Entre Quatro Paredes



Capítulo IV – Entre quatro paredes



"Maybe I just wanna fly

Wanna live don't wanna die

Maybe I just wanna breath

Maybe I just don't believe

Maybe you're the same as me

We see things they'll never see

You and I are gonna live forever"

Oasis – Live Forever




Hermione juntou todo o arsenal trouxa que possuía no seu armário. Roupas, sapatos, acessórias lotaram, facilmente uma enorme mala. Ela se aprontava como se estivesse prestes a ser entregue aos Dementadores. Estava cansada, com sono e muito, muito contrariada. Uma coisa era ter que aceitar Harry Potter na sua mesma cidade e outra totalmente diferente e desagradável era ter que trabalhar com ele, e o que é pior, em uma missão. Vinte e quatro horas de contato diário... Seria aquilo alguma provação pela qual tinha que passar? Terminou de se aprontar e arrastando a mala de cima da cama para o chão, aparatou na sala de Gina.

A ruiva morava em um aconchegante apartamento próximo ao Ministério. Haviam combinado de ir juntas ao aeroporto onde Harry e Draco as esperariam. Quem terminasse de arrumar tudo primeiro aparatava na casa da outra, e , como Hermione mal tinha comido e não teve a menor paciência para se arrumar com minúcia, lá estava ela. Caminhou até o quarto e encontrou Gina atolada em uma pilha de roupas, arquejando de cansaço.

- Já está pronta? Como você pode já estar pronta?? – perguntou a mulher espantada, Hermione jogou-se na cama de Gina expirando afobada.

- Não tinha muito para aprontar... – respondeu desinteressada.

- Mione... Que cara é essa? – indagou espremendo os olhos.

- Nossa... Está tão ruim assim? Não tive saco pra passar alguma coisa nela...

- Deixa de doce...

- Não é “doce” Ginny... É apenas um forte desânimo por ter que fazer o que estamos fazendo... É uma desgraça...

- Que exagero! Também não é o fim do mundo... – disse sem muita certeza.

- Não é? Meu Deus... Nós quatro passamos apenas alguns minutos sozinhos numa sala e... Você viu o que aconteceu... Dispensa comentários, mas se eu tivesse que fazer um, diria apenas: Catastrófico! – falou Hermione tragicamente, Gina riu.

- Pois eu diria: engraçado...

- Talvez tenha sido... Mas esse foi apenas um efeito colateral da droga generalizada que aquilo se tornou. – retorquiu dramática. Gina fechou a mala com dificuldade e sentou-se do lado da amiga.

- Tente ver o lado bom das coisas...

- Eu tentaria, se houvesse um!

- Claro que há... Qual é Mione... Estamos indo para a Itália daqui a pouco, vai ser legal!

- Não vai não...

- Vai sim... Vamos nos divertir e quer saber mais... Vamos achar esses “borrões” pro Lupin em dois tempos, aí podemos entrar de férias, ficamos por lá mesmo. Realiza: nós duas e todos aqueles italianos belíssimos pelas cidades mais românticas do mundo? – disse a ruiva animadamente, Hermione sorriu relutante.

- Gostei dessa perspectiva... – concluiu Hermione parecendo ver uma luz diante dos olhos.

- Eu sabia... - começou a ruiva se levantando. – Então como eu estou? – indagou olhando para si mesma.

- Uma trouxa. – respondeu Hermione após refletir um pouco.

- Perfeito! Vamos nessa o táxi já está esperando lá embaixo... – completou jogando num toque de varinha todas as roupas espalhadas no chão de volta ao armário.



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Harry estava recostado em um dos balcões do aeroporto de Londres esperando Gina e Hermione para que fizessem a passagem dos bilhetes. Havia se caracterizado no seu melhor estilo trouxa, jaqueta e calça jeans em tom azul e uma camiseta branca. Visivelmente aborrecido pelos motivos de estar fazendo aquela viagem, ele comia um chocolate, enquanto Draco, lia concentradamente um guia turístico sobre a Itália, ele lembrava um intelectual integrante de alguma banda de rock’n’roll britânica com seu gorro cinza e roupas despojadas. Harry rezava em silêncio para que a missão terminasse o quanto antes, embora, tivesse certeza de como isso seria difícil. Na verdade não se encontrava num estado emocional apropriado nem para uma partida de xadrez. O último “contato” com Hermione havia sido mais que suficiente para provar que ele estava abalado, e muito. E isto, era péssimo.

- “Roma foi a grande cidade do final da antiguidade e início da era cristã. Foi para o Império Romano o que Londres foi para o Reino Unido ou Nova Iorque para os Estados Unidos”. Hum! Ouviu isso Potter?

- Me chame de Vallon, e é realmente desagradável ter que humilhar o seu “vasto” conhecimento geográfico, mas, nós não vamos nem chegar perto de Roma. – disse Harry friamente, Malfoy sorriu.

- Você é um saco Potter! Eu juro que posso entender por que a Granger te deixou... – retrucou o loiro com o tom de voz mais baixo folheando o livro. Harry o mirou incrédulo.

- O que disse?

- Você ouviu. – respondeu Draco interessado na página sobre o litoral italiano, mas aguardando que Harry o esmurrasse a qualquer momento. Para sua surpresa ele não pronunciou uma palavra sequer e ficou em silêncio pelos dez minutos seguintes. – Também não precisa entrar em semivida, foi só um comentário... – disse relutante baixando ainda mais o tom da voz.

