Caçada



A noite estava úmida, a lua cheia iluminava boa parte da estrada de chão que se retorcia entre os arvoredos. O silêncio, que parecia pernoitar naquele ambiente, fora quebrado pelos estalos quebradiços de arbustos ralos e secos, feitos por uma figura que andava curvo e com passos largos e decididos.

Parecia não acreditar nos eventos que estavam acontecendo. Há anos não havia uma fuga de Azkaban, mas também há anos ele não caçava um bruxo tão poderoso, não desde Sebastian, e por mais absurdo que isso parecesse, ele estava se sentindo bem, estava se sentindo vivo.

O que o deixava pensativo era por que justamente naquela noite?

De repente ele para. Seus olhos tornam-se serradiços, como a procura de algo a frente, sua postura muda, ele levanta os ombros, tornando-se alto e imponente, sua mão, desvencilhando-se das longas vestes, deixou a mostra sua varinha.

― Apareçam ― diz a figura com uma voz firme enquanto eleva sua varinha até a altura dos ombros.

Risos ecoam a frente.

― Petulante como sempre, mas vejo que seus sentidos continuam apurados ― sussurra uma voz feminina aguda.

― Usei apenas um sentido Bellatrix ― disse em tom irônico o homem ― Pois o cheiro de Grayback pode ser sentido a quilômetros daqui.

Um jarro de luz vermelha irrompe das trevas em direção a figura que parecia esmiuçar um pequeno sorriso. Com um gesto firme e ao mesmo tempo suave o homem faz o jato ricochetear e acertar um salgueiro. A luz avermelhada ilumina o seu rosto e deixa a mostra sua cicatriz na testa.

― Vejo que uns anos como auror o fizeram bem Potter ― resmunga Grayback que já se encontrava às costas do auror e se dirigindo a este com uma velocidade acima do comum para os padrões humanos.

Garras e dentes cortam o ar e Harry chega a sentir o cheiro pútrido da saliva do lobisomem que acaba mordendo os arbustos que se encontravam a frente de Harry.

― M-Mas o quê...? ― surpreende-se Grayback.

― Desaparatação ― disse a voz de Harry com um tom explicativo, agora às costas de Grayback ― Estupefaça ― vociferou Harry e um raio vermelho ribombou com tanta voracidade nas costas de Grayback.

O raio fez o monstro rodopiar pelo ar até atingir o rosto violentamente contra outro salgueiro, deixando uma mistura de sangue e dentes no tronco da árvore.
Voltou os olhos para a figura pálida e encurvada de Bellatrix. Os longos cabelos ondulados e já grisalhos da bruxa pareciam vivos. Seus olhos negros sobre olheiras escuras fintavam Harry com ódio.

― Estou curioso... ― iniciou Harry colocando a mão sobre o queixo pensativo ― Como uma senhora de 60 anos consegue fugir de Azkaban?

― Com a ajuda de Grayback tenho certeza que não ― continuou Harry ― Vamos sua assassina... ― nesse momento a voz de Harry crispasse de ódio ao lembrar de seu padrinho ― Quem foi que lhe ajudou a passar pelos dementadores?

― Também estou curiosa Potter... ― responde Belatriz, com os olhos fixos em Harry, como uma serpente pronta pra dar o bote ― Nesses 23 anos... sua cicatriz nunca mais doeu?

― D – dor? ― titubeou Harry ― Para sua tristeza Bellatrix... NÃO ¬― respondeu, agora, sem vacilar.

― Pelo menos não desde a morte de Voldemort ― concluiu Harry, roçando a mão esquerda sobre a sua famosa cicatriz enquanto a mão direita continuava firme e apontando sua varinha para a Belatriz.

― Vejo que você continua a dizer o nome do Lord das Trevas sem medo ― exclamou Belatriz com um certo asno na voz.

― Não há razão pra temer os mortos, ainda mais os que vi morrer.

