O professor de poções



Claire virava na cama de um lado para outro. Não conseguiu pegar no sono de jeito nenhum e quando viu, já estava na hora de se levantar. Sua cama ficava exatamente ao lado da de Rosa e quando a menina levantou, Claire a seguiu com ar de nervosismo.

- Está ansiosa para a aula, Claire? – Rosa perguntou vendo a expressão de nervosismo de Claire.
- Não exatamente... – Claire estava pálida – É porque eu tenho que testar varinha... Rosa... Eu não sei como se faz isso! E se doer? E se eu machucar alguém?
- Não dói, não! E só para você saber qual será sua varinha! A varinha é a companheira do bruxo por toda a vida, ela tem que ser compatível com sua personalidade...
- Mas... Alvo me contou que podemos machucar uma pessoa com isso!
- Mas podemos curar também, depende da índole de cada um... – Rosa deu um sorriso amigo para Claire – Olha, não precisa ter medo. Eu sei que é tudo muito novo para você, mas uma varinha não machuca sozinha, você tem que saber usá-la e querer usar para machucar alguém, e eu sei que você não vai fazer isso, porque é uma menina doce e boa!
- Rosa... Você é tão inteligente... – Claire tinha os olhos úmidos – Eu acho que nunca vou conseguir ser assim, tão esperta quanto você. Eu sou uma burra!

Rosa não falou nada, e ao invés de palavras, usou um abraço apertado para consolar Claire. As duas meninas ficaram abraçadas por algum tempo, até que Victoire e Dominique se aproximaram sorrindo.

- Bom dia, flores do dia! – Victoire tentou animar o clima
- Rosa, Claire... Eu também quero um abraço! – Dominique se jogou para o lado das meninas, as abraçando e arrancando sorrisos das duas.
- Bom dia, Nique, Vick! – Rosa sorriu para as primas.

- Bom dia, meninas! Tiveram bons sonhos? – Claire largou o abraço de Dominique e Rosa e abraçou Victoire também.
- Ai, eu tive... – Dominique suspirou – Sonhei com Brian Simpson se declarando para mim...
- Nossa Nique! Isso é mais que um sonho! – Victoire deu um carinhoso abraço em Claire. - Então, Claire! Vamos testar a sua varinha?

- Vamos! – Claire olhou para Rosa – Eu não tenho mais medo, eu vou fazer coisas muito boas com a minha varinha!
- Assim que se fala! – Rosa sorriu e Dominique a acompanhou.

Claire acompanhou Victoire até a sala da diretora. A garota já não mais estranhava o caminho, os quadros, os fantasmas... Estava se adaptando cada vez mais rápido à sua nova vida. O que ainda a consumia internamente era a lembrança de seus pais. Decidiu confiar em Minerva, afinal, ela prometeu que descobriria o que aconteceu. Chegando na sala de Minerva, Claire viu livros, pergaminhos, penas, vestes da Grifinória, um caldeirão e outras coisas que ele não conhecia, imaginando que seria tudo seu material escolar. Viram também que um homem muito velho estava na presença de Minerva, com várias caixas que flutuavam encantadas.

- Bom dia, meninas! – Minerva cumprimentou Victoire e Claire – Que pontualidade! Muito bem!
- Bom dia, sra. Diretora e Bom dia, Sr... – Claire sorria para o ancião.
- ... Olivaras, querida – O ancião sorriu para Claire – Eu vim para que teste sua varinha, eu as faço para todos os alunos de Hogwarts. Vamos aos testes, então?

Claire se viu diante de uma infinidade de varinhas. Umas bem grandes e lustrosas, outras menores e foscas. Sr. Olivaras pacientemente a dava uma por uma. Testando, Claire quebrou um vaso na mesa de Minerva, espantou um bruxo ranzinza de uma moldura, e por duas ou três vezes os presentes na sala se jogaram contra a parede, escampando de alguns raios vermelhos que saiam com força ao menor manejo de varinha que ela fazia.

- Você será uma grande bruxa, criança! – Sr. Olivaras estava perplexo – Mas nenhuma dessas é a varinha ideal para você. Eu tenho quase certeza que será esta...

