Investigadores



Capítulo 2

Investigadores

Departamento de Aurores
Sede do Ministério da Magia, Londres

- A reestruturação no sistema aumentou a produtividade em mais de 25%, então eu não sei porque estou sendo questionado! – respondeu Harry, dando indícios de sua irritação.
- Potter, não estou questionando a sua organização. Todos nós sabemos que desde que assumiu a chefia do departamento, os aurores resolveram mais casos do que nunca e estão mantendo a paz há muitos anos. – falou Quim, arrumando seu chapéu redondo na cabeça. – Certamente não quero questiona-lo quanto ao seu trabalho, Deus me livre disso. Seus esforços têm sido uma benção há tantos anos. Mas as pessoas estão me questionando sobre o caso Granger. Não sei como, mas alguém vazou essa informação para o Profeta Diário, você deve ter lido!
- Sim, infelizmente – retornou Harry, olhando para a primeira gaveta de sua mesa, onde havia colocado o jornal.
- Então... todos estão caindo sobre o Ministério. Todo mundo acha que a parceria entre a Interpol e o Departamento de Aurores não vai dar muito certo. Antes, só poucos trouxas sabiam de nossa existência. E dos poderes, somente o Primeiro Ministro. Envolver uma agência, mesmo que de inteligência policial, é um grande passo, Harry e não sei se Hermione Granger é a pessoa indicada para isso.
- Schakebolt, você está esquecendo que foi a própria Interpol que pediu por ela. Ela conhece o diretor do Departamento de Casos Sobrenaturais. E não há ninguém no mundo mais indicada. Hermione nasceu trouxa e é uma das intelectuais mais conhecidas do nosso mundo. Ninguém tem mais conhecimento do que Hermione e é a mais indicada para nos representar.
- Por isso mesmo, Potter! Hermione é muito conhecida, apesar dos esforços do marido para esconde-la. Todos acham que Hermione, com todo o conhecimento que possui, devia ser uma aquisição do mundo mágico e não um presente para os trouxas. E essa reestruturação do Departamento de Aurores está muito próxima da organização da Interpol. As pessoas estão dizendo que o Ministério da Magia está sofrendo muita influencia do mundo trouxa e que deveria ser ao contrário.
- Foi Hermione quem sugeriu a reestruturação, para que os trabalhos em cooperação sejam mais organizados. E ela tinha razão. Eu te mostrei o relatório.
- Sim, Harry, de novo, não estou questionando a reestruturação, quero dizer... – Harry via que o ministro estava se confundindo. Não havia muito argumento para questionar mesmo as ações do departamento em conjunto com a Interpol. Harry sabia que se Quim não fosse o Ministro, ele mesmo estaria apoiando a integração, mas por ser o ministro e por sofrer influencias por parte dos bruxos puro-sangue que ainda ofereciam resistência e preconceito, um dos grandes parceiros de Harry na luta contra Voldemort há dezenove anos atrás, agora parecia um boboca. – Apenas que está tudo acontecendo muito rápido para que todos possam aceitar numa boa. Se você refreasse essa integração e desse mais tempo ao tempo para que tudo acontecesse... talvez... bem... não sei, Harry. Acho que provalvemente, está fazendo um ótimo trabalho como sempre. É que está difícil para mim... sabe...
- Sei. – respondeu, Harry, simplesmente. Não queria dar muita razão para o ministro e não queria ter que refrear nada. Estava adorando o que acontecia. Estava mais do que em tempo de começar uma integração entre os dois mundos, antes sempre separados. E ter Hermione do outro lado da ponta era mais do que bem vindo. Não havia pessoa mais confiável do que ela. E Quim estava muito enganado. Não eram os trouxas que estavam influenciando o departamento de Aurores, mas era bem ao contrário. Com Hermione na Interpol, Harry sabia diariamente, através dos relatórios dela, todos os passos da Inteligência Policial Britânica. Embora, o fato de ser Granger, e não outra pessoa qualquer, estivesse causando mais problemas para Harry do que ele esperava.
- Então Harry, por favor, contenha Granger. Não deixe que ela, bem, ela às vezes escreve umas coisas... Você é o único que consegue controla-la, pelo jeito. – completou Quim, parecendo derrotado.
Como Harry não respondeu mais nada, o ministro pediu desculpas e saiu da sala do chefe do departamento. Harry deu um alto muxoxo quando ficou sozinho e abriu a gaveta da mesa, olhando para a foto de Hermione estampada na primeira página do Profeta Diário com a manchete: “A Traição de Hermione Grange – a grande parceira de Harry Potter está virando as costas para o mundo bruxo e dando informações para os trouxas...” por Rita Skeeter.
- Maldita Skeeter! – Harry praguejou, desejando que Hermione nunca a tivesse soltado quando ela era apenas um besouro.
- Ronald Wesley deseja uma audiência, chefe! – a cabeça envolta de fumaça esverdeada de Roselva Hilton, sua secretária, apareceu no meio de sua sala de repente.
- Deixe-o passar. – respondeu Harry, sentindo que hoje era um daqueles dias!
