Capítulo IX



Capítulo IX


- Ah, olá Anne, como vai?
- Estou de mudança! – Hermione não parecia nada animada, mas a alegria de Anne parecia não permitir que isso fosse visto.
- O Senhor Potter veio? – ele a ouviu perguntar, com certa frieza.
- Sim, claro! Harry... Hei! Harry! – Anne o chamou, ele teve que continuar. Virou no corredor e deparou-se com sua Ninfa, num olhar tão triste quanto o dele. E seu rosto bonito, e seus cabelos preso num rabo de cavalo numa fita que combinava com a cor de seu vestido, hoje, verde claro.
- Olá. – ele falou, sentindo que cada olhar que lançava a ela era uma facada que dava em si mesmo.
- Olá. – ela respondeu, desviando seu olhar do dele.
Provavelmente ela se sentia da mesma forma.
- Não vamos ficar parados no meio do corredor, venha, por aqui, Senhorita Potter. – disse a Madre, tomando a frente, continuando a mostrar o convento pra menina. - Senhorita Granger, volte para seu quarto, agora! – ela falou, ao ver que Hermione e Harry iam ficando para trás.
Harry precisava falar com ela. Alguma coisa dizia dentro dele que se ele insistisse, ela cederia.
- Agora! – tornou a falar a Madre. – Ou melhor... Vá ao jardim buscar a cesta de hortaliças que o jardineiro colheu e leve a cozinha para prepararem o jantar, depois, direto para seu quarto.
Hermione saiu, em passos lentos pelo caminho por onde o grupo havia passado.
Harry continuou a seguir as mulheres que iam a frente, decidido a falar com ela.

***


Hermione voltava da cozinha, aquele corredor, de todo o convento, era o que mais a assustava, ficava no porão, era mais escuro que todo o resto da propriedade, e haviam portas e mais portas de aposentos que talvez tenham sido usados para castigos nas épocas mais antigas.
O sol estava se pondo lá fora, mas aquele lugar já estava escuro, não gostava dali, detestava aquele lugar, parecia-lhe tão frio.
Passando rapidamente pelas portas feias e mal cuidadas do lugar, querendo logo alcançar a claridade, seu coração parou. Uma mão envolveu um dos braços dela e puxou-a com força para um dos cômodos do lugar. Sua boca foi tapada e a porta, fechada.
- Sou eu. – a voz dele soou como melodia, acalmando o coração acelerado dela. Não era possível enxergá-lo. Pouquíssima luz entrava pelas frestas daquele lugar aparentemente sem janela.
A mão dele escorregou de sua boca, mas ela não falou. Sua respiração ainda ofegante por causa do susto, a tristeza que a corroia por dentro.
- Espere um instante, eu preciso vê-la. – ele falou, deixando-a confusa.
Ela ouviu barulho de passos sobre alguma coisa que ela não pôde distinguir, logo depois, ele afastou um pouco uma das madeiras que cobria a única pequena janela do cômodo. Um pequeno feixe de luz vermelha entrou no lugar, clareando diretamente o rosto de Hermione, que permanecia parada encostada a parede, como ele a deixara.
Ele voltou, aproximou-se dela e a olhou.
Hermione sentiu os olhos dele sobre si, cheios de respeito e admiração.
- Senti tua falta. – ele confessou, em voz baixa.
Ela continuou em silêncio. Qual parte do ‘me esqueça’ ele não tinha entendido?
- Ninfa? – ele indagou, aproximando-se mais um passo.
Ela fechou os olhos, se segurando para não se deixar envolver por ele. Era tão bom estar perto, ouvi-lo chamá-la de Ninfa, e a voz dele era reconfortante, os olhos dele eram intensos, pareciam penetrar-lhe a alma.
- Fale comigo. Por favor. – ele pediu.
Ela abriu os olhos e fitou-o.
- O que quer que eu diga? – ela indagou, tentando manter-se impassível.
Ah, como era difícil. Só ela sabia o desespero e dor que gritavam dentro dela.
Quantas dúvidas... Quanto medo.
- Que vai deixar-me salvá-la.
- Disse para esquecer-me.
- Me pediste o impossível.
- Torne possível, então.
- Não quero. – ele disse, atrevendo-se a tocá-la.
Hermione fechou os olhos a contento desta vez, a mão suave dele em seu rosto trazia-lhe tanta paz.
- Eu te amo. – ele sussurrou, no ouvido dela, provocando-lhe um arrepio.
Ela suspirou.
Não podia ser verdade. Ela não acreditava.
- Acredite em mim. – ele tornou a sussurrar.
E antes que pudesse ver qualquer outra coisa, Harry sentiu ser empurrado com força e a porta abriu, os barulhos constantes no chão deixavam claro que ela saíra correndo.

