Visitante em Hogwarts



Alvo não acreditava nas palavras que seu irmão acabara de proferir. O olhava como se esperasse ouvir “aha! Te peguei! Você acreditou!” Mas ao julgar pela expressão de raiva estampada no rosto de Tiago, aquela seria a última frase que ouviria naquele momento.

- Tiago, eu não entendo...
- Olha, depois, se você quiser, fale com a própria! – Alvo nunca viu o irmão tão irritado antes – Eu não tenho mais tempo a perder com essa cobra, eu tenho aula agora e já estou atrasado! Aliás... – Tiago deu uma tapa na testa, acompanhado por uma careta de desespero – É aula de poções, com aquela peste engravatada do Wright! Meu dia já começou um inferno... Depois a gente se fala, Al!

O menino saiu correndo pelos corredores, rumo às masmorras, deixando para trás um Alvo completamente desconcertado, que ficou ali olhando o irmão sumir de vista, para só depois mencionar andar até a sala de aula de História da Magia, onde provavelmente todos os alunos primeiranistas da Grifinória já estavam.

Tiago alcançou às Masmorras e entrou na sala, fazendo todos os alunos olharem para a sua direção. Ignorou a todos e sentou ao lado de Jean, que antes mesmo de qualquer um, já fazia sinal para o menino sentar-se ali com ela. Zac e Justin estavam numa carteira à frente. Paul estava escrevendo qualquer coisa no quadro, Tiago se intrigou por não ter feito um escândalo com seu atraso, mas se enganou, assim que o homem com ar de superioridade terminou de escrever no quadro e se virou com um sorrisinho no rosto para ele.

- Aposto que esse atraso tem a ver com o passeio noturno de ontem, não é mesmo, Potter? Só que agora, não tem Longbottom aqui para me impedir, então, serão 10 pontos a menos para Grifinória pelo atraso do nosso herói noturno aqui... – E parou ao lado de Tiago, que se contorceu de raiva – Agradeçam a ele depois.

Tiago olhou em volta, mas nenhum aluno riu da gracinha de Paul. Claro, aquela aula era compartilhada com alunos da Lufa-Lufa que odiavam tanto quanto qualquer Grifinório aquele petulante do Paul Wright. Pensou em revidar, mas essa atitude só faria piorar a situação. Jean, ao ver a expressão de ódio do menino, pegou em sua mão delicadamente, e sorriu para ele.

- Calma, Ti! Ele é um ignorante, ninguém aqui vai ficar com raiva de você por isso! – A menina sussurrou gentilmente.
- Valeu, Jean... – Tiago tentou retribuir o sorriso.

Não prestou atenção na aula, como já era previsto. Pelo contrário, prestou atenção em tudo ali, menos na cara insuportável de Paul Wright. Apoiou o queixo na mão, e mirou Jean. Nunca reparara na menina antes, pois era tão oferecida em sua opinião, não era o tipo de garota que o agradava. Mas ainda assim, a olhou com outros olhos hoje. Estava tão irritado com Jullie que só pensava em tirar a menina da cabeça. Viu Jean sorrindo para Aly na outra ponta da sala, sentada ao lado de Zac, e seu sorriso era lindo. Tinha olhos verdes que lembravam os de Jullie, e Tiago odiou a semelhança, pois o que ele queria era esquecê-la e não lembrá-la. Jean reparou que o menino a olhava, e sorriu para ele, levemente corada. Dessa vez, Tiago retribuiu o sorriso mais sinceramente.

Enquanto isso, na sala de Estudo dos Trouxas, Alvo só pensava na raiva que seu irmão estava curtindo. Nunca vira o irmão tão estressado em toda sua vida, mesmo quando Lily conseguiu quebrar sua vassoura novinha que ganhara de Rony e Hermione no seu aniversário de 10 anos. Era muito estranho aquele comportamento e Alvo previu que algo de muito ruim acontecera entre Jullie e ele. Alice estava sentada ao seu lado, naquela aula, alunos da Corvinal compartilhavam o tempo com os da Grifinória, e a menina percebeu que algo o afligia.

