PLANO C



25 anos atrás – novembro do ano de 1996.

Nos corredores de Hogwarts uma figura alta de pele branca e oleosa andava a passos largos deixando ao vento seus cabelos longos e ensebados. As narinas de seu nariz em forma de gancho estavam dilatadas demonstrando uma forte ou desesperada respiração.

Pirraça, que nesse momento pichava dizeres em uma das paredes próximas a sala de ensino da matéria poções, ao perceber a presença do bruxo escondeu-se atrás de um dos gárgulas do corredor frontal.

Em alguns minutos o homem chegou à grande estátua em forma de gárgula dourada, local que marca a entrada do gabinete do diretor de Hogwarts e antes que pronunciasse qualquer palavra-chave a estátua saiu do lugar lentamente deixando à vista a estátua de uma fênix que começou a rodopiar sobre seu próprio eixo, erguendo-se para o alto, e sob seus pés foi desvencilhando-se uma escada em forma de caracol.

O homem não fez cerimônias e subiu rapidamente a escadaria.

― Dumbledore ― exclamou o homem ao adentrar na sala do Diretor.
Dumbledore que é um homem alto e magro, idoso mas sem demonstrar fraqueza, com longos cabelos branco prateados e barbas da mesma cor, encontrava-se ao lado de sua escrivaninha alimentando Fawkes, sua fênix.

― Dumbledore ― disse novamente o homem, que apesar de ter percorrido um grande caminho de Hogsmead até o gabinete do diretor, não demonstrava cansaço ― Precisamos conversar ― termina o homem com a voz fria.

― Claro Professor Snape... sente-se ― respondeu Dumbledore com a voz serena e firme enquanto olhava para Snape com seus olhos azuis penetrantes, como se radiografasse o professor.

Snape lentamente se senta em uma cadeira de mogno antiga e confortável localizada a frente da escrivaninha do diretor, seus olhos no vazio como se estivesse procurando a forma de contar o que tinha a dizer.

― Bellatrix está grávida ― diz Snape secamente, como se jogando as palavras ao vento, sem demonstrar sentimento ou emoção ― E com grandes chances do filho ser de Voldemort.

Dumbledore cruza os dedos e coloca os cotovelos sobre a mesa ao mesmo tempo em que serra os olhos em direção a Snape que o encara fixamente.

― Bellatrix grávida ― fala Dumbledore como se estivesse pensando alto ― Com grandes chances de ser de Riddle... o que significa que, também, pode não o ser ― continua Dumbledore, ao mesmo tempo em que olha para Snape que não desvia o olhar.

― Isso pode mudar as coisas, pode ser uma boa notícia... no entanto... ― diz Dumbledore pausando sua linha de pensamento como que procurando outro caminho que o inimigo pudesse vir a percorrer ― Não sei se Riddle nutri algum sentimento por qualquer espécie de vida depois de ter dividido tantas vezes a sua alma ― conclui Dumbledore enquanto descruza os dedos e desliza sua mão direita por sua longa barba grisalha.

― Um herdeiro? ― duvida Dumbledore ― Não sei se isso seria uma boa ou má notícia para o Lorde das Trevas, o que põe em risco a vida da criança.
Snape continua a fintar Dumbledore observando o bruxo em pensamentos altos, atrás de uma conclusão.

― Até as cobras procriam Dumbledore ― diz Snape.

― É verdade... mas até as cobras tem alma Snape ― responde Dumbledore ― De qualquer forma ele pode ser o nosso plano C, caso Harry ou Neville falhem.

― Plano C? ― diz Snape com insegurança na voz.

― Isso mesmo Snape... um plano C. Você sabe que não estarei aqui ano que vem e que por isso não será seguro para Harry vir a Hogwarts depois que o feitiço de proteção se esvair. Harry é falível como todos nós somos e caso Neville também falhe teremos que acreditar no amor de um filho pelo pai pra o mundo bruxo.

― Não sei se o filho de Voldemort possa vir a ser bom plano C.

― Isso dependerá de sua educação ― responde Dumbledore duramente ― E nisso, ainda confio em Hogwarts e em você.

Por alguns segundos os bruxos se encaram e o silêncio é quebrado pelas bicadas de Fawkes contra uma vasilha onde se encontrava restos de sua ração, como se pedindo mais comida.

― E Bellatrix? ― pergunta Dumbledore ― Como vem reagindo a notícia de ser mãe? Há esperanças para ela?

― Narcisa me disse que ela está apreensiva por não saber como Voldemort reagirá, acredita que mais pela sua vida que pela da criança, mas que pretende segurar essa notícia até o último momento.

― Isso nos dá 6 meses ― sussurra Dumbledore como se dirigindo a ele mesmo.

― Snape, por favor, chame Madame Pomfrey e a Professora Sprout aqui ― pediu Dumbledore no momento em que se levantava com um saquinho de ração em direção a Fawkes.

― Pomfrey e Sprout? ― Snape interroga com um pouco de surpresa ― O que elas...

Snape pára repentinamente quando percebe Dumbledore olhando por cima dos óculos meia-lua, como se estivesse lendo os seus pensamentos ao mesmo tempo em que o brilho dos olhos azuis do bruxo penetrava em sua alma com tamanho poder que nem mesmo todo o seu conhecimento em oclumência conseguia detê-lo.

Snape, percebendo que nada mais tinha a falar, levanta-se da confortável poltrona e segue em direção as escadas, para logo em seguida fazer o que Dumbledore lhe pediu.

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