O velho homem retirou de uma caixa de madeira polida uma varinha de mogno. Tinha 23 centímetros, semiflexível, com fibra de coração de dragão. Entregou sorrindo para Claire e esperou que a menina a testasse. Claire segurou a varinha com certa felicidade, parecia que aquela varinha fazia parte dela.

Deu um leve aceno para um dos livros que estavam sobre a mesa de Minerva, pensando em levitá-lo. O livro se movimentou graciosamente, como se sob efeito do “Wingardium Leviosa”, para espanto dos que assistiam a garota testar sua varinha, tão desajeitada. Minerva, Olivaras e Victoire olhavam fascinados para aquela cena.

- Querida... – Minerva fitou Claire que ainda fazia o livro levitar e tinha um sorriso de euforia no rosto – Me diz, como você está fazendo o livro levitar?
- Uê, eu não sou uma bruxa? – Claire abaixou a varinha e o livro caiu novamente na mesa com um estrondo – Vocês também podem fazer isso, não podem?
- Claro que podemos, mas esse feitiço você ainda não aprendeu - Minerva sorria docemente – Como você sabe conjurar? Alguém te ensinou?
- Não, eu só pensei que queria ver o livro voando! Eu posso voar também? – Claire tinha brilho nos olhos.
- Pode... – Victoire respondeu – Pode voar de vassoura!
- Ai, que sonho! – Claire sorria exageradamente.
- Essa é sua varinha, Claire! – Sr. Olivaras guardava as demais. O velho homem era trêmulo e impreciso, mas ainda era o melhor fabricante de varinhas da Inglaterra. – Se me dão licença, já partirei, tenho uma loja para abrir.

- Eu adorei... Obrigada, sr. Olivaras! – Claire olhava a varinha como um presente maravilhoso que acabara de ganhar.
- Ótimo, querida! – Minerva se antecipou e agradeceu a Olivaras, e o viu sumir pela rede de Flu. Voltou seu olhar para Claire, apontando os objetos em sua mesa – Esses são os livros que você precisa para este ano e suas vestes da Grifinória. Eu também lhe providenciei um malão, já que Victoire disse que você trouxa apenas uma mochila. E eu tenho um presente para você...

Minerva sorriu e se enfiou atrás de sua mesa. Puxou uma grande gaiola dourada, com uma bela coruja. Era uma coruja-gavião (http://pt.wikipedia.org/wiki/Coruja-gavi%C3%A3o), rajada, quase como se fosse listrada. Claire tinha brilho nos olhos ao mirar tal coruja.

- Nossa, é linda! – Claire levantou-se para pegar sua coruja – Muito obrigada! Eu vi a do Alvo e queria mesmo uma para mim! Vou dar um nome muito bonito para ela...
- Que bom que você gostou, lindinha... – Minerva estava nitidamente feliz – Agora... Quero que vista sua veste da Grifinória e vá tomar o café, para sua primeira aula, tudo bem?
- Está bem... – Claire olhava a coruja, mas levantou os olhos para Minerva – Só mais uma coisa, a Sra. conseguiu falar com meus pais?

- Ainda não, mas eu vou falar! Já estou os procurando - Minerva olhou nervosamente para Victoire.
- Tudo bem, eu confio na Sra. – Claire deixou a gaiola que segurava no chão e abraçou Minerva – Alvo disse que a Sra. sempre cumpre o que promete, foi o pai dele quem disse isso para ele, eu acredito neles!
- Obrigada por confiar em mim, querida – Minerva ficou emocionada.
- Vamos, Claire? – Victoire sorriu com a cena – Vamos guardar seus pertences e você tem que se vestir para o café da manhã! Sua primeira aula será às 9:00h, com o professor Paul Wright, de poções...
- Certo! Obrigada novamente, sra.! – Claire saiu apressada, segurando a coruja e as vestes, atrás de Victoire, que carregava seus livros flutuando a sua frente.

Claire estava muito empolgada, pensava em um nome para sua coruja. Chegou correndo no salão comunal da Grifinória e vestiu-se rapidamente. Victoire a ajudou a separar pergaminhos, penas e tinteiro para aula, assim como o livro de poções, além de convencê-la de não levar a coruja para aula (“corujas ficam no corujal, querida...”). Desceram apressadas para tomarem o café da manhã, e juntaram-se aos demais alunos da Grifinória.

