Bailes e confusão

Bailes e confusão



Rose estava deitada em um sofá da sala comunal da Grifinória com a cabeça no colo de Albus, que mexia em seus cabelos.

- Ouvi falar que Chris McDouglas foi pedir autorização para a Professora McGonagall para fazermos um Baile de Natal esse ano aqui em Hogwarts. – contou Rose, olhando para Albus para ver a reação do primo.

- E o quarto ano terá permissão para ir? – perguntou ele.

- Scorpius me disse que qualquer aluno da quarta série poderá ir, embora possam convidar um aluno de uma série mais baixa – contou Rose – Assim como foi o Baile de Inverno do Torneio Tribruxo em que nossos pais estavam, lembra?

- Meu pai não gostou do baile. – disse Albus, de repente mal-humorado.

- Sei... – riu Rose – o meu também não... mas minha mãe adorou! Ela me contou que naquele dia ela deu seu primeiro beijo! – disse Rose rindo.

- Grande coisa! – disse Albus, parando de afagar os cabelos vermelhos da prima.

- Qual é, Al?! Vai ser divertido, você não tem vontade? – perguntou Rose, se sentando e encarando Albus, que reparou como os cabelos da prima estavam parecendo uma juba depois dele tê-los despenteados mas, por alguma razão, ela estava linda. Albus não disse nada, então Rose continuou:

- Tia Gina me disse que naquele dia ela também deu o primeiro beijo dela, sabia? – ela fez umas cócegas na barriga do primo – O que você tem, Al?

- Nada. – respondeu ele rápido.

- Bom... eu vou descer para o jantar. – disse Rose.

Naquela noite a própria professora McGonagall anunciou que Hogwarts teria um baile e Rose ficou radiante de alegria. Terminou logo o jantar, pensando em escrever para sua mãe.

- Rose! – veio um grito no meio do saguão. Ela se virou e viu Scorpius correndo pra ela.

- Não estou falando com você, lembra? – disse ela friamente.

- Ah! Qual é Rosie?!

- Não me venha com Rosie... – respondeu ela, embora sorrisse um pouco – Eu não gostei de como você zuou com o Aubrey... por que você está sempre se divertindo as custas dos outros?

- É só brincadeira, Rose... você me conhece!

- Mais ou menos... mas sei que você é filho e neto de dois ex-Comensais da Morte, Scorpius! – disse ela, meio exaltada, meio desafiadora.

- O que quer dizer? Sabia que eles já pagaram pelo que sabe lá Deus o que fizeram?! Não fale do que não sabe!

- Que eu não sei??! Eu é que não sei??! Meu pai me contou muito bem que qualquer tipo de uso de uma das três Maldições Imperdoáveis serviria para uma pessoa ficar presa em Azkaban para sempre!! Scorpius, se avô era...

- Rose, dá um tempo, meu!! Há anos concordamos em não mencionar como nossas famílias não se dão bem. Por que isso agora?

- Por que tenho medo que você fique como eles! – e dizendo isso, deu as costas ao colega e foi direto para a biblioteca.

Rose teve certa dificuldade em se concentrar nos deveres... queria estar fazendo a lição com Albus, mas o primo estava muito mal-humorado hoje e ela realmente precisava se concentrar. Mas, por outro lado, a discussão com Scorpius insistiu em permanecer em sua cabeça. Ela gostava muito de seu amigo, mas ele tinha cada esquisitice que Rose desprezava...

Depois de quase duas horas, alguém sorrateiramente apareceu atrás dela e cobre seus olhos com as mãos.

- Er... – disse Rose, apalpando as mãos e os braços da pessoa – é um garoto... hum... posso ter uma dica? – o garoto não respondeu – Albus!! – e estava tão convicta que fez menção de tirar as mãos de seus olhos. Mas uma voz disse “não”.

- Scorpius? – disse ela, se virando e encarando os olhos cinzentos do amigo.

O menino sacou a varinha e conjurou uma rosa para ela e, entregando-a disse:

- Me perdoa?

- Ah... tudo bem... – disse Rose sorrindo encabulada. Era impressionante como Scorpius era legal com ela, mesmo que fosse só com ela... “além de muito bonitinho” pensou.

- Queria te chamar para ir ao Baile comigo, antes que um de seus fãs chegue primeiro – disse ele – Você quer? – perguntou, corando um pouco as faces pálidas.

- Quero! – exclamou Rose corando também... hesitou um momento pensando “Será que o Albus me convidaria?”, mas agora já era tarde demais, feliz com as flores que Scorpius tinha lhe entregado, ela já tinha aceitado. – Er... tudo bem... – ela vacilou perante o sorriso de Scorpius e, muito sem graça acrescentou: - Então a gente se vê – e pegando sua mochila, foi para a Torre da Grifinória.

Alguns dias se passaram até Rose reunir coragem para perguntar a Albus se ele já tinha convidado alguém. Sua amizade com o primo tinha voltado a ser o que era, apesar do menino ter ficado muitas vezes inexplicavelmente raivoso sempre que Scorpius roubava a atenção de Rose. Mesmo assim, a menina ficava apreensiva de perguntar isso ao primo, sem saber se queria mesmo uma resposta.

Certo dia, Albus e Rose estavam no meio de seus amigos, em volta da lareira da sala comunal da Grifinória. Todos cantavam ao som do violão de Albus e, quando uma música acabou, Rose perguntou:

- Al, com quem você vai ao Baile? – e sentiu as orelhas e bochechas esquentarem imediatamente. “Por que devo ficar envergonhada? Todos sabem que Albus é meu melhor amigo... e raios! Por que esse assunto não podia aparecer do nada, aí eu não ficaria tão vermelha” pensou ela.

- Como assim? Eu vou com você! – exclamou ele, meio surpreso e sério.

- Não vai não! Você nem me convidou e, caso ainda não saiba, eu não sei Legilimência!

