso amigável, em seguida olhou para Sirius com um ar sério e logo depois para Remus.
- Talvez devesse concordar com o Sirius... A culpa de Bellatrix Black Lestrange ainda estar junto dos Devoradores da Morte e estar em perigo de vida neste momento é minha, admito. Mas não seria justo tirar-lhe a filha. – Disse Dumbledore com a sua voz calma e suave. – Mas concordo com o Remus, é a segurança de ambas que corre risco e Voldemort usará tudo o que tem para que a jovem Bellatriz vá ao seu encontro. A Bellatrix é apenas um dos trunfos que Voldemort possui e se ele a colocasse em perigo, a Bella deixaria tudo para trás para ajudar a mãe... No que toca a coragem para salvar aqueles que ama, ela saiu ao pai.
Sem que Dean reparasse, Sirius corou ao ouvir o pequeno discurso de Dumbledore e baixou a cabeça para que os longos cabelos lhe escondessem o rosto, Remus reparou em Sirius e baixou o rosto com o amigo. Dean manteve o seu olhar posto em Dumbledore, as palavras do homem faziam sentido mas não conseguia perceber como é que ele podia referir-se a Rodolphus Lestrange como sendo um homem corajoso, procurou manter um ar sério e calmo perante o director.
- Diz-me, Dean. – Disse o director assustando o rapaz. – O que serias capaz de fazer para salvares quem amas?
- Daria a minha vida por essa pessoa, senhor. – Respondeu Dean. – Faria todos os possiveis e impossiveis para a salvar.
Sirius e Remus olharam para Dean, ambos sabiam que o rapaz era capaz de proteger a familia com unhas e dentes, dar tudo o que tinha, fazer o seu melhor, mas o modo decidido que Dean usara para dizer aquilo tinha-os impressionado e não podiam negar que nunca tinham ouvido o rapaz falar daquele modo.
- O que é que farias para proteger a Bella? – Perguntou Dumbledore no mesmo tom calmo de antes.
- Morreria por ela se fosse necessário... Tornar-me-ia um Devorador da Morte se isso a livrasse dos planos de Voldemort, senhor. – Respondeu Dean apercebendo-se do olhar fixo de Sirius e Remus. – Eu amo-a com todo o meu ser, senhor. – Acrescentou corando.
Remus abriu um sorriso carinhoso ao ouvir Dean dizer aquilo, já Sirius arregalou os olhos com o espanto, nunca ouvira o “sobrinho” dizer aquilo de forma tão decidida e sincera, era algo totalmente novo. Dean não desviou o olhar do de Dumbledore nem por um minuto, sabia o que Sirius iria fazer a seguir quando saissem da frente do director: iria matá-lo! Mas naquele momento, só lhe interessava ser sincero. Dumbledore sorriu calorosamente, era um sorriso reconfortante, e os seus olhos azuis cristalinos brilharam de alegria.
- Professor, o que devemos fazer? – Perguntou Remus por fim.
- Preparem a Ordem. Avisem todos de que haverá uma reunião em Grimmauld Place. – Declarou Dumbledore olhando para os dois homens sério.
Quando já se preparavam os três para sair, Dumbledore chamou Dean e disse calmamente:
- Lamento, Dean. Mas deves ficar aqui e tentar fazer com que os alunos não percebam a nossa agitação.
- Mas, senhor...
- Não é só pelo facto de seres um dos mais novos membros, Dean... Eu confiaria em ti o suficiente para que fosses tu a ir avisar os outros, mas eles são melhores para o fazer... E eu preciso de ti aqui em Hogwarts para estares de olho na Bella, veres tudo o que ela faz.
- Quer que eu a espie?
- Sim e não... Quero apenas que tomes conta dela! Agora podes ir, Dean!
Dean saiu do escritório do velho director e foi para o Salão Principal, que começava a encher-se com os alunos que despertavam para um novo dia cheio de aulas, então lembrou-se: era sexta-feira, o último dia de aulas do periodo. Os seus olhos percorreram o salão em busca da morena, olhou primeiramente para a mesa de Gryffindor – sabia que ela ía sempre ao lugar dos novos amigos dizer bom dia a Angie, não a viu lá e então olhou para a mesa de Slytherin, o desespero começava a tomar conta de si quando viu Bella sentada do lado de Ammie, suspirou aliviado por encontrá-la.
Na mesa de Slytherin, Bella olhava para o prato e expicassava a comida sem vontade de a comer, Ammie observava o salão como era seu costume fazer quando parou o seu olhar na mesa dos professores e viu Dean olhar para a sua mesa.
