Dom da Premonição



- Onde está Claire? – Louis perguntou assim que Rosa e Alvo entraram no Salão Comunal. – Eu não esperei vocês no final da aula porque estava morrendo de fome...
- Foi para a biblioteca – Alvo respondeu sentando-se em uma poltrona ao lado da de Louis.
- Isso foi uma desculpa, ele quer na realidade ficar sozinha – Rosa largou seu material em cima de uma mesa – Eu tenho certeza que aquele professor ignorante falou algo muito grave para ela!
- Ela não contou a vocês o que houve? – Louis olhava de Rosa para Alvo.
- Não... Ela preferiu ficar sozinha... – Alvo suspirou.

- Meninos, eu acho que minha tese está certa! – Rosa sentou-se próximo aos dois meninos, e começou a cochichar para que nenhum outro aluno os ouvisse – O Paul é irmão do pai da Jessie, não é? Jullie disse que é tio dela e daquela insuportável, Pois bem, que assunto ele teria para tratar com uma aluna que nem sabia que era bruxa há três dias atrás? Ele sabe! E se duvidar... – Rosa abaixou mais ainda o tom de voz – Ele está por trás desse mistério todo da família de Claire.

Alvo e Louis estavam pensativos. Tudo o que Rosa supunha fazia de fato sentido. Fizeram um breve silêncio, como se meditassem em cima das palavras da menina.

- E quanto a Jullie? – Alvo interrompeu o silêncio momentâneo – Ela o desafiou na frente de todos os alunos! Aquilo foi incrível!
- Nem fala, Alvo, eu me segurei muito para não cair na risada! – Louis agora ria do acontecimento.
- Também pudera, esse Paul é um grosso! Ele não devia ser professor! Odiei a aula dele! – Rosa falava com raiva – Ela pode ter pensado que por ser sobrinha dele, poderia falar tudo o que quisesse sem ser punida.

- Não acho isso, Rosa... – Alvo descordou – Ela falou coisas muito duras com ele, como se estivesse se livrando de algo que já está entalado na garganta há muito tempo. Daí, ela aproveitou o ensejo para dizer tudo e o desautorizar na frente de todos os alunos. – Alvo fez uma breve pausa – Eu não entendo... Como aquela menina pode estar na Sonserina?

- Ela mesma disse, Alvo, pergunte ao chapéu seletor – Rosa retrucou – Eu acho que ela é uma metida, e deve estar na Sonserina porque se acha a tal, e porque sua família toda estudou na Sonserina.

- Não, o chapéu seletor leva em consideração o desejo das pessoas! – Alvo retrucou – Por exemplo, meu pai contou que o padrinho dele, Sirius Black, era da Grifinória, foi o único dessa família a romper a tradição, pois todos os outros eram da Sonserina. Como explicar isso? Aí, ele me disse que quando o meu avô, Tiago, o conheceu, ele mesmo disse que quebraria a tradição de todo Black ser da Sonserina! Entendeu? E o chapéu seletor se demorou muito para decidir o destino da Jullie, e ela não é feliz na Sonserina, disso eu tenho certeza.

- Alvo, não se engane com essa garota – Rosa implicou – Ela pode se fazer de boazinha para conseguir a confiança dos outros.
- Eu concordo... – Louis olhou para Rosa e logo desviou o olhar para Alvo – Com Alvo! Jullie é muito legal, ela foi legal com a gente desde o primeiro dia, e se ela fosse tudo o que você acha, Rosa, ela seria a melhor amiga da loira azeda, e ao contrário, elas se dão super mal.
- Concorde com o que quiser, eu não vou a cara dela e pronto!

Louis e Alvo se entreolharam e abafaram o riso. Era nítido que Rosa estava com ciúmes de Jullie. Alvo a achava especial, embora ainda se perguntasse porque estaria na Sonserina. Pensou em perguntar à própria Jullie, mas lembrou que ao tentar fazer isso antes da aula de poções, ela desconversou. Alvo estava pensativo, e nem via o tempo passar, ao passo que Louis lia uma revista sobre Quadribol (“O Balaço”, do mesmo editorial do “Profeta Diário”) e Rosa brigava com eles, vez ou outra tirando os olhos de cima do livro de poções (“vocês deveriam aproveitar o tempo vago para fazer o trabalho do Wright!”)

O tempo passou bastante rápido na opinião de Alvo, e os três foram obrigados a deixar o Salão Comunal e se dirigirem à sala de aula de Adivinhação. Andavam com passos apressados, e Louis comentava com Alvo as últimas notícias do Quadribol mundial, embora Alvo não estivesse realmente ouvindo o que o primo falava, ainda pensando em Jullie e Claire.

