Palavras para um futuro bom



Capítulo 37 - Palavras para um futuro bom


 


Já havia passado da meia noite, Gina já tinha subido com as crianças há tempos quando sai do escritório. Desde que havia falado com Neville, não havia parado um minuto. Mandei corujas, patronos, chamei inúmeras vezes Rony e Hans na lareira, até com Malfoy entrei em contato.


Meu estômago deu sinal de vida fui até a cozinha, Monstro e Tea também já haviam se recolhido. Peguei um copo de leite e improvisei um sanduíche, com certeza meu prato devia estar no forno, mas não o quis. Odiava perder o jantar, era o melhor momento do dia para mim... Mas essa noite eu havia perdido.


Com certeza Gina estaria aborrecida por causa disso. Havia me chamado umas três ou quatro vezes, e eu simplesmente ignorei... Engoli a comida em segundos, senti que o alimento pesou em meu estômago... Tinha sido um dia longo, precisava descansar... A conversa com Hans não foi fácil, definitivamente, não concordávamos com o que deveríamos fazer. Respirei fundo e segui o caminho do meu quarto.


Lilly estava na nossa cama, sugava desesperada a mamadeira. Gina sorriu quando me viu, largando o livro que lia.


- Seu prato estava no forno! – Ela falou. – Tomou todas as providências?


-Sim! Gina... Desculpe-me pelo jantar! – Lilly largou a mamadeira. – Lilly está dando trabalho essa noite!


 –Você perdeu de ver sua filha comendo sozinha, três colheradas sem derramar. – Gina olhou para a filha orgulhosa. – Você gosta tanto dessas pequenas descobertas deles!


- Lilly... Vai repetir amanhã para o papai, né?!


- Papa... – Lilly me ofereceu a mamadeira vazia.


- Eu precisava deixar tudo em ordem...


- Eu sei Harry! – Gina falou, mas seu tom não era nada compreensivo. - Harry eu sei que isso é importante! Não quero ser chata... Mas isso me incomoda!


- Você tem razão... Combinamos evitar o máximo possível de trabalho em casa... Que em casa a prioridade é as crianças! Mas...


- Você podia ter deixado para amanhã, por mais que seja importante não ia fazer tanta diferença. Ninguém iria atacar hoje à noite! A direção do St. Mungus não iria divulgar essa informação, só falou para o Neville porque ele é o responsável por Theodore... – Gina falou exaltada. - Tiago ficou magoado de você não o ajudá-lo no dever. Você tinha prometido! – Gina aninhou Lilly em seus braços. - Eles sentem... Lilly tá agitada, tenho a impressão que ela sabe quando está acontecendo alguma coisa anormal nessa casa...


– Mamãe! – Alvo entrou no nosso quarto. – Quero dormir aqui!


- Alvo! – Ele não me ouviu e subiu rapidamente na cama. – Alvo!


- Tem um bicho papão no meu quarto! – Alvo falou, encolhendo-se perto da mãe, assustando-se com o tom ríspido que usei. Dos três, Alvo era o mais apegado a Gina.


- Al... Você sabe que não tem! – Exclamei impaciente. – Volte para seu quarto! Agora!


- Harry! – Gina exclamou. – Menos... Alvo fica um pouquinho e depois vai para o quarto dele, Lilly também vai para o quarto dela! – Gina falou acarinhando os cabelos castanhos de Alvo, enquanto lágrimas rolavam em seu rostinho. - Vai tomar um banho para ver se você se acalma... Ou então volte para o escritório!


******


Tomei um banho demorado. Odiava-me quando fazia umas das crianças chorarem. Não tinha o direito de gritar com Alvo, ele só queria ficar com a mãe, mas descontei toda minha irritação nele!


 Quando voltei para o quarto não encontrei Gina nem as crianças, já devia ter levado cada um para seu quarto. Gina tinha razão, eles sentiam quando algo estava nos incomodando. Suspirei alto e acomodei-me na cama para esperar Gina voltar, tinha que me desculpar.


Já estava quase dormindo quando Gina voltou e foi direto ao closet, voltou minutos depois ainda abotoando os botões do pijama de seda vermelha. Deitou-se ao meu lado em silêncio. Ela ainda estava chateada.


- Você demorou! – Falei me aproximando dela. Gina não me repeliu, sinal de que ela não estava tão magoada assim.


- Tiago teve um pesadelo, precisei acalmá-lo. – Gina falou rapidamente. – Tá mais calmo?


- Desculpe... Mas a conversa com Hans foi muito estressante! – Suspirei longamente. – Está insustentável trabalhar com ele. Mesmo tendo contado tudo para ele... Bom, não consigo entender e aceitar as atitudes que ele tá tomando!


- Harry... Hans, você está desconfiado dele... – Gina virou-se e ficou de frente para mim.


- Não! Não... Hans é confiável, confio plenamente nele! Tenho certeza! O problema é que não concordamos nos encaminhamentos desse caso... Não só nesse, também estamos divergindo na forma que estou orientando os novos aurores! Mas ele é o chefe! – Resumi em poucas palavras o que vinha acontecendo ultimamente.


- Ele tem medo de perder o cargo para você! – Gina sentenciou.


- Sim... Não que eu deseje esse cargo, mas ele tá por um fio... Qualquer deslize, ele tá fora! – Comentei. – Os boatos no Ministério me colocam como candidato natural para substituir Hans. Bem, o ministro apóia o meu nome e tem vários funcionários do alto escalão que também apóiam, sem falar dos outros aurores, até mais graduados que eu, que estão muito insatisfeitos com a chefia de Hans...


- Hum... A convivência de vocês deve estar muito desgastada mesmo! – Gina conclui solicita.


- Estou furioso com Hans... Não com você ou com as crianças... Jamais devia ter gritado com Alvo, decepcionado Tiago e ter perdido de ver Lilly comer sozinha... Sou um péssimo pai!!! – Falei dramático fitando o teto.