- Ei, meu chapa! – falou Rony, adentrando na sala de Harry, sentando-se numa das cadeiras colocadas à frente de sua mesa.
- Rony, se for para me encher o saco por causa da Hermione ou se for para reclamar da Hermione, esquece, estou muito ocupado, meu chapa! – retornou Harry, com um gosto amargo de cinismo em sua voz.
- Credo! – falou Rony, parecendo horrorizado. Ate mesmo Harry percebeu que foi demais.
- Desculpa, cara. O Ministro acaba de sair daqui e ficou me enchendo o saco por meia hora, estou sem paciência. O que quer?
- Conversar. – respondeu Rony, visivelmente chateado. – Mas se meu amigo está ocupado demais para escutar os choramingos do cunhado, então posso voltar depois, quem sabe, no natal?
- Rony, já pedi desculpas. Fala logo. Você não tinha um caso para resolver também?
- Já resolvi. – declarou Rony. – A velha Mafalda Dikings não estava vendo fantasmas desordeiros não. Era um bando de adolescentes de Hogwarts querendo pregar uma peça na velha bruxa. Eu avisei Longbottom! Ele cancelou as duas visitas do próximo mês à Hogsmeade de castigo para os que aprontaram essa.
- Uhm... – falou Harry, sorrindo. De repente, pensou nos seus filhos em Hogwarts e rezou para que não fosse nenhum deles.
- Não... Nem Tiago, nem Al. Foi o filho de Draco e seus comparsas. – revelou Rony.
- A história se repete...hein! – falou Harry.
- É, pois é!
- Mas, então... o que quer conversar?
Rony hesitou. Respirou fundo. Pareceu mais agitado.
- Como vai, Gina? – perguntou o amigo, desviando do assunto. Harry estranhou, mas continuou a conversa.
- Bem. Ela e a Rose estão decorando o sótão. Estão se divertindo. Quando eu chego em casa as duas estão cobertas de tinta.
Rony sorriu. Mas ainda parecia aborrecido.
- Sabe, cara. Tudo o que eu mais queria era que Hermione fosse que nem a Gina, cuidando dos filhos, interessada na nossa casa, na nossa família.
- Ai, Rony... não começa.
- Não é isso, Cara. Eu já prometi a mim mesmo que tenho que aceitar. Eu já aceitei. Hermione gosta de trabalhar, gosta de escrever aqueles livros... eu aceitei. Até porque ela ganha tanto dinheiro que meus filhos nunca vão passar pela dificuldade que eu tive que passar, sabe.
- Rony... sua família sempre foi adorável. Mesmo sem dinheiro todos sempre se amaram muito. Eu sempre quis fazer parte da sua família por causa disso. O dinheiro nunca importou para mim.
- Claro, Harry. Você tinha muito dinheiro. Por isso não importava.
- É injusto dizer isso. Quando na casa de meus tios, passei por situações bem miseráveis, você sabe disso.
- Bem, não vamos discutir... não é isso que queria falar. – falou Rony, parecendo muito agitado.
- Então, fale logo, Rony. Você se casou com a Hermione sabendo como ela era. Ela sempre foi brilhante. Sempre estudou como ninguém estudou em Hogwarts. Era muito óbvio que ela queria ter uma carreira.
- Eu sei, cara. É que... eu não queria ter discutido tanto com ela. Mas acho que sou mais machista do que achei que era. Acho que perdi minha mulher.
Harry não pode evitar dar uma gargalhada, mas parou assim que viu Rony ficar vermelho.
- Rony, seu bundão. A Hermione te ama. Sempre te amou. Qual é a sua?
- Não duvido do amor dela por mim. Acho que ela me ama. Acho que ama a nossa família, nossos filhos. Ela e Gina são tão amigas e cunhadas. Assim como nós. Tudo tão perfeito.
- Então, Rony? Não estou te entendendo.
- Hermione está tendo um caso! – revelou Rony, abaixando a cabeça.
Harry sentou-se para trás, girando levemente na cadeira.
- E como sabe? – perguntou Harry, achando muito improvável que isso fosse verdade, conhecendo como ele conhecia Hermione.
- Desde que ela começou na Interpol ela está muito estranha. Ontem a noite ela chegou às três horas da madrugada e disse que estava trabalhando. Eu naturalmente desconfiei. Quando ela dormiu eu abri a bolsa dela e descobri isso.
Rony colocou um pedaço de papel sobre a mesa de Harry que imediatamente o apanhou: era um recibo de um hotel. Não era um hotel bruxo. Era um hotel trouxa com a data do dia anterior, a hora impressa marcava 12:02pm.
- Perguntou para ela o que é isso? – Harry perguntou, ainda duvidando sobre a culpa de Hermione.
- Claro que não.
- E porque não? – perguntou Harry, sem entender. Se isso tivesse acontecido com ele e Gina, ele apuraria logo a situação.
- Não quero perder a Hermione, Harry. Não posso perde-la. Se eu a questionar, Hermione pode querer se separar de mim. Pode querer me abandonar. Como vou educar meus filhos sem ela.
- Rony...
- Ah, Harry... estou desesperado e não sei o que fazer... você precisa me ajudar. Eu preciso saber se Hermione está tendo um caso, mas não quero que ela saiba que eu sei.