- Nossa, pensei que você não viesse tomar o café da manhã! – Alvo abriu um sorriso enorme ao ver Claire.
- Eu fui testar minha varinha – Claire deu um beijo na bochecha de Alvo – Você não sabe! Eu ganhei uma coruja linda! Estou pensando em um nome para ela!
- Sério! Que legal! – Alvo estava corado devido ao beijo.

- É! Pena que eu não pude trazê-la... – Claire disse dando um beijo de bom dia em Louis, que estava ao lado de Alvo.
- Oi, Claire! Bom dia! Ansiosa pelo primeiro dia de aula? – Zac saiu de trás d’O “Profeta Diário” para cumprimentar a menina.
- Oi Zac! – Claire se levantou e deu um beijo em Zac. Rosa virou a cara quando viu a cena e Alvo disfarçou os ciúmes. – Ah, sim estou! Mal posso esperar para usar minha varinha!
- Ah, eu também quero um beijo... – Justin virou a bochecha para Claire.
- Eu também! – Tiago fez bico – Adoro beijos...
- Tiago, se você quiser, eu posso tembém te dar um beijo... – Jean corou olhando Tiago com brilho nos olhos e aLy abafou um risinho ao lado da amiga.
- Jura, Jean? – Tiago sorriu maliciosamente – Vou pensar no seu caso...
- E quanto a mim? – Justin protestou – Quem vai me beijar?
- Eu posso beijar vocês! – Claire deu um beijo na bochecha dos meninos – Eu não me importo, a gente beija quem a gente gosta, e eu gosto de todos vocês!

Todos na mesa sorriram para Claire. Era o tipo de menina que encantava a todos. Por fim, depois de falar com quase todos os alunos do 1º e 2º ano, sentou-se ao lado de Zac, para desespero de Alvo e Rosa, e se serviu de alguns bolinhos.

- O que é isso? – Perguntou para Zac apontando para “O Profeta Diário”
- Ah, é um jornal! – Zac pegou o exemplar e deu a Claire – Pode ficar, eu já li! Recebo todos os dias pela manhã, meus pais são os redatores chefes desse jornal. É bom para você ficar por dentro dos acontecimentos no mundo mágico!
- Ai, Zac! Obrigada! – Claire o abraçou espontaneamente – Adorei! Vou ler tudo!
- Claire... São nove horas, temos aula agora... – Alvo fez questão de interromper o abraço carinhoso.

- E nós também! – Tiago levantou correndo – Pessoas, Defesa Contra Artes das Trevas! Adoro! Vamos ver se Daniel Carter é tão bom quanto Olívio Wood!

- Nós teremos aula de poções agora – Louis disse olhando o pergaminho que tinha em mãos com os horários das aulas – Professor Paul... WRIGHT? Ah, não acredito! Ele deve ser parente daquela nojentinha!
- Vixi! – Justin riu ironicamente – Boa sorte para vocês! Esse cara é um chato de galocha...

Os alunos seguiram em grupos para suas respectivas aulas. Claire, Rosa, Alvo e Louis seguiam para as masmorras, para a aula de poções. Não estavam animados depois de ouvirem o comentário de Justin e saberem o sobrenome do professor. Contudo, a euforia para assistir a primeira aula ainda falava mais alto. Ao chegarem na sala, perceberam que dividiriam o horário com os primeiranistas da Sonserina.

- Oi Jullie! – Claire avistou a menina destacada dos demais alunos – Tudo bem?
- Claire! – Jullie a abraçou – Que bom! Nossa primeira aula juntas!
- Oi, Jullie! – Alvo se aproximou.
- Oi, Alvo! - Jullie acenava - E Oi pra você também Louis, e pra você, Margarida...
- Meu nome é Rosa – Rosa revirou os olhos.
- Ah, é tudo flor! – Jullie sorriu, mas Rosa não deu idéia.
- Então, Jullie, como é na Sonserina – Alvo perguntou curioso.
- Ah, é legal! Adoro a cor verde... – Jullie sorriu sem graça.
- Vamos entrar logo na sala? – Rosa saiu puxando Louis para dentro da sala.
- Vamos sim! Estou louca por essa aula de poções... – Jullie entrou na sala de braços dados com Claire e Alvo.
- Esse professor, Jullie, é seu parente? – Alvo questionou.
- É... Ele é irmão da minha mãe e do pai da Jessie – Jullie respondeu desanimada – Falando nela...

