DEZENOVE ANOS DEPOIS



O outono pareceu chegar de repente naquele ano. A manhã de 1º de setembro estava fresca como uma maçã. _ Rápido, Al! Você vai se atrasar!- Gritou Gina enquanto puxava o malão de Tiago. – Tiago, por que você mesmo não leva o malão? Ele está pesado! _Calma mãe, já vou! – Gritou Tiago descendo as escadas correndo e parando ao lado de sua mãe. – Pronto! Pode me entregar a mala. - Tiago pegou o malão da mão de Gina e saiu para levar-lo até o carro. _Tudo pronto! Onde está Al? – perguntou Harry entrando em casa. _Não desceu ainda, eu já o chamei várias vezes... é melhor você subir até lá e vê o que está acontecendo. – disse Gina já saindo para a rua. Harry subiu até o quarto do filho mais novo e o encontrou sentado na ponta da cama pensativo. _Alvo? –chamou Harry. – estamos atrasados, por que você ainda não desceu? _É verdade que eu para vou a Sonserina? – perguntou Alvo cabisbaixo. – Tiago disse... _Tiago não pode decidir em que casa você vai ficar, Al. – disse Harry olhando para o filho que aparentava muito medo. – Somente o chapéu seletor poderá escolher sua casa, e tenho certeza que ele escolherá o melhor para você. E agora se você não se apressar não chegaremos hoje a King’s Cross. Já estão todos no carro. Quando Harry entrou no carro percebeu que Tiago guardara algo muito rápido no bolso, por um instante Harry pensou ter visto o Mapa do Maroto, mas ele sabia que o mapa estava muito bem guardado em sua gaveta. Tiago foi contando histórias de Hogwarts à viagem toda, até Gina perder a paciência. _Tiago Potter, se você não parar de assustar o Al eu prometo que nas férias não te colocarei na escolinha de Quadribol. - Tiago parou na mesma hora e Gina continuou com um tom de voz mais leve – E mande o recado ao Neville...professor Longbottom, como deve ser chamado na escola...que infelizmente o jantar no Caldeirão Furado vai ter que ficar para outro dia, e seu pai tem muito serviço... _Por que você mesma não manda uma coruja para Hannah Abbott? Ela é mulher dele, não é? Tenho certeza de que ela dará o recado. –disse Tiago rabugento. _Tudo bem, tudo bem...então apenas dê um abraço no Neville. – interpôs Gina. O carro ficou em silêncio por um tempo, até que Lílian falou: _Eu quero ir pra Hogwarts também! _Você vai ir – disse Harry descontraído- mas quando você tiver 11anos. _Isso não é justo! Eu quero ir esse ano! Esse ano vai ser usado o novo livro para aula de trato das criaturas mágicas! _Nós temos o livro em casa, Lílian; Luna nos deu um autografado, você pode ler ele até ir para Hogwarts. _Eu tenho certeza que ela só quer ir para Hogwarts para se gabar com o livro que a madrinha dela escreveu. – Tiago falou rindo. _Não é, não! – Lílian retrucou irritada. _Como se eu fosse me gabar por um livro que fala de Bufadores de Chifre Enrugado. – disse Tiago em um tom arrogante. _Pois fique sabendo que antes de ela escrever Animais Raros e não Conhecidos ela e Rolf Scamander pesquizaram muito! _Tenho certeza que pesquizaram –disse Harry se intrometendo na conversa dos filhos – Luna é uma pessoa maravilhosa e seu marido também, não é atoa que te dei o nome de Lílian Luna – Harry estava olhando pelo espelho do carro para Lílian que agora sorria com apoio do pai.- Chegamos! – anunciu Harry. – Cada um tirando o seu próprio malão, pois a a mãe de vocês não é nenhum elfo doméstico, aliás, eu acho que agora que somente Lílian vai ficar em casa, Monstro pode ir para Hogwarts. Nas férias ele volta. – acrescentou Harry ao ver a cara de desaprovação de Lílian. Monstro estava cada dia melhor e tinha conquistado a todos com suas comidas deliciosas e Gina agradecia todos os dias por Monstro existir e ajudar-la a por ordem na casa.
