Capítulo 2



Capítulo 2 - Grifinória, a casa dos leões!

A lula parecia rodopiar no ar, e quando chegou ao seu apogeu, Tiago já parecia vê-la abraçada à ruiva. Ela, por sua vez, gritou e se abaixou, levando as mãos ao rosto. Porém, o animal marinho não fez o previsto por todos. Ao descer, mudou o curso e o que todos viram foi outra pessoa ser abraçada por ele, os dois caindo juntos no lago e descendo.

Tiago e Sirius começaram a rir da cena cômica, Lílian parecia ainda esperar a chegada da lula ao seu corpo; Alice ficou sem ação, e os outros que estavam sentados ao barco junto com a criança que havia caído gritavam desesperadamente, de tal modo que conseguiram inclusive superar a voz alta e rouca do gigante.

- Aconteceu alguma coisa aí atrás? - Perguntou ele, virando-se para as crianças. Percebeu na hora o que estava a acontecer.

Mesmo sendo grande, teve um reflexo muito rápido. Pulou no lago e mergulhou até não poderem mais vê-lo, mesmo com seu tamanho desproporcional. Todas as crianças agora olhavam para o lago que, mesmo límpido, era tão profundo que nada podia-se ver, ainda mais pela parte da noite.

Tiago forçava os olhos por entre os óculos, mas a lente esquerda rachada não ajudava em nada. Só pode ver alguma coisa quando bolhas começaram a surgir na superfície, próximos ao barco do gigante, e em seguida ele apareceu, com a criança nos braços.

- Tiago, aquele não é o... - Lílian levou os olhos ao rosto da criança; era um menino que já conhecia, aquele grande e empinado nariz que só ele tinha.

- É o Severo! - Gritou Tiago, caindo na gargalhada; Não sabia por que, mas sentiu como se fosse uma espécie de vingança pelo jeito de "Sou superior, não respire meu ar" do garoto. E muito ar ele devia respirar, com tamanho nariz. - Cara, a lula pulou nele! - O garoto já estava a ponto de chorar de rir. Todos olhavam esquisito para ele, pois não sabiam o por que achar tanta graça em um acontecimento tão chato.

- Calma, Tiago. - Sirius o chutou a canela, fazendo o outro parar de rir imediatamente. - Pobre do cara, não merecia ser agarrado por aquela lula.

- Claro que merecia; é que você não conhece ele. - Naquele momento, Severo tossiu, e saiu água por sua boca. Tinha ficado tanto tempo submerso no lago que já tinha se afogado.

- Será que ele 'tá bem? - Perguntava Lílian para si mesma, o gigante já subia em seu barco, e os demais já tinham voltado a se mover, flutuando pela água. - Ai, droga. Tomara que ele esteja bem. - E olhou para os próprios pés; conhecia Severo há bastante tempo, e não desejava seu mal. Era seu único amigo, antes de Hogwarts, que sabia do mundo bruxo.

- Deve estar; vaso ruim não quebra. - Lembrou Tiago, de certo modo reconfortando a ruiva. O garoto, que há pouco ainda estava desacordado acabara de se sentar, ao lado do gigante. - Olha lá, ele já até acordou.

- Ah, que bom! - Ela sorriu, e olhou para Severo. Ele estava de costas para ela, e recebia recomendações do gigante.

Após o incidente, não houve mais discursos, ou instruções, nem ao menos nomenclaturas dos lugares. Em pouco tempo, todos já desciam à outra margem do lago, muito próxima às escadarias do castelo. Do outro lado, um grande jardim, com um corredor que seguia a escadaria feito de pedrinhas coloridas em branco-e-preto. Do lado que ficava o lago, uma árvore e diversos bancos espalhados na volta. Do outro lado; um declive e uma plantação de abóboras, que ficava muito próximo à cabana do guarda-caças.
Agora a noite estava completa; a lua já predominava o céu, azul marinho - ou um tom mais escuro -, e as estrelas faziam diversos desenhos. Tudo parecia ficar mais bonito naquele castelo, e aquela sensação de que viveria ótimos momentos ali crescia a cada vez mais.

- Vamos subir as escadarias, então. - Avisou o gigante, e todos o obedeceram. Ele foi atrás, para ver se não havia sobrado algum aluno nos barcos. - Quando chegarem ao portão, façam uma fila indiana.