- Harry... Não exagere! – Gina riu. – Você não é péssimo pai só porque, hoje, exclusivamente hoje, ficou um pouco ausente e sem paciência com eles...


- Eu sou Gina... Péssimo pai! Negligencie até com você! – Continuei. – Por minha causa, estão todos correndo perigo...


- Ai... Não comece com isso, senão vamos brigar! – Gina ficou de costa para mim.


- Ei... – Fiquei novamente de lado e enfiei a mão no decote do pijama, já desabotoando os primeiros botões. – Não quero brigar! Hum... Só você sabe como me acalmar!


- Sei... – Gina se voltou novamente para mim e eu desci os lábios para seu pescoço. Gina passou as mãos por meus cabelos. – Adoro lhe acalmar...


Beijei-a com paixão, com aquela sensação única de que não fosse repetir aquele gesto... Gina respondeu na mesma intensidade...


O choro desesperado que vinha do quarto ao lado interrompeu nosso beijo. Era Lilly, mas ela dificilmente chorava... Levantei-me rapidamente.


- Eu vou... Não deve ser nada... – Falei incerto, Gina já estava sentada assustada, pois o choro de Lilly estava muito alto.


Quando entrei no quarto, Lilly estava em pé no berço, seu rostinho banhando em lágrimas. Fui direto ao seu encontro e ela se agarrou em mim como se tivesse medo que eu a deixasse ali.


- Lilly... Papai tá aqui! – Lilly ainda chorava, molhando minha camiseta. – Porque o choro filha... Você nunca chora assim...


Caminhei com Lilly no quarto, iluminado pela luminária de borboleta que estava caída no chão. Notei a janela aberta. Aberta! Gina jamais deixaria a janela aberta! Nunca... Estávamos na primavera, as noites eram frias e Lilly tinha estado resfriada alguns dias atrás. Gina era muito cuidadosa com isso... Fui até a janela que dava para a rua em frente à casa.


- Hum... Merlin! – vi um vulto, correndo na rua deserta. Era impossível reconhecer, pois seja lá quem for, saiu correndo. – Impossível!


Lilly já estava mais calma, mas ainda se agarrava em mim, não iria para o berço mesmo. Também, não a deixaria ali por nada.


- O que houve? – Gina perguntou assim que entrei no quarto, ela estava sentada na beira da cama. – Já estava indo atrás de você!


- Lilly deve ter tido um pesadelo! – Falei com a menina ainda no colo com os olhinhos arregalados. – Gina... A janela estava aberta!


- Impossível Harry... Eu mesmo fechei e quando deixei Lilly no quarto conferi se estava fechada. – Gina pegou a menina – Harry... Ninguém poderia tentar entrar... Não é?


- Não Gina... Não poderia! – Falei indo até a janela do nosso quarto, a rua estava deserta. – Mas... – vacilei. – Eu vi um vulto, como o da estação, o que você viu!


- Harry... – Gina apertou Lilly nos braços. – Todos os feitiços da casa... Você disse que é impossível!


- Sim...  A luminária estava caída, pode ter sido uma rajada de vento mais forte, derrubou a luminária e assustou Lilly. – Falei tentando me convencer do fato. – Gina, com os feitiços de segurança, ninguém pode entrar em nossa casa sem nos sabermos. Jamais por uma janela! Eu os refaço todos os dias...


- Harry... Bessy saberia fazer um feitiço ao longe... Manipular as forças da natureza não é fácil, mas ela poderia forçar uma rajada de vento, o suficiente para nos dar um aviso! – Gina alisava o cabelo de Lilly para ver se ela dormia novamente. – Não é difícil deduzir onde moramos...


- Ah... Eu vou dar uma olhada nos meninos... – Falei saindo rapidamente do quarto. Olhei novamente pela janela, estava ficando paranóico com isso tudo?


Mas no quarto dos meninos estava tudo em ordem, resolvi fazer uma vistoria na casa, mas nada denunciava que tivesse algo errado. Poderia ter sido impressão minha, o vulto.  Uma coincidência, Gina poderia ter fechado mal a janela...  Quando voltei para o quarto, Lilly ainda estava acordada.


- Nada... Tudo em ordem! – Falei para Gina. – Gina, a janela poderia estar mal fechada... Não é!


- Sim, Harry, sim... Mal fechada! – Gina concordou incerta.


- Gina... Ninguém pode romper os feitiços de segurança da nossa casa... Podem tentar, nos assustar... Mas essa casa é muito segura! – Falei. – Vamos tentar dormir!


- Acho que essa mocinha não vai deixar! – Gina sorriu olhando para a filha. – Teremos uma noite longa amor...


- Quem inicia o revezamento? – Questionei Gina não querendo pensar nos últimos acontecimentos, mas era impossível não pensar. – Ok! Vou fazer a mamadeira dela...


******


Acordei assustado. O sol já estava alto, peguei meu velho relógio e percebi que já estava tarde... Lilly dormia ao meu lado da cama, no lugar de Gina... Sorri. Lilly só dormiu quando já estava amanhecendo. Eu e Gina não conseguimos nos revezar, pois Lilly queria o colo de um, mas que o outro estivesse ao seu alcance. Era como se ela tivesse medo de nos perder. Quando fui buscar a mamadeira dela, ela chorou o tempo todo, depois quando Gina saiu um pouco para ver os meninos e tentar tirar um cochilo no quarto de hospedes, foi a mesma coisa.


- Dorme docinho... – Era muito estranho esse comportamento de Lilly, ela nunca foi tão agarrada em nós. Alvo era muito apegado a Gina, Tiago tinha suas crises... Mas Lilly não, dificilmente, demonstrava esse tipo de comportamento.


Levantei-me e tomei um banho rápido e desci, precisava urgentemente de um café bem forte. Ainda bem que hoje era sábado.


Encontrei Gina sentada à mesa, de robe, cabelos molhados e visivelmente cansada da noite atribulada que tivemos.


- Bom dia, linda! – Falei me servindo de café. – Monstro, Tea...