- Ah! Essa é novidade pra mim – respondeu Albus com sarcasmo – Você não é a espertinha que sabe tudo?

- O que quer dizer?

- Você sabe...

- Não, não sei! – disse Rose alto. Os dois pareciam não perceber que seus amigos estavam se afastando e que o clima agradável, onde Albus tocava violão e a galera cantava, tinha se quebrado.

- Você me convidou, lembra? – disse Albus – No dia em que o Baile foi anunciado.

- Eu nunca disse isso – respondeu Rose – Eu disse que seria divertido e pra você ir, mas...

- Ok, ok! – ele cortou aborrecido – Então, vai comigo ou vai ficar aí fingindo estar chateada e bravinha?

Rose sentiu-se indignada pela maneira com que seu melhor amigo, quem achava conhecer tão bem, a tratara.

- Não vou com você porquê já aceitei o convite de outro garoto. – e dizendo isso, Rose foi se deitar, deixando o primo com cara de bobo no sofá.

No dia seguinte, Hermione, a pedido de Rose, apareceu em Hogwarts e juntas tiveram um ótimo dia passeando em Hogsmeade. E Hermione anunciou que ia comprar pra filha o vestido que Rose ficou babando na vitrine de uma das lojas do vilarejo; era um lindo vestido decotado azul escuro brilhante, como uma noite estrelada.

- Ah mamãe! Obrigada! – disse Rose, abraçando Hermione.

- Você merece, querida, vamos experimentar?

E enquanto saiam da loja para tomarem uma cerveja amanteigada no Três Vassouras, Albus topou com as duas.

- Al! Como vai? – cumprimentou Hermione, abraçando e beijando o sobrinho.

- Oi, tia Hermione – respondeu o garoto ficando vermelho e evitando o olhar de Rose por cima do ombro de Hermione.

- Como você está, querido? Está com uma cara abatida? Já teve treino de Quadribol hoje?

- N-sim! – respondeu ele.

- Você tem que comer bem, Al, especialmente nos dias em que treinam Quadribol... eu vivo dizendo isso ao Hugo... pois os esportes consomem muita energia.

- Pode deixar, tia.

- Quer vir tomar uma cerveja amanteigada conosco? Por minha conta. – sorriu Hermione radiante para o sobrinho.

Albus e Rose se entreolharam e desviaram rapidamente, mas Hermione percebeu.

- Não vai dar, tia, desculpe... eu tenho dever de Poções pra fazer e ainda nem comecei.

- Ah... que pena! Por acaso vocês não andaram discutindo, não, não é mesmo? – perguntou Hermione um pouco mais severamente.

- Claro que não, mamãe! – disse Rose apressada

- Tchau, tia – disse Albus com um ar tristonho e acenou pra Rose rapidamente antes de virar em direção ao castelo.

Hermione encarou a filha demoradamente.

- Rose... – disse ela em tom de aviso – Vocês não estão mesmo brigados?

- Tsk... ai mamãe se você soubesse... o Albus é um ciumento... acha que só posso ser amiga dele e de mais ninguém!! Ele me aborrece tanto...

- Quer falar disso? – perguntou Hermione carinhosamente.

- Deixa pra lá, mamis... não quero estragar o nosso dia!!

- Foi feia a discussão, então... – comentou Hermione – Por que você não tenta...

- Não quero tentar mais nada com o Albus! – cortou Rose.

- Rose Weasley, o Al é seu primo... por favor não fale assim!

- Ok... desculpa, ta feliz??!!

Hermione deu um largo sorriso compreensivo e abraçou a filha.

- Querida, vocês são apenas adolescentes, logo logo farão as pazes, você verá. Se você não quer falar disso, não tem problema... vamos logo antes que acabem as garras de cerveja amanteigada do Três Vassouras.

Rose achou melhor não comentar com sua mãe que duvidava muito que um dia voltaria a falar com o arrogante do Albus, a menos que ele pedisse desculpas por ser tão intrometido, ciumento... e... e....

As duas sentaram em uma pequena mesa e foram atendidas por um garçom. Rose notou que a mãe ainda sorria e, não querendo que ela voltasse a falar de seu primo, disse a primeira coisa que veio em sua mente:

- Está se lembrando do dia do Baile de Inverno, mamãe?

- Estou. Apesar de ter tido uma briga feia com seu pai naquele dia, eu me diverti como nunca.

- Me conta, mamãe! Você deu seu primeiro beijo naquele dia, não foi?

- Foi... – riu Hermione – Tinha me esquecido... bom... Alguns dias antes do Baile, eu estava estudando na biblioteca, quando o Vítor aparece na minha frente e pergunta “Olá, focê está socinha?” e eu respondo que sim, claro, aí ele me pergunta se pode se sentar ao meu lado e, muito surpresa, eu respondo que sim. Então ele se senta e pergunta meu nome e, depois que eu tive que repetir algumas vezes, ele disse sorrindo “É um nome muto lendo”. Acho que ele chamou minha atenção desde esse primeiro sorriso. Então ficamos um pouco em silêncio e eu estava positivamente envergonhada... nunca antes tinha sido cantada na vida, Rose – e Rose abriu um grande sorriso para Hermione, finalmente entretida de verdade na história da mãe, que continuava – Então ele me perguntou o que eu estava estudando, dizendo que eu deveria ser muito inteligente pois estava sempre pesquisando na biblioteca e eu contei que estava fazendo um trabalho de Defesa Contra as Artes das Trevas e aí ele saiu me contando o que sabia dessa matéria. Eu fiquei impressionada como ele era legal... sabe, eu tinha 15 anos na época e ele tinha quase 19. Ficamos conversando um tempão, até que ele me perguntou se eu gostaria de ir ao Baile de Inverno com ele. É claro que eu aceitei... ele era tão legal! E até era bonitinho, principalmente sorrindo, pois quando não sorria ele parecia meio mal-humorado, mas ele não era. Foi bem legal... depois disso ele foi me visitar mais algumas vezes na biblioteca e a gente conversava às vezes durante horas.