E assim aconteceu. Quando o primeiro chegou à entrada do castelo, parou. Tiago, Lílian, Sirius e Alice ficaram em um lugar não muito agradável; no fim das escadarias. Mal podiam olhar para baixo, pois isso dava tontura e certa ânsia de vômito que, aumentada à fome, não daria boa coisa.

- Será que vamos ficar aqui muito tempo? - Lílian fez bico. Também devia estar com fome. - Não agüento mais ficar parada.

- O tempo passa rápido quando estou com você, querida. - Sirius sorriu, segurando a mão da garota. A ruiva o empurrou o mais rápido que pode, ficando vermelha; definitivamente, o garoto era precoce para sua idade.

- Vá achar outra para encher o saco, Black. - Disse com tom de voz alterado, enquanto ele se equilibrava em um dos degraus para não cair.

- Mas eu só quero você, ruiva. - E naquele momento, caiu sentado. Os outros três riram.

- Bem-feito! Quem mandou falar mais do que devia! - Alice, entre risos, disse.

- Olá, primeiranistas. - Ouviram a voz falha de uma mulher, de seus quarenta anos falar. Eles mal perceberam que o portão estava aberto.

Sirius voltou imediatamente para seu lugar na fila, e a mulher começou a descer as escadas, enquanto falava, para o melhor entendimento de todos; sabia que sua voz era baixa, então preferia ficar no centro.

- Sejam bem-vindo à Hogwarts. - Disse, séria, segurando a ponta de seu vestido verde-musgo - que ia até os joelhos - com os dedos, para não tropeçar. Usava óculos muito redondos, como os de Tiago, e no rosto já apareciam rugas. Os cabelos castanho escuros já começavam a embranquecer como sinal da idade, e estavam unidos em um coque apertado. Tinha expressão séria e rígida, mas apesar de tudo, era bonita. Nos pés, sapatos de salto preto, e uma meia-calça.

- Quem é essa velha? - Sirius olhou para ela e viu que ela escutara. Não tinha a mínima idéia que ela estava a descer as escadas.

- Eu sei que sou velha, e também posso ser muito má, senhor... - E esperou resposta. Obviamente, ainda não sabia os sobrenomes dos alunos do primeiro ano.

- Sr. Black, mas me chame de Sirius.

- Senhor Black. - E deu ênfase na palavra senhor. - Sou impessoal com meus alunos, portanto guarde seu nome para seus amigos. - O garoto fez cara de 'ai meus dedos'. Ela sorriu e continuou. - Continuando o que dizia, tenho certeza que se darão muito bem aqui. Obviamente, enquanto o tarado da machadinha não atacar-nos. - Todos riram da piada da professora; tal fábula era preferência nacional.

- Grande tarado da machadinha!

- Senhor... - Ela olhou novamente para o garoto de cabelos compridos. - Black. Será que vou ter que faze-lo cheirar o chão dos jardins lá em baixo, com um chute no traseiro neste exato momento?

- Não, obrigado professora. Prefiro ficar aqui mesmo. - A professora voltou o olhar aos outros.

- Obrigada por nos dar o ar da sua graça, então. - Ela voltou a descer e subir as escadas; era como um tique nervoso. - Voltando, me chamo Minerva Mcgoonagall, e sou a vice-diretora da Escola de Magia e Bruxaaria de Hogwarts, local em que estudarão por este, e pelos próximos seis anos letivos. - Ela tirou os óculos, limpou as lentes embaçadas pelo frio noturno. - Também serei sua professora de Transfiguração, matéria dada nos sete anos, e Diretora dos alunos da Grifinória. Portanto, - ela olhou para todos, de um em um, antes de continuar. - Os alunos da casa dos leões terão de me aturar em dobro. - E fez o sinal de "dobro" com a mão esquerda.

Todos apenas a escutaram, sem dar uma palavra; ninguém queria cheirar o gramado lá embaixo. Mcgoonagall tinha o dom de amedrontar criancinhas, marmanjos e até gente grande.

- Mas por enquanto, vocês mal vão saber o quão terrível eu sou. - Minerva sorriu. - Pois hoje é dia da cerimônia de seleção, e do conhecimento do "gramado".

- Vai ter futebol?

- Sr. Black e sua grande boca. Claro que não vai ter isso-aí-que-você-disse, nem ao menos sei o que é fubetol. - Subiu as escadas, até o primeiro da fila. - Meu tempo de conversa com vocês acabou, por hora. Agora, quero que quando abrir o portão, entrem.