- Cara! Mark Simpson arrasou! – Louis comentava emocionado – Na última partida contra a Espanha, ele pegou o pomo de ouro aos 20 minutos de jogo! Ele é demais! Mas ele vai se aposentar, isso é uma pena...
- Ai, Lou! Que cultura inútil! – Rosa balançou a cabeça – Quadribol não vai te ajudar nos estudos!
- Rosa, não se mete... Estou deprimido, pode respeitar? – Louis recriminou a prima –O maior apanhador da Inglaterra de todos os tempos vai se aposentar! Ele é o mais velho em ativa, ele tem 35 anos!

- Como é, Lou? – Alvo finalmente acordou para a conversa – Mark Simpson vai se aposentar? Está brincando, não é?
- Não estou não, quisera eu! – Louis falou indignado – Há rumores que ele foi convidado para ser técnico e...

- Ai, meninos... – Rosa deu um guincho de impaciência e apressou o passo, indo à frente dos dois.

Chegando a sala de aula de adivinhação, Alvo e Louis avistaram Claire sentada em um dos diversos pufes espalhados e Rosa tomava assento ao seu lado. Aquela sala tinha um perfume doce e enjoativo, e os meninos se esforçaram para não vomitar. Sentaram-se próximos às meninas. Alvo dirigiu um olhar preocupado à Claire e ela apenas sorriu, não disse nada. Ao girarem os olhos pela sala, viram que aquela aula era dividida com os primeiranistas da Corvinal. Alice Longbottom entrou com ar de distraída, mas logo viu os quatro sentados e se aproximou sorrindo.

- Olá, amigos! Posso sentar com vocês? – E todos sorriram para ela em cumprimento.

- Claro Alice! – Claire sorriu e apontou um pufe próximo. Assim que Alice sentou, a menina se esticou para abraçá-la – Tudo bem com você?

- Estou ótima! Acabamos de ter aula de Herbologia com meu pai... – Alice tinha um jeito doce de falar, mas não era como Claire, era como se a menina estivesse com dor de garganta e não quisesse fazer esforço – foi tão legal... Adoro Herbologia!
- Seu pai parece ser legal mesmo, Alice! – Alvo sorriu para a menina – E deve ser, pois é diretor da Grifinória, não é mesmo?

- Ah, sim, como minha mãe sempre fala, papai é muito amatérgico – Alice falou balançando positivamente a cabeça.
- O que é amatérgico? – Louis arregalou os olhos.
- Você não lê, não, Louis? - Rosa deu um guincho de impaciência ao seu lado. – Melhor, você não lê nada que preste?
- Não, Rosa... Eu deixo essa parte para você, você lê por nós dois, e se duvidar por Alvo também...

- Lou, Amatergia é um termo usado para descrever uma pessoa que seja especial, que tenha inúmeras qualidades, como bondade, inteligência e sabedoria evidentes. Poderíamos dizer que é como se fosse uma benção, energia proveniente do amor ou coisa assim. – Claire respondeu para espanto de todos – Pelo que li n’O Pasquim, é um termo muito recente, ele foi incorporado ao Dicionário de Termos e Palavras Mágicas logo após que a mãe da Alice teve uma poção reconhecida pelo...Ai... Esqueci o nome... – Claire olhou para Alice procurando respostas.

- Pelo Conselho Mágico Inglês de Registro e Reconhecimento de Novos Feitiços e Poções – Alice falou pausadamente. – Pois é Lou, por isso que talvez você ainda não tenha ouvido falar, pois é realmente muito recente. A poção que mamãe criou entrou na grade curricular de Hogwarts esse ano, será lecionada somente a partir do 6º ano, é realmente muito complicada...

- E o que essa poção faz? – Alvo se interessou, denunciando que também não tinha idéia do que falavam. – faz a pessoa ser amartégica?

- Não... – Alice sorriu – A poção é um bálsamo para mentes cansadas, é a “Cogitamica”. Seria utilizado para manter a mente de uma pessoa que seja muito exigida, em estado saudável, o que acaba tendo um pouco a ver com amartegia.

". O que aconteceu foi que quando minha mãe defendeu a poção para a Banca de Avaliadores do Ministério, para ser reconhecida, ela utilizou-se desse termo e o descreveu. Assim, a bancada decidiu que esse termo seria incorporado ao Dicionário de Termos e Palavras Mágicas. É um termo que mamãe sempre utilizou com a gente, ela disse que minha avó o falava."