- Bom dia, meu senhor. – Monstro e Tea falaram quase ao mesmo tempo.


- Oi... Lilly está dormindo ainda? – Gina falou e eu assenti. – Tea, sobe e fica com Lilly, não quero que ela acorde e não encontre ninguém, ela está tão assustada, se acordar sozinha vai chorar.


Tea deixou a cozinha e eu peguei sua mão e beijei.


- Já falei que você é perfeita! Sempre pensa em tudo!


- Hoje ainda não, Potter! – Gina falou graciosa. – Não sei o que aconteceu com Lilly essa noite, ela não é assim... Nunca se assusta, mas ela parecia estar com medo...


- Medo de não estarmos por perto. – Falei segurando sua mão sobre a mesa. – Gi... Foi só impressão, nossa filha é sensível... Quero ir ao St. Mungus, você vem comigo?


- Sim! - Gina assentiu. – Vamos agora pela manhã...


Alguns minutos depois, Tea entrou na cozinha com Lilly chorando e chamando por mim e pela mãe.


- Mama... Papa! – Havia desespero, angústia, medo na vozinha de minha filha que me deixava aflito.


Lilly se agarrou em Gina, que me olhava intrigada.


- Hei bebê... Tá tudo bem! – Gina acariciou o cabelo de Lilly. – Tea, por acaso Tiago e Alvo já acordaram.


- Sim, minha senhora! Meus jovens senhores estão no quarto dos senhores vendo aquela caixa que tem imagens estranhas. – Tea tinha certa aversão à televisão do nosso quarto.


- Vem com o papai... Vem! – Peguei Lilly. – Vai ficar tudo bem!


Gina sorriu e eu a puxei pela cintura com a mão livre e a beijei docemente...


- Mas que coisa... Vocês não se controlam nem na frente da menina! – Rony apareceu alarmista.


- Rony... Como você entrou!? – Gina questionou. – Harry, você disse que os feitiços de segurança impediam qualquer pessoa de entrar em casa.


- Pela lareira, ora! – Rony falou já sentando a mesa e se servindo de uma torrada. – Eu não sou qualquer pessoa...


- Gi... Estranhos, pessoas que não estão autorizadas, que normalmente não nos visitam... Não é o caso de Rony. – Expliquei pacientemente.


- Temos que rever esses feitiços... Cadê a Mione? – Gina pegou Lilly de meu colo. – Vou ver se consigo fazê-la dormir novamente, caso contrário vai ser difícil sairmos...


- O que aconteceu com Lilly? – Rony perguntou alarmado. – Mione, levou as crianças para a casa dos pais dela, ficamos de nos encontrar no St. Mungus daqui a pouco.


- Já volto... Vou me arrumar, ver os meninos... – Gina saiu da cozinha com Lilly.


- Lilly não dormiu nada essa noite... – E narrei a noite anterior para Rony. – É isso! Não sabemos o que ela tem!


- Rose e Hugo às vezes fazem dessa... É coisa de criança! – Rony sentenciou. – É melhor não dar bola... Passa!


- É... – Mas percebi um ar preocupado no rosto de meu cunhado ao olhar para Gina, que estava na sala embalando Lilly.


******


Hermione já estava impaciente nos esperando. Mas Lilly simplesmente adivinhou que iríamos sair e nada do que fazíamos acalmava a menina que chorava desesperada. Por fim, ela acabou adormecendo, cansada de chorar.


- Não podemos demorar... – Gina falou depois que explicamos o que havia acontecido para Hermione e não escondendo sua preocupação com o comportamento da Lilly. – Não é manha, Lilly tá me deixando angustiada...


Toquei em seu ombro de forma protetora e seguimos para o quarto de Theodore.


Theodore estava sentando em uma poltrona, ainda muito pálido, olhava para um ponto fixo, nitidamente perdido. Neville estava com ele e já havia nos informado que ele estava bem fisicamente, porém emocionalmente, estava uma bagunça.


Neville lhe explicou o que havia acontecido, mas ele não lembrava. Os medibruxos afirmaram que era normal essa confusão na memória, talvez uma amnésia parcial devido ao fato dele ter ficado mais de seis meses em coma, em razão do trauma sofrido.


- Theodore... Esse é Harry Potter! – Theodore não moveu um músculo. – Rony e Hermione Weasley... E Gina Potter. Estão aqui para lhe verem!


Ao ouvir o nome de Gina, Theodore se voltou para ela.


- Olá! Você está se sentido bem? – Gina se aproximou e tocou em seu joelho, ele se retraiu. – Estamos aqui para lhe ajudar...


- A mãe do menino... O menino, o menino... Eu só quis protegê-lo! – Theodore se agitou. – Ela o machucou... Eu não pude fazer nada!


- Alvo! Ele está bem! – Gina tentou acalmá-lo. – Ele se lembra de você! Eu queria agradecer tudo que fez pelo meu filho, salvou a vida dele!


- Eu... Ele salvou a minha! – Theodore olhava para a parede.


- Como? – Indaguei.


- Ele salvou a minha! – Repetiu. – Ele salvou a minha!


- Ele está confuso... Fala coisas que não compreendemos, fragmentos... – Neville explicou. – Os medibruxos acham que a memória dele foi muito afetada e não há poções para reverter o quadro.


- Ele não quer lembrar, quer esquecer... Tem medo! – Gina falou se aproximando de mim. – Tem medo das consequências de seus atos...


- Gi... Você não pode? – Hermione questionou. – Você sabe... Como fez com o Alan...


- Talvez Hermione... Mas a coisa é diferente aqui! – Gina completou olhando Theodore apático. – Alan, de alguma forma, queria ajudar... Sua recuperação é milagrosa, ele está consciente dos erros que comentou, vai pagar por isso e começar vida nova na Irlanda. Mas Theodore... Bom, ele tem medo!


- Medo de que?


- Medo de ser um monstro como o pai... – Gina concluiu. – Theodore quer ser uma boa pessoa, mas não sabemos o que Bessy colocou na sua cabeça... Mas, ele tem um grande arrependimento...