E a pequena família se agitava pela ruidosa rua rumo à grande estação coberta de fuligem, a fumaça do escapamento dos carros e a respiração dos pedestres reluziam como teias de aranha no ar frio. Duas grandes gaiolas se agitavam com ruído no topo dos carrinhos carregados de bagagem por Alvo e Tiago; as corujas dentro delas piavam indignadas, e a menina Lílian andava lentamente e de modo tímido atrás de seus irmãos, segurando o braço de seu pai. _Não demora muito, e logo será sua vez de ir - Harry disse a ela. _Dois anos - fungou Lílian. -Eu quero ir agora! _Já conversamos sobre isso, Lílian. Os passageiros fitavam as corujas com curiosidade, assim que a família seguia seu caminho em direção à barreira entre as plataformas nove e dez, a voz de Alvo soou às costas de Harry, sobre a barulheira do lugar; seus filhos retomaram o debate que começaram no carro. _ Eu não vou! Eu não vou ser um sonserino! _Tiago dá um descanso! - disse Gina. _Eu só disse que ele poderia ser - disse Tiago, sorrindo maliciosamente para o irmão mais novo. -Não há nada de errado com isso. Ele poderia ficar na Sonserina. Mas Tiago silenciou ao receber o olhar de sua mãe. Os cinco Potter se aproximaram da barreira. Com um olhar levemente arrogante sobre o ombro para seu irmão mais novo, Tiago avançou correndo com o carrinho. Um momento depois, ele desaparecera. _Você vai me escrever, não vai?- Alvo perguntou aos pais imediatamente, aproveitando a ausência momentânea de seu irmão. _Todo dia, se você quiser - respondeu Gina. _Não todo dia, não! - disse Alvo depressa - Tiago disse que a maioria das pessoas só recebe cartas de casa mais ou menos uma vez por mês. _Nós escrevemos a Tiago três vezes por semana no último ano - disse Gina. _E você não vai acreditar em tudo o que ele lhe contar sobre Hogwarts. - acrescentou Harry. -Ele gosta de rir, o seu irmão.
Lado a lado, eles empurraram adiante o segundo carrinho, ganhando velocidade. Assim que eles se aproximaram da barreira, Alvo estremeceu, mas não houve colisão. Então, a família apareceu na plataforma nove-e-meia, que estava enevoada pelo espesso vapor que saía do escarlate Expresso Hogwarts. Figuras indistintas fervilhavam na névoa, entre as quais Tiago já desaparecera. _Onde eles estão? - perguntou Alvo ansioso, observando atentamente as formas enevoadas enquanto eles passavam, dirigindo-se à plataforma. _Nós os encontraremos - disse Gina de modo tranqüilizador. Mas o vapor estava denso, e foi difícil distinguir a face de alguém. Destacadas de seus donos, as vozes soavam anormalmente altas, Harry pensou ter ouvido Percy discursar em voz alta sobre os regulamentos do uso de vassouras, e ficou muito satisfeito da desculpa para não parar e dizer olá... _Eu acho que aqueles são eles, Al. - disse Gina de repente. Um grupo de quatro pessoas surgiu da névoa, em pé ao lado do último vagão. Suas faces só entraram em foco quando Harry, Gina, Lílian e Alvo chegaram bem perto deles. _Oi - disse Alvo, soando imensamente aliviado. Rosa, que já usava suas vestes de Hogwarts novinhas em folha, sorriu radiante para ele. _Estacionou direitinho, então? - Rony perguntou a Harry. - Eu sim. Hermione não acredita que eu pude passar no teste de direção trouxa, você acredita? Ela pensou que eu tive de Confundir o instrutor. _Não, eu não pensei! - disse Hermione - Eu tenho completa confiança em você. _Na prática, eu o confundi sim. - Rony cochichou para Harry, enquanto juntos, eles erguiam o baú de Alvo e a coruja para o embarcarem no trem. - Eu só esqueci de olhar no espelho retrovisor, e cá entre nós, eu posso usar um Feitiço Supersensor para isso. _Eu teria muito cuidado ao fazer isso se minha mulher trabalhasse no Departamento de Execução de Leis Mágicas – comentou Harry rindo. _Realmente, você tem sorte da Gina ser jogadora de Quadribol... Como vão as coisas no ministério? Vi Percy passar por aqui a pouco tempo... – disse Rony mudando de assunto. _Talvez quando Kingsley se aposentar, Percy possa ser o novo Ministro da Magia. Harry riu. – O Ministério está ótimo, Kingsley sabe administrar bem, está sendo realmente maravilhoso poder estar à frente no Departamento de Aurores. E a Irmandade Weasley, como vai? _ É incrível como essa geração gosta dos nossos produtos! Na semana passada com toda aquela gente fazendo compras de última hora para Hogwarts foi realmente difícil conseguir atender todos, nossa sorte foi que Lino Jordan não tinha nenhum jogo para narrar e foi nos ajudar.