- Bella! – Chamou Ammie tocando no braço da morena. – Bella!
- Que foi, Ammie? – Perguntou Bella como se fosse um suplicio ouví-la.
- O professor Dean está a olhar para cá, mais precisamente, está a olhar para ti! – Explicou Ammie baixando a cabeça e olhando discretamente para a mesa dos professores.
Bella olhou para Dean e sorriu, ele sorriu-lhe de volta e então sentou-se no seu lugar, nunca desviando o olhar da morena. Bella voltou o seu olhar para o prato e continuou a comer – ou a fingir que comia – enquanto ouvia Ammie falar ao seu lado num tom animado.
- E amanhã é sábado! Nem acredito que o tempo passou tão depressa... Finalmente vou poder ver o meu pai e a minha mãe! – Comentou Ammie toda animada.
- O que é que disseste? – Perguntou Bella de repente.
- Que vou poder ver o meu pai e a minha mãe! – Respondeu Ammie olhando desconfiada para a amiga.
- Não! Antes disso!
- Amanhã é sábado... Hoje é último dia de aulas, Bella... Amanhã começam as férias de natal!
Bella não sabia que o tempo tinha passado tão depressa, não era possivel que tivesse passado tão rapidamente e que não tivesse dado por isso, não queria acreditar. Olhou para Dean e reparou que ele olhava para a mesa, certamente para o prato de comida à sua frente, o seu coração bateu mais depressa ao aperceber-se de que naquela noite teria a sua última conversa com o namorado, talvez aquela fosse a última noite que teria com ele.
Dean olhava para o prato à sua frente e mexia nos ovos que tinha no prato, não tinha estômago para nada depois da conversa com Sirius, Remus e Dumbledore, não se conseguia concentrar em nada, não havia nada que pudesse fazer para impedir que Bella fosse para junto de Voldemort e acontecesse aquilo que o Lord das Trevas queria que acontecesse: que Bella carregasse um filho seu. Estremeceu ao pensar naquilo, não aguentaria aquilo, pior que a distância era saber que aquilo iria acontecer, que não havia modo de impedir aquele acontecimento, então por cima do seu medo e desespero, surgiu uma súbita curiosidade mórbida: Conseguiria Voldemort esperar nove meses para ter um herdeiro? Como seria um filho de Bella com Voldemort? Seria um ser monstruoso como o pai ou um ser belo e angelical como a mãe? O seu coração apertou-se com aquelas perguntas e Dean estremeceu com aquelas ideias, não podia ter a certeza de nada para obter respostas às suas perguntas, mas havia uma pergunta a que ele tinha duas respostas: Resistiria Bella a Voldemort? A resposta número um, a sua favorita: Sim resistiria, pois o seu amor por si seria maior que o medo; e a resposta número dois, a que ele não queria que fosse possivel: Não resistiria, o medo de perder a mãe seria forte o suficiente para deixar que Voldemort a engravidasse.
- Dean? – Chamou uma voz suave, doce e melódica que o fez acordar dos seus devaneios e olhar confuso para a pessoa que estava à sua frente: era Kim.
- Kim... Desculpa... Eu estava a pensar. – Explicou-se Dean vendo um sorriso culpado surgir no rosto da ruiva.
- Eu é que peço desculpa, não te queria tirar dos teus devaneios mas precisava mesmo de falar contigo! – Disse Kim olhando-o como se implorasse.
Dean examinou a rapariga, parecia estar doente ou algo do género, estava mais pálida do que o costume e sob os seus belos olhos azuis esverdeados estavam olheiras profundas, aparentava estar mais magra e o ar cansado não ajudava a sua aparência.
- Sim, claro... Diz, sou todo ouvidos. – Disse Dean depois de a observar.
- Eu queria que falasses com o Sam. – Pediu a ruiva. – Ele anda tão em baixo... Custa-me vê-lo assim, mas eu não posso falar com ele, só faria pior.
- Eu já tentei falar com ele, mas ele não me dá ouvidos... Mas mesmo assim vou tentar outra vez. – Declarou o rapaz sorrindo e vendo-a sorrir debilmente também. – Kim, tu estás bem? Não estás nada com bom aspecto!
- Não te preocupes, ficarei bem... Mas faz aquilo que te pedi... Ficarei mais tranquila quando vir o Sam gargalhar outra vez.