- Você não pode fazer nada para ajudá-lo? – Foi a vez de Rony se pronunciar. – Gina, você conseguiu resgatar a memória do Alan, talvez... Gi, tem como fazer o Theodore esquecer? Sabe, no ponto que tudo isso começou... Até aquele momento ele não tinha esse medo, tinha uma vida medíocre, mas... Não sei!


- Rony tem razão... No momento em que conheci Theodore... – Neville deu um sorriso confiante e olhou ternamente para o amigo. – Gina, ele teria uma segunda chance...


- Hum... Tem um jeito... Mas, preciso ter certeza. - Gina pegou minha mão. – Precisamos voltar para casa, Lilly! Nev, eu vou tentar, preciso falar com a condessa antes...


Neville sorriu e deixamos o St. Mungus apressados. Rony e Hermione seguiram para a casa dos pais dela e eu e Gina para o Largo. Lilly devia estar deixando todos loucos em casa...


******


- Meu senhor me chamou... – Monstro entrou no escritório e eu dobrei com cuidado o papel em que escrevia.


- Sim... – Achei melhor ser direto no que queria. - Monstro, você notou algo ou alguém estranho nas proximidades do Largo?


- Estranho! – Monstro estava agitado. – Monstro não tem certeza... Monstro não tem certeza do que viu... Mas tem alguém espiando, sempre que Monstro se aproxima desaparece como poeira no ar...


- Ok, Monstro... Preciso lhe pedir algo, algo muito importante! – Monstro talvez tenha visto o mesmo vulto que vi por isso era necessário tomar algumas providências, eu e Gina não estaríamos em casa sempre. – Monstro nesses últimos anos, você se mostrou muito dedicado a mim, à Gina e às crianças... Não tenho como agradecer. Mas, preciso lhe pedir algo.


- Monstro está aqui para servir meu senhor! – Monstro fez uma referencia exagerada. – Monstro gosta muito da família Potter...


- Monstro, me acompanhe, preciso lhe mostrar algo... – Sai do escritório seguido por Monstro e fomos em direção ao porão. – Você deve saber que vivemos tempos instáveis... Eu e Gina confiamos muito em você!


Entramos no porão e fui direto até um velho armário, o afastei e com um feitiço de desilusão, apareceu uma porta, abri – LUMUS – o corredor escuro foi iluminado, mas não dava para ver a saída.


- Monstro, é uma passagem secreta... Preste bem atenção no que vou falar... – Expliquei tudo para Monstro. – Entendeu, Monstro?! – O elfo assentiu. – Eu e Gina estamos deixando em suas mãos o que existe de mais precioso para a gente...


- Monstro jamais decepcionara Harry Potter... Morrerá por eles, se for preciso! – Falou solene.


- Guarde isso sempre com você! – Lhe entreguei dois pequenos frascos. – Decorou os feitiços? Minha capa de invisibilidade está no lugar de sempre...  Conte a Tea somente o necessário e quando você achar que estiver sendo ameaçado. Isso inclui qualquer coisa, qualquer coisa que fuja do normal dessa casa... Ou alguma reação das crianças. Quando eu e Gina não estivermos em casa, eles jamais poderão ficar sozinhos, mantenha os três sempre juntos. Tiago e Alvo já manifestaram magia, eles têm condições de fazer o que você pedir... Monstro, por favor...


- Monstro jamais decepcionara Harry Potter... Jamais! – Repetiu, guardando o frasco no bolso interno da túnica que usava.


- Vamos subir!


Toquei em seu ombro em sinal de agradecimento. Sabia que podia contar com ele, sabia que podia deixar em suas mãos a vida de meus filhos, meus bens mais preciosos. Talvez estivesse exagerando, talvez nunca usássemos aquela passagem secreta que descobri por acaso quando o Largo Grimmauld estava em reforma.  Mas tínhamos que ter um plano de emergência, meus filhos eram o alvo em potencial, ninguém me precisa dizer isso, era óbvio. E se era preciso tomar aquela atitude, eu tomaria, mesmo que aquilo fosse à última coisa que um dia imaginei fazer...


Voltei para o escritório, peguei a carta que estava escrevendo, coloquei em um envelope e subscrevi rapidamente “Para Duda e Mary Dursley”, coloquei a carta com cuidado junto ao pacote da boneca que Gina havia comprado para Megan na nossa última viagem para a Itália para visitarmos a Condessa. Enviaria o pacote amanhã, mandaria um mensageiro entregar o presente.


******


Lilly estava dormindo na nossa cama, seu sono era agitado. Ela passou o dia todo assim, chorosa, só se acalmava no meu colo ou no de Gina. Havia sido um final de semana longo demais e nem havíamos ido para a Toca.


- Ela está bem? – Perguntei, me acomodando ao lado de Lilly na cama.


- A mesma coisa... - Gina falou preocupada. – Acho que ela tá meio febril!


- Hum... – Coloquei a mão na testa de Lilly, mas para mim ela estava só um pouco quentinha. – Não sei, mas acho que não... Falei com Monstro, ele entendeu... Enviarei o pacote amanhã. Gina tem certeza que isso é necessário?


- É só um plano B... – Gina sorriu. – Amor, só estamos sendo precavidos! Não vou conseguir ir trabalhar com Lilly nesse estado, também não acho que seja uma boa ideia mandar os meninos para a escola. – Gina suspirou. – Mas também não quero ficar em pânico, mudar a rotina deles... Falei com a Condessa mais cedo, sobre essa reação da Lilly e sobre Theodore!


- O que ela disse?


- Sobre Lilly, o que imaginei, que ela tá prevendo alguma coisa, que a instabilidade, a incerteza que estamos sentindo, estamos passando para ela. – Gina acarinhou a filha. – Ela não sabe falar, não sabe dizer o que tá sentido, por isso chora!