- Alvo? – Alice sorriu, falando baixinho e calmamente – Se você tem problemas, não se preocupe, tudo se resolve no final, basta você não ceder aos maus pensamentos... – E estendo a mão para o menino o entregou um objeto que ele já conhecia muito bem, mas não tinha idéia de como funcionava – Toma, fica com o meu conta-reconta, ele vai te ajudar a acalmar os pensamentos e não vai permitir que os Empiriospectros te aflijam mais. E se você quiser falar sobre isso, pode contar comigo, ouviu?

- Nossa, obrigado Alice! – Alvo pegou o objeto mais por educação, mas adorou a atitude da menina. Alice era tão doce e meiga que era impossível achá-la estanha, mesmo com esse tipo de comportamento. – Você é uma ótima amiga...

Alvo guardou o objeto no bolso das vestes, ainda sorrindo para Alice. Desviou o olhar para mirar Claire, que agora fazia algumas anotações no seu pergaminho, ao lado de um menino moreno da Corvinal que ele não sabia o nome, mas já não ia com sua cara, pois estava cheio de gracinhas para o lado da menina. Rosa e Louis estavam sentados na mesa da frente e Alvo se odiou por ter chegado atrasado, era ele quem deveria sentar-se ao lado de Claire. Estava eufórico para poder contar para a menina o comportamento de Tiago e sua vontade agora era agarrar na mão de Claire e ambos saírem correndo para encontrar com Jullie e desfazerem o provável mal-entendido entre ela e seu irmão.

- Com licença, Helena... – Alvo deu um pulo ao ouvir a voz de Minerva McGonagall invadindo a sala, denunciando que estava voando na aula – Posso roubar dois alunos?

- Claro, Minerva! – a professora abriu um belo sorriso, olhando por cima de seus óculos estilo “gatinha”. Helena de Mont’Serrat era uma mulher ruiva, de cabelos armados, e muito sardenta, não muito velha, mas extremamente inteligente e agradável – Fique a vontade, e obrigada por acordar o Sr, Potter aqui... – ela parou ao lado de Alvo, sorrindo meigamente – Acho que ele estava viajando na aula... Eu era assim quando estudava!– Alvo sorriu sem graça.

- Pois ele vai acordar agora mesmo... – Minerva retrucou – Venha comigo, Sr. Potter... E a Srta também, Srta Cavendish – E acenou para Claire, que já estava a mirando desde sua entrada na sala.

Claire olhou de relance para Rosa e Louis, ambos com caras de assustados, e se levantou lentamente, indo ao encontro da Diretora e de Alvo.

- Acho que não os devolverei até o final da aula, Helena, mas estou certa que eles recuperarão a matéria com um colega, não é, meninos? – Minerva olhou para os dois com um leve sorriso nos lábios e ambos sorriram de volta, sem graça.

- Sem problemas! – Helena se antecipou – A aula daqui a pouco termina... Podem ficar tranqüilos!

Minerva apontou a porta para Alvo e Claire passarem à sua frente, e despediu-se de Helena antes de juntar-se a eles novamente. Alvo não gostava nenhum pouco da expressão da Diretora e ficou certo que Claire tampouco gostava, pela leve ruga que se formava em sua testa. Minerva os olhou profundamente, dando em seguida um sorriso que fez o coração de Alvo ficar mais calmo.

- Vocês têm uma visita! – Ela disse, aumentando o sorriso – Não se permite visitas em Hogwarts sem que haja um motivo muito especial comprovado, mas... Abri uma exceção! Venham!

Alvo e Claire se entreolharam, confusos. Quem seria essa visita? Seguiram Minerva, cujo vestido em tom roxo-batata ia esvoaçando a frente dos dois, conforme os passos longos e barulhentos da Diretora iam trilhando o caminho de volta a sua sala. Pararam naquela entrada que Claire achava tão linda, a qual a enorme gárgula guardava sua entrada. Esperaram Minerva dizer a senha e subiram em silêncio atrás da Diretora. Alvo olhava para os lados, tentando ver quem era a tal visita tão importante, que conseguiu fazer com que Minerva abrisse uma exceção às regras de Hogwarts. Enfim, viu de pé, em frente ao quadro de Dumbledore, um homem bem vestido, mas com cabelos ligeiramente despenteados, que ajeitou os óculos ao ouvir passos entrando na sala. Alvo abriu um largo sorriso.