Harry apenas expirou pesadamente, não havia dito nada ou mesmo azarado Malfoy por intimamente achar que ele em parte, estava certo. Antes ficar calado, do que ter que concordar com Draco, principalmente quando se tratava de um assunto tão pessoal e doloroso. Vai ver ele realmente tinha sido um saco, tendo sonhos, crises de mau-humor, dores de cabeça, colocando os amigos e namorada constantemente em perigo enquanto ainda enfrentava um poderoso bruxo das trevas que tentava lhe matar. De fato, ele era um saco. Como havia se transformado naquilo? Boa pergunta. Pelo menos Draco não insistiu no assunto, apesar de não se baterem, a convivência fez com que no mínimo soubessem respeitar os limites um do outro. Os dois permaneceram em silêncio até que Gina e Hermione chegaram. Harry as avistou de longe, vinham lado a lado empurrando as bagagens, Gina vestia uma blusa manga três quartos rosa e calça de brim, e Hermione regata branca, calça jeans azul e uma jaqueta de couro preta.

- Estão atrasadas. – disse Malfoy antes que uma das duas pudesse falar algo.

- Boa tarde para você também... – começou Gina pegando o passaporte da mão de Draco e lendo... –...Billy. Que nome patético!

- É um bom nome... – defendeu-se o loiro orgulhoso – Mas vejo eu nosso querido chefe continua favorecendo as damas, Christina... – concluiu balançando um outro passaporte na frente de Gina.

- O quê? Christina? Eu havia pedido ao Lupin para me colocar de Cher! – bradou a ruiva indignada conferindo passaporte, Malfoy resmungou algo inteligível. Harry olhou para Hermione rindo e entregou o passaporte para ela. A mulher pegou o documento confusa e só então entendeu o que era tão engraçado.

- Oh não... – disse Hermione num lamento. – Eu acho que ele se confundiu Ginny... Eu sou Cher...

- Ridículo! – zombou Draco rindo alto.

- Cala a boca Billy! – brigou Hermione embora sorrisse para o loiro.

- Hermione assim que terminar aquela festa eu serei Cher ok? – disse a ruiva imperativa.

- Como quiser...

- Podemos ir nesse milênio? – pediu Harry abrindo os braços.

Os outros três assentiram se dirigindo para a atendente no balcão do aeroporto. Aguardaram em silêncio duas pessoas que estavam na fila serem atendidas. Harry comeu o último pedaço de seu chocolate quando a sorridente recepcionista os chamou. Hermione estava do seu lado esquerdo e parecia muito interessada na decoração em uma das lojas próxima a eles.

- Boa tarde! – cumprimentou a moça loira estendendo a mão para pegar os documentos da mão de Harry.

- Olá, boa tarde! – respondeu o moreno entregando os passaportes e as passagens para a mulher.

- Senhor... Damon Vallon... Oh, Itália... – começou a moça sorrindo irritantemente para Harry enquanto digitava algo no computador. Hermione expirou pesadamente pensando “Que flerte mais descarado!”. Naquele exato momento a garota loira parou de sorrir e olhou para Hermione – Ah, e a Senhora Cher Vallon...

- É, sou eu. – disse Hermione sorrindo amarelo.

- Tão jovens, e já casados?

- Sim, somos... Jovens e casados! – afirmou Harry esbanjando simpatia.

- Um grande acidente de percurso... – comentou Hermione num lamento, Harry cresceu os olhos surpreso. – Estaremos separados no fim dessa viagem, oficialmente eu quero dizer... – afirmou animadamente recebendo de volta os documentos da moça agora desconcertada – Sabe como é... Ganhamos essa viagem num programa de televisão, mas o casamento já acabou, se estiver interessada ele está disponível! – concluiu dando uma piscadela. Harry riu perplexo sacudindo a cabeça.

- Ela só está brincando... – justificou ainda sorrindo e murmurando para Hermione em seguida: - Amor... Não precisa ficar com ciúmes...

A recepcionista olhou constrangida de Harry para Hermione finalmente falando:

- Embarque no portão D3 daqui a 45 minutos.

- Vamos lá eu sei que você gostou, não seja tímida dê seu número pra ele.

- Senhora, eu não...

- Não ligue... – disse Harry puxando a “esposa” pelo antebraço – Ela está... Na TPM!

A moça loira acompanhou o casal com os olhos, envergonhada.

- Você é muito engraçadinha sabe... – comentou Harry enquanto caminhavam lado a lado.

- Perfeitamente! Só não pensei que você fosse dar o braço a torcer tão rapidamente... – respondeu entre risos.

- O que você pretendia? Estragar o nosso disfarce? Porque se era isso, está de parabéns!

- Não seja tão ingrato! Ela ficou afim de você... – disse a mulher falsamente ofendida quando os dois haviam chegado em uma fileira de cadeiras próximas ao portão D3. Harry gargalhou.

- Você anda vendo coisas... Está pirada!

- Ah, como ele é inocente... Você não viu a cara dela quando descobriu que éramos casados?

- Não... – respondeu perplexo. – Ela só ficou surpresa...

- Decepcionada.

- Não foi nada disso... – negou.

- Eu não acredito que você continua com essa mania horrível!

- Que mania??

- De fechar os olhos para esses flertes explícitos e ultrajantes, pelo amor de Deus!

- Não tenho culpa se você continua vendo maldade em tudo e em todos... Ciumenta! – retorquiu.