“No dia do Baile nós dançamos muito... eu estava tão contente e tinha me arrumado tanto. Aliás, Rose, eu acho que guardei aquele vestido azul... tenho que procurar em casa para te mostrar um dia desses... enfim! Durante uma dança lenta... sabe, dessas românticas? Então... ele me disse que eu estava realmente linda e me contou que tinha ido várias vezes na biblioteca para me ver e me convidar, mas não conseguia reunir coragem para isso. Eu fiquei tão boba com toda essa atenção que só pude olhar pra ele e dizer ‘sério?’ e então ele inclinou o rosto e... bem... e me beijou e eu correspondi. Foi gostoso... o primeiro beijo a gente não esquece, Rose.”

- E o papai? Pensei que você já fosse apaixonada por ele!

- Eu era! – disse Hermione – Mas você sabe, a maioria dos garotos são tão imaturos nessa idade... Rony era assim. Eu achava que era correspondida, mas até ele perceber que gostava de mim, eu não podia falar nada, né? Você sabe como são essas coisas do coração. Eu já o amava muito... lembro de me deitar no dormitório feminino e pensar nele antes de dormir... mas toda a imaturidade típica do Rony naquela idade me deixava insegura, tinha vezes que eu tinha certeza que ele gostava de mim, outras eu tinha certeza que ele nem ao menos percebia que eu era uma garota... tsk... ai ai Rose, aprenda logo que os meninos são mais imaturos do que nós. – e Rose riu – E Vítor era o primeiro menino que me notava desse jeito, o primeiro que me dizia que eu era linda e essas coisas... eu fiquei seriamente balançada! – riu Hermione enquanto Rose também ria – E depois disso eu e o Vítor meio que namoramos. Nos víamos algumas vezes na biblioteca ou no pátio... ou ainda uma ou duas vezes nos corredores e nos beijávamos. –Hermione deu um largo sorriso para a filha.

- Mamãe, você sabe que eu nunca beijei, pois eu te contaria e... – disse Rose, sem graça.

- Não tem problema, Rosie, cada garota tem o seu primeiro beijo na hora certa. A Gina também deu o primeiro beijo naquele dia e eu sou quase dois anos mais velha do que sua tia. – disse Hermione.

- Eu sei mamãe... mas, como se beija? – perguntou Rose corando e imediatamente desviando o olhar dos olhos de sua mãe.

- Na hora você vai saber. – riu Hermione – Não tem como ensinar essas coisas.

- Só uma dica? – pediu Rose.

Hermione olhou fundo nos olhos de sai filha, os olhos que tinham o mesmo formato e cor exata dos olhos de seu querido Rony e teve uma idéia. Esticou o braço e disse:

- Procure fazer carinho em meu braço, enquanto eu faço no seu. – disse e Rose prontamente esticou o braço. As duas ficaram lá, acariciando uma o braço da outra... até que caíram na gargalhada, meio envergonhadas e por um momento não conseguiram parar de rir.

- É-é só isso. – disse Hermione, ainda rindo.

- É... acho que entendi. – disse Rose, vermelha, com um enorme sentimento de felicidade, adorava sua mãe.

Depois que beberam toda a cerveja amanteigada e comeram alguns petiscos, Hermione acompanhou Rose ao castelo, afim de dar um beijo em Hugo também. Juntas elas subiram até a Torre da Grifinória e Hermione encontrou Hugo no meio de vários garotos de 12 anos perto da lareira da sala comunal. Hugo imediatamente ficou com as orelhas vermelhas e murmurou alguma coisa para os amigos antes de se aproximar da mãe e da irmã.

- Oi, amor. – cumprimentou Hermione, abraçando e beijando o filho.

- Mamãe, quer se controlar peloamordeDeus!! – disse Hugo entre dentes, vermelho como um rabanete quando Hermione o soltou.

- Que foi? – perguntou Hermione – Você acha que as mães de seus amigos também não beijam seus filhos? – Hermione riu e tentou fazer cócegas no filho.

- Pára mamãe, por favor!! Olha o mico!! – sussurrou Hugo, desesperado.

- Ok, ok – riu Hermione, largando o filho – Só passei pra te dar um oi e é assim que sou recebida... valeu – Hermione fingiu ficar chateada.

- Ah... mamãe, não fica assim! – disse Rose, abraçando a mãe pelos ombros e olhando feio para Hugo.

- Mamis... desculpa... é só que... – começou a dizer Hugo, meio sem graça e morrendo de medo que os amigos escutassem qualquer coisa.

- Estou só brincando, querido. – disse Hermione, abraçando Hugo e despenteando seus cabelos vermelhos lisos. – Enfim, crianças, estou indo.

Hermione deu mais um beijo em Hugo, que também a beijou rapidamente antes de voltar pra junto de seus amigos, deixando Hermione e Rose sozinhas.

- Obrigada mãe, por hoje. Foi tudo tão legal. – disse Rose, abraçando a mãe bem forte. Mas Hermione não agüentou mais e perguntou:

- Achei que você ia me contar quem é ele?

- Ele quem? – perguntou Rose, apressada e parecendo confusa.

- Ora Rose, o rapaz que te chamou para o Baile.

- Ah... Esqueci de dizer... – Rose corou um pouco e depois disse de supetão – Eu vou com o Scorpius.

- O filho do Malfoy?? – gritou Hermione surpresa.

- Mãe, pelo amor de Deus, fale baixo! Venha, vamos conversar lá fora. – e Rose conduziu Hermione para fora da sala comunal, onde havia um longo corredor.

- Mas eu achei que vocês eram apenas amigos... – gaguejou Hermione, incapaz de pensar que sua filha estava apaixonada pelo filho de Draco e ainda lhe pedindo conselhos sobre beijos.

