A discussão



“This is the story of my life
(These are the lies I have created)
This is the story of my life
(And these are the lies I have created)”

Ponto de vista da Ginny:
“Vais treinar com o Ron, hoje?” perguntei-lhe, depois do pequeno-almoço, o prato vazio ainda à minha frente. Era uma pergunta um quanto inútil, uma vez que eu sabia que a resposta seria sim, nem que fosse para ele se dar ao miserável luxo de sair de casa outra vez.

“Sim, vou lá estar toda a manhã. E provavelmente toda a tarde, depende do que for preciso fazer...” respondeu ele, acabando a sua torrada.

"O dia todo? Ainda agora regressaste da missão, Harry! Mas…Não te preocupes. Eu vou ficar por aqui, nesse caso; não te preocupes comigo! Não te preocupes com o raio dos meus sentimentos! Nunca te preocupaste, não é? Para quê começar agora...?" estava praticamente a gritar o máximo que os meus pulmões permitiam. Fixava-o ameaçadoramente, questionando-me a mim própria porque razão fizera aquilo.

"Ginny, desculpa…. Eu sei que tenho passado bastante tempo fora, mas se não for, o Ron mata-me. Além disso tenho que estar ao meu melhor para a próxima missão e tu sabes isso. Não posso desapontar o mundo mágico." Ele murmurava calmamente, acariciando o meu cabelo. Harry dificilmente levantava a voz quando discutíamos e hoje não era excepção.

"Não, eu não sei isso, Harry. Eu não sou Auror, não percebo nada acerca dessa área! Desculpa. Desculpa por não entender a razão que te impede de dispensares um dia da tua agenda para estares comigo... Desculpa-me por não ser perfeita!" respondi. Senti uma lágrima a deslizar pela cara, mas, nesta altura, já nem sequer estava a olhar para ele. Não queria e, mais do que tudo, não conseguia.

"A perfeição não tem nada a ver com isto e, mesmo que tivesse... Ginny, tu és perfeita para mim." Ele mentia desesperadamente e isso era bastante óvio. Estava apenas a tentar recuperar a minha confiança em poucos segundos. Mas as palavras doces não funcionam comigo.

"Oh, por favor Harry! Pára com os disparates. Porque é que não desistes de mentir a ti próprio e a mim?" reagi violentamente, sabia-o. Levantei-me, começando a recolher os pratos de cima da mesa.

"Bem, eu tenho mesmo de ir. Já prometi ao Ron, não posso desmarcar. Se quiseres podes aparecer por lá mais tarde. O que dizes?" perguntou ele. Permaneci encostada à bancada, lançando-lhe um breve olhar pelo canto do olho.

"Talvez." Murmurei, incrédula pelo modo como ele simplesmente se ia embora, deixando-me assim, sozinha. Contudo, era assim que o Harry sempre fora. Era péssimo a lidar com emoções, especialmente as minhas. Passei a mão pela face, tentando apagar as lágrimas que continuavam a cair.

"Óptimo… Se não fores, aviso-te desde já que não devo voltar antes das oito ou das nove da noite." O seu tom de voz cauteloso regressou ao seu tom normal, como se nada tivesse acontecido, que este era mais um daqueles dias normais, o que despertou em mim uma irracional vontade de lhe infligir o maior número de dor.

E era este o meu estado final de angústia. Apercebi-me, a partir do momento em que aquele pensamento surgiu, de que estava tudo definitivamente acabado entre nós. Nunca me passara pela cabeça agredir alguém, muito menos o homem que deveria amar. Tudo isto estava a ficar descontrolado. As mentiras tinham que acabar.

Aproximou-se de mim silenciosamente, e pressionou os seus lábios contra os meus. Não era um beijo, não existia qualquer espécie de sentimento, era somente uma farsa que ele preferia manter.

A porta fechou-se atrás dele com um estrondo. Um estrondo que era cada vez mais familiar. Às vezes dava-me por mim a olhar para fotografias de quando éramos realmente felizes. Ao observá-las, constatava com alguma tristeza de que era-me impossível voltar a sentir tudo aquilo outra vez.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.