- Corta essa! – começou ligeiramente corada. – Eu estava te ajudando ali... Se você não tivesse atrapalhado, ela teria dado o número e você veria como eu tenho razão.

- E quem disse que eu queria o número dela?

- Não queria? – indagou a mulher parecendo exageradamente surpresa.

- Ela era muito... Loira... – respondeu fazendo uma careta.

- O que você tem contra loiras?

- Nada... Só não achei algo melhor para dizer. De qualquer modo ela não me pareceu interessante.

- Poderia pelo menos entrar no clima, você não era obrigado a sair com ela. Era só para confirmar que ela estava flertando, e o pior, com um homem casado - completou catastroficamente.

Harry sorriu. O lapso de memória que ele mesmo havia criado para não lembrar o quanto Hermione conseguia ser divertida acabara de sucumbir. O fato de ter conseguido ficar sozinho com ela e ainda ter um diálogo razoável sem que estivessem se agredindo ou lembrando constantemente das feridas do passado o havia deixado feliz, e isto era perigoso. E o perigo aumentaria na medida que ele prolongasse aquele sorriso. Felizmente ele não precisou se preocupar em parar de sorrir, pois sua atenção foi imediatamente roubada pela barulhenta chegada de Draco e Gina.

- Como você consegue ser tão desagradável?! – bradou a ruiva empurrando Draco ao chegarem perto dos outros dois, o loiro por sua vez gargalhava descontroladamente.

- O que houve? – indagou Hermione curiosa.

- Eu simplesmente não vou conseguir ficar sequer quinze minutos casada com esse OGRO! – berrou Gina aborrecida.

- O que ele fez?? – perguntou Harry igualmente interessado.

- Eu... Não... Fiz... Nada – disse Draco ofegante.

- Realmente ele não fez nada além do que o normal, você deve saber o que estou querendo dizer Harry...

- Eu sei... Perfeitamente! – concordou Harry, Draco o olhou incrédulo, Hermione riu.

- Você está mal no filme Billy... – zombou Hermione, enquanto Draco sacudiu a cabeça voltando abrir seu guia da Itália, interessado. Gina parou os olhos sobre o loiro e teve um sobressalto. Ela foi ate ele subitamente.

- Oh!! Eu preciso ver isso! – exclamou tomando agressivamente o pequeno livro da mão de Draco e sentando-se ao lado dele. O loiro olhou para as mãos vazias desacreditado.

- Ah claro... – começou com indignação. – Terei o maior prazer em te emprestar... – concluiu irônico, mas Gina não pareceu ouvir.

- Estou faminta, vou comer algo... – disse Hermione levantando-se.

- Eu perdi a vontade de ler sabe... – comentou Draco encarando Gina, ainda absorta no guia, Harry riu. – Vou com você Granger.

Hermione assentiu e os dois começaram a caminhar na direção de uma aconchegante lanchonete que ela já havia analisado com os olhos ao chegarem no aeroporto. Não havia conseguido almoçar direito e as conseqüências já começavam a se manifestar em seu estômago. Ainda estavam em silêncio ao chegar no balcão, até que Malfoy olhou para o local onde Harry e Gina estavam resolvendo falar.

- A Weasley me irrita às vezes... – disse o loiro, embora parecesse estar falando com si mesmo e não a Hermione. Ela apenas sorriu pegando o cardápio.

- Acho que nós todos irritamos uns aos outros por aqui... – retrucou sinceramente.

- Tem razão.

Hermione pediu uma fatia de torta de chocolate e um café, Draco a acompanhou. Já saboreavam o prato quando o loiro voltou a falar.

- Uma coisa interessante que acabei de notar... – começou, Hermione o olhou interessada. – Eu não serei a pessoa que mais vai te irritar dessa vez, Granger... Isto é bizarro! – concluiu dramático, Hermione riu.

Draco tomou o último gole de seu café, Hermione ainda devorava sua fatia de torta, se esforçando para falar enquanto fazia isso.

- Você não tem me irritado de verdade há muito tempo Draco... – admitiu a mulher.

- É... Passamos anos tendo impressões equivocadas um do outro, acaba de me ocorrer que nem nos conhecemos direito! – disse Draco quase num murmúrio, se ele não tivesse se aproximado mais ela sequer teria ouvido.

Hermione considerou o que ele acabara de dizer, isso bem era verdade, o que não tornava menos estranho estar tendo aquela conversa com Malfoy. Ela apenas acenou positivamente com a cabeça.

- Acho que seria uma ótima idéia... – começou Draco, novamente sussurrando. -... Nos conhecermos, de verdade.

Hermione franziu a testa confusa tomando um gole de café.

- Quer dizer... Moramos na mesma cidade agora... Poderíamos sair mais vezes... Juntos. Eu conheço ótimos locais em Londres... – continuou o loiro naturalmente, finalmente percebendo as “intenções” de Draco, Hermione riu baixinho. Ele parou de falar e a olhou confuso. – O que foi?

- Você está dando em cima de mim? – indagou sem conseguir parar de rir. Draco a olhou envergonhado.

- Não! – negou seriamente – Eu não falei nesse sentido Hermione, porque você sempre te que deduzir o pior de tudo? – concluiu com voz sincera, Hermione parou de sorrir.

- Ah... O pior né...

- N-não... Não seria o pior, eu só quis dizer que não havia maldade na minha sugestão... – titubeou, Hermione voltou a sorrir ao notar o quanto ele parecia atrapalhado. – Eu não estava dando em cima de você...