A menina loira com ar esnobe atravessou a porta da sala, tendo ao seu lado o platinado Escórpio. Olharam com nojo para o lado dos alunos da Grifinória e Jessie virou a cara para a prima ao vê-la falando com Alvo e Claire.

- Eu não poderia começar o ano letivo com mais desgosto – Jessie falou em alto tom – Dividir a primeira aula com os grifinórios... Ninguém merece...

- O que ninguém merece é essa sua voz irritante, Jéssica... – Jullie virou para encarar a prima – Se está tão desgostosa, sai da sala, o professor é seu tio, ele vai entender seus motivos, ele é igual a você...
- Jullie, não discuta... – Claire sorriu para a menina – Não leva a nada e você só se aborrece...

- Não se mete, sua sangue-ruim! – Jessie falou quase gritando.

Todos os alunos, inclusive Escórpio, mas com exceção de Claire, olharam Jéssica com os olhos arregalados.

- Perdeu a noção, Jessie? – Escórpio cochichou preocupado.
- Não! Ela é a “sem noção” em pessoa! – Jullie se levantou e foi ao encontro da prima decidida – Escuta aqui, sua vaca! Se xingar a Claire de novo, eu parto sua cara pálida, ouviu?
- E eu ajudo! – Alvo foi ao encontro da menina – nunca mais ofenda Claire, se não quer ter problemas comigo, ouviu?
- Olha como fala com Jessie, Potter! – Escórpio se meteu.
- Olha você, Malfoy! – Alvo estava vermelho – Acho melhor a sua amiga fechar a boca dela, senão ela vai se arrepender...

- Muito bonito... – Um homem de olhos claros e vestes alinhadas chegou por trás dos quatro alunos que discutiam – Temos uma confusão aqui... Ela vai se arrepender de que, garoto? Posso saber?
- Jéssica ofendeu uma aluna, a chamou de sangue-ruim! – Alvo explicou.
- Isso mesmo, Paul, ela a ofendeu sem motivos! – Jullie apoiou Alvo.
- Ofendeu? – O homem olhou com ar de riso para Jéssica – Que feio, Jéssica, não me desaponte. Não foi criada para descer a esse nível... – E olhou com desprezo para Alvo. – Você é o filho de Harry Potter, suponho.
- Supôs certo – Alvo o encarou à altura.

- Percebe-se. – Paul mediu Alvo dos pés à cabeça. Alvo estava nitidamente irritado – Não sei se você foi avisado, rapazinho, mas ser filho de Harry Potter não te ajuda a ficar impune. Acho melhor vocês sentarem agora. Temos uma aula e eu não admito tumultuo, a não ser que queiram perder pontos para suas casas...

Paul deixou os alunos e se dirigiu até a mesa na frente da sala. Observou em silêncio os alunos sentarem. Escórpio e Jéssica sentaram-se juntos, a menina tinha ar de vitória. Jullie e Alvo se entreolharam irritados. Alvo sentou-se ao lado de Claire e Jullie pediu licença para sentar-se ao lado de um menino gorducho da Sonserina, que não a respondeu e virou o rosto, mas ainda assim ela sentou-se e ainda o deu uma cotovelada “sem querer”. Rosa estava ao lado de Louis, e olhou para Alvo com ar de reprovação, ao passo que Claire, que até agora não havia entendido o motivo de tanto nervosismo, pegou na mão no menino carinhosamente, como forma de apoio. Olhando os alunos com ar de superioridade, Paul se apresentou friamente.

- Sou o professor de poções, Paul Wright. Também sou o diretor da Sonserina, para os que ainda não tiveram a curiosidade de saber, contudo isso não significa que os Sonserinos terão vantagens nas minhas aulas – O homem andava lentamente encarando os alunos - Não tolero tumultuo nas minhas aulas, aqueles que não estiverem interessados, se retirem e agüentem as conseqüências. Não vou admitir conversas paralelas, bilhetinhos e brincadeirinhas. Para falar em minha aula, levantem a mão...

Paul se demorou olhando para Claire. A menina sorriu, mas não houve resposta por parte dele. Em seguida desviou o olhar para Jessie, que o olhou contrariada. Voltou a mirar Claire e Alvo passou a encará-lo também.