A primeira coisa que puderam ver do castelo - internamente - foi o grande Hall de entrada. Quadrado, que tinha quatro direções, que poderiam ser seguidas: as escadarias, na parede à sua frente, que eram muito brancas, de mármore - pelo menos as do Hall -com corrimãos dourados, que podiam ser vistos ao longe. À esquerda, uma porta e um corredor. A porta era grande, quase do mesmo tamanho do portão principal. Feita de mogno, lisa e com algum material utilizado, para suportar o tempo. Não havia maçaneta, e sim duas grandes argolas presas, no centro, que só se abriam magicamente. Os outros caminhos, o garoto não sabia para onde poderiam ir. O corredor, que estava mal-iluminado, era comprido e ele não sabia onde dava. Do lado direito, uma escada que descia até onde os olhos podiam ver, com muitas estátuas de Gárgulas à parede, segurando tochas.

Quando a professora de transfiguração abriu o portão de mogno, o lugar em que estavam se iluminou. Eram muitas velas e castiçais flutuando no ar, acesos. Quase ao lado dali, quatro mesas deveras grandes, colocadas paralelamente, que iam do inicio ao quase-fim do salão, pois paravam em um pequeno degrau, que acima, ficava a - tão grande quanto às outras - mesa dos professores e funcionários.

Não pode ficar olhando por muito tempo; Mcgoonagall começou a caminhar em frente a fila indiana, que a seguiu. Passaram por entre a segunda e a terceira mesas, todos batiam palmas, inclusive os professores. O diretor, em pé, sorria aos alunos que começariam a morar na escola, naquele ano.

- Fiquem aqui. - Avisou a professora, subindo tal degrau. Chegou próxima a Alvo Dumbledore, o diretor, e falou algo em seu ouvido.

Dumbledore não era um bruxo qualquer. Em assunto de tamanho, também ganhava da maioria. Devia medir quase dois metros e meio, tão alto quanto seu poder. Era conhecido por ter derrotado Grindenwald, o bruxo das trevas, quando mais novo, e por ser chamado o mago mais poderoso da Grã-bretanha. - Figurinhas de sapos de chocolate são cultura! - Mas Tiago agora via que ele não tinha tão bom gosto: usava uma grande capa roxa, com estrelas, sóis e luas douradas, que refletiam a luz das velas. Nos pés, sapatos de salto alto também roxos. Tinha cabelos e barba muito compridos e já brancos. Tinha o rosto cheio de rugas, e cara de gente velha. Olhos azuis, e aparência amigável. Usava óculos de meia-lua, e sorria como uma criança inocente.

Pegou a varinha do bolso esquerdo da capa roxa, e apontou para a frente da fila de primeiranistas. Quando Tiago deu por si, viu que um pequeno banco, com um chapéu marrom velho e amarrotado, cheio de costuras, tinha aparecido. Não era uma tarefa fácil perceber alguma coisa lá dentro; apesar de estar tão ansioso que tremia, o garoto não escutava nada: todos os alunos, sentados nas mesas, conversavam sem parar.

- Peço atenção a todos os alunos! - Pediu o diretor, e todos silenciaram quase que imediatamente; respeitavam e muito Dumbledore. - Vamos começar a cerimônia de seleção com a canção do chapéu seletor. - E apontou para o chapéu que, antes inanimado, começou a se mexer. Em um dos remendos muito próximos à aba, apareceu a boca, e ele incrivelmente podia falar. Lílian naquele momento soltou um gritinho - abafado por sua mão direita - e realmente aquilo, até para Tiago, era diferente; bem diferente.

Todos pararam para escutar o que o Chapéu dizia; ele normalmente previa o que aconteceria durante o ano, e sempre pedia a união das quatro casas, coisa quase impossível. Grifinórios odiavam sonserinos, e vice-versa. Os Corvinais e lufanos preferiam os grifinórios aos sonserinos, então as serpentes ficavam quase sempre separadas das outras casas, que denominavam escória. De certo modo, não se sentiam excluídos, e sim superiores.

Tiago certamente queria ouvir a música, mas sua linha de raciocínio estava muito avançada, e seu único neurônio, antes livre, agora estava ocupado. Preferiu continuar a pensar na guerra entre as casas, no quadribol - esporte que praticava quase que desde que nascera. -, na vitória contra a sonserina, e essas outras coisas inúteis que se pensa quando se quer passar o tempo.

