Padecendo no Paraíso

Padecendo no Paraíso



Desde o dia em que conheceu a Sra. Weasley, após atravessar a barreira da plataforma 9 e 3/4 e ser apresentada à bondosa senhora por Rony depois do término de seu primeiro ano em Hogwarts; e poucas semanas depois ter conhecido o Sr Weasley nas escadarias do Gringotes no meio da confusão em que todos se certificavam que Harry estava bem, em suas primeiras férias da escola de Bruxaria, Hermione se sentiu à vontade no meio da família de Rony que, aos poucos, “adotou” ela e Harry. Em nenhum momento na lembrança de Hermione, amigos de qualquer um dos filhos Weasleys além de Rony haviam se hospedado tanto e por tanto tempo com essa família, como Harry e Hermione tinham sido tantas vezes “convocados”.

Sim, a família Weasley era a família de Hermione desde criança, que durante muito tempo se sentira solitária em sua vida trouxa pois não tinha irmãos, nem tios e muito menos primos. Tinha seus amados pais, mas que nem sempre eram tão calorosos como Arthur e Molly.

Agora Hermione tinha sua família: dois filhos lindos que eram seu orgulho, e seu Rony eterno... eterno amante, amado, amigo e muito companheiro. Hermione também tinha o resto da família Weasley que crescia cada vez a partir dos casamentos de Gui, Percy, Jorge e Gina... Gina e Harry. Hermione tinha Gina e Harry, sem a menor dúvida seus melhores amigos de todos os momentos. Hermione amava muito todos os seus sobrinhos do fundo do coração, mas era inevitável que amasse mais James, Albus e Lily, filhos de seus queridos amigos.

Na verdade a pequena parte da família Weasley de Rony e Hermione e a família Potter eram praticamente a mesma família amorosa. As crianças – de cada casal – não tinham dúvidas de quais eram seus tios e primos preferidos. Quase sempre juntas, as famílias passeavam, dormiam na casa um dos outros, etc. Mas, mais do que isso, eles se apoiavam muito. Realmente podiam contar uns com os outros para todos os motivos de risos e de choros.

De vez enquando os dois casais precisavam de tempo só para si e sempre podiam contar com o outro casal para cuidarem de seus filhos. Às vezes Rony e Hermione faziam uma viagem e deixavam Rose e Hugo por alguns dias aos cuidados de Gina e Harry. Outras vezes Harry e Gina tinham suas “luas-de-mel” e seus filhos ficavam com Rony e Hermione. Quase nunca esses dias de estendiam por mais de uma semana, e apesar de a saudades das crianças, os casais amavam ter um tempinho só pra eles e quanto às crianças, por mais saudades que tivessem, se divertiam tanto com os primos e tios, que quase não viam o tempo passar.

Era uma época em que Harry e Gina tinham ido passar uma semana na França, que Rony e Hermione mais se desentenderam com um de seus sobrinhos, aprendendo rápido um pouquinho da rebeldia adolescente.

Rony e Hermione tratavam seus sobrinhos com tanto amor quanto tratavam seus filhos. James, Albus e Lily sabiam que as temporadas na casa dos tios seria cheia de brincadeiras, doces, passeios, jogos, cócegas, histórias e músicas antes de ir pra cama, além de muitos beijos e abraços, exatamente como qualquer família saudável e feliz.

Desta vez eram férias em Hogwarts e depois de passarem um mês matando as saudades dos pais, os três Potters ficariam com os tios por uma semana e, depois, mais três semanas com os pais. Não iam nem sentir. Ao final das férias, Albus e Rose iam para o segundo ano e James para o terceiro. Hugo e Lily ainda tinham que esperar um ano antes de ingressar em Hogwarts.

Mas antes de partir com Harry, Gina tinha puxado Hermione para a cozinha em particular.

- Obrigada como sempre. – disse ela.

- Que é isso, Gina! Até parece... você sabe como é sempre uma diversão ter as crianças por aqui.

- Sei – riu Gina – Mas talvez você tenha um pouquinho de dor de cabeça com um rapazinho bem cabeça-dura – disse ela com um sorriso como se pedisse desculpas.

- James aprontou mais uma? – perguntou Hermione com um olhar compreensivo.

- Você o conhece: puxou os gêmeos na criatividade de aprontar, puxou Rony na criatividade de responder mal educado... – disse com um sorriso fraco.