- Você, poderia me dizer seu nome? – Paul de dirigiu a Claire.
- Ah, claro... Sou Claire Cavendish, Sr, muito prazer – Disse a menina com um sorriso.
- Cavendish?
- Isso!
- Certo... – Paul novamente desviou o olhar para Jéssica, em seguida continuou a percorrer a sala.

Paul continuou falando sobre o que não admitia em suas aulas, e depois começou a falar sobre poções. Vez ou outra parava ao lado de um aluno se demorando mais ou o avaliando com o olhar. Parou ao lado de Escórpio e Jessie.

- Malfoy, certo? – Paul fitou o menino que arregalou os olhos

– Se acha especial, garoto? Se acha bom o bastante para pensar que minhas palavras são desprezíveis?
- N-não... Imagina... – Escórpio estava contrariado.
- Eu acho que devo avisar... – Paul não deixou de encarar Escóripio, mas se dirigiu a todos os alunos – Aqueles que pensam que são bom o bastante para me ouvir, cuidado com seus pensamentos.
- O que ele quis dizer com isso? – Claire inocentemente perguntou para Alvo em tom de voz muito baixo.

- Eu quis dizer, srta. Cavendish, que não tolero alunos que se considerem especiais, e sei exatamente aqueles que realmente são e os que só acham que são. – Paul novamente se aproximou da mesa onde ela e Alvo estavam sentados. – Falando em especiais... Como se chama, garoto Potter?
- Alvo Severo – Alvo falou de má vontade.
- Alvo... Homenagem a Alvo Dumbledore! – Paul deu um riso cínico – Severo... O Snape? Que ironia, não acha? Seu pai o batizou com nome de dois bruxos que se achavam especiais, mas não passavam de dois prepotentes emotivos...
- Suponho que o Sr seja muito especial mesmo, para julgar pessoas assim, não é professor? – Alvo falou entre os dentes alguns alunos arregalaram os olhos.
- Essa sua valentia vem de berço, Potter? – Paul não mudou sua expressão fria – pois devo avisar que os valentes que falam o pensam não são bem recebidos na minha aula. 10 pontos a menos para Grifinória pela ousadia do Potter. Na próxima, a porta de saída será seu destino.

Alvo pensou em revidar, mas não quis perder mais pontos. Rosa balançou a cabeça negativamente e Louis estava se esforçando para não rir, queria parabenizar Alvo pela bela resposta, mas nem ousou fazer tal coisa. Já Jullie não disfarçou e ria baixinho.

- Está sob efeito do Rictumsempra, Srta. Watson? – Paul parou ao lado da menina.

- Não, estou rindo de você mesmo – Jullie não parou de rir – É tão bom saber que tem pessoas que não abaixam a cabeça para você...

- Aposto que você é uma dessas, que não respeitam a autoridade de um professor em sala de aula. É realmente corajosa de expor seus pensamentos, srta. Watson, por que não está junto com os corajosos da Grifinória? – Paul ria ironicamente.

- Pergunta para o Chapéu Seletor, professor... Talvez ele não tenha parado no tempo como você, e saiba que a era do preconceito entre casas já acabou. Quem sabe ele não lhe ensine algumas coisas a respeito disso... Ah, não esqueci... Você é auto-suficiente, não precisa aprender mais nada...

- Já basta! – Paul bateu com a mão fechada na mesa – 20 pontos a menos para Sonserina e detenção para você, Srta. Watson! Volte agora para o Salão Comunal e pense na grande besteira que fez! – Paul apontou a porta para Jullie. – E que isso sirva de lição para os presentes, que pensarem em destratar novamente um professor!

Jullie pegou seu material e saiu sem discutir da sala. Claire e Alvo se entreolharam sem comentar nada um com o outro. Paul voltou a caminhar pela sala, com a mesma expressão fria que tinha. Falava sobre infusões, misturas, e ingredientes de poções. Perguntou aos alunos o que era “benzoar” e Rosa ergueu a mão ligeiramente. Paul andou até a menina e a encarou.

- Pois diga, o que é benzoar?
- Benzoar é o nome dado a uma pedra retirada do estômago de cabra utilizado como um antídoto contra venenos, seja de animais peçonhentos ou...
- Eu perguntei o que era, não perguntei para que servia – Paul interrompeu a menina – Já estou vendo que a Srta. Tem grande facilidade de decorar as páginas de livros. Esse trecho está escrito na página 53 do livro de poções, no capítulo 3 “ingredientes mais utilizados”. Qual o seu nome, menina?
- Rosa Weasley, professor... – Rosa estava corada.