- Caramba! – Claire estava admirada – Alice, sua mãe é muito inteligente! Eu li a revista que você me deu e aprendi tanta coisa legal... Só ainda não fiz meu patuá contra os Empiriospectros...
- Ah, eu faço um pra você! Eu adoro fazer patuás, já fiz três para as minhas amigas da Corvinal – Alice apontou para três meninas sentadas um pouco distante deles, cada uma com um brinco grande como o de Alice.
- Então eu agradeço, Alice!

- Boa tarde, meus queridos!
Uma voz aguda, porém se esforçando para se suave, invadiu a sala. Todos olharam em direção à porta, e viram uma mulher de compridos cabelos soltos, com um lenço violeta na cabeça, que combinava com o vestido longo e bordado. Lilá Brown não era uma mulher feia, mas era engraçado olhar para ela.

- Eu sou Lilá Brown, a nova professora de adivinhação, cargo esse pertencente à minha fonte de inspiração Sibilia Trewlaney que, depois de grande colaboração dada a Adivinhação Moderna, enfim se aposentou gloriosamente. – Lilá falava com os olhos arregalados, como se esperasse que algum aluno fosse a atacar a qualquer momento – O futuro a reserva muitas alegrias ainda...

Lilá foi até uma mesa no centro da sala. A sala de adivinhação era completamente diferente de todas as outras. Não tinha cadeiras, e sim pufes e almofadas, que conferiam à sala um ar rústico e agradável, e fazia com que os alunos sentassem em meio círculo e todos conseguirem se ver. O perfume doce era proveniente de incensos e óleos aromáticos. Para que os alunos escrevessem, as mesas eram baixas e circulares, em cada uma delas tinha uma bola de cristal, um pêndulo e alguns outros objetos utilizados na arte da adivinhação.

Lilá Brown fez questão de cuidar de cada detalhe da sala ao assumir o cargo.

- Bom... Vamos falar na nossa primeira aula sobre o poder da clarividência. – Lilá continuou falando e apoiou-se na mesa ao centro da sala, olhando para os alunos atentamente. – Quem pode me dizer o que é clarividência?

Rosa jogou sua mão para o ar ligeiramente, seguida por Alice e outra menina da Corvinal, que fizeram o mesmo gesto. Lilá olhou para Rosa, e dela para Alice.

- Pode me responder, querida? – Disse se referindo a Alice.
- Não, professora, deixe que Rosa responda – Alice olhou para Rosa – Ela levantou a mão primeiro.

Lilá olhou novamente para Rosa, com um sorriso quase de pesar no rosto.

- Então responda, por favor.
- Clarividência é o fenômeno parapsicológico que permite a percepção visual de objetos por meios paranormais. – Rosa disse orgulhosa.

Lilá Brown fechou os olhos em sinal de decepção e balançou a cabeça negativamente.

- Querida... Qual o seu nome?
- Rosa Weasley, professora...
- Filha de Hermione Granger? – Lilá arregalou os olhos.
- Hermione Weasley, depois que ela se casou com meu pai, Ronald Weasley...

- Logo vi... – Lilá chegou perto de Rosa – Desculpe querida, não é culpa sua, é herança de sua mãe... Ela, como Sibila dizia, era uma árvore estéril na arte adivinhação, tudo o que ela sabia era devorar as páginas dos livros, adquirindo uma inteligência racional, mas se esquecia do empirismo... Você não nasceu para clarividência, meu bem, sinto informá-la que poderá estudar o quanto for, mas a clarividência não se aprende em livros, é um dom.

Rosa encarou Lilá com raiva. Já era a segunda pessoa que falava de sua mãe no mesmo dia e ela não entedia o porquê de tanta implicância. Lilá, por sua vez, virou-se novamente para Alice e sorriu.

- Pode nos dizer o que é Clarividência, querida?
- Claro – Alice sorriu – é o uma visão superior, ou seja, quem é dotado de clarividência consegue enxergar além do que os olhos vêem.

- Perfeito! – Lilá deu um gritinho – 10 pontos para Corvinal!
- Além do que os olhos podem ver... – Rosa murmurou com raiva.

A aula prosseguiu se arrastando, como a voz de Lilá, que vez ou outra fazia uma pergunta que ninguém sabia responder. Antes do final da aula, Lilá quis conhecer melhor os alunos, se arriscando a fazer algumas adivinhações. Rosa, a cada nova adivinhação, revirava os olhos em sinal de profunda irritação.

- Você tem o sonho de ser auror, não é – Disse Lilá a um menino da Grifinória – Pois será, querido, vejo muito sucesso em seu destino. E você – apontou para uma aluna da Corvinal, uma das três com o tal patuá feito por Alice – Ah... Você conseguirá ser uma cantora, como deseja, se correr atrás de seu sonho!