O vento sibilou forte enquanto os dois bruxos se encaravam, a tensão crescia a cada segundo. Harry, apesar de toda sua experiência, não deixou de notar o bater forte de seu coração, a adrelina percorrendo seu corpo com voracidade fazendo com que faíscas erupdacem da ponta de sua varinha ― Calma ― pensou ele, apesar de sentir uma raiva crescente por estar diante da assassina de seu padrinho, raiva por aquela mulher ter lhe retirado aquilo que ele teve de mais parecido com um pai.

― Bellatrix ― rompeu o silencio Harry ― Apesar de desejar do fundo do meu coração um duelo com você... tenho que seguir certos procedimentos e, nesse caso, peço que me entregue sua varinha e se renda pacificamente.

― Você está falando sério? ― perguntou Bellatrix.

― Adiantaria dizer que você está cercada ― disse Harry.

Bellatrix range os dentes ― Sua fama de Auror ultrapassou os muros de Azkabam Harry e até surpreendo-me que o Ministério mande seu melhor “caçador” em meu encalço ― disse a bruxa enquanto sua cabeça pendia de um lado para o outro lentamente.

― Mas o que eu não sabia é que o tempo tinha lhe dado senso de humor ― finalizou Belatriz ao mesmo tempo em que se colocava em posição de combate.

― Não se subestime Belatriz ― exclamou Harry enquanto levantava seus óculos com o dedo indicador esquerdo ― Você é uma assassina de bruxos e por muito tempo foi o braço direito de Voldemort... portanto é uma bela “caça”.

Belatriz, com um balançar de braços atirou sobre Harry espinhos negros dando início a batalha ― Protego ― retrucou Harry e um escudo invisível se materializou ao seu redor, fazendo com que os espinhos caíssem aos seus pés.

Com um movimento brusco Harry apontou a varinha para Belatriz que sentiu uma forte colisão contra suas pernas que a fez rodopiar e cair de costas no chão.

― Infernus ― guinchou a bruxa enquanto se levantava brusacamente.

Labaredas de fogo infernal cruzaram o céu em direção à Harry.

― Dragus Protego ― gritou Harry rodando a varinha sobre sua cabeça e um casulo brilhante de escamas de dragão surgiu sobre o auror, protegendo-o completamente do mar de chamas que se atirava contra ele.

Quando o fogo se dissipa Harry percebe que a bruxa não se encontrava mais a sua frente. Lentamente ele olha para um lado e para o outro procurando por Belatriz ― Esconde-esconde ― exclama Harry ― Não acha que está um pouco velha pra esse tipo de brincadeira?

― Mas já que é assim ― Harry aponta sua varinha para o céu ― Lumos Nova ― de início a ponta da varinha de Harry começa a brilhar iluminando 5 ou 6 metros a sua frente, mas de repente ela apaga e por alguns segundos o silêncio impera novamente e não mais que de repente uma explosão de luz se forma iluminando a noite e as trevas tornam-se dia.

A ofuscante luz que emana do corpo inteiro de Harry é tão forte que pode cegar por minutos um desavisado e por alguns segundos até mesmo quem se encontrasse com vendas nos olhos, desde que a poucos metros de distância.

Quando a luz desvanece Harry encontra-se no meio da clareira inerte, com a cabeça coberta por suas vestes, como se protegendo da forte luz que criara e apontando seu braço direito para sua frente ― Saia daí Bellatrix, sei que você está a minha frente e meu feitiço mostrou isso, vamos não me for...

― Avada Kedrava ― gritou Bellatrix e um raio de luz verde atinge violentamente as costas de Harry que tomba duramente no chão.

Uma garagalha aguda rompe as trevas quando a figura cadavérica de Belatriz desliza da escuridão com os olhos brilhando de felicidade.

― Harry Potter ― gemeu Bellatrix com a voz em soluços ― O menino que sobreviveu, aquele que derrotou Lord Voldemort durante toda a sua estadia em Hogwarts, o mais temido entre os aurores... MORTO ― e novamente ela solta uma gargalha enquanto esboça uma espécie de dança ao redor do corpo emborcado de Harry.