- Nós somos! – apresou-se em dizer Rose – Quer dizer... ele me convidou e eu disse que tudo bem.

Hermione arregalou os olhos pra ela, incapaz de controlar seus pensamentos por um momento, mas forçou-se a pensar em seus ideais e a não ter preconceitos, uma vez que esse rapaz poderia muito bem ser um menino maravilhoso, independente dos pais que o criaram. Ignorando seu coração acelerado e se forçando a ser racional, Hermione disse com todo o carinho que conseguiu reunir:

- Não tem problema, querida. Eu te dou a maior força!

- Você é a melhor mãe do mundo! – disse Rose, abraçando Hermione novamente e a beijando no rosto diversas vezes – Eu sabia que podia contar com você, mamis!! Você é minha melhor amiga.

E Hermione sorriu intimamente, pois esse foi possivelmente um dos melhores elogios que sua filha já tinha lhe dado. E, enquanto Hermione estava indo embora pelo corredor, Rose disse em tom de súplica e sua voz ecoou pelo corredor vazio:

- Você não vai contar pro papai, né? Ele nem ao menos suporta que eu e o Scorpius sejamos amigos.

- Se você não quer, eu não conto. Acho que você tem o direito de contar na hora que desejar.

Rose se sentiu super feliz nos dias seguintes, mas a discussão que tivera com Albus ficou alfinetando-a por muito tempo, especialmente nas ocasiões em que Rose não estava nem estudando e nem em companhia do sonserino Malfoy. Uma das coisas que incomodava Rose profundamente é que no dia seguinte que ela tinha passeado por Hogsmeade com sai mãe, Albus convidara Anne Murray para o Baile e agora não desgrudava mais dela. Rose tinha decidido que não conversaria mais com o primo até que ele viesse falar com ela.

Finalmente o dia do Baile chegou e Rose e Scorpius se divertiram como nunca, dançando cada música que tocou. Rose sacudia o quadril e pegava na mão de Scorpius, que a fazia girar e a pegava no alto... ou então Scorpius a puxava pela cintura e a fazia ficar bem perto, rosto com rosto... cada um sentindo a respiração do outro. Ate que cansaram e, com bebidas geladas nas mãos saíram para o jardim congelado que estava todo enfeitado e sentaram no banco.

- Estou me divertindo como nunca, Scorpius.

- Eu também... e você está linda hoje, já te disse? – perguntou ele em voz baixa, se aproximando do rosto dela.

- Já, mas pode dizer de novo... – sussurrou ela, se aproximando também.

Estavam tão perto um do outro agora que um conseguia sentir o hálito quente do outro, mas não conseguiram desviar os olhos... se beijaram.



Depois daquele dia, a notícia de que Rose Weasley estava saindo com Scorpius Malfoy era uma fofoca e tanto, tal como o namoro de Albus Potter com Anne Murray da Corvinal.

E os primos agora mal se falavam, a não ser se fosse para trocarem palavras ríspidas ou até bate-bocas mais sérios.

Rose descia com uma pilha de livros do dormitório das garotas e desceu pelo buraco da Mulher Gorda com certa dificuldade, mas qual não foi sua surpresa ao encontrar Albus e Scorpius discutindo no corredor.

- ... e caso você não tenha reparado, eu não vou te dar a senha da Grifinória, seu...

- Seu o que exatamente, Potter? Se você não quer ajudar, desempaca por favor!!

- E se eu não quiser, Malfoy, o que você pretende fazer??

- Hei!! Dá um tempo, Albus! – cortou Rose, deixando seus livros caírem no chão. Scorpius prontamente a ajudou a recolher tudo e, meio afoita Rose agradeceu, mas depois se virou par ao primo: - Não tem mais o que fazer não? Não ouviu o Scorpius?

Albus deu um passo a frente e apertou o braço de Rose.

- Olha como fala comigo... AI – gritou e logo sacou a varinha para revidar a queimação que Rose lhe impingira.

- Ah, não vai não, Potter! – disse Scorpius, também sacando a varinha.

- Não se mete, idiota!! Petrificus Totalus! – gritou Albus para Scorpius – Isso é assunto de família – e agitou a varinha na direção de Rose, que sentiu as pernas prenderem no chão. – Há! Sai dessa Rose!! – provocou Albus e saiu na outra direção.

- Eu ainda te pego de jeito, Albus Potter!! – gritou Rose ensandecida.

... E assim foi durante todo o segundo semestre do quarto ano.

Rose gostava de Scorpius, ele era bonito e atencioso com ela, além de divertido e vivia fazendo-a dar risadas, mas ela tinha consciência de que não amava desesperadamente Scorpius Malfoy e de que não era amada. Faltava alguma coisa no jeito como Scorpius a tratava para conquistá-la de vez, ou acreditar que o menino estava apaixonado por ela de alguma forma. Scorpius não era muito romântico, apesar de ter entregado flores para Rose em uma ou duas ocasiões, e muitas vezes o menino era mandão, o que Rose simplesmente detestava. Os dois tinham suas briguinhas, mas o que mais irritava Rose era a forma de brincar com os outros que Scorpius Malfoy tinha, que para Rose era humilhação.

Aos poucos o namoro foi esfriando e Rose muitas vezes preferia ficar na sala comunal estudando a ficar em companhia do garoto. E Scorpius também não ia procurá-la. Assim, finalmente, chegaram novamente as férias escolares e todos voltaram para casa.

Como sempre, em muitas ocasiões as famílias Potter e Weasley estavam juntas e, certo dia em que os quatro Weasleys estavam na casa dos Potters durante uma verdadeira trovoada, foi quando houve uma grande confusão.

Rose estava junto a lareira tentando escrever em seu diário, mas Lily queria conversar, então Rose estava dividida entre o diário e a conversa com a prima.