Lilá foi andando, com um sorriso engessado no rosto, pelos alunos. Ao passar por Rosa, a menina lhe virou o rosto e Lilá não fez qualquer adivinhação sobre ela. Lilá parou em frente a Claire e seu sorriso se desfez. Todos os alunos olharam para a mesma direção, vendo a professora encarar Claire com olhar de terror.

- Criança... – Disse a mulher levando a mão à boca como se não quisesse falar.

- Que foi? – Claire arregalou os olhos.

- A aula acabou, podem ir queridos... – Lilá parecia ter voltado de seu transe.

Os alunos demoraram-se ainda para entender que aula tinha acabado. Todos olhavam espantados para Claire e a menina estava pálida. Os alunos foram saindo aos poucos, mas Claire não parecia querer sair dali. Lilá estava encostada em uma parede olhando pela janela, estava de costas para os alunos, mas dava a impressão de que chorava.

- Vamos, Claire! – Alvo pegou na mão de Claire.
- Não! Eu quero saber o que ela ia falar! – Falou a menina indo em direção a professora.

- Alvo, Claire, temos que ir, o almoço será servido agora! – Rosa lembrou.
- Já estamos indo, nos encontramos no Grande Salão! – Alvo falou sem tirar os olhos de Claire. Rosa e Louis saíram da sala se entreolhando assustados.

- Professora... – Claire se aproximou de Lilá, que deu um pulo assustada – Poderia me dizer o que houve?

Lilá encarou Claire e de repente sua expressão mudou. Fechou os olhos e abaixou a cabeça, Alvo e Claire se assustaram,esperando a mulher desmoronar na frente deles, mas ao invés disso, ela levantou novamente a cabeça, e falou com uma voz que não era aquela sua fina e melada, mas sim grave como sua expressão era.

- O sofrimento será recompensado e todo mal será pago com mal, e todo bem será pago com bem. Mentiras têm pernas curtas, e a verdade sempre prevalece... – E Lilá caiu sentada em um pufe que felizmente estava ali para aparar sua queda.

- A Sra está bem? – Claire foi ao encontro de Lilá nervosa.

Lilá abriu novamente os olhos, levando a mão à testa. Parecia relutante, estava pálida e novamente olhou para Claire como quem acabara de ver a cena mais horripilante de um filme de terror.

- Querida... – Lilá pegou a mão de Claire delicadamente, tentando se recompor – Você já sofreu muito, há muitas pessoas por trás de seu sofrimento, mas o sol ainda vai brilhar para você, não se preocupe... Agora vão almoçar... Eu estou bem... – Lilá tentava sorrir e Claire desviou o olhar para Alvo.

- Há muitas pessoas por...
- Eu estou com fome – Lilá se levantou cortando Claire – Vou almoçar e vocês deveriam fazer o mesmo!

Claire e Alvo viram Lilá sair praticamente correndo porta a fora, ao passo que os dois sequer deram um passo. Claire estava boquiaberta e Alvo não sabia o que lhe dizer.

- Eu não entendo, Alvo... – Claire falou se sentando no mesmo pufe onde Lilá caíra – O que ela quis dizer com “há muitas pessoas”?
- Claire... Eu não sei... – Alvo se abaixou para ficar à mesma altura da menina – Mas pense no que ela lhe disse, que o sol ainda vai brilhar para você...

Alvo passou gentilmente a mão pelos cabelos de Claire e a menina sorriu meio apreensiva ainda Ela o olhava como se o analisasse. Conhecia Alvo há tão pouco tempo e ele já era seu melhor amigo.

Alvo era tão bom e gentil que Claire sequer havia reparado que seus olhos eram lindos, verdes, e tinha os cabelos escuros, então seus olhos eram realmente ressaltados. Claire ficou algum tempo olhando para Alvo com olhar crítico e abriu um sorriso espontâneo.

- O que foi? – Alvo parou de alisar os cabelos dela.
- Alvo, você é tão bonito! – Claire sorria – Eu ainda não tinha reparado, mas seus olhos são tão verdes... Parecem dois sapinhos!
- Que isso... – Alvo estava vermelho de vergonha – imagina...
- É sério! – Claire se ajeitou – Você é um gatinho! Aposto que quando você crescer vai fazer maior sucesso com as garotas!
- Claire... – Alvo estava muito sem graça – Vamos almoçar? Estou com fome...
- Alvo! – Claire levantou ignorando o convite – Você me acha bonita?