***


Ela saiu correndo as cegas pelos corredores intermináveis do lugar.
“Eu te amo.”
E os corredores escuros pareciam não ter fim. Ela precisava emergir daquela escuridão para respirar.
“Eu te amo”
Subiu o lance de escadas correndo, tinha certeza de que quando encontrasse a claridade, tudo ficaria bem. Poderia respirar de novo.
“Eu te amo”
Ela saiu no saguão. E as grandes janelas, o lugar iluminado pelo sol poente, jogava uma luz vermelha no lugar.
“Eu te amo”
E ar? Cadê o ar? Ela ainda não conseguia respirar, alguma coisa dentro dela a impedia. Desesperada, ela atravessou o saguão correndo mais uma vez, abriu as portas e entregou-se ao imenso jardim, correndo desabalada.
“Eu te amo”
E as palavras dele girando, e se repetindo na mente dela. E tudo tão confuso. O coração, a mente. A guerra interna era tão gritante que agora aflorava em cada membro dela.
“Eu te amo”
Queria fugir, se esconder, se render... O interior dela estava implorando por paz. Era visível e exaustivo. A torturava, a fazia sangrar, sem dó... Sem piedade.
“Eu te amo”
Correndo cada vez mais rápido, o mais rápido que podia, aos olhos das outras pessoas era apenas um borrão no meio das flores do campo coloridas, tão alegres ali.
“Eu te amo”
Ela abominava aquelas flores aquele momento. Como elas podiam parecer tão alegres e tão bonitas, enquanto ela estava a ponto de morrer engolida pelos próprios sentimentos?
“Eu te amo”
- Não ama. Não ama. É mentira. Mentira. – ela sibilava pra si mesma.
“Acredite em mim”
E as forças dela iam se esvaindo. Ela não tinha mais forças pra lutar, pra negar, pra resistir. E tudo estava desmoronando sobre ela. Ela seria soterrada por tudo aquilo e não podia fazer nada.
“Eu te amo”
Uma gota de chuva a molhou... E começou a chover. Aquela chuva de verão, que vem e vai na mesma rapidez. E chove mesmo com dia limpo, sobre o sol poente... Deixando a noite banhada de estrelas.
“Eu te amo”
Os pés começaram a afundar na lama que ia se formando. Ela alcançou o bosque. Seus pés a guiavam por si, a cabeça dela não pensava... O coração parecia não bater.
“Eu te amo”
E quando tudo aquilo acabaria?
Eu te amo

***


- O convento foi invadido. Ladrões! E estão armados! – gritou o jardineiro, encontrando a madre superiora no saguão, quando já terminava de mostrar o lugar a Anne. Harry estava com elas.
- O que? – a Madre indagou, empalidecendo.
- Invadiram. Ladrões. – ele berrou.
- Quero todos no porão agora! Tranquem-se nas salas do porão. Já! – ela gritou. Algumas irmãs que passavam por ali se apressaram em avisar as outras. – Vão também. Senhor Potter... Senhor Potter!
Ele saíra correndo. Sabia que sua irmã e Lourdes ficariam bem, se esconderiam, estavam a salvo.
E Hermione? Sequer sabia da invasão.
Ele corria como se daquilo dependesse sua vida. E na verdade o era. Era pela vida de Hermione... E ela era vida dele.
As gotas da chuva já haviam o molhado. Como da primeira vez. E ele sorriu ao lembrar...
Alguns minutos depois ele virou e viu vários vultos entrando no convento, sentiu o coração apertar. “Anne está bem. Ficará tudo bem!”, ele pensava, tentando se convencer. Continuou sua corrida, precisava alcançá-la. Convencê-la a esconder-se na mata. Isso os salvaria.
Algum tempo depois, o que lhe pareceu uma eternidade, ele entrou no bosque. Tinha certeza que ela estava lá, naquela casa.
Seus instintos foram o guiando entre as árvores que se adensavam no caminho, viu o casebre e disparou pra lá sem nem pensar.
Abriu a porta de supetão, mas o que viu o deixou tão desesperado que ele não se moveu.
- Mais um passo e ela morre. – O fio do punhal brilhou cintilante no pescoço de Hermione.


***

N/a: Huuuuuuuuu!

That's It!

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Obrigada pelos comentários.

Amo vocês.
=]


Beijoooo.

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