- Não estava?

- Não... Você não é o tipo de garota que eu dou em cima...

- Não sou? – disse Hermione agora em tom zombeteiro.

- O que eu quis dizer... Foi que eu não costumo simplesmente dar em cima de garotas assim como você, porque geralmente garotas como você não se convenceriam... – respondeu Draco muito corado. – Agora, por favor, não me diga que entendeu tudo errado!

- Tudo bem... – disse a mulher ainda rindo, Draco retribuiu.

- Você é fogo, Hermione... E definitivamente gosta de chocolate – falou o homem umedecendo um guardanapo em água.

- O quê?

- Você tem chocolate na bochecha... – respondeu sorrindo e limpando lentamente o local.



...





Harry respirou fundo de sua cadeira e aparentemente isso havia feito algum barulho, pois Gina parecia ter despertado e sua leitura e o encarou.

- Você parece tenso...

- Eu só... Estou me sentindo um pouco... Sufocado...- desabafou.

- É a Hermione? – indagou diretamente.

- Não... – negou sem muita certeza – Não exatamente, é só tudo isso... Estar de volta.

Gina o observou, apreensiva. – Vai ficar tudo bem... relaxe

Ela estava sentada em uma fileira perpendicular à de Harry e definitivamente havia desistido de ler sobre a Itália.

- Você passou muito tempo longe... É normal que se sinta estranho voltando de uma hora para outra...

- Aparentemente tudo o que possa fazer um ser humano se sentir mal ou estranho é normal para mim... – disse Harry sorrindo amarguradamente.

- Não é culpa sua.

- Acho que devo tentar me... – começou, desviando seu olhar de Gina para o balcão onde Draco e Hermione estavam. Ele parou de falar ao reparar que os dois sorriam um para o outro e logo em seguida Malfoy passou a acariciar carinhosamente a face de Hermione. -... Está rolando alguma coisa que eu não saiba?

- O que... – disse Gina mirando o local que Harry ainda observava e levantando lentamente a sobrancelha.

- Ginny? – perguntou voltando a encarar a ruiva. – Sim ou não?

- Eu... Não sei... – respondeu Gina confusa.

Hermione e Draco ainda sorriam quando se juntaram aos dois. Ela sentou-se satisfeita de frente para Harry e Draco ao lado de Gina. Os dois iniciaram uma pequena disputa pelo livro da Itália. Harry parecia concentrado em seus pensamentos. Ele tinha os cotovelos sobre as coxas e o queixo apoiado nas costas das mãos enlaçadas. Por um longo instante Hermione cruzou seu olhar com o dele, que parecia acusador e irritado, totalmente diferente de minutos antes. Era fixo, gelado, indecifrável e a deixava desconfortável e vulnerável. Ele não parecia querer desviar e Hermione não se daria por vencida, o que tornou o clima bem pesado por ali.

“Sr. Damon Vallon, comparecer ao balcão de informações leste... Sr Damon Vallon, balcão de informações leste”

- Potter! – chamou Malfoy, Harry o encarou irritado.

- O quê?

- É você... Estão chamando no alto falante, Damon Vallon, não ouviu? – comunicou o loiro, Harry acenou negativamente com a cabeça. – Balcão Leste.

Harry se levantou em silêncio e saiu na direção indicada. Os três se entreolharam intrigados, mas permaneceram calados. Harry retornou momentos depois, tinha um envelope branco na mão e a mesma expressão fria na face.

- O que era? – perguntou Gina interessada.

- Eu não sei, me entregaram isso.

- Veja o que é... – sugeriu Draco.

Harry abriu o envelope e tirou de dentro um pedaço de papel. Passou os olhos pelas palavras escritas depois mirando os colegas.

- É do Lupin. – murmurou.

- O que diz? – indagou Hermione.

- “Olá crianças, pequena mudança de planos. Vocês não irão mais de Milão para Turim de trem. Haverá um automóvel esperando, ficará com vocês durante toda a viagem, achei que tornaria as coisas mais fáceis. Aguardem por novas instruções no hotel. Lupin”.

- Mais fáceis?? – indagou Draco perplexo.

- Ele achou teríamos mais liberdade para locomoção assim, Malfoy... – explicou Gina. – Faz sentido.

- Não faz nenhum sentido Gina, teríamos mais liberdade de locomoção aparatando...

- Estamos disfarçados Malfoy, tente se lembrar disso. – completou Harry olhando o envelope mais atentamente. Ele abriu um tímido sorriso e entregou em silêncio um papel para Hermione.

Um mínimo bilhete tinha as seguintes palavras escritas: “Becky – 3233-2520”. Ela levantou a sobrancelha e o guardou no envelope com cuidado murmurando para Harry: - Bom proveito...

- Porque temos que nos disfarçar de trouxas? O que custava ele nos arranjar uma identidade bruxa qualquer, por mais brega que fosse... – reclamou Malfoy trazendo novamente os holofotes para si.

- Você seria facilmente descoberto, não existe outro ser no mundo mágico com o ego do tamanho do seu, Malfoy... – zombou Harry irônico, Draco sorriu amarelo. – Vamos indo, ou perderemos o avião...

- Que bom que você mencionou o avião, Potter. Acabou de me ocorrer que tenho que fazer um lembrete para vocês três.

Todos pararam de caminhar e encararam Draco.

- Queria pedir, para vocês controlarem suas emoções e não explodirem aquele avião, em respeito aos passageiros trouxas presentes lá e...