- O quê?
- Bonita! Eu sou bonita? – Claire parou a frente do menino sorrindo.
- Bonita? – Alvo não conseguia olhar para ela.
- Olha pra mim, senão você não vai conseguir responder! E não vale mentir! Fala a verdade!

- Claire... – Alvo levantou os olhos e se deparou com as bochechas rosadas de Claire – Você é linda!
- Você acha? – Claire sorria e ficava mais corada
- Acho.
- Será que mais alguém acha isso?
- Claro que sim... – Alvo olhou intrigado para ela – Por que pergunta?
- Hum... – Claire ficou sem graça – Por nada... Vamos?

Claire pegou Alvo pela mão e os dois saíram rumo ao Grande Salão para juntarem-se aos demais que já almoçavam. Louis e Rosa levantaram o olhar apreensivos, mas viram Claire sorrindo e Alvo ainda constrangido. Sentaram à mesa em dois lugares separados. Claire sentou-se ao lado de Ally e Alvo foi sentar-se ao lado de Louis. Sendo perturbado por um ossinho de costela que lhe acertou a cabeça. Olhando para quem o arremessara, viu Tiago sorrindo.

- Al! Me deseje sorte! Hoje é o teste para o time da Grifinória, e eles precisam de apanhador! Tobey Hudson se formou ano passado e a vaga está aberta!

- Puxa, que legal... – Alvo tentou sorrir para o irmão.

- Legal? – Tiago se ofendeu – Isso é bárbaro! A terceira geração de Potters apanhadores! Eu tenho que conseguir...
- Calma Tiago... – A mão de Jean passou por Justin e Ally para chegar até a mão de Tiago – Eu sei que você vai conseguir, porque é o melhor...
- Ah, obrigado pelo apoio, Jean... – Tiago piscou e segurou o riso ao ver Justin fazendo uma cara de apaixonado para ele.
- E você, Zac? – Ally olhou para o menino sentado ao lado de Tiago – Vai tentar para artilheiro?
- Eu não sei ainda, Ally... – Zac sorriu.
- Ele vai, sim! – Justin disse balançando a cabeça – Ele e eu!
- Eu sou melhor batedor, e não precisamos de batedores no time... – Zac falava desanimado.
- Do que vocês estão falando? – Claire perguntou inocentemente ao se servir de batatas.

- Quadribol, querida Claire – Tiago sorriu – Eu quero ser o apanhador da Grifinória!
- Ah...Boa sorte, Tiago, eu estarei torcendo por você – Claire achou melhor não comentar mais nada e olhou para Alvo como se pedisse para que ele a ensinasse algo sobre Quadribol. O menino entendeu aquele olhar e sorriu para ela.

- Obrigado, cunhadinha... Digo... Claire...Bom, eu já terminei, estou indo para os jardins – Tiago se levantou apressado – Depois você me encontrem lá. E não se esqueçam, os testes serão às 15 horas!
- Tiago, me espera! – Jean levantou mesmo sem ter acabado de comer – Eu vou com você...
- Você ainda não terminou de comer, amiga! – Ally olhou para o prato semi cheio.
- Eu estou sem fome, Allison... – Jean olhou com raiva para a amiga que entendeu o furo dado.
- Então vamos... – Tiago pegou a mão de Jean e saiu correndo com ela.

- Merlin... – Justin ria – Será que hoje ela consegue?
- Jean dá em cima do Tiago descaradamente... – Ally comentou maldosamente.
- Disso eu sei! – Justin olhou para Ally rindo – O problema é que Tiago odeia garota oferecida! Já viu quantas garotas dão em cima dele? Só porque ele é filho do Harry Po...

Alvo levantou a cabeça rapidamente e fitou Justin atentamente.

Justin o olhou como se previsse que o garoto ia o encarar ao ouvir o nome de seu pai. Parou de falar imediatamente e quase agradeceu a Zac por mudar de assunto.

- Então, como foi o 1º dia de aula?
- Nem fala... Foi um horror – Alvo deixou de encarar Justin e olhou para Zac – O professor de poções era um trasgo sem coração, brigou com a metade da turma e expulsou de sala a Jullie, uma menina da Sonserina...
- Ui, isso foi bom feito! – Justin riu.
- Não foi não, Jullie é uma garota incrível! – Alvo protestou – Ela é muito legal, mesmo sendo da Sonserina.
- Jullie é minha amiga – Claire se pronunciou – Não falem mal dela, ela me defendeu na sala. Ela e Alvo.
- Jullie é a menina que discutiu com Tiago no expresso? – Zac Olhou de Claire para Alvo.
- É, ela sim – Claire sorriu para Zac – Mas ela só discutiu com Tiago porque ele foi mal educado com ela.
- Disso eu sei, Tiago é meio estressadinho mesmo – Zac riu.
- Estressadinho porque Zac é educadinho – Justin comentou cinicamente se levantando – Tiago quando quer é um poço de ignorância, mas eu não o culpo, eu também sou assim. Eu já terminei, vou encontrar Tiago, quero ver se ele cedeu aos encantos dos olhos verdes de Jean... Até mais, gente e Zac... – Justin deu um tapa nas costas do amigo – Se você não for ao teste de Quadribol, eu corto seus cabelos loirinhos depois que você for dormir.