- Você quer dizer que ele puxou a mãe, né? – sorriu Hermione.

- ... e puxou o Harry para se sentir independente e extravasar sempre que se sente pressionado. – concluiu ela. – E ele já tem 13 anos, não é mais um garotinho...

Elas se olharam por um tempo, então Gina contou:

- Ele trouxe uma carta de Hogwarts sobre como anda se comportando por lá. Eu e Harry sentamos para conversar com ele, mas James simplesmente não quer ouvir, foi muito respondão e começou a se exaltar e gritar quando dissemos que ele estava de castigo – disse ela com um misto de tristeza e zanga – Ele tinha nos pedido para ir numa festa de uma garota da classe dele e tínhamos permitido, O castigo foi que não poderia mais ir à festa. James começou a gritar conosco que não temos o direito de controlá-lo e um monte de coisas... e... bom, eu perdi a paciência, conjurei um chinelo de borracha com minha varinha e bati nele. – concluiu Gina, resumindo a pior parte.

Hermione percebeu que os olhos de Gina tinham se enchido de lágrimas.

- Gina... – disse numa voz compreensiva e cheia de carinho – Você sabe que às vezes os filhos nos levam a extremos... você mesma me contou, quando éramos amigas em Hogwarts, que Molly batia em vocês de vez enquando. Francamente, não é o fim do mundo! Eu mesma já tive que fazer isso e, pelo que sei, não é a primeira vez que James – ou qualquer de seus filhos – apanha.

- Você tem razão, Mione – disse Gina, permitindo as lágrimas escorrerem agora – Mas eu me descontrolei dessa vez... estava tão zangada que o Harry teve que tirá-lo de meu colo e então ele só ficou mais rebelde e chorava e gritava com todo o pulmão que me odiava.

- Gi, não fica assim... acha que eu nunca escutei o Hugo falar assim comigo? – e Gina deu uma pequena risada pelo nariz e disse:

- Não é isso... eu mesma já gritei isso para minha mãe... e lembro de uma vez que Rony gritava que odiava a mamãe enquanto esmurrava a porta do quarto dele... eu sei que é raiva do momento...

- Então o que foi? Por que está assim?

- Ele não nos mostrou a carta de Hogwarts por vontade própria. Harry encontrou Neville esses dias, que perguntou sobre a carta. Foi tão embaraçoso... nem sei se ele pretendia nos contar... talvez só em primeiro de setembro!

- Gina, ele é uma criança! – exclamou Hermione – É normal que esteja meio rebelde e que mereça umas palmadas... vocês já fizeram as pazes?

- Esse é o pior: foi tudo na noite passada. Nós o trancamos no quarto e quando escutamos que tinha se acalmado, Harry conversou com ele. Harry me contou que ele chorou, pediu desculpas, abraçou o pai, fizeram juras de amor... essas coisas que fazemos com os filhos depois de uma grande bronca. Mas eu não tive essa oportunidade pois eu estava muito zangada e ele ficou com muita raiva por eu ter batido nele. Estamos de viagem marcada e...

- Francamente, Gina! – exclamou Hermione novamente – Relaxa! Você e Harry merecem uma pausa... há quanto tempo não saem...??

- Hermione, eu sei! – disse a ruiva veemente – Mas sinto que estou abandonando o meu filho.

- Não estou te reconhecendo, Gi! Você é tão maternal! Sempre foi. Sabe o que fazer: se despeça dele como dos demais, diga que o ama mais do que é capaz de expressar olhando nos olhos dele e diga com firmeza que precisarão conversar melhor assim que você regressar.

- Você tem razão, Hermione, mas só estava desabafando... às vezes fica meio difícil... quero dizer... nunca fui mãe de adolescente! – riu ela como quem pede desculpas e, depois de uma pausa em que as duas se abraçaram: - é ótimo conversar com você, obrigada, viu? – as duas riram e Gina emendou – Você fica de olho nele pra mim, por favor?

- Precisa pedir? – disse Hermione num sorriso – Os dois olhos!!

- E fique atenta: a tal festa é nesta terça-feira.

Minutos depois, Hermione viu pelo canto do olho que Gina tinha seguido seu conselho.