- PAI! – Alvo correu para abraçar Harry

- Oi, garotão! – Harry deu um apertado abraço no filho – Que saudade de você! – E olhou para Claire, que sorria emocionada – E você, lindinha? Não me dá um abraço?
- Oi Tio! – Claire correu e abraçou Harry também – Ah, desculpa, nem perguntei... Eu posso chamar o Sr. de Tio?
- Claro que sim! – Harry a abraçou carinhosamente.

- Bom, Potter... – Minerva ostentava um largo sorriso na face – Vou deixá-los a sós, e aproveito para trazer seu outro filho, aposto que ele ficaria muito bravo se soubesse que o pai esteve aqui e nem o deu um “oi”! Que menino genioso, esse Tiago... – Ela balançou a cabeça, sorrindo – Com licença, então... Fiquem à vontade!

Minerva saiu, dando uma última olhada para os três que ficavam em sua sala. Harry indicou duas cadeiras para Claire e Alvo se sentarem, e ele mesmo sentou-se na mesa de Minerva. Respondeu pacientemente a todas as perguntas de Alvo (“Como está mamãe?”, “Lily está mexendo no meu quarto?”, “Teddy já é Auror?” entre outras) Mas Harry teve que cortá-lo antes que ele fizesse o que contabilizou ser a décima sexta pergunta seqüencial.

- Alvo, meu filho, eu sei que você está curioso com todas essas coisas, mas eu vim aqui fugido do trabalho, estou muito ocupado lá no Ministério, porém... – Harry puxou uma pasta que estava sobre a mesa e dela tirou um pergaminho – Vim assim que recebi a carta de vocês. Ela chegou assim que entrei no Ministério. A li junto com Hermione e... – ele olhou para Claire – Eu precisava falar com você, Claire... Sobre seus pais e todo o esforço que estamos fazendo para encontrá-los...

- E já os encontraram? – Os olhos de Claire brilharam cheios de esperança.
- Ainda não, querida... – Harry se sentiu um monstro por acabar com a esperança da menina – Mas estamos cada dia mais perto! Confia em mim...

- Eu confio! – Claire sorriu – Alvo me disse que o Sr. nunca o decepcionou, e eu acredito nele – Alvo corou ao ouvir isso. – Alvo é meu melhor amigo, sabia?

- Sabia, e eu fico muito feliz por vocês! – Harry olhou de um para o outro, sorrindo – Então, Claire... Na carta, diz que sua coruja se chama Astrid em homenagem à diretora da sua escola trouxa, não é?

- É sim, a Astrid Corujão... – A menina riu baixinho – Era a diretora do St. John, eu estudava lá desde que me mudei para Notting Hill, com seis anos...

- E pai... – Alvo a interrompeu – Claire morou no Surrey, na Rua dos Alfeneiros! O Sr conhece lá, não é?
- Sim, eu morei lá até meu 6º ano, com meus tios, os Dursleys...

- Dursleys? – Claire arregalou os olhos

- Os conhece? – Agora eram os olhos de Harry que brilhavam.
- Claro!Tio Duda e Tia Nina! São os pais da Carol, era minha melhor amiga! Minha mãe e Tia Nina eram muito amigas também, sempre estavam juntas!

- Tio Duda? – Harry riu. Como o mundo era pequeno.

- Isso, ele morava lá, duas casas depois da minha. Carol e eu éramos muito amigas! Crescemos juntas, quando eu me mudei, fiquei em depressão por isso! – Claire contava animada – Continuamos escrevendo uma pra outra, e conforme crescemos, nos falávamos pela internet... – Parou de falar, olhando para Harry e Alvo – Sabem o que é internet, não sabem? – E os dois balançaram a cabeça positivamente – Ah... Então está bem... Mas aí, eu vim pra cá e nunca mais pude falar com ela...