- Filha de Hermione e Ronald Weasley? – Paul tinha ar irônico – Logo vi. Aprendeu a decorar com sua mãe. Pois bem, sua resposta foi muito ensaiada. Da próxima vez, tente ao menos se expressar com palavras suas. Não concederei pontos a Grifinória pela bela cola da Srta. Weasley.

- Isso não é justo! – Alvo não agüentou – Ela respondeu corretamente sua pergunta! Ninguém mais quis responder!
- Alunos precisam levantar a mão para falarem em minha aula – Paul não olhou Alvo – Eu tenho certeza que falei isso assim que me apresentei.

Alvo estava furioso. Olhou para Rosa e viu a menina quase chorando e vermelha. Louis, ao seu lado, estava tão vermelho quanto ela. Os alunos da Sonserina estavam com ar de riso.

- Eu não vi nenhum motivo para risos aqui – Paul cruzou os braços olhando para os alunos – O próximo que eu pegar rindo perderá pontos para sua casa.

A aula foi maçante e parecia que tinha o dobro de tempo que realmente tinha. Depois da vergonha, Rosa não quis responder a mais nenhuma pergunta, embora soubesse todas as feitas. Nenhuma casa ganhou pontos naquela aula e nem os alunos da Sonserina pareciam estar felizes com o professor. Paul passou um dever extremamente complicado, uma dissertação de no mínimo 100 linhas sobre as possíveis utilizações do benzoar na Medicina Mágica Moderna. Os alunos se levantaram para sair da sala, todos tinham cara de desespero. Paul se aproximou de Claire antes mesmo que a garota fizesse menção de levantar.

- Quero lhe falar, não saia agora. – Disse friamente à menina.
- Mas nós temos outra aula agora, de História da Magia... – Alvo já estava de pé com o material arrumado.
- Eu não lembro de lhe ter perguntado sobre os compromissos da Srta Cavendish, Potter.

- Depois eu explico ao professor, Alvo - Claire estava pálida e olhou Alvo com certo desespero – Pode ir...

Alvo olhou com raiva para Paul e foi puxado para fora pelo seu primo Louis, que temia novo confronto. Paul e Claire ficaram a sós na sala, enquanto Alvo, Rosa e Louis se dirigiam à aula de História da Magia, resmungando sobre a petulância do professor de poções.

- Claire... – Paul sentou-se ao lado da menina – Você nasceu trouxa?
- O Sr quer dizer uma pessoa normal? – Claire perguntou inocentemente.
- Não, me refiro a uma pessoa sem nossos maravilhosos poderes mágicos. Normal nós também somos.
- Ah, desculpa, eu não quis...
- Sim ou não? – Paul a interrompeu.
- Sim Sr. Meus pais sequer lembram da minha existência.
- Ah, sim... Amélia e Túlio Cavendish. E você tinha um irmão mais novo, Gabriel.
- Como o Sr Sabe? – Claire arregalou os olhos.

- Não faz diferença – Paul levantou-se – Então, eles não lembram de você, Claire? Que coisa, não? E agora, para onde você vai voltar nas férias? Pois sim, se você fugiu de casa e seus pais não lembram de você, você não tem para onde ir.
- Eu... Eu não sei... – Os olhos de Claire se encheram de lágrimas.
- Ah, não se preocupe... Hogwarts agora é sua casa. – Paul tentou sorrir – Eu quero que saiba, Claire, que você pode contar comigo.
- Ah... – Claire olhou confusa para Paul – Está bem... Obri... Obrigada...
- Agora, vá para sua aula, e diga ao McMillan que esteve comigo até agora, que se ele quiser tirar satisfações do seu atraso, que me procure.

Claire estava atônita. Levantou-se sem pensar duas vezes, recolheu seu material atrapalhadamente e saiu sem ousar olhar para trás. Paul a viu sumir com um sorriso na face.

- Belo trabalho, Paul – Disse a si mesmo.