- Eu falo com ele, mas aquela gargalhada dele só vai voltar quando tu voltares ao circulo de amigos dele... Eu sei que queres protegê-lo, Kim. Ele contou-me, mas não achas que valeria a pena correr o risco só para o veres rir outra vez? – Acrescentou Dean ao vê-la abrir a boca para reclamar. – Pensa nisso, Kim. E vê lá se melhoras, ele também não gosta de te ver nesse estado.
Kim foi-se embora e ele viu-a sair do Salão passando por Sam e os restantes apressadamente, Dean viu que o lugar começava a ficar vazio e decidiu ir dar as suas aulas, a sua primeira hora seria de Defesa Contra as Artes das Trevas já que substituiria Remus. O dia passou-se realmente muito depressa, não sabia se era por estar distraido mas as horas voaram entre aula após aula, eram 19h30: hora do jantar, mas Dean não tinha fome – tinha o estômago cheio de medo, nervosismo, desespero – e estava ansioso pelo seu encontro com Bella – o seu último encontro.
Bella estava no seu dormitório a arranjar-se para o seu encontro com Dean, sempre que pensava nisso os seus olhos humedeciam-se com lágrimas de medo e dor e sabia que por mais que tentasse, no momento em que estivesse com Dean pela última vez, desataria a chorar como uma criança. Na sua mente conseguia ver Dean a abraçá-la com força e a consolá-la, conseguia ouvir perfeitamente a sua voz enrouquecida pelo desespero de a ver chorar a dizer que tudo iria ficar bem e que ele nunca a deixaria, a dor que sentia no peito era praticamente impossivel de ser fingida ou ignorada e provocava-lhe tonturas devido à intensidade com que a sentia.
- Oh, Dean... Porque é que isto tinha que nos acontecer a nós? – Pensou Bella encostando-se à cama devido a uma tontura. – Porque é que não podemos ficar juntos?
Uma pequena e solitária lágrima escorreu-lhe pelo canto do olho, limpou-a com as costas da mão e olhou para o relógio, viu as horas: 20h; ainda faltava muito tempo, meia hora era pouco tempo mas para Bella naquele momento parecia uma eternidade, olhou-se ao espelho e viu o seu reflexo, estava linda e sabia que nem precisava daquilo para ir ter com Dean, ele achava-a sempre linda estivesse ela como estivesse. Sorriu com aquele pensamento, mesmo que estivesse uma lástima, Dean achá-la-ia sempre o ser mais belo à face da Terra, as palavras de Dean ecoavam agora na sua cabeça – os elogios, as chamadas de atenção, as promessas que ele sempre compriu.
- Desculpa-me... Mas vou fazer-te quebrares uma promessa! Lamento por isso! – Pensou enquanto dava um riso nervoso.
Deitou-se na cama, esperando que isso a ajudasse com as tonturas e com o nervosismo, mas mesmo assim nada disso fez resultado e por isso conjurou um chá de tilia, bebeu-o e realmente sentiu-se melhor. Voltou a olhar para o relógio e viu que para seu espanto, o tempo tinha passado mais depressa do que pensava, eram 20h15, levantou-se e saiu do quarto, não se importando do tempo que disponha.
Dean já se encontrava na sala, tinha ido mais cedo do que pensava mas o tempo demorava a passar, nem um minuto tinha passado e Dean olhava ansioso para o relógio, não sabia como iria suportar vê-la e saber que seria a última vez que a veria como ela realmente era: uma jovem inocente.
- Bem, inocente no termo criminoso. - Pensou Dean com um sorriso malandro a surgir-lhe nos lábios. – Talvez se lhe pedir, não pedir não, implorar! Talvez se lhe implorar que não vá talvez ela fique... Oh, por Deus, Dean! Deixa de ser ingênuo... Ela não vai abandonar a mãe... Não por ti...
Suspirou cansado, tinha razão, ela nunca abandonaria a mãe por si, que tinha ele para lhe dar? Uma vida sem casa fixa? Uma vida na estrada, a dormir em móteis de quinta categoria? Ela merecia melhor, muito melhor, talvez se não fosse o facto de a quererem casar com Voldemort, talvez ele até aceitasse vê-la casada com Malfoy, não que o loiro fosse melhor que Dean mas poderia dar a Bella tudo o que Dean não poderia.
- Tudo não... – Disse uma vozinha na sua cabeça. – Ele não lhe pode dar amor e tu podes, ele não pode protegê-la do mundo que desconhecem e tu podes, ele não pode fazê-la feliz como tu fazes.
- Sentimentos... Eu posso dar isso tudo... Mas não lhe posso dar aquilo a que ela está habituada a ter... Eu não lhe posso dar o luxo a que ela está acostumada! Eu não lhe posso dar uma vida segura e estável! Eu não quero que ela tenha o mesmo fim que a minha mãe teve! – Contrapôs Dean pensando com mágoa.