- E você ainda tinha contato com ela, Claire? – Harry estava esperançoso por dentro.
- Tinha sim! Tanto que quando o avô dela morreu, meus pais me deixaram ficar com ela por uma semana, eram férias mesmo...

- O avô... – Harry engasgou – Pai do Duda?

- É, vovô Valter! Era como o chamávamos... Morreu há dois anos, num acidente de carro.

- Acidente de carro? – Ele estava boquiaberto.

- Foi... Estava ele e a esposa, Vovó Tunia... Ele cochilou, eu acho... E bateu com o carro num caminhão. Ele morreu na hora e a esposa ficou muito mal durante um mês, mas se recuperou... E o mais engraçado... Ela disse que morreu e voltou... Na verdade... – Claire começou a baixar seu tom de voz e por fim estava sussurrando, como se sentisse vergonha pelo que falava – Ela nunca bateu bem! Era completamente alucinada, mas eu morria de rir com ela! Só que depois do acidente... Ela ficou uma pessoa melhor.

- Nossa... – Alvo estava chocado – Pai... Esses são seus tios?
- São, Alvo... – Harry também estava chocado – Eu nunca mais os vi e nem os procurei...

- Mas... Então eles podem ajudar, não podem? O Sr sabe onde moram, pai! Pergunte a eles, se eram amigos, devem saber para onde os pais de Claire foram!

- Eu sei, filho... Foi por isso que vim... – Harry se levantou, estava nitidamente abalado – Eu queria saber mais detalhes sobre o outro local onde Claire morou... Não constava nos registros...

Harry estava morrendo por dentro. Desde que saíra da casa do Dursleys, naquelas circunstâncias horríveis e táticas para não serem pegos, nunca mais ouvira falar ou os procurara. Ao menos sabia que voltaram a morar na Rua dos Alfeneiros, quanto mais que o biltre do Duda havia casado. Quando Alvo pensou em perguntar o que estava afligindo o pai, Tiago rompeu sala a dentro, se jogando contra o pai num abraço super apertado.

- PAI! – O menino pulava – Que saudade! Poxa!
- Eu também tenho saudades, filho! – Harry apertou o filho – E então, eu estou sabendo que andou aprontando muito...
- Quem te contou essa calúnia? – Tiago fingiu decepção – Ah, eu sou tão mal interpretado aqui...

- Está bem, Tiago, quem não te conhece, que te compre... - Falou uma terceira voz

Harry olhou para a entrada da sala, para ver seu amigo, Neville, que estava de braços cruzados, sorrindo para ele.

- Soube que Harry Potter estava aqui, e não perderia a oportunidade de pedir um autógrafo! – Neville brincou, indo abraçar o amigo.

- Nem brinca! – Harry riu – Nossa, quanto tempo, não?
- Pois é, estamos devendo a nós mesmos um pouco de conversa! – Neville sorria – E como Gina está?
- Está bem... Esses dias ela encontrou Luna no Ministério. Estava resolvendo um processo que recebeu contra “O Pasquim” com a Virginia McKinann...
- Ah... –Neville revirou os olhos – Luna insiste em defender suas opiniões na revista... Diz que está respaldada pela “liberdade de expressão” mas sempre é processada...

- Professor Longbottom... – Tiago sorriu ironicamente – Desculpa, mas eu preciso do meu pai, pode ser? Não é hora para falar de processos... A Bacharelada em direito é minha mãe...

- E essa agora... – Neville olhou para Tiago com ar de riso – Está bem, Sr. Possessivo! Libero seu pai...

- Obrigado... – Tiago piscou para Neville e puxou Harry para outro canto.
- Que falta de educação, Tiago! – Harry queria rir, mas preferiu recriminar o comportamento do filho.

- Mas eu disse “obrigado” pai! – Tiago se defendeu.

- Harry, eu fugi da aula, tenho que voltar... – Neville ainda ria – Até mais, amigo, mande lembranças a Gina, Rony e Mione em meu nome...