- Cai na real, Malfoy... – começou Gina rindo.

- Eu falo sério Weasley!

- Ah é mesmo? Então escuta só o meu lembrete: Tente não falar nenhuma asneira como essa ou as chances daquele avião explodir serão bem maiores...

- Muito engraçado...

- Sabe o que é mais engraçado? O foco da explosão, que vai ser bem na poltrona ao meu lado! Você, um Malfoy elegantemente torrado, antes que pudesse pensar em aparatar. Seria hilário não?

Draco parou relutantemente de sorrir e não disse mais nada até o embarque. Harry permaneceu em silêncio durante a maior parte da viagem. Hermione resolveu aproveitar para tentar esquecer que ele estava ao seu lado; fechou os olhos com o intuito de tirar um cochilo e tentar amenizar o sono que havia lhe abatido. Ela não sabia, ou pelo menos não tinha certeza, mas Harry a observava, em cada detalhe, impressionado com aquilo o distraía. Ela respirava tranqüilamente, suspirando apenas algumas vezes como que apreciando o semi-sono, ou abrindo um discreto e silencioso sorriso ao ouvir algo engraçado dito por Draco ou Gina.

-... Tinha praticamente uma dúzia de bruxos armados...

- Ah era?

-... E vinham feitiços de todos os lados, eu realmente pensei na chance real de morrer, mas aí com um único feitiço, eu os deixei soterrados em escombros!

- E depois você acordou né Malfoy? – zombou Gina muito séria, Draco revirou os olhos.

- Hey, É verdade... – protestou ofendido.

- Humrum, claro... Gilderoy Lockhart tem um grande concorrente...

Harry sorriu, mesmo a história sendo verdadeira, parecia duplamente fantástica sendo contada por um “ego ambulante” como Draco Malfoy. Só não teve certeza se o sorriso se devia ao diálogo dos dois ou se porque novamente olhava para Hermione adormecida. Isso se tornou a segunda coisa perigosa do dia, quando ele notou que nem de longe conseguia sentir raiva ou desprezo pela mulher ao seu lado. Ele massageou as têmporas nervosamente e respirou fundo. Era mais que perigoso, era desesperador, pois ele ainda não era hipócrita o suficiente para fingir não saber o que estava sentindo, era algo bem familiar, e o pior, era óbvio.



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- Que maravilha... – começou Draco Malfoy no portão do Aeroporto Internacional de Milão. – Nenhum de nós fala italiano!

- Malfoy... Você é só um turista, e não um imigrante, portanto, tente falar a nossa língua direito que já está de bom tamanho! – sibilou Gina colocando os óculos escuros. – Eu realmente adoro essa cidade!

- Olha só... Eu dirijo... –comentou Hermione sorrindo para o rapaz loiro e tímido que segurava uma placa com os nomes “Vallon/Crocker” escritos ao lado de um majestoso Mercedes.

- Puxa... ele mandou bem... – afirmou Harry impressionado.

Hermione agarrou as chaves e se despediu do recepcionista. Draco já estava se dirigindo para o banco da direta quando Gina o interrompeu.

- Tsc tsc... Rapazes no banco de trás...

Ele pensou em protestar, mas a ruiva já havia entrado e fechado a porta atrás de si. Draco olhou para Harry perplexo.

- Ainda seremos levados por elas? – perguntou incrédulo.

- Relaxa Billy... – brincou Harry adentrando no veículo.

- Humilhante! – exclamou antes de imitar o moreno.

- O que é humilhante Malfoy? Você ter que fazer parte de uma sociedade matriarcal nos próximos dias?

- Há há há.... Engraçada hein?

- Então espertinha, - começou Harry mirando Hermione no volante - pode me explicar como vamos chegar a Turim? Não estamos em Nothing Hill caso não tenham reparado... Outra cidade, outras ruas sabe?

- Não diga! Potter, essa sua dedução tão lógica é fruto da convivência com o Malfoy? – indagou Hermione irônica.

- Potter tem razão! Eu sabia desde o início que esta idéia do Chief tinha sido péssima, nem conhecemos essas cidades direito! – protestou o loiro desesperadamente. Hermione respirou fundo encostando a testa no volante.

- Eu mereço... Gina, por favor...

- Pode deixar Mione... – disse Gina pegando um pedaço de pergaminho de suas vestes.

- Ah... Não me diga que irão usar um mapa? – zombou Draco, Harry riu. – Mas que grande idéia! – ironizou.

- Francamente... Vocês ainda deviam usar mensagens dentro de garrafas e bússolas na Tailândia não é? – disse Gina muito séria sacando sua varinha das vestes. Ela apontou para o pergaminho em branco – Milão, Aeroporto internacional a Turim, Hotel Cavour.

No mesmo instante uma planta animada se projetou no pergaminho e uma linha azul turquesa indicava a trilha a ser percorrida rua por rua de Milão a Turim. Hermione sorriu satisfeita.

- Moleza... – disse dando a partida no carro. Harry e Draco se recostaram em seus assentos desanimados.

- Por que você não me deixou dirigir? – perguntou Gina com voz magoada.

- Eu não queria deixá-los nervosos... – respondeu Hermione sorrindo malandra, Harry e Draco se entreolharam.

- Qual é... Homens adoram adrenalina, você nunca ouviu isso? – alegou Gina.

- Adrenalina? No fim da viagem, quem sabe...

- Yeah!!