- Me sinto tão culpado Gi... De expor eles, você a tudo isso! Alvo está arredio, tão quietinho; Tiago está tendo pesadelos quase todas as noites! – Falei fitando o teto. – Eu sei, não é culpa minha, mas não consigo evitar!


- É difícil não passar essa instabilidade para eles... – Gina sorriu. – Mas já vai passar... Eu sei que vai!


- Sim... Então é melhor mandar eles para a escola amanhã! – Falei não muito convicto.


- Ah... Podemos decidir isso amanhã... – Gina bocejou. – Estou cansada demais para decidir qualquer coisa, Harry. Ah, quanto ao Herdeiro, ela disse que é possível, mas precisa de um tempo para fazer algumas pesquisas... Vamos trabalhar a esse respeito!


- Ok! Confio plenamente em vocês duas... – Deitei-me ao lado de Lilly. - Nem pensar em levar Lilly para o quarto dela então...


- Só se você quiser outra noite sem dormir nada! – Gina riu. – Tirar Lilly daqui, vai fazê-la abrir o maior berreiro, e eu preciso dormir um pouco querido!


- Eu também Gi...


******


A semana passou sem novidades. Tiago e Alvo ficaram em casa somente um dia, chegamos à conclusão que era melhor manter a nossa rotina.  O Herdeiro se recuperava lentamente, fisicamente estava bem, mas emocionalmente, sua memória ainda estava uma confusão. Dizia coisas soltas, mas que juntando fazia sentido. Gina e a Condessa pesquisavam feitiços que poderiam reverter o quadro.


Hermione também ajudou. A opção que tínhamos era usar a pedra do amor e alguns feitiços para a memória. Mas para isso, ele precisava estar mais forte para que o feitiço fosse realizado, pois ao usar a pedra tudo de ruim que aconteceu com ele seria deletado, e ele teria a chance de recomeçar sua vida novamente. Mas ele precisava estar consciente, ter certeza que queria essa segunda chance.


Gina o visitou mais uma vez. Eu não gostei nada dessa visita. Theodore olhava fascinado para minha mulher, não gostava disso. Gina disse que não havia motivos para ciúmes, mas que era bom saber que eu ainda tinha esse tipo de sentimento depois de quase dez anos de casamento. Não eram ciúmes, era um sentimento de proteção, cuidado... Err..  Ok! Admito, eram ciúmes. Sabia que Gina tinha pena dele, talvez um sentimento maternal, pois Theodore despertava esse tipo de sentimento.


Tivemos uma pequena discussão quando ela falou em visitá-lo novamente e eu não poderia acompanhá-la. Por fim, Gina cedeu e disse que só iria ao St. Mungus quando eu pudesse acompanhá-la, mas deixou claro que só estava fazendo isso porque não era o momento para brigarmos por bobagens. Não era bobagem, Theodore estava vulnerável, carente e não era alguém estável, alguém que pudéssemos confiar, não era porque ele salvou Alvo que iria confiar nele, afinal ele era filho de Voldemort.


Coletamos o sangue de Theodore e o meu para fazermos um teste de DNA mágico que confirmou a paternidade de Theodore. Ele realmente era o herdeiro de Lord Voldemort. Não era um aborto, mas também não era um grande bruxo. Seu poder mágico era bastante limitado, mesmo com treinamento, jamais chegaria aos pés de Voldemort, e isso não teria acontecido nem que ele fosse iniciado a magia quando criança. Por isso Voldemort não ligou para o filho.


Hermione nos explicou que ele não podia ser considerado um aborto, mas tinha o que chamávamos de baixa magia, isso era muito comum com bruxos que tinham um dos pais trouxas ou que a magia dos pais não era considerada pura, como a de Voldemort. Que apesar de ser um grande bruxo, manipulou muito magia das trevas e ao realizar as horcruxes perdeu muita força. Chegamos à conclusão que Theodore foi concebido logo após Voldemort ter realizado uma das horcruxes, o filho seria uma forma de continuação, mas a energia usada para fazer uma horcruxes o deixou muito debilitado e ele não passou todo o seu poder mágico para o filho.


- Papai... 


- Que foi Tiago... Não consegue dormir filho? – Tiago usava um pijama cheio de pomos de ouro e parecia que já ia chorar.


- Não quero ter pesadelos... – Tiago resmungou. – Mamãe tá com a Lilly...


-Papai tem um truque para afastar os pesadelos. – O peguei no colo e o levei novamente para seu quarto. - É só colocar esse pomo de ouro debaixo do travesseiro e você só terá bons sonhos...


Dei-lhe o pomo de ouro, que peguei em meu primeiro jogo de quadribol, que anos depois Dumbledore me deixou de herança...


- Fica comigo até eu dormir? – Tiago me perguntou já sonolento, mas colocou o pomo debaixo do travesseiro.


- Sim... Filho!


- Não conta para o Al que tenho medo! – Concordei.


Em minutos Tiago estava dormindo. Sai do quarto em silencio e encontrei Gina no corredor saindo do quarto de Alvo.


- Hei... Acho que hoje não teremos Lilly entre nós! – Sorri malicioso ao ouvir as palavras de Gina. – Al deu um pouco de trabalho para dormir, mas finalmente dormiu... Com a Lilly dormindo conosco esses últimos dias, Alvo teve uma pequena crise de ciúmes... Mas graças a Merlin, Lilly está mais calma hoje!


- Hum... Também achei. – A abracei e fui levando ela em direção ao nosso quarto. – Mas como tivemos uma semana calma, Lilly se acalmou... Ela nem chorou hoje quando fui trabalhar!


- Ahm... Mas tenho medo desse silêncio... – Gina comentou.


- Eu também... Mas agora só quero matar minha saudade de você! – A derrubei na cama e comecei a desabotoar os botões da blusa de Gina, beijando seu pescoço. – Acho que merecemos um momento para nós!


Gina concordou com um gesto positivo e me puxou pelo colarinho da minha camisa...


******


- Potter! – A voz grave e solene de Draco Malfoy me fez desviar a atenção do relatório que lia.