Claire saiu praticamente correndo para a sala de História da Magia. Tinha ainda os olhos cheios de lágrimas e agradeceu por Tiago e seus amigos terem mostrado anteriormente onde ficava tal sala. Chegou com o professor Ernesto McMillan se apresentando.

- Desculpe, professor... – Claire parou à porta – Posso entrar?
- Claro, meu bem... – Ernesto deu um largo sorriso.

Claire entrou de cabeça baixa e sentou-se ao lado de um aluno da Lufa-Lufa. Alvo a olhou de relance preocupado. O professor seguiu se apresentando.

- Bom, como dizia, Sou Ernesto McMillan, me formei pela casa Lufa-Lufa e tenho o privilégio de ser diretor dessa casa hoje – Ernesto era muito simpático e sorridente – Vamos aprender História da Magia...

Claire não estava escutando nada. Só pensava em seus pais. Se pegou chorando baixinho, chamando a atenção do menino que estava ao seu lado.

- Ei... Você está bem? – disse o menino preocupado – Quer que eu diga que não se sente bem?
- Não... não precisa – Claire secou o rosto – Eu vou ficar bem... É só tristeza...
- Se precisar conversar... Pode contar comigo! – O menino cochichava – Não agora, mas depois da aula! Ah, sim, eu sou Allan McMillan, muito prazer.
- Claire Cavendish, o prazer é meu...
- Algum problema, crianças? – Ernesto levantou a cabeça para olhar Claire e Allan.
- Não, professor, Allan estava me ajudando... – Claire ainda tinha lágrimas nos olhos.
- Você está bem, querida? – Ernesto se aproximou preocupado.
- Ela disse que está, pai, foi isso que estava perguntando. – Disse o menino.
- Estou... Ou melhor, vou ficar bem... – Claire tentou sorrir.
- Então, tudo bem... – Ernesto sorriu – Qualquer coisa me fala, OK?

Alvo e Rosa, que estavam sentados lado a lado olhavam Claire com preocupação. O menino sentiu ciúmes de ver Allan passar a mão pelos cabelos de Claire, tentando a consolar. Claire tentou se distrair com a aula, que seguiu muito agradável, e terminou com 50 pontos ganhos para Grifinória, graças as brilhantes respostas de Rosa. Após o término da aula, o primeiro ano da Grifinória tinha tempo vago. Alvo e Rosa se aproximaram de Claire, que estava agradecendo Allan pelo apoio.

- Nossa, obrigada, você foi tão legal comigo!
- Não foi nada! – O menino sorria, era muito parecido com seu pai – Eu só fiz o que um amigo faria.
- Por isso! – Claire o abraçou – Você é filho do professor! Que legal!
- É, sou! – Allan olhou para Alvo e Rosa – Oi gente, eu sou Allan McMillan.
- Oi Allan, Alvo Severo Potter – Alvo estendeu a mão para o menino.
- Potter? – Allan apertou a mão de Alvo – Nossa!
- Eu sou Rosa Weasley – Rosa sorriu.
- Weasley! – Allan abraçou Rosa – Nossos pais eram amigos na época da escola! Papai e mamãe era da AD!
- Jura? – Alvo e Rosa sorriram.

- Juro! Pergunte só a eles! Minha mãe também, Ana Abboutt, quer dizer... Agora é Ana McMillan... – O menino olhou para o relógio – Puxa! Depois a gente conversa melhor, eu tenho aula de adivinhação agora! Tchau!

Os três viram Allan sair correndo e sumir de vista atrás dos amigos da Lufa-Lufa. Alvo lembrou do tempo vago e seguiram para o Salão Comunal. Alvo e Rosa não ousaram perguntar para Claire o que o professor Paul queria, e nem Claire fez menção de querer falar sobre o assunto.

- Está tudo bem, Claire? – Alvo a olhou – Ficamos preocupados com você...
- Eu estou bem, Alvo – Ela respondeu depressa – Obrigada pela preocupação. Eu não vou para o Salão Comunal, eu vou ler um pouco na biblioteca, até a próxima aula. Vejo vocês depois.

Claire mudou o rumo, Alvo e Rosa se entreolharam preocupados, mas nenhum dos dois seguiu a menina. Pensaram que ela preferia ficar sozinha naquele momento. Os dois entraram no Salão Comunal da Grifinória, aguardando a próxima aula, que seria de Adivinhação, com a nova professora, Lilá Brown.

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