Aquele dia foi especial por várias maneiras, pois Rony e Hermione tinham levado as crianças em um Parque de Diversão trouxa, onde todos tinham se divertido como nunca e James parecia positivamente descontraído e o mais orgulhoso quando foi o único das crianças que teve a permissão de Hermione de voar em um bungee-jump, desde que fosse com Rony, é claro. Isso proporcionou um momento inesquecível entre tio e sobrinho, embora Hugo tenha tido um pouco de ciúmes e, conseqüentemente emburrado, até Hermione levar todos a barraca de doces.

De noitinha, já em casa, Rony jogava Quadribol no jardim com as crianças enquanto Hermione fazia um delicioso jantar. E todos – inclusive Rony – voltaram para dentro resmungando quando Hermione os mandou entrar para se lavarem para o jantar.

As crianças apostaram corrida até o banheiro e Lily foi a primeira a entrar e se trancar no banheiro rindo.

- Abra a porta, Lily! – disse Rose no imperativo – Me deixe tomar banho com você!!

- Eu sou o próximo!! – exclamou Albus.

- Não, sou eu!! – retrucou Hugo.

- Isso terá que ser na corrida novamente – declarou James, ditando as regras.

Embaixo, na cozinha, Hermione começava a montar a salada quando Rony passou e roubou uma batata assada da travessa de carne e colocou na boca.

- Rony! – ralhou Hermione – A comida não está pronta...

- Está uma delícia, amor – respondeu ele, se aproximando e abraçando Hermione pelas costas e acrescentou em uma voz mais baixa – e você está muito sexy com esse avental.

- Hahaha – riu Hermione e, quando Rony começou a beijar o pescoço da esposa, ela acrescentou – Pára com isso Rony... você está todo suado...

- Assim é mais gostoso... – e começou a fazer cócegas na cintura de Hermione, enquanto beijava seu rosto e pescoço.

- Ai, pára com isso – Hermione ria, sendo torturada por cócegas – Rony, estou fazendo o jantar.

Mas Rony fez a esposa virar para encará-lo e a puxou para mais perto pela cintura.

- Só um beijinho – suplicou ele, beijando a mulher, que acabou não resistindo.

- Seu fedidinho... está todo suado!! – Hermione fingiu estar ralhando, mas estragando o efeito ao retribuir o beijo guloso do marido.

À mesa de jantar todos falavam alto e elogiavam a comida. Antes de irem para a cama, ainda brincaram na sala com jogos de tabuleiro e, finalmente, quando todos estavam deitados de alguma forma na cama de casal de Rony e Hermione, Hermione leu alguns dos contos que seus filhos e sobrinhos sabiam de cor, mas que simplesmente amavam escutar mais uma vez... er... mas desta vez era novidade para James, Rose e Albus, que já não escutavam histórias há um tempo considerável. Hermione não lia apenas os contos bruxos, como a coletânea de Beedle, o Bardo, mas também lia os contos trouxas como os contos dos irmãos Grimm e as histórias de Hans Christian Andersen.

Os dias transcorreram neste ritmo maravilhoso até terça-feira, quando James visivelmente emburrou e foi deitar-se mais cedo mal-humorado, reclamando de dor de cabeça.

Já passavam das onze horas da noite e Hermione escutava a respiração lenta e profunda de Rony ao seu lado, de vez enquando soltando um ronco: brincar com as crianças naquele ritmo era sempre magnífico, mas também muito exaustivo. E, além disso, no dia seguinte tinham combinado de ir ao Beco Diagonal fazer a compra do material escolar e passear um pouco.

Hermione estava desperta apesar do cansaço, apoiou o corpo no braço com a outra mão cariciou os cabelos lisos de seu lindo marido, assistindo o peito dele subir e descer com a respiração. “Meu amor...” pensou Hermione, enquanto ele se aconchegava em seu corpo, inconsciente ao entrelaçar as pernas com as pernas de Hermione e aproximar sua cabeça da mulher. Hermione se inclinou e beijou a testa de Rony, que apoiou a cabeça nos seios da mulher durante o sono e ela continuava a lhe fazer cafuné, tão apaixonada como se ainda fossem adolescentes, se tocando pela primeira vez...