Foi interrompido pela salva de palmas; provavelmente o chapéu havia terminado a canção. Curvou o corpo para a esquerda e notou que ele já estava imóvel novamente, porém sua boca ainda podia ser reparada.

- Atenção, primeiranistas! - Dumbledore se mostrou de pé novamente, agora olhando diretamente para a fila à sua frente. - Vamos agora realmente começar a seleciona-los, então boa sorte. - E se sentou.

Mcgoonagall ficou ao lado do banco, e tirou um pergaminho enrolado do bolso. O desenrolou, e começou a falar nome por nome. A cada nome que dizia, um primeiranista levantava a mão, e andava em direção ao banco, colocando o chapéu. Em poucos segundos, o mesmo gritava a casa em que ficaria, e a criança poderia se juntar à mesa de sua casa.
Assim passaram diversos minutos, que Tiago se bastou a assistir. A lista estava em ordem alfabética, e demoraria para chegar ao P. Mas sentiu algo esquisito muito antes da letra P.

- Black, Sirius! - Chamou a professora de transfiguração, e o garoto que conhecera no trem, sempre confiante e brincalhão, agora estava sério e Tiago podia sentir que ele estava nervoso.

Sentou no banco, e Mcgoonagall colocou o chapéu em sua cabeça. O mesmo fez expressão pensativa.

- Black? - Perguntou o chapéu. Sirius olhou para cima, contrafeito; não gostava que o chamassem pelo sobrenome, por isso sempre pedia para chamarem-no pelo nome. - Irmão de Régulus Black, da sonserina? - Tiago olhou para trás. Um dos sonserinos sentados à mesa soltou um muxoxo, envergonhado. - Então, vejamos... - E sua expressão se iluminou: - Grifinória! - Sirius sorriu, e foi correndo para a mesa dos que estavam vestidos de vermelho. Seu irmão apenas o olhou, bravo.

Ficou olhando Sirius, enquanto nenhum nome conhecido era chamado. Ele cumprimentou alguns dos companheiros mais próximos do lugar que sentara, e já conversava animadamente.

- Evans, Lílian. - A ruiva soltou uma exclamação ao ouvir seu nome. Correu até o banco, mal colocou o chapéu, e a casa grifinória foi chamada novamente. Desta vez, até Tiago aplaudiu-a. Agora, até ele queria ir para a casa Grifinória. Seus pais haviam ficado lá, e agora as pessoas que conhecia também.

Ao chegar, Sirius fez menção de se levantar e dar a mão para a garota se sentar. Ficou ao seu lado, e os dois conversavam algo que não dava para entender direito, graças à Mcgoonagall, que teimava em chamar os nomes e ao chapéu seletor, que gritava o nome de uma das casas de dois em dois minutos.

Nem percebeu o tempo passar. Com um piscar de olhos, foi chamado.

- Potter, Tiago.

E não ouviu. O último primeiranista que fora para a casa Corvinal devia ser muito famoso; a casa não parava de festejar sua entrada.

- POTTER, TIAGO! - Gritou a professora, e o garoto se virou para a frente. Muitos riram, enquanto ele corria em direção ao banco.

- Um Potter, aqui? - Falou o chapéu, ao ser colocado na cabeça do garoto. Seus óculos escorregaram até o nariz, e ele os ajustou. - Melhor ir para a... GRIFINÓRIA! - Todos bateram palmas, como para os outros, e ele correu até a direção de Lílian e de Sirius, que sorriam de orelha-a-orelha. Aquele seria um ano divertido.

Tiago olhou para sua mesa, e para todos que compartilhava-a. Todos pareciam alegres e satisfeitos por estarem na casa Grifinória, inclusive o outro garoto e a ruiva.

Porém, foi inevitável não dar atenção novamente ao chapéu, quando um garoto saiu, rumo à lufa-lufa, e Mcgoonagall chamou o próximo nome da lista.

- Snape, Severo. - Ao ouvir seu nome, empinou o grande e pontudo nariz e, mesmo molhado, sentiu-se o ó do borogodó. Sentou-se no banco, e a professora o vestiu o chapéu.

- SONSERINA! - Gritou automaticamente, e ele sorriu. "É claro que iria para lá", Tiago sabia que ele tinha pensado isso. Olhou para o lado. A ruiva, triste, notou que o garoto a olhara, e fingiu um sorriso.

