Aflições



Capítulo IV – Aflições.


 


- Então, - a garota anunciou, tirando as costas da parede na qual batera fortemente suas costas e olhando fixamente nos olhos de Albus. Um calafrio percorreu suas costas e ela engoliu em seco, rezando internamente para que o primo não tivesse percebido. – o que você quer?


 


Albus deu de ombros, rindo levemente.


 


- Oras, Rosie, eu sou seu primo. Não posso mais falar com você, por acaso?  - Ele passou os dedos pelos cabelos rebeldes como os do pai, parecendo verdadeiramente nervoso. – Faz um bom tempo que não tenho uma conversa decente com você.


 


A corvinal cruzou os braços, consternada.


 


- Bom, finalmente você percebeu. Ótimo. Será que posso ir agora?


 


Rose tentou abrir passagem, mas Albus não se moveu. Ao invés disso, enlaçou-a pela cintura e a puxou para mais perto. Rose sentiu sua respiração bater em seu pescoço e se arrepiou.


 


- Rosie, Rosie... Se você soubesse o quanto eu senti sua falta.


 


A garota arregalou os olhos, afastando-se do primo abruptamente. Sentiu um enjôo subir por seu estômago e ficou sem ar — toda a fome que sentia passou e tudo o que sobrara fora apenas a ânsia.


 


Meu Deus, onde ela fora se meter?


 


- Não... Não...


 


- O quê? – Albus perguntou, assustado com a reação da prima. – Rose, ‘tá tudo bem?


 


A morena o encarou, os olhos ainda arregalados. Seu rosto estava lívido e o azul dos orbes realçados de uma forma que chegava a ser assustadora. Albus a segurou pelos ombros e a chacoalhou levemente. Enfim, ela pareceu recobrar a consciência e logo o empurrou com brutalidade.


 


- Você é alguém desprezível, Albus Severus Potter! – Rose gritou, lágrimas caindo de seus olhos. – Você é igualzinho a ele! Nunca mais se aproxime de mim, ouviu?!


 


Estático como estava, desta vez Albus foi incapaz de parar a prima naquele momento. Rose saiu do pequeno armário de vassouras como um furacão, deixando seus livros para trás e correndo até o Salão Comunal da Corvinal, sem fome e sem ninguém — apenas as lágrimas e a raiva que sentia do rapaz.


 


Albus se ajoelhou no chão, passando as mãos nos cabelos, mais confuso do que nunca. Recolheu os livros de Rose e deixou-os em um canto, concentrando-se no que acontecera há alguns minutos.


 


Caramba. Será que Rose tinha enlouquecido ou estava lendo livros demais? Ele? Ela tinha dito a palavra com tanto desprezo... Quem, raios, era ele?!


 


Sentiu a cabeça latejar e pegou os livros, saindo do armário de vassouras silenciosamente.


 


-


 


Mark esperava por Rose no Salão Comunal, no dia seguinte, com um sorriso no rosto bonito e jovem. Ao ver os olhos vermelhos e semicírculos roxos debaixo deles, porém, aproximou-se mais que rapidamente da amiga e a abraçou.


 


- Rose, Rose... O que aconteceu, minha querida?


 


Ele percebeu o corpo dela ficar tenso em seu aperto.


 


- Você se importa se... Não falarmos nisso agora, Mark? Ainda está meio recente, sabe?


 


- Mas é claro, querida. – Mark respondeu automaticamente, acariciando os cabelos compridos com ternura. – Estou aqui, viu?


 


- Que bom que está, Mark. Que bom...


 


-


 


As cabeças de Scorpius e de Albus se viraram imediatamente ao ver a pesada porta do Grande Salão se abrir e Mark entrar, abraçando Rose pela sua cintura, como se sua vida dependesse disso. Scorpius olhou para Albus, raiva inflamando seu olhar.


 


- O que você fez com ela, Albie?


 


O moreno abaixou a cabeça e afastou o prato, um nó subindo pela garganta. Nunca se odiara tanto em seus quinze anos de vida.


 


-


 


O dia de aulas passou normalmente, exceto por todos perceberem a quietude anormal de Rose Weasley , a demonstração de afeto incomum por parte de Mark Amiles e a falta da dupla inseparável de Hogwarts em todas as aulas.


 


Mark acompanhava Rose desde o momento em que a vira naquele estado deplorável mais cedo. Ela ainda não tinha lhe contado o que acontecera de fato, mas ele já conseguia desconfiava do que poderia ser.


 


Andando pelos corredores de Hogwarts, Rose estacou repentinamente ao ver um certo louro parado há alguns metros de distância, apoiado na parede e olhando naquela direção. Sentiu seus pelos eriçarem e Mark a observou, alerta. Scorpius se aproximou com a leveza de sempre, olhando diretamente para Rose.


 


- Amilies! – Ele exclamou, chegando mais perto. – Você poderia nos dar licença, por favor?


 


Mark hesitou ao ver Rose engolir em seco ao seu lado, mais pálida do que estivera hoje de manhã. Se fosse um trouxa, ele poderia afirmar que a garota deveria ter acabado de ver um fantasma. Mas, como Rose via fantasmas todos os dias naquele castelo, ele apenas balançou a cabeça e retornou ao que era importante de fato: a segurança da garota que amava.


 


- Não acho que eu deva, Malfoy. Ao contrário de você, - Ele sorriu debochadamente, fuzilando o outro com os olhos azuis. – eu prezo por Rose.


 


Scorpius cruzou os braços, parecendo desconsiderar o que Mark dissera.


 


- Preza até demais, não?


 


Mark corou e olhou de relance para Rose, querendo saber se ela percebera seu motivo. Não soube dizer se ficou decepcionado ou alegre ao perceber que ela ainda estava em estado de choque para assimilar qualquer coisa que não fosse ‘meu-antigo-amigo-está-parado-bem-na-minha-frente-depois-de-anos-sem-falar-comigo’.


 


- Vamos, Rose. – Mark pegou-a pelo braço, tentando puxá-la de volta para o Salão Comunal, mas ela permaneceu parada. Ao se virar para trás, o moreno empalideceu.


 


Scorpius Malfoy segurava Rose pelos ombros, seu rosto apenas a centímetros de distância da garota. Estava com uma expressão de plena concentração, as sobrancelhas quase se encontrando. Ele se debruçou e murmurou no ouvido dela.


 


- Vamos, Rose. Sou eu, Scorpius. – Ele soltou uma pequena risada triste. – Você se lembra de mim, não lembra?


 


Então, para sua surpresa total, Rose piscou. Ainda trêmula, ela assentiu com a cabeça para Scorpius e, virando-se para Mark, sorriu fracamente.


 


- Pode ir na frente, Mark. Eu te encontro no Salão Comunal, tudo bem? Eu... Eu estou bem, sério.


 


Não está, não, o amigo pensou, mas resolveu não contestar a decisão da amiga. Rose era esperta. Mesmo fragilizada por Merlim-sabe-o-quê, ela não se deixaria fraquejar na frente daquele cara. A garota era orgulhosa demais para isso.


 


Acenando com a cabeça, Mark se distanciou.


 


Agora, o assunto não era mais com ele.



Continua.

N/A: Pessoal, desculpem-me pela demora para postar este capítulo! Eu realmente sinto muito, mas eu acredito que não demorarei tanto assim para postar o próximo! (: O capítulo quatro em breve estará aqui, bonitinho! Espero que tenham gostado deste capítulo e que comentem! Falando em comentários, obrigada por todo o apoio que recebi nestes anos sem postagem! Beijos a todas! 

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