― “Saia daí Bellatrix eu estou te vendo” ― debochou a bruxa enquanto faz caretas para Harry e novamente gargalha.

― Confesso que fiquei desesperada quando seu feitiço me cegou por uns segundos seu verme, mas foi só isso ... hi,hi,hi ... e pro seu governo eu estava o tempo todo nas suas costas ― diz Belatriz e solta um ar de desprezo e nojo quando com o pé desemborca o corpo caído aos seus pés.

― M-mas o quê? ― assustou-se a bruxa ao perceber que aos seus pés encontrava-se um tronco com as vestes superiores de Harry.

― Bu ― zumbiu um sopro no ouvido de Bellatrix.

A bruxa cambaleia assustada para o lado quando percebe a cabeça de Harry Potter suspensa em pleno ar, como se levitando sem o corpo, assim como sua mão direita apontando a varinha diretamente para suas costelas.

― C-capa ― gagueja Bellatrix.

― É ― responde secamente Harry.

― C-como... vi você falar... vi você cair... como o tronco... no seu lugar?

― Ahh... isso ― sorriu Harry ― Chama-se “troca de corpus”... vi isso em um desenho japonês que meus filhos adoram... treinei um pouco e parece que deu certo.

Desesperadamente Bellatrix levanta saca a varinha ― Avada Ka...

― Expelliarmus ― Harry é mais rápido e antes dos lábios frígidos e empalidecidos de Bellatrix terminarem a pronúncia da maldição imperdoável a sua varinha é arrancada violentamente de sua mão.

Harry pisca o olho para Bellatrix ― Eu adoro esse feitiço... agora com sua permissão ... estupefaça ― e o raio vermelho atinge diretamente as costelas da bruxa fazendo-a soltar todo o ar que tinha nos pulmões e voar em direção ao mesmo salgueiro no qual se chocou o corpo de Grayback.

Harry caminha em direção aos dois corpos caídos no chão ao mesmo tempo em que aponta a varinha para o norte ― Accio Carrega-carga ― e uma caixa negra totalmente fechada surge entre as árvores.

― Mais dois voltarão para Azkabam ― pensa Harry ― Leviacorpus ― palavreia Harry e os dois corpos caídos no chão levitam e se dirigem para dentro do carrega-carga, local para onde Harry apontava sua varinha.

Abruptamente sua cicatriz esquenta.

Absorto em pensamentos Harry olha para todos os lados ao mesmo tempo em que aponta sua varinha a esmo. Sente uma pontada na testa que adormece sua visão e se ajoelha. Ele começa a coçar a cicatriz rezando para que algum inseto o tivesse picado no local e mais uma pontada, esta mais parecendo uma marretada, que o derruba no chão.

A dor agonizante faz Harry perder a noção de espaço ― Gina ― ele pensa e a dor parece diminuir. Outra pontada e ele grita, as mãos trêmulas e suadas mla conseguem segurar a varinha ― Impossível, ele está morto ― pensa Harry e outra pontada o faz ranger os dentes.

― Concentre-se Harry ― fala o bruxo em voz baixa ― e novamente volta seus pensamentos para Gina e seus filhos e percebe que a dor vai diminuindo lentamente.

Ele coloca a mão esquerda sobre a testa e a direita sobre o joelho e levanta-se cabaleantemente, ao erguer os olhos percebe que da escuridão a sua frente surge um homem alto de pele branca, cabelos negros ondulados e estaquiados até o ombro, trazendo na sua mão esquerda uma varinha branca.

― Vejo que a ligação entre vocês ainda existe? ― pergunta o homem de olhos negros penetrantes que nesse momento fuzila cada movimento do corpo de Harry.

― S-sebastian ― trepida Harry ― Você está vivo? E-então foi você que libertou Bellatrix?