De repente Hermione escutou um pequeno soluço de choro, ou talvez um gritinho abafado. Levantou-se cuidadosamente, desembaraçando-se de Rony, e foi até o quarto onde Albus e Lily dormiam e abriu a porta devagar, indo ao encontro de Lily que lhe estendia os braços súplices, mal contendo o choro.

Não querendo acordar Albus, Hermione pegou Lily no colo e saiu do quarto, fechando a porta com um aceno da varinha ao passar.

- Titia... titia... – soluçava a pequena nos braços de Hermione.

- Eu vou tomar uma caneca de chocolate, quer uma? – ofereceu Hermione carinhosamente.

- Quero – disse Lily.

Enquanto Lily tomava seu leite, Hermione perguntou com carinho:

- O que aconteceu, querida?

- Eu tive um pesadelo em que a morte vinha me dizer... vinha dizer... que ia levar a mamãe e o papai, o tio Rony e você e... e... – a pequena, que na verdade tinha 9 anos, soluçou e se agarrou em Hermione.

- Oh querida. – disse Hermione, abraçando a sobrinha – seus pais estão ótimos, tenho certeza. Você não falou com eles na lareira ainda na noite passada? E o tio Rony está lá em cima dormindo... quer dormir na nossa cama hoje? – convidou Hermione.

- Quero! – disse Lily, de repente radiante, mas pareceu murchar e disse – Mas o tio Rony ronca muito... você pode cantar pra mim aqui, primeiro? Por favor?

Hermione estava cambada, mas fez o que Lily te pedia, enquanto afagava os cabelos muito vermelhos da menina. Em poucos minutos, sua sobrinha dormiu em seu colo e, quase no momento seguinte, Hermione escutou passos leves e uma porta abrindo e fechando.

Em choque, viu James entrar sorrateiro na sala e estancar de repente ao ver a tia. E Hermione percebeu, com um súbito de compreensão, que James não foi emburrado pra cama às sete horas da noite e que tinha fugido e passado pelo menos umas 4 horas na festa proibida. Por que não tinha arrombado a porta do sobrinho ao ver que estava trancada? O que diria a Harry e Gina? Ela mesma teve vontade de bater no sobrinho-afilhado.

Hermione se levantou delicadamente para não acordar Lily e se dirigiu para James, que a encarou muito apreensivo, percebendo o que a tia í afazer e dando um passou atrás, mas não se atrevendo a fazer mais nada. Hermione levantou a mão direita e pegou a orelha de James com força.

- Ai ai ai ai ai... – resmungou James baixinho, pois sabia que se acordasse a irmã, ia provocar a ira de sua tia mais amorosa, mas também a mais brava quando perdia a paciência e, pra piorar, a única que era duplamente sua tia: não só por ser casada com o irmão de sua mãe, mas também por que sabia que sua tia e seu pai eram como irmãos um para o outro há séculos.

- Você, mocinho – disse ela entre dentes, apertando a orelha de James – vai me esperar aqui em baixo enquanto levo sua irmã pra cama, entendeu?

- Sim, senhora. – resmungou James, sentindo lágrimas de dor brotarem de seus olhos.

Quando Hermione voltou à sala, encontrou o sobrinho cabisbaixo sentado no sofá. Ela pensou como o menino lembrava Rony, tanto quanto Hugo, mas até com os olhos azuis, que eram herança de Arthur. Ela se sentou no sofá de frente e ele arriscou levantar a cabeça pra vê-la. Mas antes que pudesse falar qualquer coisa, Hermione falou:

- James, venha cá do meu lado pra conversarmos melhor. – e James fez cara de que Hermione anunciara sua execução. Andando o mais devagar que se atreveu, arrastando os pés, ele finalmente se sentou do lado da tia e se virou para encará-la de frente. Ela o olhava severamente e ele tentou:

- Titia...

- Não me venha com “titia”, James Sirius Potter! Você sabe a gravidade do que fez?

Ele não respondeu, mas continuou com a cabeça baixa. Depois de um tempo ele acabou quebrando o silêncio:

- Eu precisava ir, tia Hermione!

- Precisava? – perguntou ela com a voz sarcástica – Você tem idéia do que poderia ter acontecido? Como foi até lá sem usar magia? Ou você usou? E exatamente como chegou naquela festa e como voltou? Qual é o endereço de lá? Me conte toda a verdade mocinho!