- Por que elas falam de nós como se não estivéssemos aqui? – indagou Draco, Harry deu de ombros desgostoso.

A viagem foi tranqüila e agradável, contornando os lagos belíssimos do Norte da Itália, que era, sem dúvida, um país majestoso. Estava anoitecendo quando chegaram a Turim. Era uma cidade realmente magnífica, elegante em cada detalhe, rodeada por montanhas e pelo Rio Pó, e guardava em cada rua o tradicional clima romântico e histórico do país. Facilmente acharam o hotel, era um prédio imponente de arquitetura renascentista próximo à Praça Vittorio, com certeza era um “seis” estrelas. Mal Hermione parou o carro Gina já havia saltado e olhava fascinada tudo a sua volta.

- Quê que é isso!? – exclamou a ruiva sorrindo. – Esse lugar é demais!

- Tenho que concordar Christina... - zombou Draco.

- Vamos entrar logo... – disse Gina empolgada empurrando Draco para dentro. Harry e Hermione os seguiram despreocupados, os empregados do hotel já descarregavam sua bagagem e logo depois levariam o carro para o estacionamento do hotel.

Harry parou no balcão do hotel, onde havia mais uma recepcionista simpaticíssima. “O que há com essas garotas? Aprendem isso em algum curso?”, pensou Hermione sorrindo.

- Boa noite... Temos reservas nos nomes de Vallon e Crocker... – disse educadamente para a moça, que verificou imediatamente algo no computador, e em seguida retirou dois cartões magnéticos de um mural.

- Suítes presidenciais 201 para Vallon e 202 para Crocker. – murmurou a moça delicadamente, com um sotaque esquisito, entregando os cartões para Harry.

- Não precisamos assinar nada? – indagou Draco.

- Não senhor... – respondeu a moça com sorriso amarelo. – As despesas serão debitadas em conta. Todas as dependências do hotel estão à sua disposição Sr. Vallon, temos rotas turísticas, e passeios pela cidade histórica, para maiores informações dirija-se ao balcão 03. Boa estada! 201 e 202! – concluiu acenando para dois rapazes que imediatamente seguiram com as bagagens.

- Obrigado... – agradeceu Harry virando-se para os colegas, uma sobrancelha erguida de satisfação.

Eles já estavam no elevador quando Gina voltou a falar.

- Espera só um segundo... – disse lentamente. – Temos duas suítes?

- É o que parece... – respondeu Harry com as mãos nos bolsos e um sorriso cínico no rosto.

- Que... Merda...! – exclamou Hermione.

- Inacreditável... – comentou Malfoy sorrindo.

- Eu posso saber do que vocês dois estão rindo?

- De vocês... – disseram ao mesmo tempo.

- Eu... Não vou dormir no mesmo quarto que ele... – resmungou a ruiva tomando a frente de Hermione. – Simplesmente... Não...Dá!

- Não tem escolha Weasley! – bradou Draco.

- Isso também não nos agrada nem um pouco... – comentou Harry observando o próprio reflexo no espelho.

- Fale por você... – contestou Draco, Hermione deixou o queixo cair e Gina fumegou. Harry apenas sorriu. – Prefiro dividir o quarto com uma garota...

- Ok... Isto não está legal para nenhuma das partes. – disse Hermione sensatamente descendo do elevador. A bagagem de ambos já havia chegado então eles pararam na frente dos quartos que eram lado a lado. – Podemos dar um jeito nisso...

- O que você sugere Cher? – perguntou Harry com a mão no queixo.

- Que eu e a Gina fiquemos em um quarto e vocês dois em outro.

- “Brilhante!” De repente viramos casais homossexuais pra todo o hotel? – reclamou o loiro, Gina virou os olhos.

- Não Draco... – negou Hermione. – Vamos para os nossos quartos normalmente como Vallon e Crocker, mas na hora de dormir aparatamos um para o quarto do outro! – explicou, Gina pareceu assentir, Draco e Harry se entreolharam descontentes.

- É... Para mim está bom assim... – concordou Harry.

- Ótimo! – comemorou Gina – Então está decidido!

- Não tão rápido Weasley... Eu não concordo... – disse com ar vencedor.

- Não importa... Somos maioria! – berrou Gina.

- Isso não é uma democracia... – esclareceu o loiro examinando as unhas.

- Por que não concorda Malfoy??

- Já disse que não quero dividir o quarto com o Potter...

- Eu quero deixar bem claro que apesar de achar que a troca de quartos é a melhor solução, - interrompeu Harry. – A recíproca é verdadeira.

- É claro que é... – disse Draco sorrindo. – Mas o fato é que se eu não concordo, nada feito! – Gina bateu o pé no chão com agressividade.

- Ele está certo Ginny... Eu tenho uma outra sugestão... – interrompeu Hermione, todos a olharam interrogativos. – Façamos na sorte.

- Não... Na sorte não! É injusto... Eu sou minoria! – reclamou Draco.

- Mas isso não é uma democracia, Malfoy... – retorquiu Gina desafiadora, Draco bufou e fez um aceno com a mão consentindo.

- Ok... Não podemos fazer um sorteio comum, porque algum de nós - falou Hermione entre dentes olhando para Draco. – Pode alterar o resultado... Então, vamos fazer a brincadeira do zero ou um, quem sair primeiro escolhe, está bom assim?

- Sim... – disseram uníssonos.

Os quatro de aproximaram numa espécie de círculo.