De volta à plataforma, eles encontraram Lílian e Hugo, irmão mais novo de Rosa, tinham uma discussão animada sobre para qual Casa eles seriam sorteados, quando finalmente fossem para Hogwarts.
_Se você não for para a Grifinória, nós vamos deserdar você. - disse Rony. - mas sem pressão. _Rony! Lílian e Hugo riram, mas Alvo e Rosa ficaram sérios. _Ele não quis dizer isso. - disse Hermione e Gina, mas Rony não estava prestando muita atenção. Recebendo um olhar de Harry, ele acenou discretamente para um ponto uns quinze metros dali. A neblina havia diminuído por um momento, e três pessoas se encontravam em um agudo contraste junto à inconstante névoa. _Olhe que é. Lá estava Draco Malfoy, com sua mulher e o filho, uma capa preta abotoada até a garganta. Seu cabelo recuava um pouco, o que acentuava seu queixo pontudo. O novo menino lembrava Draco, assim como Alvo lembrava Harry. Draco percebeu que Harry, Rony, Hermione e Gina o fitavam, acenou com a cabeça brevemente, e virou-se de novo. _Então lá está o escorpiãozinho. - disse Rony em voz baixa. - Certifique-se de superá-lo em cada teste, Rosinha. Graças a Deus, você herdou o cérebro de sua mãe. _Rony, pelo amor de Deus. - disse Hermione, meio áspera, meio divertida. - Não tente deixá-los um contra o outro antes mesmo de ter começado a escola! _Você está certa, desculpe! - disse Rony, mas incapaz de se segurar, ele acrescentou - Não seja muito amigável com ele, então, Rosinha. O vovô Weasley nunca perdoaria você por se casar com um sangue-puro. _Ei! Tiago reapareceu; ele se livrara de seu baú, da coruja e do carrinho de bagagem por conta própria, e estava, evidentemente, cheio de novidades. _Teddy está lá trás - ele disse sem fôlego, apontando acima do ombro para trás, para dentro de uma massa de névoa. - Acabei de vê-lo! E adivinhem o que ele está fazendo? Ele e Victoirè estavam se beijando! Ele encarou os adultos, evidentemente desapontado pela falta de reação. _Nosso Teddy! Teddy Lupin! Ele e Victoirè se beijando! Nossa prima! Filha do Gui e da Fleur! E eu perguntei ao Teddy o que ele estava fazendo... _Você os interrompeu? - perguntou Gina. - Você é tão parecido com Rony...