- Era a festa de Elizabeth Robins da minha sala... todo mundo ia e a festa ainda está bombando... mas eu voltei mais cedo porquê não queria acordar vocês... – Hermione percebeu que ele estava quase chorando, provavelmente de medo e vergonha de ser apanhado no flagra. – Só usei a magia pra fugir do quarto e entrar pela porta, juro, titia – disse ele erguendo a cabeça para encará-la e lembrando com uma pontada de medo que ela era a Chefe do Departamento de Execução das Leis da Magia. Hermione levantou as sobrancelhas para ele, que continuou – Não fica muito longe daqui... na Rua das Tulipas logo abaixo... fui e voltei com minha vassoura... – ao terminar a frase, James sentiu o tapa de Hermione em sua coxa e arregalou os olhos pra ela.

- Você é mimado e egoísta! – disse Hermione duramente – Não pensou em sua segurança e nem se importou se nos preocupávamos se acontecesse alguma coisa de ruim! – ela se levantou exclamando – Ah! Se você fosse meu filho...

- Não se preocupe com isso, minha mãe vai fazer exatamente isso que você está pensando em fazer comigo agora: me matar! – disse ele meio rebelde e meio tristonho. Hermione o encarou e se lembrou da conversa que tivera com Gina, quis abraçar o sobrinho de repente; mas se controlou, tendo controlou, tendo consciência de que o estava repreendendo naquele momento.

- Vá para o seu quarto e não se atreva a sair de lá até amanhã, entendido?

- Sim, senhora. – disse James, parecendo surpreso, mas aliviado e acrescentou: - Você vai escrever para os meus pais?

- Você sabe que eu não vou incomodá-los na viagem – respondeu ela – Mas sabe também que eu vou contar. Agora vá pra cama!

~-~-~-~

No dia seguinte, enquanto ainda estavam na cama, Hermione contou tudo a Rony, que não ficou nada satisfeito.

Durante o passeio no Beco Diagonal, James estava o mais emburrado que podia, enquanto todos se divertiam.

Num determinado momento, quando todos estavam na Floreios e Borrões e Rose e Lily se divertiam com os cartões de presentes encantados – que cantavam, recitavam músicas de acordo com o que era escrito no mesmo e soltavam perfumes – Rony e Hermione perceberam que James tinha desaparecido. Hermione estava se cansando da rebeldia do sobrinho, mas imediatamente começou a se sentir responsabilizada... mas Rony disse a ela que esperasse com as crianças enquanto ele procurava James, imaginando com acerto aonde o sobrinho estaria.

Rony encontrou uma cabeça ruiva perto de uma vitrine na Travessa do Tranco. James gelou quando reconheceu o tio, mas Rony não pulou no pescoço do filho de seu melhor amigo.

- Eu também sentia curiosidade para vir aqui quando tinha sua idade. Achou alguma coisa interessante? – perguntou displicente.

- Na verdade não. – respondeu James, dando de ombro – Não é tão interessante assim...

- O que você esperava?

- Sei lá... trombar com Inferi os dementadores vagando...

- Isso não tem graça, Jay... você não sabe o que está falando!

- Foi você quem perguntou - respondeu James, com um sorrisinho sarcástico.

- Por que saiu de perto da gente, James, o que está acontecendo?

- Nada... só não estava gostado da companhia, se é que me entende...

- Jay... – disse Rony em tom de aviso – Não fala assim!! Somos sua família! Se tem um lugar pra onde você queria ir, era só nos pedir.

- Sei... encalacrado como estou... até parece.

- Você tem que melhorar suas atitudes, só isso! Sua tia me contou o que aconteceu ontem à noite...

- Sabia!

- O que você acha que seu pai vai dizer sobre isso? – perguntou Rony com uma fisgadinha de contrariedade com a provocação do sobrinho, mas ignorando.

- Vou ter que esperar pra ouvir! – responde mal educado.

- Bom, pelo jeito vai mesmo. E já que não encontrou o que queria, podemos ir agora? Sua tia está muito preocupada, você nos assustou.

- Sentiram a minha falta só agora? – James perguntou um pouco cínico.

- Eu sei o que você está fazendo, Jay, já tive a sua idade. Mas você não vai me tirar do sério agora.