- Está bem, JC, obrigado pelo incentivo – Zac riu. – Então, voltando ao assunto, Paul Wright é um desalmado. Ele arruma problemas com todos, até com Minerva, se vocês querem saber. O bom é não ceder às provocações. Quantos pontos a Grifinória perdeu na aula dele?
- 30, no total – Alvo riu sem graça – eu mesmo perdi 20.
- Você acha isso muito? No nosso primeiro dia de aula com ele, a Grifinória perdeu 70! 40 só do Tiago e 30 do JC – Zac gargalhou e Alvo e Claire o acompanharam.

- Confortante notícia! Depois nós tivemos aula de História da Magia – Alvo prosseguiu contando.
- Ernesto McMillan é um dos melhores professores de Hogwarts! – Zac falou empolgado. – Ah, e o Daniel Carter, que entrou no lugar do Olívio Wood também é muito bom professor. Todos gostaram da aula dele.
- Que bom!O filho daquele professor também é um amorzinho, me ajudou muito – Claire estava debruçada na mesa e tinha brilho nos olhos – É um menino tão bonito...
- Eu não sabia que ele tinha filho – Zac comentou e ficou sem graça, pois Alvo estava ligeiramente corado.
- Tem, ele está no 1º ano, Allan McMillan – Alvo respondeu sem graça.
- Mas a aula de adivinhação foi a pior – Claire não parecia estar a par do desconserto de Alvo – A professora falou um monte de coisas sem sentido, e depois ainda disse uma coisa muito estranha para mim...
- Eu não sei com essa nova professora, mas a Sibila Trewlaney “matava” um aluno por ano! As previsões dela só falavam em desgraças – Zac balançou a cabeça.
- Não, a Lilá faz previsões boas, mas ela conseguiu nos assustar, não foi Alvo?
- É mesmo – Alvo rodou o olhar pela mesa da Grifinória – Nossa, estamos praticamente só nós aqui ainda! Por que não vamos para outro lugar?
- Boa idéia, Alvo! – Zac levantou rapidamente e foi ajudar Claire com o material – Vamos para os jardins, Tiago e Justin devem estar lá.

Os três meninos saíram apressados do Grande Salão, rumo aos jardins. Encontraram Tiago falando animado, e Justin, Aly, Jean, Rosa e Louis sentados na grama rindo. Se aproximaram e foram recebidos com risos e gritinhos.

- Pensei que vocês iam esperar pelo chá das cinco lá – Tiago despenteou os cabelos de Alvo.
- Demoramos porque Alvo e Claire estavam me contando como foi o primeiro dia de aula deles – Zac sentou se ao lado de Rosa. A menina corou na hora.

Claire admirou o local. Tinha um sorriso no rosto e seus olhos foram contemplando os alunos que ali estavam. Uns estava deitados na grama, lendo livros, ou em grupos, conversando. Alguns eram bastante íntimos do lugar. Em alguns cantos, casais trocavam beijinhos apaixonados.

- Tiago... – Alvo cochichou apontando para um casal próximo deles – Aquela ali é a Lucy?

- Ah, é sim... – Tiago olhou em direção ao casal. Rosa e Louis também olharam – Ela e o Johnny Bell, da Lufa-Lufa... Caramba, ele conseguiu, heim? Cara persistente, esse é um dos meus!
- Eu não sabia que ela tinha namorado... – Rosa estava boquiaberta.
- O que? – Tiago riu e seus amigos também – Lucy é uma das garotas mais cobiçadas e populares de Hogwarts. Vick também era, mas como namora, os garotos perderam a esperança...

- Jura? – Louis tinha os olhos arregalados – Que Lucy é linda, isso é mesmo, mas eu não sabia que ela estava com essa bola toda.
- Por que você acha que Molly morre de ciúmes dela? – Justin comentou dentando-se no colo de Ally – Porque ela é a “irmã da Lucy” entende?
- Isso mesmo... Cara, a Lucy já ficou até com o Brian Simpson! – Ally comentou alisando os cabelos de Justin. – Esse é o sonho de cinco entre cinco garotas de Hogwarts!
- Hey, esse Brian Simpson, por acaso... – Louis estava pensativo – É filho do Mark Simpson?