De repente, a porta abriu-se e ele assustou-se ao acordar dos seus devaneios. Bella entrou, fechou a porta e sorriu ao deparar-se com Dean, que sorriu e abriu os braços para a abraçar. A rapariga correu para os braços do moreno e beijou-o, no seu beijo havia urgência e necessidade, algo que nem ela nem ele conseguiam evitar sentir: desejo!
Dean beijava-a avidamente, demonstrava toda a necessidade que tinha de a ter, de poder tê-la por uma última vez, uma única vez. Bella correspondia ao beijo de Dean, desejava-o mais do que alguma vez o desejara, queria ser dele sem quaisquer barreiras, queria pertencer-lhe por inteiro. O moreno afastou-a e sorriu-lhe ofegando, ela também ofegava mas mesmo assim o seu olhar brilhava de desejo, Dean abraçou-a e sussurou no seu ouvido:
- Amo-te!
- Eu também te amo! – Respondeu Bella voltando a beijá-lo.
O beijo intensificava-se a cada instante, mas antes de se deixarem cair no chão, Dean com um aceno de varinha fez aparecer grandes e fofos almofadões, onde cairam e ficaram. Fizeram amor pela última vez, uma última despedida, o último adeus. Quando acabaram, fiacaram a olhar nos olhos um do outro em silêncio, o azul no verde, não precisavam de palvras para descrever o que cada um sentia – tristeza, medo, desespero, mas acima de tudo, amor.
- Não vás... – Pediu Dean ainda olhando-a nos olhos. – Fica comigo!
- Dean, se eu não for a minha mãe... – Respondeu Bella começando a derramar lágrimas.
- Eu falei com o Professor Dumbledore... Ele teve uma reunião com a Ordem... Eles vão agir pela tua mãe... Eles...
- Dean! Pára! Eles não vão conseguir nada... Não há modo de chegar à minha mãe, acredita! O Lord tem a minha mãe e eu sou a única que a pode ajudar.
- Não, Bella... Fica! – Implorou Dean também começando a derramar algumas lágrimas. – Por favor, Bella.
- Eu agora compreendo a Kimberly... – Disse Bella depois de limpar as lágrimas. – Ela não queria que o Sam se magoasse por causa dela... Mesmo que isso lhe custasse...
Dean apenas ouvia o que ela dizia, não queria acreditar que aquele era o fim, limpou as lágrimas e respirou fundo, tinha que conter o seu sofrimento e tentar convencer a morena que havia outra opção.
- Pára, Bella. – Pediu o moreno sentando-se e apoiando a cabeça nas suas mãos. – Pára...
- Paro?! O que queres que faça, Dean?! Eu não posso deixar a minha mãe! Eu amo-te e já te disse isto milhões de vezes, mas ela é minha mãe...
- O que quero que faças? Quero que deixes essa solidariadade toda! Quero que te comportes como uma Slytherin! Quero que sejas egoista o suficiente para que não queiras deixar-me! – Exclamou Dean e então apercebeu-se que tudo o que tinha dito, não era realmente o que queria. –Desculpa...
Bella sorriu e abraçou-o, sentiu as lágrimas a cairem-lhe dos olhos mas não se importou, então virou o rosto dele para o seu e disse de maneira carinhosa:
- Há algo em mim que não me deixa ser a Slytherin que devia ser... Mas se eu fosse essa Slytherin que tu querias que eu fosse, tu e eu nunca estariamos aqui assim.
- Talvez tivesse sido melhor assim. – Murmurou Dean.
- Arrependes-te? Arrependes-te de todos os momentos que passamos juntos?
- Não! Só que... Nós vamos sofrer, Bella... Tu vais sofrer porque a missão que o Voldemort te quer dar não é algo que qualquer outro Devorador da Morte possa fazer! E eu, Bella, vou acabar por ficar como o Sam! Ou pior! Sabes porquê?! – Explodiu Dean. – Porque eu sei o que o Voldemort quer de ti! E eu amo-te mais do que tudo o que tenho! Tu és para mim a minha razão de viver... Perder-te significa morrer, Bella! Não importa como te perca! Se morresses, a minha morte seria um alivio! Estaria contigo do outro lado! Mas perder-te para outro, poderia não me matar mas deixar-me-ia louco de ciúme ou até de tristeza... O modo como o Sam está, não é uma depressão, Bella! É um estado mais doloroso que a própria morte! Ele está morto em vida, Bella! Eu não quero ficar assim! Eu não quero perder o que mais me importa nesta vida! Eu não quero perder-te!