- Malfoy! A que devo a honra de sua visita? – Falei apontando uma cadeira para ele sentar-se.


- A arca de Voldemort... Eu acho que achei! – Ele falou objetivo.


- Acha?! – Levantei a sobrancelhas em um gesto de impaciência.


- É... Ela não exatamente o que imaginávamos, então... Eu acho que seja, mas... – Draco falou levantando-se impaciente. – Ok! O Lord não iria encher uma arca velha de jóias e ouro e lançar feitiços de ilusão...


- Não mesmo! Explique!


- Depois que você me falou que Crayde estivesse interessado na arca e que provavelmente ela estaria na minha casa... Bom, procurei por tudo e qualquer coisa que pudesse ser essa arca... Mas não encontrei nada. Deduzi que Astória teria se livrado quando reformamos a mansão Malfoy... Perguntei para ela que também não se lembrava de nenhum objeto como esse. - Respirou fundo. – Não fiquei satisfeito, quase coloquei a casa a baixo para achar alguma coisa... Então me lembrei de um estojo que minha mãe me deixou de herança, era um estojo de cristal, vazio...  Nunca entendi o porquê e deixei-o jogado no fundo de uma gaveta. Resumindo, encontrei o estojo e, nenhum feitiço, nada faz ele se revelar... Mas aconteceu uma coisa estranha!


- O que...


- Em minhas mãos e na de Astória não passa de um objeto qualquer todos os feitiços que fizemos pareciam nem atingir o estojo... Mas quando meu filho o tocou aconteceu alguma manifestação mágica, ela se iluminou e Scorpions a jogou longe e começou a chorar. Se esse objeto não for à arca de Voldemort, eu não sei o que seria... – Draco me olhou. – Achei melhor não trazê-lo comigo, ainda esta em minha casa, muito bem guardado...


- Só pode ser esse estojo de cristal, alguma outra explicação para sua mãe ter lhe deixando? – Draco balançou a cabeça negativamente. – Preciso desse estojo! O menino falou porque reagiu assim?


- Não! Scorpions se nega a pegar o estojo novamente e fazer qualquer referência ao objeto... Meu filho sabe muito bem impor sua vontade. – Draco deu um risonho nervoso.


- Se o estojo é a arca de Voldemort, é um objeto enfeitiçado por magia das trevas... – Dei um suspiro. – Hum... Seu filho é uma criança inocente, pura, sem maldade...


- O que você tá querendo dizer! – Draco falou furioso. – Que eu e minha mulher não somos boas pessoas...


- Não! Eu não falei isso! – Posso ter pensando - Acalme-se... Eu só disse que seu filho é inocente. Você já presenciou e... Bom, fez coisas ruins... Astória estava em Hogwarts no dia da batalha final? – Draco assentiu. – Então ela presenciou maldade, morte, talvez tenha precisado se defender, você entende o que quero dizer! Talvez o estojo não tenha significado nada em suas mãos e na da sua mulher porque vocês já são impuros, já viveram a maldade, tristeza... Ao contrário de Scorpions, que é uma criança pura.


- Entendo... – Draco ficou em silêncio. – Faz sentido... Pelo menos para mim, mas Astória... Ela é um anjo, mal sabe fazer um feitiço para se defender!


- Mas ela viveu uma grande tristeza, vocês perderam um bebê... – Falei um pouco envergonhado. – Scorpions não foi atingindo por isso, pois ele era pequeno para entender...


- Sim... – Draco parecia perdido em suas lembranças.


- Bom preciso desse estojo! Provavelmente ele também não vai se manifestar em minhas mãos... Se bem que...


- Voldemort usou seu sangue para voltar... – Draco concluiu. – Você pode abrir a arca!


- Theodoro foi confirmado como filho de Voldemort, ele pode abrir... – Respirei fundo. – Ninguém pode saber sobre essa arca, estojo...


******


Já era muito tarde quando sai da lareira em minha casa. A casa estava iluminada demais para aquele horário.


- Harry! Que bom que chegou! – Gina apareceu vinda da cozinha.


- Hum... Tudo bem? – Falei preocupado. – Porque ainda está acordada? Eu avisei que iria chegar tarde...


- Sim... Sim, avisou... Tá com fome?- Gina falou tranquila e eu neguei. – Lilly...


- Oh!


- Lilly começou, seguida por Alvo e finalizando com Tiago... – Ela riu. – Estão os três na nossa cama...


- Ah... Acho que isso não é engraçado... Só queria tomar um banho e dormir! – Falei seguindo Gina para o nosso quarto. – O que houve? Algum motivo em especial para os três terem dado um show?


- Er... Quando cheguei Lilly estava aos prantos... Ah, depois Tiago e Alvo resolveram seguir o exemplo da irmã para terem atenção. – Gina falou hesitante e a olhei desconfiado.


 Chegamos ao nosso quarto e não consegui evitar um sorriso bobo ao ver aos três dormindo na nossa cama.


– Tea, obrigada! Por favor, apague todas as luzes lá em baixo e pode se recolher!


- Sim minha senhora... – Tea saiu rapidamente do quarto evitando me olhar.


Tiago tinha o sono agitado, Alvo estava encolhido e Lilly parecia dormir tranquilamente, por maior que fosse a cama, eles tomavam conta.


- Porque não fica no quarto de hospedes... Você me parece tão cansado! – Gina sugeriu. Era impressão minha, mas ela estava estranha!?


- Não mesmo! Você já teve trabalho demais... – Gina também me parecia cansada e tinha uma expressão de... Culpada. – Gina... Eu vou tomar um banho, depois conversamos! Porque será que to achando que aconteceu mais do que você me disse?


Gina ficou em silêncio e ela sempre tinha uma resposta para me dar.


Tomei uma ducha rápida e quando voltei encontrei Gina sentada à poltrona...


- Desculpe! – Ela começou enquanto me vestia. – Fiz algo que você não vai gostar...