- E se eu não quiser voltar com você? – perguntou atrevido. Rony sentiu-se irritado com o sobrinho e pensou que, se James respondesse assim para Harry, seu amigo provavelmente responderia “Quer dormir na rua? Fique a vontade e quando quiser voltar pra casa nos avise.” Mas se James fosse seu filho levaria um tapa na boca agora mesmo... mas Rony se controlou e segurou o braço do afilhado com firmeza, dizendo simplesmente “Vamos, nem que eu tenha que te arrastar até em casa.”

- Ah! Graças a Deus – disse Hermione abraçando James e lhe beijando o rosto quando ele e Rony voltaram pra livraria – Por que é tão difícil James? Por quê?

- Onde esteve, Jay? – perguntou Hugo curioso.

- Travessa do Tranco – disse James displicente balançando os ombros.

Hermione, que já soltara o sobrinho, olhou para Rony preocupada e o marido acenou com a cabeça, confirmando o que o sobrinho tinha dito.

- Travessa do Tranco?! Uau!! – Hugo pareceu assombrado.

- Que legal! – acrescentou Albus.

- Não é nada legal! – exclamou Hermione bem irritada e, depois mais baixo acrescentou para James: - Nós vamos ter uma conversa bem séria chegando em casa. – e o menino deu de ombros.

Depois de comprarem todo o material e tomarem sorvete, todos voltaram para casa e já era hora do jantar.

- Pessoal, quero que se revezem no banho enquanto Hermione prepara o jantar, beleza? – disse Rony, ao que todos concordaram e começaram a discutir quem iria tomar banho primeiro.

- E você pode nos esperar em seu quarto que jájá vamos subir para conversar. – disse Hermione para James. Mas o menino respondeu em tom de ameaça:

- Se vocês me trancarem lá, eu vou fugir de novo e desta vez não volto.

- Não fale assim conosco, moleque! Somos seus tios e seus responsáveis enquanto seus pais estão viajando. E, se você não nos respeitar por bem, juro que faço você nos respeitar. – disse Rony em uma voz bem severa, perdendo a pouca paciência e olhando firme para James – Vá par ao seu quarto! Sabemos que não vai fugir se sabe o que é bom pra você.

James fez cara de quem queria gritar com os tios, mas pareceu pensar melhor e subiu as escadas batendo os pés e as portas.

Rony e Hermione se encontraram sozinhos na cozinha. Ela olhou para o marido de esguelha, fingindo estar temerosa e fez Rony soltar um riso e envolver a mulher pela cintura, enquanto ela esticava os braços em seu pescoço.

- Nunca imaginei que teria mais trabalho com o filho de minha irmã e meu melhor amigo do que com o nosso próprio filho! – disse Rony.

- Não cante vitória antes da partida, Rony. – disse sombriamente Hermione.

- O que quer dizer?

- Que Hugo ainda não é pré-adolescente... acabou de fazer 10 anos e tem sinais de “Weasleyzice” muito fortes – disse Hermione risonha. Os dois se beijaram. E, passados os gloriosos momentos dos amassos, sentiram a alegria se esvair de dentro deles e se encararam sérios.

- Acho que deveríamos ir conversar com ele antes do jantar. – disse Hermione.

Existiam cinco quartos na casa de Rony e Hermione. Ah! Era uma linda casa grande e aconchegante sustentada facilmente já que o casal tinha condições muito mais favoráveis do que Molly e Arthur na época em que criavam os filhos. Afinal Hermione tinha um excelente salário trabalhando no Departamento de Execuções das Leis da Magia – o que tinha aumentado consideravelmente depois que fora promovida chefe do departamento. E Rony, além de Auror renomado do Ministério, era um ótimo homem de negócios nas Gemialidades Weasley junto com Jorge.

Um quarto para o casal, um para Rose, um para Hugo e teoricamente dois para hóspedes, mas na realidade eram praticamente um para Harry e Gina e outro para os três sobrinhos. Nesta temporada, James tinha conseguido ficar com o quarto só para si.

Quando Rony e Hermione entraram, James estava andando de lá para cá no quarto, mas parou ao ver os tios. Hermione fechou a porta atrás de si e James disse num supetão:

- Já está feito, ok? Fui na festa ontem e me diverti pra caramba... queria ter ficado mais, mas fui idiota já que vou ter que pagar o preço mesmo assim! E hoje... – suas orelhas estavam vermelhas.