- Ai, é sim – Tiago suspirou – Eu tenho que admitir, ele é o melhor mesmo... O pai dele é o melhor apanhador Inglês dos últimos tempos e ele vai pelo mesmo caminho... A Corvinal só não ganhou a taça das Quadribol no ano passado porque Nique é uma artilheira brilhante e Fred e Lucy são a melhor dupla de batedores que eu já vi em campo. Quando Brian pegou o pomo de ouro, a desvantagem era tanta que a Grifinória ganhou por 10 pontos à frente. Maior sorte...

- Tiago, se prepare – Justin comentou ironicamente – Você sendo o apanhador da Grifinória, você o enfrentará!
- JC, Tiago também é muito bom! – Zac comentou sorrindo – Você sabe disso! Vai ser um adversário duro para o Brian.
- Obrigado Zac! Você sim é meu amigo... – E Tiago olhou feio para Justin.
- Eu só sou sincero, caro amigo – Justin ainda estava deitando no colo de Ally.

- Alvo! – Claire deu um gritinho – Ali, A Jullie! Vou lá falar com ela!
- Ah, é mesmo! – Alvo sorriu – Vamos lá!

- Quem? – Tiago parou o irmão antes que ele andasse, olhando em direção a menina da Sonserina que acabara de sentar-se sozinha sob a sobra de uma árvore – Eu não acredito que vocês fizeram amizade com aquela serpente ali...
- Não fala assim, Tiago! – Alvo repreendeu o irmão – A Jullie é uma garota muito legal! Ela perdeu pontos na aula hoje por defender a mim e a Claire, se você quer saber...
- Alvo, com certeza ela tinha algum interesse nisso! Ela não parece ser legal mesmo, não depois da cena patética do expresso – Tiago falava olhando para Jullie – se ela fosse tão legal, teria amigos, não estaria ali sozinha!
- Mas ela não tem amigos na casa dela, Tiago – Claire olhava para Jullie, a menina estava lendo um grosso livro – Acho que lá ninguém gosta do jeito dela. E tem mais, o que Alvo falou é sério, ela me defendeu, aquela Jéssica me chamou de Sangue-grosso...

- Sangue-grosso? – Tiago estava confuso.
- Não é sangue-grosso, Claire, é sangue... – Alvo abaixou o tom de voz – Ruim.
- Ah, confundi... – Claire sorriu.
- Ela te chamou disso? – Tiago arregalou os olhos – Cretina! Tinha que ser Sonserina! Nojenta!
- Foi assim que Alvo e Jullie reagiram quando ela falou isso – Claire olhou para Tiago – O que ela quis dizer com isso?
- Esse é o pior xingamento que um bruxo pode fazer, Claire – Alvo explicou – É um xingamento preconceituoso, é um modo horrível de se referir a quem não nasceu em família bruxa, ou seja, é mestiço.
- Ah, pensei que era só o contrário de sangue-bom! Tipo, os que não são bruxos chamam as pessoas legais de sangue-bom! – Claire comentou sorrindo.

- Então, Tiago, nós tivemos provas que Jullie é uma garota muito legal, mesmo que ela esteja na Sonserina, por tanto, nós somos sim amigos dela – Alvo disse com autoridade – Vem Claire!
- Está bem, mas cuidado: crie uma cobra e morrerá picado... – Tiago retrucou ironicamente.

Alvo e Claire saíram correndo ao encontro de Jullie. Ao se aproximarem, viram que a garota na verdade, não lia um livro, e sim uma espécie de diário.

Ela não parecia ter percebido a chegada dos dois, e eles puderam ver nitidamente que a menina tinha lágrimas nos olhos. Alvo e Claire se entreolharam e mantiveram a distância, receosos de incomodá-la, quase na mesma hora que Allan McMillan chegou perto deles.

- Olá amigos! – o garoto os cumprimentou.
- Allan! – Claire abriu um largo sorriso e o abraçou – Que bom te ver!
- Eu também estou feliz por ver vocês! – Allan abraçou demoradamente Claire e sorriu para Alvo, mas o menino não retribui o sorriso – Você está melhor, Claire? Fiquei pensando em você, se estaria bem após a aula...
- Estou sim, Allan... – Claire tinha brilho nos olhos – Eu agradeço pela sua preocupação...
- Ah, que bom! – Allan sorriu meigamente – Uma garota linda como você deve sempre sorrir. Quando uma bela chora, os feios como eu, se entristecem... – Alvo revirou os olhos ao escutar a declaração de Allan.
- Ai, que lindo, Allan! Mas você não é feio! Não fale isso!
- Perto de você, qualquer um fica menos belo... – Alvo tinha que admitir, Allan era muito galante.