- Não se preocupe, Lílian. - Tiago segurou sua mão. - Tudo vai ficar bem. - E sorriu. Ela, desta vez, sorriu verdadeiramente, e segurou forte a mão do garoto.

- Obrigada. - Agradeceu. - Mas agora, vamos prestar atenção no diretor; ele deve dar alguns avisos importantes antes do banquete.

E foi o que aconteceu. Quando o último aluno foi selecionado - por acaso, para a sonserina -, Dumbledore se levantou. Com um sorriso, pegou novamente a varinha do bolso e, com uma chacoalhada, o banco e o chapéu desapareceram. Naquele momento, Mcgoonagall enrolou o pergaminho e se dirigiu para seu lugar na mesa dos professores, ao lado do diretor. Quando ela se sentou, ele começou.

- Agora, nosso majestoso discurso de boas vindas. - Olhou para cada uma das mesas, e riu-se sozinho. - Um discurso tão emocionante que mais da metade dos alunos se encontra babando sobre a mesa. - Entendida a piada, foi riso geral. - Mas enfim. - quando voltou a falar, todos se calaram novamente. - é necessário, e por isso o faço. Talvez, também, porque seja de praxe. - Tomou ar por um momento. - Primeiramente, quero dar as boas vindas aos novos alunos, que agora já devem estar se sentindo em casa, com o perdão do trocadilho. - Fixou o olhar em alguns dos alunos mais velhos, desta vez. - e bom último ano aos alunos do sétimo, que como sei, aproveitarão o máximo que puderem, isto é, se os NIEMS deixarem. - Alguns dos veteranos sorriram, outros piscaram para o diretor. - E aos outros, tenho certeza que será uma retomada de ano muito agradável. - Puxou um pouco a capa, ela era comprida demais, mesmo para a altura do homem. - E, no mais, bom ano letivo! - Todos começaram a bater palmas.

Um homem de cerca de cinqüenta anos, com cara de mal, segurava uma gata preta nos braços e olhou para o diretor, ao ver as palmas

- Ah, sim! - Dumbledore pediu a atenção dos alunos novamente. - O nosso zelador, Filch, que está ao lado da mesa dos funcionários, - e levou a mão em direção ao homem com a gata. - mandou avisar-lhes que este ano muitos e muitos brinquedos de logros estão proibidos, desde que nascemos. - e riu. - Mas a lista dos mesmos está afixada ao lado da porta de entrada do Salão Principal, o que estamos. - Olhou pela janela, conseguia avistar a floresta proibida. - Aos navegantes, um primeiro aviso: é expressamente proibida a entrada de alunos na floresta proibida.

Sirius não resistiu e murmurou - "Por que será que ela tem esse nome, então?" - Arrancando gargalhadas de Tiago e Lílian, que foram abafadas.

- ...e no mais, bom banquete! - Bateu palmas uma vez e as mesas, antes vazias, encheram-se de tigelas, pratos e talheres de prata. - e boa noite. - Mais uma batida de palmas, e nas tigelas apareceu comida.

Fora um dos melhores jantares que Tiago já tivera na vida; tudo de que gostava junto, de uma vez só. Na presença de uma vida nova, interagindo com pessoas novas. Ele, Sirius, Lílian e Alice - que também foi selecionada para a casa Grifinória, o garoto só a viu depois. - passaram o banquete inteiro conversando, rindo, brincando e principalmente, comendo. Só pararam quando as travessas se limparam com um estalar de dedos do diretor.

- Espero que tenham tido uma boa refeição. - Falou Dumbledore, sem se levantar. Provavelmente, agora todos sabiam quem falava. - Os monitores, que são os alunos que estarão ficando de pé neste exato momento, - quando disse, três alunos de cada casa saíram da mesa, ficando em frente da mesma, virados na direção da saída do salão principal. - os levarão para suas casas, e os darão a senha para entrar em seu Salão Comunal. Além do mais, eles estarão à disposição dos novos alunos para explicar qualquer dúvida, que esteja ao seu alcance. - Ele se levantou, e saiu da mesa. - E tenham uma boa primeira noite no castelo da Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts.

Por ser um aluno do primeiro ano, tinha prioridade. Tiago, então, foi um dos primeiros alunos da grifinória a sair da mesa, e seguir os monitores. Sirius a ruiva o seguiram, a passos rápidos.

- Olá. - O garoto de óculos redondos cumprimentou os monitores, que apenas sorriram.