O homem esboça um sorriso no canto da boca.

― Vejamos... quanto a libertar Bellatrix ― ironiza Sebastian ― Quem mais iria fazer isso? Quem mais tem poder necessário para derrubar os muros de Azkaban? Ora professor era inaceitável que a mãe de SEBASTIAN continuasse em Azkaban.

― Dispenso suas ironias Sebastian ― explode Harry.

― Agora... quanto a estar vivo? ― interroga ironicamente o jovem ignorando as palavras de Harry ― Professor Potter... se tivesse que exprimir meus sentimentos em vê-lo novamente confesso que estes estariam vestidos de decepção ― pigarreia Sebastian ― Pois me assusta ver que logo o senhor chegou a acreditar em minha morte― e olhando fixamente para Harry continua
― Afinal de contas não há um dizer popular “o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte”.

Harry estremece ao ouvir tais palavras e no que elas significam pra ele ou no que significariam para Sebastian, até que mais uma pontada racha a testa de Harry que mais uma vez grita e se ajoelha.

― MEU DEUS... ELE ESTÁ AQUI ― Harry percebe um vulto por trás do homem denominado Sebastian. O medo, sentimento que a muito não percorria suas veias, infla seus sentidos e as pupilas se dilatam ao fintar as pupilas ofídicas do ser cadavérico que faíscam de fúria no escuro.

A figura, caminhando sorrateiramente, como se rastejando com os próprios pés, dirigiu-se lentamente para o lado de Sebastian e Harry pôde contemplar a figura pálida de Voldemort.

M-mas como? ― pensou Harry ― Eu o vi morrer... eu vi seu corpo... nós destruímos todas as horcrux... como pode ele está vivo? O que nos passou?

― Harry Potter ― sibilou a voz monstruosa da figura ― Fico felizzz em ver que ainda continua vivo. Masss pergunto-me ssse por mérito ou maisss por sorte?

― Pergunte a Bellatrix ― respondeu Harry sem demonstrar medo em sua voz ― Mas, muito provavelmente, ela deu azar contra mim.

Voldemort ri deixando aparecer sua língua bifurcada ― Sssua língua continua afiada garoto... issso é bom.

Harry agora percebia que estava na maior sinuca de bico da sua vida. A sua frente estavam os dois maiores bruxos das trevas que ele já havia enfrentado. Como vencê-los? Se tivesse que enfrentar apenas um poderia até sair vencedor, mas os dois era um feito que mesmo Dumbledore não conseguiria.

― Pelo que sssei você conhece meu filho... SSSEBASTIAN RIDDLE ― exclama Voldemort ― Aliásss... ssse não me engano você lhe ensssinou defesssa contra a arte das trevasss.

― Está bem informado “Lorde das Trevas” ― diz com firmeza Harry ― E devo confessar que foi um dos alunos mais brilhantes que Hogwarts possuiu... talvez mais genioso que Tom Riddle... provavelmente do nível de Dumbledore ― alfineta Harry que percebe um trepidar no canto da boca de Voldemort.

― Eu não poderia esperar menos de meu filho ― diz Voldemort tocando suavemente a mão esquerda sobre o ombro de Sebastian ― Meu filho... prove que ssseu sssangue descende de Sssalazzzar Ssslytherin e assuma ssseu legado... MATE HARRY POTTER.

“Meu nome é Sebastian Lestrange Riddle. Sou filho único de Tom Ridle, mas conhecido como Lorde Voldemort. Minha mãe? Bellatrix Lestrange. Tenho 21 anos e sou o maior bruxo das trevas em atividade.

A minha frente, de joelhos está meu antigo professor de defesa contra a arte das trevas, hoje o Auror Harry Potter, o escolhido em pessoa, o menino que sobreviveu, aquele que derrubou o maior bruxo das trevas que existiu. E, provavelmente, ele terá que morrer pelas minhas mãos.

Como cheguei aqui hoje? É isso que pretendo contar a vocês”.

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