Dean escondeu o rosto entre as mãos, socumbindo ao desespero e deixando as lágrimas molharem-lhe o rosto, Bella tinha estado silenciosa a ouvir o que o moreno dizia e aquelas palavras fizeram-na derramar mais lágrimas, sentia a dor dele e a sua. A morena aproximou-se dele e abraçou-o, talvez ele tivesse razão, ou talvez não.
- Eu não me arrependo de nada do que fiz contigo, Dean! E também sei que não me vou arrepender disto mais tarde, meu amor. Embora tenha medo... Eu tenho que ajudar a minha mãe e tenho que te proteger a ti. – Disse Bella e as suas últimas palavras fizeram Dean olhar para si. – O Draco sabe de nós os dois, Dean... Hoje de manhã recebi uma carta dele a ameaçar-me! Não te contei porque tinha medo da tua reacção... Acontece que se amanhã eu não estiver na Mansão Lestrange, Voldemort e os Devoradores da Morte matarão a minha mãe e atacarão Hogwarts e todos os membros da Ordem, não pouparão ninguém. Compreendes? Não quero que te magoes por minha causa... Nem quero que outros como o Professor Sirius fiquem feridos...
- Foi por isso que disseste que compreendias a Kim? – Perguntou Dean mais numa afirmação do que propriamente numa pergunta.
Era isso? Elas fariam tudo pelas pessoas que amavam, não importava o que fosse? Não importava a dor que sentiriam com a separação? Tudo o que importava era a segurança daqueles que amavam? Dean começou a assimilar as pequenas informações, tudo o que Sam lhe dissera sobre a sua conversa com Kim começava agora a fazer sentido, estava a passar-se o mesmo consigo e com Bella. Alguém ameaçava a segurança de um e depositava as culpas do que pudesse acontecer no outro.
Bella sabia no que Dean estava a pensar e disse com calma:
- Quando realmente amamos alguém, fazemos tudo o que estiver ao nosso alcançe para que essa pessoa fique segura.
Dean abraçou-a com força, se assim tivesse que ser, não iria fazer nada contra o que se estava a passar. Seria forte e não se deixaria abater, esconderia o seu sofrimento para que pelo menos Bella tivesse forças para continuar e se Deus assim quisesse, aconteceria alguma coisa que livrasse a sua amada do terrivel destino que a esperava e a traria de volta para si.
Por entre os seus braços, Bella estendeu a mão para lhe limpar as lágrimas e acariciar-lhe o rosto, contornou-lhe os seus traços e parou propositadamente sobre os seus lábios, contornando-os com a ponta dos dedos e depois seguiu as linhas do pescoço para o peito musculado, parando a sua mão sobre o seu coração. Dean que olhava para ela, levantou-lhe o rosto, obrigando-a a encará-lo, a sua expressão estava séria e os seus olhos brilhavam, a sua mão que não lhe segurava o queixo colocou-se sobre a mão da morena que estava no seu peito.
- Digam o que disserem, aconteça o que acontecer e faças o que fizeres. O meu coração, o meu corpo, a minha alma e a minha vida, serão sempre teus, Bella! – Declarou Dean num tom decidido e com o cunho de uma promessa na sua voz.
Bella olhou profundamente nos olhos verdes de Dean, nunca se apercebera realmente de como eram tão belos, talvez devido a não conseguir alcançar-lhe o rosto por ser mais baixa que ele, mas gostava de os ver e sabia que se aquela seria a última imagem que guardaria de Dean, seria a melhor que teria. Beijou-o ternamente, ele correspondeu e depois viu-a levantar-se, Bella vestiu-se lentamente e quando acabou virou-se para Dean, dizendo:
- Não quero que me contes os planos de Voldemort para mim, logo os descobrirei. – Sorriu e viu-o levantar, caminhar até si e abraçá-la. – É melhor assim, Dean!
- Bella... – Chamou Dean agarrando-lhe numa das mãos. – Caso consigas fugir, ou caso precises de alguma coisa. Eu vou estar aqui à tua espera.
Bella sorriu, aproximou-se dele e colocando-se em bicos dos pés, beijou-o com ternura e quando se afastou, acariciou-lhe o rosto sorrindo.
- Adeus, Dean! – Disse a morena afastando-se dele lentamente, ainda mantendo contacto entre as suas mãos.
- Adeus... Meu amor! – Disse o rapaz vendo a sair e fechar a porta atrás de si.

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