- Todos prontos? – perguntou Hermione, eles assentiram. - Vamos lá... No três... Um... Dois... TRÊS! – Eles estenderam as mãos. Gina soltou um palavrão. – Ah NÃO! – exclamou Hermione decepcionada.

- Ahá... – comemorou Draco. – Ganhei!! Curvem-se diante de mim... – zombou Malfoy. Harry resmungou algo como “saco...” antes de passar o cartão na porta e entrar na suíte contrariado.

- Draco... Seja razoável... – pediu Hermione.

- Estou sendo... Nada mais natural que dormir com a minha esposa! – disse com ar malicioso.

- Ah... É um pesadelo... Só pode ser! – lamentou Gina quase em prantos.

- Não seja piegas Weasley... Centenas de mulheres comeriam bomba de bosta para estar no seu lugar! – disse com glamour, Hermione deu um risinho baixo. Gina já se voltava para a porta quando Harry pôs a cabeça para fora da sua suíte.

- Entrem aqui... Os três. – falou com voz baixa.

Eles obedeceram e adentraram na luxuosa suíte presidencial. Draco deixou escapar um assovio enquanto Hermione e Gina procuravam seus queixos que haviam caído em algum lugar. Harry por sua vez segurava um envelope lacrado de cor rubra.

- Uma coruja acabou de deixar isso... – disse ele se referindo ao envelope e um pacote que jazia em cima de uma cômoda.

- É um... Berrador? – perguntou Hermione.

- Sim, é do Lupin... Chamei vocês para ouvirmos juntos.

- Abra logo – disse Draco impaciente.

Harry abriu o envelope fazendo com que a voz tranqüila de Remus Lupin invadisse o local.



“Olá crianças... Espero que tenham gostado do Hotel, ouvi dizer que é um dos melhores do país! Como eu havia dito no recado do aeroporto, tenho instruções para vocês, aliás, tenho novidades. Creio que tenham um pacote em mãos que eu mandei... Trata-se de um equipamento para ajudá-los na missão. São objetos conhecidos vulgarmente no nosso meio como ‘cajados’; Eles funcionam como detectores de magia, no caso estes foram especialmente desenvolvidos pela nossa divisão de inteligência para acusar os feitiços que estão ativos em volta de vocês, mais precisamente, os feitiços que foram ativados nos pergaminhos. Caso vocês cheguem perto dos pergaminhos o cajado vibrará e uma movimentação no líquido que há dentro dele será notada. A vibração se torna mais intensa de acordo com a proximidade dos feitiços. No pacote vocês encontrarão quatro deles, mantenham sempre o cajado junto de vocês... Eles ajudarão muito... Boa Sorte!”.



Feito isso o envelope vermelho pegou fogo e encrespou-se em cinzas. Harry abriu rapidamente o pacote sobre a cômoda com os outros três a sua volta. Dentro havia quatro objetos feitos de um material semelhante a cristal, transparentes com um líquido de aparência gelatinosa avermelhada. Cabiam na palma da mão e lembravam minis cajados. Draco foi o primeiro a retirar um dos objetos da caixa, os outros o imitaram.

- Ótimo... São uma graça! Mas se era só isso eu vou me recolher aos meus aposentos... Com licença... – disse Draco categoricamente.

- Não tão rápido, querido... – interrompeu Gina, quando o loiro havia dado três passos. – Devo lembrá-lo que se trata dos nossos aposentos...

- Quer fazer o favor de me acompanhar então? – perguntou o loiro, Gina caminhou a contragosto. – Vou pedir alguma coisa pra comer, estou faminto! – concluiu antes de atravessar a porta, Gina suspirou para Hermione antes de sair.

- Vejo vocês depois... – disse desanimada.

Hermione sorriu enquanto Harry fez apenas um pequeno aceno de sobrancelha antes de guardar seu cajado no bolso do casaco. Ele se virou e caminhou até a varanda do quarto ainda em silêncio. Voltou após alguns segundos parando na porta e fitando Hermione com a expressão acusadora que tanto a incomodava.

- Precisamos traçar uma estratégia para a festa. – Harry falou secamente.

- Temos o dia inteiro de amanhã para fazer isso. – retrucou Hermione retirando a jaqueta. Harry moveu a cabeça no que ela interpretou como sendo um gesto de assentimento e voltou para a varanda.

Ela respirou fundo, e antes que ele voltasse resolveu descer para o restaurante com o intuito de comer algo. Deu um breve passeio pelas dependências do hotel e provou os mais deliciosos quitutes da culinária italiana. Sem dúvida, estava bem mais satisfeita quando voltou para a suíte. Adentrou silenciosamente e para sua surpresa, Harry já não estava mais lá. Ela aproveitou para tomar um demorado banho, aliás, isso era o que ela estava pretendendo desde que havia colocado os pés naquele quarto. O banheiro era bem mais majestoso do que havia imaginado, talvez o melhor e mais equipado que teve a oportunidade de desfrutar. Não pretendia mais se retirar então vestiu sua camisola e começou a ler um romance deitada na também maravilhosa, cama. Já havia perdido a noção de quanto tempo estava assim quando Harry adentrou subitamente no local. Ele parou no meio do quarto, os cabelos charmosamente desarrumados e fitou Hermione deitada na cama ainda com aquele olhar que a irritava e intimidava por uns longos minutos que ela ainda tentava ignorar a presença dele se concentrando na leitura. Mas Harry continuou na mesma posição em silêncio. Ela já estava de saco cheio de aturar aquilo o dia inteiro, por isso resolveu falar. Fechou o livro impacientemente e olhou para Harry.