- Alunos da grifinória, por aqui! - Gritou o mais alto dos três, fazendo sinais com a mão, para chamar atenção. - Vamos logo, alunos da grifinória!

Não pode falar com os mesmos. Mal foram chamados, e praticamente todos os alunos da casa dos leões. Os três, como precisavam pegar a dianteira para indicar aos novatos o caminho para o Salão Comunal, começaram a andar.

Passaram pela porta do Salão Principal, e voltaram ao Hall de entrada, agora mais iluminado. Tiago não só seguiu o curso dos monitores de sua casa, mas também notou que os da lufa-lufa - que identificou pelos acessórios amarelo-canário; agora sabia de que casa era o monitor que o ajudou ao trem. Ele ajudava os novatos de sua casa. - iam pelo corredor ao lado do salão principal, que os da Sonserina - os de acessórios verde-e-prata - iam para a escada à direita, que descia até onde a vista alcançava, e que os da Corvinal estavam logo abaixo da fila da Grifinória, provavelmente em um dos andares superiores.

O que Tiago não sabia, era que teria sete levas de escadas para subir até seu dormitório. Os alunos das cores Azul-e-bronze se separaram do grupo dos de vermelho-e-dourado na terceira leva. Ao fim de tantos lances, o garoto já arfava; não estava acostumado com tanto movimento.

- Bem, aqui estamos. - "Onde?" Foi a primeira coisa que Tiago se perguntou. Estavam em um grande corredor, com duas escadas para direções totalmente diferentes. Os monitores seguiram a escada à esquerda, e todos foram com eles.

Subida, parecia um museu. Muitos quadros grandes, médios e pequenos nas paredes, que se mexiam e falavam com os garotos. Lílian parecia maravilhada, mas para Tiago tudo já era normal.

- Este - O mais alto dos monitores tocou o retrato de uma mulher de cabelos castanhos encaracolados, com uma coroa na cabeça e uma fruta em mãos. - é o retrato da mulher gorda. - E sorriu. A mulher estava realmente acima do peso, e não pareceu se ofender com tal apelido. - Este quadro é a passagem secreta para o Salão comunal da nossa casa.

- Avisamos desde já - se manifestou a única monitora mulher. - que não poderão trazer alunos de outras casas para o salão da Grifinória, e que sua senha é secreta.

- E a senha é... - O último monitor, que ainda estava calado, se manifestou. - Broadggies.

- Senha aceita. - Disse docemente a mulher gorda, a parte esquerda da moldura abrindo como uma porta e revelando uma passagem secreta.

O Salão comunal da grifinória era muito grande. A peça era toda em cores vermelhas, com detalhes em dourado. - de ouro puro. - No centro, uma grande mesa, embaixo de um tapete com o escudo da casa, um leão. Em volta da mesa, cadeiras. O resto do salão era feito de pequenas salas, espalhadas pela peça, com poltronas, puff's e bancos, todos vermelhos. Em cada sala, uma lareira.

- Wow! - Exclamou Sirius, maravilhado. Era realmente uma peça muito grande. - Ei, monitores! - Os três olharam para o garoto, que apontou para duas direções opostas onde, em cada uma, havia uma escada. - Para onde levam aquelas escadas?

- Aos dormitórios masculino - apontou para a direção direita. - e feminino. - e apontou para a esquerda. - É expressamente proibida a entrada de garotos ao dormitório feminino, a não ser com a permissão das mesmas. - Avisou-os.

- Agora, vão aos seus dormitórios. - Disse o maior dos monitores. - Sr. Boonie, mostre aos garotos seus quartos e Srta. Cleapy, mostre-os às garotas. - Os dois concordaram e seguiram por escadas opostas. Tiago e Sirius abanaram a ruiva que sorriu, indo atrás de Cleapy.

Subiram as pequenas escadas, e se depararam com um grande corredor. A cada cinco portas da direita e da esquerda, uma pequena placa flutuava, com os dizeres "Primeiro ano", "Segundo ano", "Terceiro ano", e sucessivamente, até o sétimo.

- Os nomes dos integrantes do quarto estão na porta de cada quarto. Ao achar seu nome, entre imediatamente em seu quarto correspondente. - Disse Boonie, observando os garotos.

Começaram a procurar, de porta em porta. Sirius e Tiago foram praticamente os últimos a encontrarem seu quarto, e por sorte ficaram no mesmo. Sorriram, agradecendo por ficarem juntos, abriram a porta.