Do quarto de James vinha uma música alta o suficiente para ser escutada apesar dos trovões e Albus e Hugo estavam jogando xadrez enquanto Rony, Hermione, Harry e Gina conversavam.

Albus esperou uma pausa um pouco mais longa na conversa dos adultos para perguntar em alto e bom tom para a prima do outro lado da sala:

- O que você está escrevendo, Rose? Uma carta para o seu namorado? – ele tentou fazer uma voz displicente e curiosa, mas o tom sarcástico era audível.

Rose enrijeceu no sofá. Hermione ofegou de susto e Rony pareceu espantadíssimo.

- Quê?! – perguntou ele nervoso, olhando da filha par ao sobrinho. A tensão na sala era palpável, todos estavam prestando atenção pra confusão provocada por Albus.

- Como assim, Rose? – perguntou Albus sarcástico – Você não contou pro titio que está namorando Scorpius Malfoy?!

Houve uma pausa perplexa na sala, onde todos pareceram prender a respiração...

- Como é que é? – perguntou Rony, se levantando e fazendo menção de caminhar até a filha, mas não saiu do lugar. Em vez disso alteou a voz para dizer: - Responde, Rose Weasley!!

- Papai, e-e-eu... eu... – começou a garota, mas Rony pareceu ir em direção à filha e naquele momento Hermione, Harry e Gina se levantaram também ao mesmo tempo.

Harry segurou o braço do amigo, impedindo-o de avançar mais para Rose, e disse em uma voz controlada:

- Calma, cara! Pense com calma.

Mas antes que Rony pudesse responder, várias coisas aconteceram. Talvez estimulada pela defesa do tio, Rose pegou um dos vasos de Gina a seu lado e atirou o vaso para o canto da sala onde Hugo e Albus estavam jogando xadrez até recentemente, enquanto gritava a plenos pulmões:

- Eu te odeio Albus Severus Potter!!!

Hugo mergulhara para longe para evitar a colisão com o vaso. Mas o objeto teria acertado em cheio Albus se Hermione não tivesse feito o vaso parar no ar com um floreio de sua varinha e exclamou chocada:

- Rose!! – mas, seja lá qual foi o sermão que Hermione tinha em mente, se perdeu. Enfurecido com o ataque da prima, Albus pareceu se atorar para a frente, como se tivesse a intenção de bater em Rose. Porém Gina se meteu no meio do caminho e, segurando p braço do filho com força, disse:

- Nem pense nisso, mocinho!

- O que deu em vocês dois? – perguntou Harry, perplexo e zangado – Parem com isso agora! Nunca os vi brigando desse jeito!

- É que eu não sabia a “priminha” que tinha, pai. – disse Albus, se enchendo de sarcasmo ao dizer “priminha”.

- E o que isso quer dizer? – gritou Rose, em pé na frente do sofá, parecendo se controlar par anão voar no primo.

- Que você fica com qualquer um, sua...

- Chega Albus! – disse Gina firme, apertando mais o braço do filho e interrompendo o possível xingamento que estava na mente de Albus. Mas Gina mal terminara de falar quando Rose gritou de novo:

- Seu canalha!

- Rose, controle sua língua! – ralhou Hermione muito zangada, fazendo uma tentativa de chegar até a filha.

Mas para Rose já era tarde demais. Desvencilhando-se dos móveis, chegou rápido até a lareira e pegando um pouco de Pó de Flu, desapareceu.

Por um segundo todos pareceram arfar onde estavam, então Gina largou o filho e Albus subiu correndo as escadas para seu quarto, espumando de raiva e batendo as portas.

- Ah, mas ela vai me ouvir hoje! – disse Rony com a voz tremendo.

- Não, cara – disse Harry – Pega leve com ela, o Albus que começou provocando... eu vou ter uma conversinha com ele...

- Harry, você não entende que aquele filho do Malfoy está namorando minha filha? – perguntou Rony irritadíssimo.

- Rony, isso ia acontecer mais cedo ou mais tarde. – disse Gina – Afinal Rose já é mocinha e...

- Ela acabou de fazer 15 anos! – cortou Rony.

- Rony. – chamou Hermione, mas Rony a ignorou.

- Ah, mas eu não vou deixar...

Rony! – disse Hermione mais alto – Pare de falar assim! Vamos para casa e vê se você se acalma. Vamos, Hugo.

- O que você quer dizer com “se acalma”? Eu estou calmo!

- Não. É óbvio que está nervoso! E reconheça que você ficaria assim qualquer que fosse o namorado de Rose. – disse Hermione, como se preparasse para um abriga.

- Hermione – interveio Gina – Eu sinto muito pelo Al, não sei o que aconteceu... num momento estava tudo certo e, de repente foi essa confusão toda!

- Não se preocupe – respondeu Hermione – Desculpem. – acrescentou para Harry também – Mas acho melhor irmos para casa agora. Vamos Hugo. – acrescentou ela, segurando a mão do filho – Te espero em casa. – disse para Rony e desapareceu na lareira.

Assim que Hermione e Hugo saíram da lareira de sua própria casa, Hermione gritou chamando pela filha “Rose??” e então correu para o quarto da menina, sentindo o coração disparar ao vê-lo vazio.

- Mamãe – chamou a voz de Hugo – O vovô está na lareira!

Hermione desceu as escadas correndo e se deparou com o rosto sorridente de seu sogro no meio das chamas esmeraldinas.

- Arthur! – ela exclamou.

- Hermione, como vai querida? – perguntou ele e sem aguardar resposta disse: - Rose está aqui n’A Toca.

- Ah! Graças a Deus! – exclamou Hermione, levando as mãos ao coração e sentindo-se aliviada.

- Pois é, achei melhor vir avisar para vocês não se preocuparem. Ela chegou agora há pouco e está muito nervosa, está chorando compulsivamente. – contou Arthur – Molly está com ela agora, tentando acalmá-la.