- Pode deixar... Foi muito bom te rever!
- Pai... – Tiago estava afobado - Eu preciso falar com o Sr.
- Mas eu tenho pouco tempo, filho... – Harry falou olhando para o relógio.
- Mas é sério! – Tiago não ligou – Olha, lembra do diário que o Sr. contou para Alvo e eu, aquele que possuiu a mamãe quando ela entrou em Hog...

- Tiago! – Harry olhou em volta – Que tem isso agora?
- Eu peguei um diário igual! Ele tentou me hipnotizar, pai! – Alvo e Claire ao ouvirem isso arregalaram os olhos, assim como Harry.

- Do que você está falando?
- Er...– Tiago olhou para Claire e Alvo como se só agora percebesse os dois ali – Ah... Vocês podem me dar licença? É particular...

- Está bem... – Alvo olhou para Claire – Vamos voltar?
- Claro... – a menina não pensou duas vezes.

Tiago batia o pé em sinal de afobação, enquanto Alvo e Claire se despediam de Harry. O menino se certificou que os dois foram embora mesmo antes de continuar contando a história para o pai. Assim, encarou o pai, prosseguindo com sua história.

- Então, pai... A Jullie Watson... Ela me deu um diário para ler, mas era algo muito estranho... Eu não conseguia parar de ler... Tinha coisas estranhas escritas a sangue!

- Tiago, que tipo de coisas? – Harry estava perplexo – Você sabe o que aconteceu com sua mãe... Mas aquele diário não era um diário qualquer...
- Eu sei, mas a própria Jullie disse que esse também não era um qualquer!

- Mas, por que raios você pegou esse diário para ler?

- Ela precisava me contar um segredo, mas não conseguia – Tiago falava apressadamente – Então, ela me deu o diário e disse que se eu o lesse, entenderia. Mas nele não tinha nada que me dissesse algo! Só uma foto de um casal da Sonserina, uns poemas tristes e várias frases repetidas, escritas com sangue!

- Eu não sei o que pode ser isso, Tiago, mas fique longe até que saiamos do que se trata...
- Eu fui falar com ela, pai... – a expressão do menino estava entristecendo – Ela me tratou tão mal... Eu não poderia contar isso para Alvo ou quem fosse, pois ela pediu segredo quanto ao diário e ao seu conteúdo... E eu não sou fofoqueiro...

- Eu sei, filho... – Harry olhou novamente para o relógio – Escuta, eu tenho mesmo que ir, mas me comunique qualquer coisa por carta, entendeu? E cuidado com qualquer coisa estranha que veja...

- Antes do Sr ir embora, pai... – Tiago o interrompeu – A câmara secreta... Ela ficava onde?

- No banheiro feminino, onde uma aluna morreu quando a câmara foi aberta por Tom Riddle...
- Murta! – Tiago sussurrou com ar pensativo – Tom Riddle...
- Isso... Mas o que tem a ver? – Harry estava confuso – Filho, o basilisco já está morto, não tema outro ataque...

- Jullie estava no banheiro da Murta que Geme quando eu fui falar com ela, pai!

- Você não está pensando que... Tiago, não viaja! A câmara secreta não apresenta perigo! Não mais!

- Mas é que... – o menino parou de falar e decidiu não compartilhar seus pensamentos, não até ter certeza do que falava – é... Acho que o Sr tem razão... Estou com raiva da Jullie... Deixa pra lá... Então, pai... – e abraçou Harry – Tchau, te amo pai! Manda um beijo pra Mamãe, pra chata da Lily, pro Hugo, Pro Teddy, pra Tia Hermione, pro Tio Rony...

- Pro porteiro do Ministério, pro moço do cafezinho... – Harry completou ironicamente – Mais alguém?
- Não, acho que só... – Tiago fingiu pensar – Ah, não, tem mais! Também para vovó e vovô!

- Está bem, cuide-se e comporte-se, ouviu? Te amo, filho, até mais!

Harry pegou sua pasta e se dirigiu a lareira de Flu. Tiago saiu apressado da sala, e Harry ficou o olhando sumir dali, lembrando de todas as aventuras que ele próprio havia vivido nesse lugar. Deu um sorriso melancólico e uma última olhada para o quadro de Dumbledore, que piscou para ele gentilmente.