_Oh, seria fascinante se eles se casassem! - sussurrou Lílian em êxtase. - Então Teddy seria realmente parte da família! _Ele já aparece para jantar quase quatro vezes por semana. - disse Harry - Por que apenas não o convidamos para viver conosco, e terminamos logo com isso? _É! - disse Tiago entusiasmado. - E não me importo de dividir o quarto com Al... Teddy poderia ficar com meu quarto! _Não. - disse Harry resoluto - você e Al só dividirão o quarto quando eu quiser demolir a casa.- Ele checou o velho relógio de pulso que já fora de Fabian Prewett’s. _São quase onze, é melhor vocês embarcarem. _Não esqueça de dar um abraço em Neville! - Gina disse a Tiago enquanto o abraçava. _Mamãe! Eu não posso dar um abraço a um professor! _Mas o Neville, você sabe... Tiago girou os olhos. _Fora da escola, sim, mas dentro, ele é o Professor Longbottom, não é? Eu não posso entrar na aula de Herbologia e dar-lhe um abraço... Balançando a cabeça pela tolice de sua mãe, ele desabafou o que sentia mirando um pontapé em Alvo. _Até mais, Al. Cuidado com os testrálios. _Eu pensei que eles fossem invisíveis! Você disse que eles eram invisíveis! - mas Tiago apenas riu, permitiu que sua mãe o beijasse, deu um abraço rápido e, seu pai, e então, saltou rápido para dentro do trem. Eles o viram acenar, e depois correr a toda velocidade pelo corredor para encontrar os amigos. _Testrálios não são algo com que se preocupar. - Harry disse a Alvo. - Eles são dóceis, não há por que se assustar com eles. De qualquer jeito, você não irá para a escola nas carruagens, mas sim nos botes. Gina deu um beijo de despedida em Alvo. _Vejo você no natal.
_Tchau, Al. - disse Harry enquanto o abraçava. - Não esqueça que Hagrid convidou você para o chá na próxima sexta-feira. Não faça bagunça com Pirraça. Não duele com ninguém até que você tenha aprendido como. E não deixe Tiago enrolar você. _O que faço se eu for para a Sonserina? O sussurro foi apenas para o pai, e Harry sabia que somente o momento da partida forçaria Alvo a revelar quão grande e sincero esse seu medo era. Harry se agachou e a face de Alvo ficou só levemente acima da sua. Dos três filhos de Harry, Alvo foi o único a herdar os olhos da avó, Lílian. _Alvo Severo. - Harry disse calmamente, de modo que ninguém além de Gina pudesse ouvir, e ela foi delicada o bastante para fingir acenar para Rosa, que estava à bordo do trem agora. Você recebeu o nome de dois diretores de Hogwarts. Um deles foi sonserino, e, provavelmente o homem mais magnífico e corajoso que já conheci. _Mas apenas diz... ...então, a Sonserina ganharia um excelente aluno, não? Não importa para nós, Al. Mas se importa para você, você será capaz de escolher. O Chapéu Seletor considerará sua escolha. _Sério? _Foi assim comigo. - disse Harry. Ele nunca contara algo do tipo a nenhum de seus filhos antes, e ele viu a admiração no rosto de Alvo quando o contou. Mas como as portas estavam batendo ao longo de todo o trem escarlate, e os contornos obscuros dos pais se aglomerando adiante pelos beijos de despedida e últimas recomendações, Alvo subiu ao vagão e Gina fechou a porta logo após ele. Os alunos se dependuravam as janelas mais próximas. Um grande número de rostos, tanto no trem como fora dele, parecia se voltarem para Harry. _Por que todos eles estão olhando? - perguntou Alvo enquanto ele e Rosa estendiam os pescoços para olhar os outros alunos. _Não se preocupe com isso. - disse Rony. - Sou eu, eu sou extremamente famoso. Alvo, Rosa, Hugo e Lílian riram. O trem começou a se mover, e Harry andava ao longo dele, observando o rosto magro de seu filho, já inflamado de excitação.
Harry permaneceu sorrindo e acenando, mesmo sendo uma pequena perda e por pouco tempo, observando seu filho deslizar para longe dele...
O último rastro de névoa evaporou no ar do outono. O trem dobrou a esquina. A mão de Harry ainda levantada num gesto de adeus. _Ele ficará bem. - murmurou Gina. Harry olhou para Gina e, então, ele baixou sua mão distraidamente e tocou a cicatriz em formato de raio em sua testa. _ Eu sei que ficará.
A cicatriz não doía há dezenove anos. Tudo estava bem.

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