- Obrigada Arthur. Já já eu vou até aí buscá-la, ok? Só vou ter uma conversinha com o Rony primeiro.

- Er... ok. – disse Arthur com um ar intrigado, mas sem fazer perguntas e se despedindo.

Alguns momentos depois, nos quais Hermione respirava bem fundo e tentava se acalmar para conversar com o marido, Rony irrompeu da lareira, parecendo transtornado.

- Hermione, por que me tratou assim na frente de Harry e Gina...?

- Rony, não começa, ok? – disse ela – Olha, não estou com cabeça para discussão, mas você tem que aprender a se controlar... estava quase gritando com Rose na frente da família toda... só porquê ela está namorando! Qual é, Rony?!

- Não é por causa disso! – respondeu o marido, bastante exaltado – É porquê é o filho do Malfoy e porquê... porquê...

- Por que ela não te contou? –perguntou Hermione, mais carinhosamente.

- Bem... é. – respondeu Rony, meio derrotado.

- Amor... – começou Hermione cheia de ternura se aproximando de Rony. Aparentemente o casal tinha se esquecido que Hugo também estava na sala – Rony... – Hermione pegou as mãos do marido – Você sabe que é extremamente ciumento, teria uma reação exagerada se qualquer garoto se aproximasse de Rose e – acrescentou Hermione, vendo que Rony fazia menção de falar – não pode culpá-la, pois ela sabe o pai que tem.

- Q-quê você quer dizer? – disse Rony finalmente – Você já sabia disso e não me contou? – perguntou ele indignado.

- Rony, e-eu sabia. – disse Hermione - Mas não que era tão sério assim. Aliás – continuou ela, antes que ele pudesse interrompê-la e segurando as mãos do marido com mais firmeza para ele não de desvencilhar – Eu não acho que Rose esteja muito apaixonada por Scorpius Malfoy. Você pode, por favor, dar um tempo a ela?

Houve uma pausa indignada por parte de Rony, que parecia estar decidindo o que responder.

- Er... claro. – disse ele por fim – Tudo bem.

- Ótimo! – exclamou Hermione, abraçando Rony – Eu vou ir conversar com ela, ok? Rose está n’A Toca agora, Arthur veio me avisar.

Quando Hermione fez menção de ir para a lareira, Rony perguntou em uma voz como se fosse um garotinho pedindo autorização pra mãe:

- Você acha que eu posso ir com você? – Hermione lhe deu um olhar profundo e Rony acrescentou: - Juro que não vou falar nada demais e vou escutá-la direitinho.

- Claro que pode. – disse Hermione.

- Ei! Vocês vão me deixar sozinho aqui? – perguntou Hugo numa mescla de voz de mágoa e excitação.

- Não, venha você também então. – disse Hermione numa risada.

Logo depois os três Weasleys apareceram n’A Toca e foram saudados por Arthur que logo abraçava carinhosamente o neto e dizia:

- Rose está lá em cima no antigo quarto de Gina com Molly.

No quarto, Rose ainda chorava copiosamente.

- Ah vovó! Ele não me deixa em paz, não deixa...

- Querida, eu já te disse. – comentou Molly, afagando os cabelos da neta – Seu pai vai pensar melhor e...

- Não estou mais falando dele! – protestou Rose, com o rosto enterrado no colo da avó. – Estou falando daquele asqueroso do Albus. – Molly riu e Rose levantou o rosto molhado de lágrimas – A senhora acha engraçado, vovó? – perguntou indignada.

- Não é isso, querida. – Disse Molly carinhosamente – É que eu tenho certeza que Albus te adora... vocês vão fazer as pazes...

- Nunca! – sentenciou Rose voltando a enterrar o rosto no colo de Molly Weasley.

Naquela hora ouviu-se uma batida na porta e Hermione entrou pedindo licença, com Rony em sua cola.

- Hermione, querida. – exclamou Molly, se levantando e abraçando a nora com carinho, mas lançando um olhar severo ao filho. Rony entendeu que sua mãe também não aprovava sua atitude. – Vou deixá-los a sós, ok? – acrescentou ela, saindo do quarto.

- Mamãe – começou Rose, que um momento atrás congelara ao ver Rony, mas considerara uma boa coisa seu pai não entrar gritando no quarto e resolveu ignorá-lo – Mamãe... me desculpe ter perdido a cabeça... e...

- Tudo bem, Rosie querida. – disse Hermione, sentando-se ao lado da filha e abraçando-a. Rony sentou-se do outro lado da filha.

Rose se desembaraçou da mãe para encarar o pai meio de lado.

- Rose... desculpe filinha. – disse Rony com a voz carregada de amor.

- Ah, papai! – exclamou Rose, se atirando aos braços de Rony, que a abraçou e disse:

- Desculpe... eu não quero nunca que você tenha medo de me contar as coisas, viu?

Rose se desvencilhou do abraço do pai para olhá-lo melhor e, com um sorriso, perguntou:

- Jura nunca mais ficar bravo seja qual for o garoto com quem eu estiver saindo?

- Juro. – disse Rony depois de breve hesitação. – Quero que você saiba que eu sou seu amigo, além de ser seu pai.

- Ah papai! – Exclamou Rose novamente, se atirando mais uma vez aos braços de Rony – Eu te amo tanto!

- Eu também te amo muito, minha linda Rosie!! – e Rony sorriu para Hermione por cima dos ombros da filha. Hermione estava com os olhos brilhando de lágrimas.

- E sobre o Scorpius – começou Rose, agora meio cabisbaixa, depois de se seprar de Rony. – E-eu não sei se vai dar certo.

- E por que não? – perguntou Rony, mal escondendo a alegria de sua voz.