- Bom, se você não me contar... – Falei usando um tom baixo e com toda a paciência que ainda tinha.


- Harry, você disse que ia demorar e eu fiquei um pouco ansiosa... – Gina sempre enrolava quando fazia algo errado. – Fui ao St. Mungus e... Trouxe o Theodore aqui em casa, Neville veio junto...  Harry!


- Por quê? Gina, o que deu em você! – Era o que precisava para fechar meu dia com chave de ouro! Tinha ido até a casa de Draco, me desentendido com Hans mais uma vez, não estava no meu melhor momento e mais essa agora! – Eu não acredito que você o trouxe aqui!


Olhei rapidamente para as crianças dormindo e logo entendi o que aconteceu. A presença de Theodore deixou meus filhos com medo!


- Harry... Desculpa, eu não pensei, agi por impulso, quando fui ao St. Mungus, Theodore só falava do Alvo... Achei que seria bom ele ter certeza que ele estava bem! – Gina tentou se explicar, ela havia dito que não iria ao St. Mungus sem minha presença. – Não foi uma boa ideia. Admito! Lilly começou a chorar assim que o viu, Tiago ficou com medo... E Alvo...


- O que houve com Alvo? – Falei quase gritando, o resmungo de Lilly me lembrou que eles estavam ali. Tive o impulso de arrastá-la daquele quarto... Respirei fundo e tentei me controlar.


- Não sei... Alvo ficou estranho! Ele ficou fraco, como se algo roubasse sua energia... – Gina falou com um fiapo de voz sentou-se novamente e me puxou para perto. – Harry, eu não fiz por mal, agi por impulso, jamais colocaria eles em risco!


- Por quê? – A questionei. – Gina... Por Merlin!


- Alvo é um elo de Theodore com sua memória, não posso fazer nenhum feitiço sem ele estar consciente, pois muitas de suas lembranças serão alteradas... – Gina suspirou. – E depois, Theodore tem que decidir que lado seguir... Ou seja, ele só terá uma segunda chance se realmente assim o desejar. Theodore está confuso, não lembra com clareza das coisas. Achei que ele vendo Alvo as coisas clareassem...  Como fazer alguém decidir entre o certo e o errado nessas condições, para ele o nosso certo pode ser o errado!


- Gina... Por Merlin, você devia ter me esperado! Você não pode tomar uma decisão dessa sozinha... Eu devia estar aqui! Se algo saísse do controle? – Estava vermelho de raiva.


- Eu não pensei, eu sei... Quando a Condessa me falou isso eu fiquei cega! Não pensei... Luna sugeriu seguir minha intuição... – Gina começou a chorar. – Eu fui impulsiva demais... Só agora eu tenho noção do que era perigoso demais. Me perdoa...


- Ah... Choro é golpe baixo! – Falei sentando no sofá maior e puxando Gina para meu colo. – Bom... O que aconteceu depois?


- Devido à reação das crianças... Theodore não ficou nem dez minutos aqui, Neville logo o levou de volta para o hospital... - Gina deu um longo suspiro. – No fim, acho que não foi uma boa ideia... Devia ter planejado melhor esse encontro. Mas segui minha intuição, sabia que Lilly e Tiago também deviam estar juntos! Não me pergunta, ainda não tenho uma resposta para isto!


Beijei os seus cabelos e ficamos em silêncio por um bom tempo. Ate achei que ela havia dormido, quando ela falou:


- Harry... Porque você demorou?


Contei sobre a visita de Draco, depois da minha discussão com Hans sobre trazer ou não o estojo para o Ministério e por fim da ida ate a casa dos Malfoys para buscar o estojo...


- O estojo é a arca? – Gina questionou.


- Ainda não sabemos, pois o filho da mãe do Malfoy se negou a nos mostrar o tal estojo... Antes ele quer um monte de regalias para sair do país com a família... – Falei furioso. – Nunca devíamos ter confiado tanto em um Malfoy!


- Vocês não podem confiscar...


- Infelizmente não! O objeto foi deixado como herança para o Draco, isso impede que o Ministério o confisque! – Falei cansado. – Aquela doninha albina... Voltamos para o Ministério e Hermione ficou de pesquisar alguma brecha para confiscar o objeto!


- Você já me perdoou? – Gina falou manhosa.


- Ainda estou furioso... Mas amanhã estarei mais calmo! – Gina se aninhou mais em meu colo. – Talvez o quarto de hospedes seja o melhor esta noite!


- Harry... Queria que ficasse aqui, comigo com eles... Eu já disse que estou muito arrependida e mereço que fique zangado comigo! – Gina sabia jogar sujo, pois usou o tom mais doce que tinha. – Um feitiço para aumentar a cama resolveria tudo! Eles se sentiriam mais seguro com a presença do pai...


- Hum... Você merece ser castigada! Se eu não estivesse tão cansado...


- Para você ter uma ideia, foi difícil acalmar os três... – Gina usou um tom dramático. – Quase lhe mandei um patrono para vir para casa... Você não tem noção do que é ter três crianças desesperadas a sua volta! Eu e Tea não demos conta...


- Monstro!


- Mandei Monstro ao Beco Diagonal... Do jeito que ele lhe adora, me entregaria a você antes de colocar os dois pés fora da lareira. – Não consegui segurar o riso.


- Ok! Mas tenho uma ideia melhor... – Fiz um feitiço para aumentar o sofá que estávamos.


 Não conseguiria ficar brabo com Gina por muito tempo e sentia que precisa proteger minha família.


*******Contei Cont


 


- Realmente Gina se precipitou... – Hermione comentou depois que contei tudo que tinha acontecido. – Mas Gina jamais faria algo que colocasse as crianças em risco, se não tivesse certeza...


- Ela disse que seguiu a intuição! – Falei.


- Hum... – Hermione batia compassadamente os dedos na mesa e mordia os lábios.


- Ela fica assim, às vezes! – Rony sussurrou. – Deve estar pensando em algo!


- Mione... – Respirei fundo. – Algo positivo para pegarmos aquele estojo do Malfoy?