- Até mais, Dumbledore! – Harry sorriu.
- Até mais Potter, e parabéns pelas crianças encantadoras que são seus filhos...

***

Assim que Harry chegou ao Ministério, logo procurou por Hermione, sem pensar duas vezes, se dirigindo direto ao nível um, para a sala da Draco Malfoy. Ao chegar lá, viu Hermione com expressão de espanto, olhando algo que parecia uma foto, num porta retrato prateado. Draco estava sentado em sua mesa, com a mesma expressão que Harry fez ao ver Hermione, uma expressão de “o que se passa?”

- Com licença... – Harry acenou com a cabeça – Bom dia, Malfoy...
- Oi, Potter... Entra... – Draco acenou para que ele entrasse, ainda olhando para Hermione – Então, me fala, o que você acha?

- HARRY! – Hermione parecia ter percebido sua presença ali – Olha isso! – E empurrou o porta retratos para as mãos de Harry.

Harry estava confuso, mas olhou a tal foto. Ficou boquiaberto ao ver a menina loira que sorria e mandava beijinhos para ele.

- Mas é a Claire!
- Não! Essa é Jessica! – Hermione corrigiu – A filha do Ministro!
- Caramba... – Harry não desgrudou os olhos da foto – Mas... É idêntica a Claire, Merlin...

- Acho que Rosa tinha razão! Elas só podem ser gêmeas! – Hermione tinha ar de quem acabara de descobrir a pólvora – Draco, temos que falar com o Ministro! Eu preciso de uma reunião com ele! Esta história está muito mal contada!

- Marque a reunião sim, eu também estarei lá... – Harry deixou de olhar a foto, colocando o porta retratos em cima da mesa – Agora... Eu acabei de falar com Claire e Alvo... E tenho novidades... Grandes novidades...

Harry contou toda a história sobre a Rua dos Alfeneiros, sobre Claire conhecer os Dursleys e todos os detalhes que achou mais importantes. Draco e Hermione tomavam notas enquanto ele falava. Estavam planejando uma visita aos Dursleys, e Harry se dispôs a procurá-los, mesmo depois de tanto tempo. O caso Cavendish já passara de um mero caso, era uma questão de honra, e agora, que Harry sabia da ligação dos Dursleys com Claire, a história ficara ainda mais importante.

A tarde passou rápido me meio a tanto trabalho. Quando Hermione se deu conta, já era 15:30h. Lembrou –se que havia marcado às 16:00h com Gina para irem à tarde de autógrafos na Floreios e Borrões.

- Ah! Está na minha hora! – Hermione levantou apressada, fazendo Draco parar de ler para olhá-la – Vou à tarde de autógrafos da Diana Vasseur com Gina...
-Sério? Pensei que você a odiasse – Draco riu ironicamente – Eu também irei... Se quiserem carona...

- Não... – Hermione lembrou do péssimo motorista que Draco era – Vamos no carro de Harry... Ele vai ficar até mais tarde, depois passamos aqui para pegá-lo... Obrigada de qualquer forma...

Hermione pegou sua bolsa, tentando ainda arrumar o cabelo o melhor que podia, enquanto andava apressada para encontrar com Gina. No meio do caminho, deu de cara com Rony. Até aquele momento, não haviam se falado desde a manhã.

- Já está saindo? – Rony tentou parecer indiferente.
- Eu vou à tarde de autógrafos da Diana Vasseur... Você não vai? Achei que fosse o fã nº 1 dela...

Quando Rony pensou em revidar, foram interrompidos por uma conversa em alto tom e risos vindos do corredor. Gina vinha andando com Teddy ao seu lado. Teddy era um rapaz muito interessante. Quem conheceu Remo e Ninfadora, poderia dizer com precisão que ele era a cara do pai com o estilo da mãe. Era metamórfago, inteligente e brincalhão, embora estabanado. Ou seja, era uma versão masculina de Tonks.

- Aí, eu preciso desse livro para Victoire! – Teddy sorria, e ao ver Rony e Hermione, acenou para ambos, mudando a cor de seu cabelo de azul berrante para abóbora intenso.