- Ele é legal, divertido... er... muitas vezes eu gosto de ficar com ele – acrescentou, levantando o rosto para Hermione, que deu uma leve risada. Rony deu um pequeno muxoxo de irritação. – Mas ele é meio estranho às vezes e... e... e eu não sinto aquela coisa com ele, sabe? – terminou ela, olhando para a mãe de novo.

- Sei... – disse Hermione, se esticando para abraçar a filha mais uma vez.

- Graças a Deus! – exclamou Rony feliz. Rose e Hermione riram, ainda abraçadas.

- Mas amanhã cedo vamos voltar para a casa de seus tios e quero que peça desculpas para...

- Não para o Albus! – cortou Rose, zangando-se – Aquele verme! Nunca mais vou falar com ele na vida!

- Rose, vocês são primos e devem se entender! – exclamou Hermione – Mas quero que peça desculpas por sua atitude para o tio Harry e para a tia Gina, entendido? – disse Hermione com carinho, mas com uma leve nota de severidade.

- Tudo bem... – murmurou ela, olhando para as mãos. Então, finalmente, ergueu os olhos para os pais, como se pedisse ajuda e disse: - Vocês viram que o Al tentou me ferrar?

- Acho que ele está um pouco chateado que você está saindo com outro garoto. – comentou Hermione – Afinal vocês estavam sempre juntos, não é?

- Ele não pode reclamar... andou aos beijos com Anne Murray! – exclamou ela alto.

- Ah é? – disse Rony, com a voz meio curiosa e meio preocupada.

- É! - exclamou Rose – E meu namoro... quero dizer... o lance com o Scorpius... a gente já estava meio afastados um do outro antes das férias e...

- Então você não estava escrevendo uma carta para ele? – perguntou Rony.

- Quê? Não! Papai... eu estava escrevendo em meu diário! – disse ela rindo e os três riram.

- Mas o que você estava dizendo? – perguntou Rony, tentando parecer displicente.

- Papai... – Rose levantou os olhos para Rony – eu acho que não vai rolar mais nada com Scorpius. – e sorriu.

A felicidade mal contida de Rony foi tanta que ele abraçou a filha, derrubando-a na cama e fazendo um pouco de cócegas nela.

Naquela noite Rose dormiu pensando no primo e no que sua mãe tinha dito. Se ela fosse sincera consigo mesma admitira que desejava de todo o coração que Hermione tivesse razão e Albus realmente estivesse agindo dessa forma por puro ciúmes... as coisas seriam tão mais fáceis. Abraçando o travesseiro e com um arrepio de preocupação com o dia seguinte, Rose adormeceu.



Na manhã seguinte, na cozinha dos Potters Gina se ocupava com um café-da-manhã, já vestida, enquanto um Harry de pijama, uma Hermione arrumada e uma Rose encabulada se sentavam à mesa. Rony e Hugo apareceriam mais tarde e James, Albus, Lily e Teddy ainda estavam na cama.

Quando Hermione lançou um olhar significante para Rose, a mesma pigarreou e disse encarando a mesa:

- Er... tio Harry? Tia Gina? – Harry olhou para a sobrinha e Gina parou no meio de um ovo mexido que estava preparando para se virar – Er... eu sinto muito por ontem... er... por ter gritado e por ter atirado o seu vaso, tia Gina... me desculpem.

- Não tem problema, Rosie – disse Harry, estendendo a mão sobre a mesa e dando um aperto carinhoso em uma das mãos de Rose.

- Obrigada por se desculpas, querida. – disse Gina, se abaixando um pouco para beijar o rosto da sobrinha e então disse – Não houve nenhum dano permanente, não precisa se sentir mal, viu? – e lançou um olhar cheio de significados para Hermione.

Depois de uma pausa em que Gina serviu café para esse pequeno grupo, ela sentou-se e dirigiu-se a Rose:

- Ontem nós conversamos com o Al depois que vocês foram embora.

- Descobriu por que ele me odeia tanto e tentou me ferrar? – perguntou Rose num tom obviamente pretensioso como frio, mas transparecendo a mágoa que ela sentia.

- Rose, o Al não te odeia... - disse Harry – Você não acredita mesmo nisso, né? – a menina não respondeu, então ele continuou: - Eu fiquei muito zangado com ele por ter feito o que fez, mas no final eu disse pra ele que não vale a pena a gente perder a amizade de alguém especial para só então lhe dar valor.

- Você disse isso, tio? – perguntou Rose espantada, sentindo o rosto esquentar ao encarar os olhos do tio, idênticos aos olhos de seu primo.

- Claro. Por que sei que ele quer fazer as pazes com você. E eu contei uma história pra ele – acrescentou Harry com um brevíssimo olhar amedrontado para Hermione – eu contei que certa vez, em Hogwarts, Rony e Hermione pararam de se falar por muito tempo, pois Rony tinha arrumado uma namorada e ele e Hermione brigaram. – Hermione estreitou os olhos para o amigo, mas não o interrompeu, Harry continuou – E eles só voltaram a se falar no dia em que Rony quase morreu envenenado.

Mal Harry acabara de falar, Rose respondeu meio atrevida:

- Eu não sou criança, tio! Sei o que você está querendo me dizer. – e depois de uma pausa ela disse: - E o que ele te respondeu? – Rose mal conseguiu conter a nota de curiosidade desesperada em sua voz.

- Que na verdade não queria perder a sua amizade.

Desta vez houve uma pausa mais longa, talvez de vários minutos e, então Rose disse se levantando:

- Vocês se importam se eu for acordar o Al agora?

Harry, Gina e Hermione abriram largos sorrisos para ela e Harry balançou a cabeça enquanto Gina dizia “Claro que não!” e então Rose saiu da cozinha quase correndo.

No momento que tinha certeza que a filha não estava escutando, Hermione disse:

- Harry, por que justo esta história?? Não podia ter contado sobre a vez em que Rony acusou injustamente Bichento de ter comido Perebas? – a voz dela era meio severa, mas sorria. Harry sorriu para a amiga e disse simplesmente:

- Não. E você sabe porque.