- Qual o problema afinal? - indagou lentamente.

- Você não tem idéia? – Respondeu após alguns segundos cruzando os braços.

“Mais essa agora!”, pensou Hermione cansada.

- Não faça drama... Tudo bem que dormir aqui pode ser desagradável, mas pra quem já dormiu em um armário este sofá está de bom tamanho não é? – retorquiu ironicamente.

- Pois eu preferia o armário. – disse o homem friamente, Hermione sorriu.

- Então acho que hoje é o seu dia de sorte... Porque tem um bem ali. – jogou de volta já de pé e apontando para uma porta ao lado do banheiro. – Aproveita que aqui são cinco estrelas!

- Você está se divertindo muito com tudo isso não está? – disse com voz baixa. Próximo o suficiente para Hermione pudesse sentir o cheiro de álcool.

- Na verdade eu estou tentando... E a sua ajuda está sendo de grande importância, obrigada.

- É claro... Não é novidade nenhuma que o seu objetivo sempre foi se divertir. - Começou com sarcasmo, Hermione notou um tom de voz estranho nele. – Comigo principalmente! Eu devo ter te divertido muito, afinal você continua fazendo bom uso...

- Potter você parece se esforçar pra tornar tudo mais insuportável! Será que não pode simplesmente esquecer de você por um segundo e se centrar no real objetivo de estarmos aqui? – retrucou cordialmente.

- A única coisa que eu fiz na vida até hoje, foi esquecer de mim em prol dos outros. – disse num tom angustiado, Hermione virou os olhos.

- Só a título de informação... Eu vi isso acontecer, mas você é claro, parece nunca ter notado que eu também estava lá. Curioso não?

- O que quer dizer?

- Exatamente o que eu disse, não há nada a subentender. Agora por favor, vá dormir e curar esse porre. – falou Hermione pacientemente.

- Eu não estou bêbado. – retrucou lentamente.

- E eu disse que estava?

- Você me mandou curar esse porre...

- É verdade, isso só ratifica que sua audição continua ótima... – respondeu com um sorriso cínico. -... E que definitivamente ela não sofre nenhuma alteração mesmo estando sob efeito de alucinógenos, na verdade eu nunca li que esse tipo de droga pudesse causar algum dano, portanto você está exatamente como deveria. – tagarelou, Harry a olhou num misto de perplexidade com fascínio, Hermione continuava tendo os mesmos surtos de oratória, o que naquele momento tornava mais difícil se aborrecer com ela.

- Precisamos deixar nossas diferenças de lado e cumprir essa missão. – afirmou novamente com o seu tom habitual dotado de sensatez.

- Eu concordo plenamente. – disse deitando na cama de costas para Harry que se virou entrando no banheiro e batendo a porta de leve.



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- Será que dá pra desocupar esse banheiro Weasley? Eu pretendo dormir ainda esta noite!! -Gritou Draco batendo nervosamente na porta a sua frente.

- Vá se danar Malfoy! – retrucou Gina de dentro da sua banheira de espuma.

Draco caminhou impaciente e se jogou na cama resmungando.

- Merlin... Eu não mereço... - reclamou pela última vez antes de ver a porta se abrir.

Ele se sentou num ímpeto para voltar a brigar com Gina, mas se viu desprovido de palavras quando a ruiva se apresentou por inteiro no recinto. Ela vestia uma camisola preta curta semitransparente e tinha os cabelos molhados numa combinação realmente intimidadora.

- Pode sair da cama por obséquio? Eu vou dormir. – falou Gina para um Malfoy ainda boquiaberto.

Ele entrou no banheiro ainda zonzo e não demorou muito lá dentro. Achou que o melhor da suíte definitivamente não estava naquela parte do quarto. Quando saiu deu de cara com uma cena admirável. Gina agora envolvia o corpo com uma espécie de loção perfumadíssima que o inebriou perigosamente. Ele se se encostou à porta e observou interessado o que se passava. Gina se virou para ele intrigada.

- O que é?

- Nada... – respondeu limpando garganta. – Eu só estava pensando... Essa cama é bem grande não é?

- Sim, é. – respondeu secamente.

- Nós dois caberíamos tranqüilamente aí... – sugeriu sorrindo malandro. Gina o encarou com um olhar fulminante e desgostoso. – Não? – continuou esperançoso. Gina virou os olhos. – Nenhuma chance?

- Mas será que você não se toca mesmo? – refletiu Gina deitando confortavelmente na cama.

- Você também não facilita as coisas Weasley... O que você queria? Você não podia simplesmente vestir um pijama? Precisa ficar passeando pelo quarto seminua com um homem viril presente? – disse aborrecido também sob lençóis, Gina riu.

- Boa Noite.

- Só se for pra você!

- Cala a boca Draco. – censurou ainda rindo, Draco bufou tentando afastar inutilmente a imagem de Gina da sua mente.

“Pelo menos me chamou de Draco...”.



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N/A : Eta... Esse cap quatro demorou um pouquinho hein? Sorry gente... Acho que eu tive perda de criatividade quando viajei pelo sertão afora! Heheheheh E agora uma noticia ruim, acho que o 05 vai demorar mais... =| Porque será um capítulo decisivo do ponto de vista da trama da história... Mas ele vem! Só uma dica... Essa noite aí, ainda não terminou tá? :D






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