- Hoje achou que dando um bom susto na gente iríamos aliviar a barra? – perguntou Rony severo.

- Vocês nem perceberam quando saí da livraria...

- Pára com isso! Pára de se sentir incompreendido. – disse Hermione quase gritando pra abafar a voz exaltada de James. – Você fez de propósito, não teria saído de nossas vistas no meio da rua!

- E se tiver feito? – perguntou o menino, se enchendo de coragem.

- James... – disse Rony em tom de aviso.

- Você estava de castigo! – exclamou Hermione – O que acha que seus pais vão falar disso? – houve uma pausa em que o sobrinho encarou a tia com a cabeça erguida e Hermione continuou – E quanto a Travessa do Tranco, mesmo não estando tão perigosa quanto antigamente, você tem idéia do que poderia ter acontecido??!!

- No máximo eu visitar aquelas lojas de produtos das Artes das Trevas. – respondeu ele.

- Você não sabe o que está falando! – exclamou Rony.

- O que, então? Pelo que sei vocês dois e meu pai já deram várias passadinhas por lá!! – exclamou James bem respondão.

- Eu deveria te dar uma surra!! – disse Hermione quase gritando.

James gelou, não duvidava nada disso, mas estava com tanta raiva que respondeu:

- Vai em frente! Não tenho medo de vocês!!

Hermione sentiu o desânimo a envolver... estava tão zangada que precisou respirar fundo pra se controlar. E quanto a James, já tinha se arrependido do que falara e encarava Rony enquanto andava de ré até encostar-se à parede.

Hermione percebeu que Rony estava desafivelando o cinto de couro que estava usando. Se marido disse com a voz controlada para James:

- Eu vou te ensinar a ter respeito por seus tios! Você está indo longe demais, garoto!

- Não titio... – suplicou James numa vozinha embargada – Não... por favor... titio... sinto muito.

Hermione pegou uma das mãos de Rony que quase já tinha desafivelado o cinto e sussurrou encarando-o nos olhos.

- Não, querido. – ela foi delicada, mas firme.

- Hermione, eu não vou deixar ele falar assim conosco!

- Tudo bem. – disse ela – Eu vou falar com ele. Por favor veja como as crianças estão no banho.

Rony pareceu indignado, mas conseguiu se controlar e saiu do quarto. No momento em que a porta se fechou, James começou a chorar com vontade e se sentou na cama. Hermione sentou-se ao lado dele e disse:

- Pare de chorar. Você não tem nenhum motivo.

- Ne-nenhum mo-motivo? – perguntou o menino.

- O que está acontecendo com você, querido? – disse Hermione mais docemente.

- Nin-ninguém me-me entende! – choramingou ele – Eu não-nã-não faço nada de errado na es-es-escola! Eu só me divirto e-e tenho boas notas e... e...

- Entãp por que não mostrou a carta aos seus pais assim que chegou para as férias?

- Por-por-porquê eles me-me odeiam e...

- Pára com isso, James. – disse Hermione severamente.

- É-é-é verdade! Eu sa-sabia-a que ia-ia... que ela-ela... que ela ia me bater!

- Achei que vocês tivessem feito as pazes, não? Antes de vir pra cá?

- Bo-bom... papai conversou comigo e tals... mas disse que eu continuava de castigo e... e minha mãe me odeia...

- Você sabe que isso não é verdade! Está agindo como se tivesse cinco anos de idade, James! Você sabe que a Gina te ama de todo o coração.

James continuava soluçando e Hermione contou:

- Você sabe que seu pai é órfão desde quando tinha um ano de idade, né? Sabe que ele nunca teve um pai e uma mãe carinhosos para cuidarem dele, contarem histórias, perguntar como anda na escola, passar a noite a seu lado quando está doente, levar para passear e ampará-lo de qualquer outra forma. Não sabe?

- O-oquê isso tem a-a ver? – perguntou James.

- Tem a ver porquê eu tenho certeza que você nunca foi rejeitado quando quis um colo de seus pais, que teve festas maravilhosas de aniversário... você sabia que quando eu conheci o seu pai, ele nem gostava de comemorar o aniversário dele? Pois não tinha família! Você, Jay, faz parte de uma família enorme e divertida, com tios e primos, avós... você não sabe o que está dizendo, Jay!! Seus pais te amam mais do que tudo... e, se ficam bravos de vez enquando, isso não significa que te amam menos. Você já parou para pensar em como está agindo?