- Finalmente, os últimos moradores do quarto 110. - Falou uma voz calma, de dentro da peça. Os dois garotos entraram, e se depararam com outros dois.

A peça era como o salão comunal, mas não tão grande. Na verdade, tinha um quarto do tamanho do mesmo, mas era tamanho suficiente para quatro pessoas. Era circular, com quatro camas, cada uma em baixo de uma janela.

Perto da porta, quatro cômodas, para guardar roupas. Tudo em cores vermelho-e-dourado. Em cima de cada uma das camas, três camisas brancas, três gravatas vermelho-e-dourado e três brasões da Grifinória, para colocar na capa.

- Olá. - Cumprimentou-os Sirius, com um aceno. - Eu vou dormir AQUI! - E correu para a cama extremo-esquerda.

Para Tiago, só sobrou a cama entre Sirius e um dos garotos. E foi para lá que ele se dirigiu, se sentando na cama.

- Então, vamos às apresentações. - Começou o garoto de cabelos compridos; adorava ser social. - Sou Sirius A. Black, mas me chamem de Sirius, apenas. - Pegou uma das camisas, para saber se gostava. - Tenho onze anos, e sou este gato lindo que vos fala. - Experimentou a camisa sem a colocar, e viu que era do seu tamanho. - e vocês?

- Remus J. Lupin. - Ele, o garoto da cama ao lado da de Tiago, se levantou; estava sentado aos pés da mesma. - Também tenho onze anos, e não gosto muito de falar de mim mesmo. - Completou, olhando para Tiago.

Lupin tinha cara de gente mais velha. Era pálido, tinha cabelos castanho-claros - com alguns cabelos brancos, Potter notou. -, olhos castanhos e expressão sofrida.

- Tiago Potter. - Disse, sorrindo. - Acho que todos temos onze anos, então. - Ele tirou os óculos, com a lente esquerda ainda rachada. - E a única coisa que sei até o presente momento é que preciso consertar isso, ou estou ferrado.

- Aqui. - Lupin pegou a varinha do bolso e foi até o colega, a chacoalhando. - Reparo! - Exclamou, e a rachadura da lente desapareceu; o óculos estava novo em folha.

- Uau! - Como você conseguiu isso? - Tiago colocou novamente seus óculos, os testando. Conseguia enxergar perfeitamente. O último garoto bateu palmas. - Falta você se apresentar. - Lembrou.

- Pedro Pettigrew. - Gaguejou ele, parando de bater palmas. - Gosto de...

- Comer? - Brincou Sirius, os outros riram da piada, inclusive Pedro.

Constatou isso por sua forma física. Pedro era gorducho, e qualquer roupa que usasse ficava apertada, pelo menos as da sua idade. Tinha cabelos quase loiros, e olhos castanhos.

- É, comer é meu Hobbie. - Complementou, tirando do bolso uma caixinha de feijõezinhos de todos os sabores - Servidos?

- Não, obrigado. Estou cheio.

- Mais me toca. - Riu-se, pegando um e colocando na boca.

- Terminadas as apresentações... - Lupin caminhou para a cama, e se deitou. - Hora de dormir.

- Já? - Sirius indignou-se. - Estamos no colégio, seu idiota! Podemos ficar acordados até de madrugada, sem nossos pais para nos atazanar.

- Então fique acordado; quero ver você dormindo na primeira aula de amanhã, às sete e meia. - Disse, calmo, tirando as calças e vestindo um pijama.

- Nós já temos aulas amanhã?! - Pelo jeito, a última coisa que Sirius achava que iria fazer em Hogwarts era estudar. - Que horrível!

- Temos sim, - O garoto pálido já terminara de vestir o pijama, agora já estava deitado e tapado. - boa noite Sirius, Tiago, Pedro. - e puxou as cortinas de sua cama.

- Ótimo, temos um nerd entre nós. - Falou, estressado. Lupin não respondeu.

- Não esquenta, Sirius. Acho que todos vamos nos dar bem. - Tiago, com as roupas do corpo, se deitou. - Acho que amanhã vai ser um dia difícil, de qualquer jeito.

- Boa noite, então. - O garoto de cabelos compridos correu até o interruptor, e desligou a luz, voltando para sua cama.

- Boa noite. - Tiago se virou e dormiu. No outro dia, já começariam as aulas, e ele esperava aprender feitiços inimagináveis e poções incríveis.

Só não sabia que teria de penar - e muito - para isso.

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