Rose abriu a porta do quarto do primo e fechou ao passar, sem fazer barulho e o viu dormindo, arfando lentamente num bolo de cobertas. Rose sentou-se na cama dele, sentindo que a raiva de ontem ia embora como se soprada com o vento... simplesmente amava seu amigo, seu primo.

- Al, acorde! – disse Rose de leve, sacudindo um pouco o ombro do primo.

- Mãe, estou de férias! – resmungou Albus no meio do sono. Rose riu e com a risada dela, ele abriu os olhos e se mexeu tão depressa que ela caiu no chão.

- Rose! – exclamou perplexo – Q-quê está fazendo? Desculpe. – acrescentou, oferecendo a mão para ajudá-la a se levantar. Quando a garota sentou-se na cama do primo, ela perguntou:

- Por ontem, por todos os últimos meses que tem me ignorado ou por ter me derrubado no chão?

Albus desviou o olhar e passou a admirar as próprias mãos, sem responder. Rose o encarou, mas como ele parecia incapaz de falar alguma coisa, ela disse:

- Tio Harry me contou que te deu uma baita bronca ontem e por pouquinho assim – ela quase juntou o dedão com o dedo indicador – não te bateu por ter sido tão rude comigo.

- Ele disse mesmo isso? – perguntou Al, sem encará-la, mas ficando escarlate de vergonha.

- Disse. – continuou ela, mentindo – e mesmo depois disso você não me fala nada?!

- Eu... – começou Albus, vermelhíssimo – eu... pô, Rose! Você tinha que insistir para eu ir ao Baile e depois me dizer que ia com o Malfoy?!

- Não quero discutir isso de novo, Al. – ela respondeu na mesma hora – Essa foi a discussão da última vez que nos falamos. E eu ia fazer as pazes com você, quando o vi com Anne Murray.

- Ela é realmente legal, sabia? – perguntou ele meio desafiador e meio envergonhado. Rose levantou as sobrancelhas para ele e perguntou:

- Então por que não está mais saindo com ela?

- A gente não estava dando certo. – comentou ele, dando de ombros e encontrando os olhos de Rose.

- Sei... comentou Rose, criando coragem para dizer: - Eu e o Scorpius... sabe... também não está dando certo.

- Então vocês terminaram? – perguntou Albus. Rose encarou o primo bem fundo nos olhos verde-vivo e sentiu vontade de beijá-lo e sentiu o coração bater mais forte ao perceber o que queria naquele momento. Ela respondeu:

- Talvez. Isso faz diferença para você? – Rose não pretendera falar isso, escapou-lhe dos lábios e de repente ela não sabia aonde enfiar o rosto. Albus pareceu igualmente encabulado, mas respondeu:

- Claro que não! – houve uma pausa e então ele acrescentou em um tom ameaçador – É que você é minha prima e se alguém a magoar... er... – acrescentou mais formalmente – Eu fui um idiota mesmo por pensar... quero dizer... me desculpe.

De repente Rose pulou em cima de Albus, abraçando-o fortemente e dizendo:

- Al, me desculpe também. Não quero nunca perder sua amizade, você é muito importante pra mim... sempre foi e sabe disso!! – Al riu da espontaneidade da prima. – Ah, você acha engraçado, é? – perguntou Rose levantando-se dos braços dele e o prendendo na cama cós suas pernas, começando a fazer cócegas no primo na barriga e no pescoço e axilas e cintura... o menino estava ficando sem ar.

- Pára, pára... Rose, por favor! – suplicava ele, gargalhando. – Eu vou-vou me-me vin-vingar! – e realmente conseguiu esticar uma mão até a barriga da prima e inverter o jogo.

Rose o soltou imediatamente e caiu do outro lado da cama e Albus aproveitou para prender as mãos dela e fazer cócegas na cintura da prima, que gargalhando, não conseguia falar nada, embora Albus tenha pensado escutar um “desculpa” no meio das risadas. Albus disse, rindo pela gargalhada contagiante de Rose:

- Diga “perdão, meu querido senhor”!

- Não! – gargalhou ela, pagando com mais cócegas por isso – Ok, ok! “Perdão, senhor”!

- Tem que ser “querido” senhor. – corrigiu-a ele, rindo alegremente também, enquanto fazia mais cócegas.

- Ok, ok, ok! Perdão meu querido senhor.

Ele parou e se afastou um pouco enquanto Rose arfava, recuperando o fôlego. Então se encararam intensamente. “Como os olhos dela são lindos” pensou Albus, mergulhando nos olhos azuis de Rose. A menina o abraçou de novo com força e, abraçados eles se esticaram na cama bagunçada de Albus e Rose encostou a cabeça no peito dele.

- Estava com muitas saudades de você, sua CDF. – brincou ele.

- Te adoro, Al. – disse ela mais séria, escutando o coração de Albus disparar. Então ela levantou a cabeça e encontrou os olhos do primo que tanto amava. – Eu já disse que seus olhos são lindos, Al?

- Os seus também são, Rose. – respondeu ele, sorrindo largamente. Rose se esticou um pouquinho e salpicou um beijo no rosto do primo, antes de voltar a apoiar a cabeça no peito dele e apertá-lo mais forte. Albus envolveu a prima com seus braços, retribuindo a intensidade daquele carinho.


**********************************************



N/A:

Oi gente, obrigada por todo o carinho que demonstraram nos comentários e vou pedir que continuem me dizendo o que acharam dos novos capítulos. Sinto muito mesmo a demora e postar, mas eu tive um ano de 2008 muito corrido e finalmente terminei a facul!! Uhhuulll *Praty comemora*... agora vai ser muito mais fácil me dedicar nessa fanfic, que pessoalmente eu amo (amei mesmo escrevê-la).

Bjs para todos e um felicíssimo 2009 cheio de realizações!!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.