James parara de chorar e tinha os olhos arregalados para a tia e, ao ouvir a pergunta de Hermione, baixou os olhos e respondeu muito triste:

- Eu sei que eles me amam... mas estou sempre levando bronca...

- Nem sempre, James. E, além disso, você sabe muito bem quando está indo longe demais.

- A mamãe nem veio falar comigo na sexta quando... – suas orelhas voltaram a ficar vermelhas – quando... a gente brigou.

- Gina me contou que você não queria falar com ela.

- Eu não queria, mas...

- Ela te ama, Jay. Você pode guardar segredo?

- Posso. – disse James, levemente entusiasmado.

- Sua mãe chorou ao me contar que vocês tinham brigado... ela acha que se zangou muito e, por isso, se arrependeu um pouquinho.

- Sério?
- Uhum.

- Você acha que ela vai ficar muito possessa quando descobrir que eu desobedeci ao castigo, tia?

- Conhecendo-a bem como conheço, tenho certeza. Mas acho que o meu jeito de contar para eles pode interferir um pouco. – Hermione sorriu para o sobrinho.

- E você, titia, ainda está brava?

- Mais ou menos. – disse num sorriso severo.

- Me desculpe, tia Hermione... – disse James sem encará-la.

- Mas é claro que sim! – disse Hermione, puxando James para um abraço apertado.

- Te adoro, titia.

O jantar aquela noite foi um evento um tanto melancólico. Rony insistiu que James estava de castigo e, portanto, Hermione levou o jantar pro menino no quarto. Albus, Lily, Rose e Hugo sentiram a atmosfera pesada com a cara de bravo de Rony, portanto conversaram pouco. E Hermione, apenas pelo olhar de fuzilamento que Rony lhe lançou, percebeu que o marido ainda estava muito irritado.

Mais tarde, quando todas as crianças dormiam em suas respectivas camas e Rony e Hermione se encontravam sozinhos em seu quarto, Rony se virou para Hermione irritado, enquanto ela vestia uma camisola leve.

- Nunca mais tire a minha autoridade na frente de qualquer um de nossos filhos ou sobrinhos.

- Eu não tirei a sua autoridade, Rony! – exclamou ela meio chocada e meio exasperada – James não vai t respeitar menos por causa disso.

- Como é capaz de saber isso??!!

- Ele não precisava apanhar naquela hora... ele precisava de colo. Assim que você saiu ele caiu no choro e então...

A conversa foi resumida rapidamente. Quando Hermione terminou houve uma pausa meio incômoda. Rony se deitou na cama em silêncio, pensativo e Hermione se deitou ao lado dele e se aproximou.

- Mas-que-maridinho-emburrado-eu-tenho. – disse ela, fazendo duas perninhas com seus dedos caminharem pelo tórax de Rony e, ao alcançarem seu queixo, com delicadeza fez o rosto dele se virar para ela. Eles se encararam, um mergulhando no olhar do outro. Até que Rony disse:

- Você tem razão... acho que teria me arrependido muito se tivesse batido nele. É só que fiquei tão zangado... mas nós não somos os pais dele independente da liberdade que temos com Harry e Gina...

Hermione sentiu seu coração inchar de amor pelo marido e, com um sorriso travesso, disse:

- Chega de falarmos de problemas. – Ela se aproximou de Rony e o beijou e, enquanto se beijavam, ela levantou a camisola para permitir que suas pernas tivessem movimento e sentou em cima de Rony com uma perna de cada lado, enquanto ele aproveitava que a camisola dela estava mais curta e enfiava as mãos por baixo da roupa, apertando suas costas com uma mão e acariciando seus seios com a outra. Hermione mergulhava os dedos por baixo dos lençóis a apertava devagar cada pedacinho de Rony que encontrava. Hermione desviou os beijos dos lábios de seu marido para o pescoço e ombro dele, de vez enquando dando uma mordidinha ou chupadinha na pele macia dele. E Rony, ao ver que a nuca de sua mulher estava a sua disposição, enfiou seu rosto lá, fazendo seu queixo mal barbado roçar em Hermione e, ao fazer isso, sentir sua esposa se arrepiar inteira por baixo de seu toque...

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