- Não... Aff, não sei por que vocês não aceitam as condições do Draco! – Hermione estava visivelmente irritada. – Não podemos condenar Draco, ele só quer proteger a família dele...


- Também concordo! Mas Hans achou que não devemos ceder!


- Hans esta por um fio, se der algo errado nessa historia... Dançou! – Rony comentou. – Tenho que admitir que faria o mesmo que o Malfoy... Não sei o que Hans está esperando, no final ele vai aceitar a proposta mesmo!


- Tá querendo mostrar serviço... – Hermione suspirou. – Ah, bem... Vou para minha sala, quero ir para casa cedo hoje! Tenho muito trabalho acumulado. – beijou rapidamente Rony e saiu da nossa sala.


- Vamos trabalhar então! – Rony sentenciou e resmungou algo sobre ler uns relatórios chatos.


A manhã passou arrastada, fui com Rony ao restaurante do Ministério para almoçarmos, Rony voltou para a sala e eu fui aplicar alguns exercícios práticos com minha turma de aurores em treinamento. No final da tarde, voltei para minha sala e estranhei não encontrar Rony. Suas coisas ainda estavam por ali, não dei bola. Ia mandar um patrono para Gina avisando que já estava indo para casa, mas não completei o feitiço, pois Rony entrou esbaforido na sala...


- Harry... Já ia lhe chamar! Problemas! Problemas enormes!!! – Recolheu rapidamente algumas coisas na mesa. - Hermione já foi para casa, pedi para ela ir para a casa dos pais com as crianças... Gina tá em casa?


- O que houve... – Algo me dizia que não iria gostar da resposta. – Não sei se Gina já está em casa, mas...


- Harry, não temos tempo. Vamos, eu vou lhe contando o que aconteceu... – Rony colocou sua capa de auror e foi em direção a porta. – A hora chegou Harry!


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N/B: Isso são horas de encerrar o capítulo, Ms. Agatha Day? O que será que aconteceu? Bessy? Theodore? Crayde? Ahhhhhhhhhhh, eu vou avadar qualquer um que chegue perto dos pequenos!!! E Lilly, tão sensitiva.... Estou ansiosa pelo próximo! Beijos a todos, Alessandra (Sandy Meirelles).


 


N/A: Pessoal, demorou mais chegou...  É que o capítulo deu mais trabalho do que imaginava, então já aviso, que o próximo vai dar trabalho igual, pois terá muita ação, conflitos, fugas, duelos e duas mortes. Não tenho previsão para posta-lo, mas acredito que seja meados de setembro, pois minhas férias foram prorrogadas por causa da gripe A. Quanto ao capítulo, quis deixar no ar um clima de suspense, mistério, preparar todos para o próximo capítulo (que será penúltimo! Nem acredito!), depois o último será super tranquilo e o epílogo (que terá uma surpresa...). Vou ficando por aqui... Por favor, leiam e comentem, preciso saber a opinião de vocês os próximos capítulos...  Ah, deem uma passadinha na minha fic nova – O Bebê Potter – vocês vão gostar! Obrigada! Beijos e até o próximo!


Daiana


TonkseLupin -  A Lilly também deu um showzinho nesse capítulo. Não se preocupe, a paz chegará logo, se bem que não será tão fácil!!!! Beijos!


Quézia  - O Harry realmente mudou em relação aos Durley... Ai, não posso falar, mas, vamos ter certeza disso no próximo capítulo. O jantar com os Malfoy não tinha a intenção de ser tenso, era até para ser mais engraçado, dos dois se alfinetando... Mas acho que ficou legal, na medida certa. A fic tá no fim mesmo e já estou sofrendo por antecipação! Beijos!


Alessandra - Sandy Meirelles – Nem tenho palavras para falar dessa moça! É maravilhosa! Beijos!


Anny W. P. – Sem problemas quanto ao nome do mini puf, acho que ninguém percebeu! KKKK! Lilly é muito fofa, e ela tá tão sensitiva nesse capítulo... Estou tendo uma ideias para a Lilly, quando voltar no MSN lhe falo. Beijos!


Tailane Schreiber – saudades! No próximo capítulo tenho certeza que você vai ficar com muito mais raiva da Bessy. Beijos!


Lais Viana – Nossa, sem comentário foi enorme... kkkkk, mais adorei! E você trouxe as cenas que mais gostei de escrever... Beijos!


ayla tereza -  Que bom que gostou... essa era a intenção, o capítulo 36 foi realmente muito gostoso de escrever, adiando que só no último capítulos saberemos de o herdeiro é do bem ou do mal! Beijos!


Katharina Rocha – O Rony é  intragável mesmo! Mas adoro ele...  Beijos!


Patricia Pattinson –  sim, é triste, mas uma hora tinha que acabar né! Mas como eu disse no epilogo teremos uma surpresa, que eu espero que o povo goste! Beijos!


Natascha – Obrigada! Continue lendo... beijos!


Carol Alves -  Obrigada! Espero que goste do capítulo... Beijos!


Carlos Augusto de Borba – Obrigada! Continua lendo... beijos!


Thamis no Mundo - Obrigada! Continua lendo... beijos!


Deeh Cullen – Sumiu mesmo! Mas que bom que conseguiu colocar os capítulos em dia... Mas, não me abandone! Beijos!


Mary Weasley Potter – Seja bem vinda! Que bom que está gostando... continua lendo, beijos!


Daphne Potter – Seja bem vinda! Assim que der dou uma lidinha na sua. Espero que continue acompanhando a fic, beijos!


Sabrina M. M. - Obrigada! Continua lendo... beijos!


Raísse Duerre -  Que bom que tá gostando, bom, eu também nunca vi fic com o ponto de vista de Harry, isso foi um dos motivos que me levaram a escrever. Quanto a história das almas gêmeas, não e minha intenção aprofundar... Mas como disse no epilogo teremos uma surpresa, então quem sabe!!! Beijos!


 

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