– Ela está louca por ele, mas eu estava esperando a Diana Vasseur vir para poder autografá-lo! Vick vai ficar tão feliz que vai aceitar meu pedido de casamento... Por favor, não esquece, Gi!

- Teddy, Ted! – Gina ria – Pode deixar, você já pediu isso umas trinta vezes hoje! Fora as de ante-ontem e ontem!

- É sempre bom lembrar... – Teddy piscou – Bom, deixa eu voltar, Rafa e Harry estão me esperando! Tchau, e boa festinha! Traz uns docinhos para mim quando vierem buscar Harry, está bem?

- Festinha... – Gina balançou a cabeça, rindo – Esse garoto é uma figura... – estava rindo até perceber a cara de enterro que Rony estampava, similar a de Hermione – Ih, mas que fase... Vocês dois não mudam, não é? Credo... Vamos, Hermione, eu não quero brigas antes da diversão!

Rony virou as costas e seguiu seu caminho, ao passo que Gina e Hermione entravam no carro. Gina estava eufórica e pegou na direção toda feliz. Chegaram na Floreios e Borrões em aproximadamente 20 minutos, o que deixou Hermione completamente irritada, pois além de ter que aturar a Diana Vasseur, ainda teria que esperar para isso mais 40 minutos. (“opa, calculei mal o horário...” Gina se defendeu). Entraram na livraria para pegarem os melhores lugares, e ficaram felizes por não serem as únicas a madrugarem ali. Hermione aproveitou para pegar o livro que era lançamento, para se distrair enquanto esperava. Gina fez o mesmo, mas preferiu “Os Contos de Hellen” para ler, pois adorava romances. Após 20 minutos lendo, Hermione fechou o livro, com uma expressão contrariada.

- Eu posso não ir com a cara dessa mulherzinha... – Comentou com Gina – Mas tenho que admitir, ela é fera! Esse livro está perfeito!
- Deixa de ser boba, Mione! Diana é um amor, além de escritora fantástica e...

Gina parou de falar, mantendo o olhar fixo na porta de entrada da livraria. Cutucou Hermione e acenou com a cabeça para que a amiga visse o homem bem vestido e com ar de arrogância que acabara de entrar no recinto, ajeitando os óculos no rosto.

Vários flashs eram disparados em sua direção, mas ele se recusou a falar com qualquer um dos jornalistas. O homem era muito bem afeiçoado, com cabelos castanho-escuros, olhos castanhos claros, nariz arrebitado e lábios finos, que lhe davam um ar de prepotência insuportável. Seria até um homem bonito, se não tivesse esse quê de superioridade estampado na face.

- É o Lucas Vasseur! Eu não acredito que esse idiota veio! – Gina estava indignada.

- Mas ele ainda é o marido da autora, Gina! Tinha que vir, senão...

Agora foi Hermione quem calou, ao ver Draco entrando na livraria, clicado por todas as câmeras que ali estavam. Sorria com seu ar debochado e tentava ser simpático com os repórteres, nitidamente forçado a tal. Ela tentou escutar o que lhe perguntavam e ouviu somente a resposta de Draco:

- ...Minha esposa não se agrada de programas como este, prefere cuidar de seus assuntos... Mas eu não perderia esta tarde com Diana Vasseur por nada... Sou um grande fã seu. – Draco sorria falsamente para uma jornalista.

- Gina... – Hermione olhou de Lucas para Draco – Sabe de uma coisa?
- Que foi?

- Acho que viajei quando pensei que Rony tivesse chances com a Diana, sabia? – e dando um riso cínico – Acho que Draco tem mais a ver com o perfil dela... E não quero ser fofoqueira... Mas acho que isso aqui vai ferver hoje... Escreve o que eu estou dizendo...

Gina olhou para Hermione com um certo receio no olhar, mas não ousou perguntar o que ela estava insinuando. Preferiu voltar a ler o capítulo do livro que tinha em mãos, enquanto Hermione ainda olhava para os dois homens que disputavam os flashs antes do Coquetel-Party começar. No fundo, Hermione começara a gostar da idéia de ter ido a essa tarde de autógrafos.

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