- Alvo! Claire! – Jullie havia levantado e foi cumprimentar os meninos – E menino que eu não conheço! Tudo bem, gente?
- Ah, sim, Allan McMillan, muito prazer – Allan sorriu para Jullie.
- Prazer, Allan! Jullie Watson! Amiga do Alvo e da Claire, não é mesmo? – Jullie abraçou Claire ternamente.
- Claro que é! – Claire sorria – Jullie me defendeu na aula de poções, Allan! Ela é minha melhor amiga... Ela e Alvo!
- Ai, que lindo! Estou no hall dos melhores amigos da Claire! – Jullie apertou mais Claire no abraço.
- Eu também espero ser amigo de vocês – Allan comentou animado.
- Claro, eu já considero você me amigo! – Claire foi abraçar novamente o menino, para desespero de Alvo.
- Claire, flor... Alvo também quer um abraço... – Jullie comentou com um risinho irônico no rosto.

- Ah, é pra já! – Claire pulou em cima de Alvo e o menino quase caiu ao segurá-la.
- E aí, como foram as outras aulas, pessoas? – Jullie comentou distraída, olhando o movimento – A de poções nem comentem, foi um desastre mesmo...

- Jullie, por que você falou daquele jeito com o professor? – Alvo perguntou curioso.
- Porque ele mereceu! E não me recrimine, você também foi bastante sincero com ele, Alvo, aliás! – Jullie foi também dar um abraço em Alvo – Cara, eu sou sua fã, Alvinho! Você é um dos meus! Não somos baús para guardar nada, não é mesmo?
- Não mesmo – Alvo riu. – Mas você foi bastante agressiva, como se já tivesse guardando aquelas palavras por muito tempo...
- Deu para reparar? Eu estava mesmo, benhê! – Jullie balançava a cabeça – Ele é meu tio, aquela praga... Ele é um nojo.
- Mas, Ju, você não pode agir assim, senão ele te reprova! – Claire comentou preocupada.
- Duvido que ele me reprove... – Jullie fez cara de esnobe – Eu sou esperta, ele sabe que eu estudo. Se eu tirar boas notas, ele não poderá me reprovar.

- Vocês estão falando do Paul Wright, não é? – Allan entrou na conversa e não queria pegar o bonde andando.
- É, esse trasgo aí mesmo – Jullie fez cara de nojo – Já teve o desprazer de assistir a uma aula dele?
- Não, só teremos aula com ele amanhã, mas meu pai tem problemas com ele, ele é o diretor da Sonserina, e acha que tudo tem que ser do jeito dele, sempre discorda com os diretores das outras casas.
- Uh, isso é pouco, esse é o normal dele, quando ele acorda de bom humor! – Jullie falou com naturalidade – Vamos falar de coisas mais agradáveis?

Os quatro meninos foram se sentando em círculo, e logo em seguida mais uma pessoa foi se unir a eles. Alice Longbotton veio na direção do grupo, saltitante e com um pequeno embrulho na mão.

- Olá, gente! – Alice sorriu.
- Alice! Ai que bom que você está aqui! – Claire levantou e abraçou Alice – Agora os meus amigos estão todos reunidos!
- Oi, Allan! E oi Jullie! Alvo! Tudo bem? – Alice sorria.
- Você conhece o Allan? – Alvo perguntou acenando em boas vindas.
- Sim, o conheci na aula de Feitiços hoje, no primeiro tempo.
- Foi mesmo, que aula legal, não é? – Allan comentou. – Troy McLean é um bom professor, papai sempre disse.
- Minha flor! – Jullie sorria – Saudade de você!
- É, a gente não se viu mais! – Alice comentou estendendo o embrulho para Claire – Toma, o seu patuá! Fiz hoje, depois do almoço.
- Obrigada, amiga! – Claire desembrulhou com cuidado e tirou aquele brinco grande. O colocou feliz na orelha.

Os cinco meninos ficaram sentados sob a sombra da árvore, conversando e rindo animadamente, até que Tiago se aproximou correndo, com uma vassoura na mão, e fez um comunicado afobado.

- Está na hora, Alvo, Claire! O teste para o time da Grifinória vai começar! Vamos lá, preciso que vocês torçam por mim!

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