- Rony...
- Por favor, Harry. Você fala com Hermione quase todos os dias, não é. Então, por favor, descubra a verdade para mim. Por favor... por todos os anos de nossa amizade.
Tudo o que Harry menos queria era se envolver na vida privada de Rony e Hermione. Durante todos esses anos, Harry viu que os dois nem sempre combinavam e que as discussões haviam se tornado habituais. Harry nunca se envolveu, nem deixou Gina se envolver quando Hermione reclamou para ela uma vez que Rony não queria deixar Hermione entrar em sua própria casa. Rony sempre foi muito possessivo com Hermione. Nunca quis deixa-la trabalhar. Todos os trabalhos de Hermione foram fracassados por conta dos esforços de Rony. E Hermione era brilhante. Seus estudos não cessaram depois de Hogwarts. Durantes esses dezenove anos, Harry não viu Hermione um só dia sem um livro desconhecido no braço. Ela havia escrito muitos livros também. Alguns sobre magia negra e oculta que foram muito criticados por bruxos entendidos no assunto, mas de qualquer forma, foram livros com uma grande vendagem. Com os anos, Hermione se tornou muito rica e completamente obcecada pelos estudos.
Hermione nem precisava mais trabalhar, mas insistia em ter um ofício. Deu aulas em Hogwarts, trabalhou no Ministério da Bulgária, assistiu um pesquisador trouxa no Egito, viajou para a América Latina com uma expedição de estudiosos. Trabalhou até mesmo como catalogadora do Departamento de Mistérios.
Todos os empregos acabaram falhando pois Rony ligava para os chefes de Hermione ou a visitava no trabalho fazendo escândalos que eram embaraçosamente detalhados depois por Rita Skeeter no Diário Profeta para a vergonha de Hermione.
Então um dia, Hermione procurou Harry para conversar. Simplesmente por que não podia conversar com Gina, sua melhor amiga, já que ela era irmã de Rony. Hermione havia confidenciado a Harry que tencionada se separar de Rony, pois ela não queria ficar sem trabalhar.
Querendo ajudar seus melhores amigos, Harry sugeriu a Hermione um trabalho no Departamento de Aurores junto consigo e com Rony. Dessa forma, Rony poderia ficar com um olho nela e ela teria o que fazer. Foi o que adiantou nos últimos dois anos. Só que Harry descobriu que o brilhantismo de Hermione superava a sua falta de habilidades em feitiços básicos de aurores. Hermione nunca fora uma boa aurora, mas o conhecimento de Hermione eram precisos e por isso ela sempre acompanhava Harry nas missões auxiliando-o. Ela conseguia analisar uma cena com maestria e sabia traçar perfis como ninguém. Depois que Hermione veio para o Departamento de Aurores, a força de Harry triplicou. Rony estava feliz, porque achava que mantinha Hermione na linha e Hermione podia ir a fundo investigando casos estranhos, estudando novos feitiços, teorias, runas desconhecidas. Publicou um livro intitulado: “A figura do mal: traçando o perfil de um sociopata bruxo”. Depois disso, a carreira de Hermione explodiu e ela foi requisitada por milhares de departamentos de aurores do mundo inteiro, por ministérios, por agencias de inteligência. Todos queriam colocar suas mãos no cérebro de Hermione. Harry soube usa-la muito bem, sempre resguardando-a para ele mesmo. Até o dia em que Thomas Brade veio visita-lo. Thomas era um aborto, mas havia se adaptado ao mundo trouxa, quase esquecendo que sua mãe fora uma bruxa um dia. Ele era um renomado psiquiatra que trabalhava no centro de Inteligência da Interpol. Ele havia recentemente sido indicado para o Departamento de Casos Sobrenaturais da Interpol e queria o apoio de Hermione com ele para solucionar os casos em parceria com o Departamento de Aurores.
Harry havia resistido no início, sabendo o que uma integração daquele tamanho poderia causar no mundo bruxo e no mundo de Rony Wesley, mas quando Hermione detalhou todos os benefícios que teria, Harry viu-se obrigado a concordar. Realmente, Hermione tinha razão.
Ela passou a ser a sua espiã dentro da Interpol. Dessa forma, ele sabia todos os passos dos trouxas e não deixou de contar com os conhecimentos de Hermione que atuava como sua conselheira pessoal.
O problema foi Rony.
Ele quase teve um ataque quando soube que Hermione iria trabalhar para Brade, principalmente quando ele o viu. Brade era um trouxa muito elegante e inteligente, um homem que poderia ser atraente para as mulheres, ainda mais para Hermione que tinha a genialidade em comum com Thomas. Aquele recibo sobre a sua mesa, poderia significar sérios problemas. Sabia da integridade de Hermione, mas Rony a pressionava demais e Harry imaginava que Brade poderia se aproveitar da situação para conquistar sua amiga.
- Rony... prometo que vou investigar, cara. Deixe o recibo comigo. Mas quero que relaxe. Relaxe, cara. Talvez Hermione tenha ficado no hotel investigando alguma coisa. De qualquer forma, hoje vou saber. Hermione deve chegar daqui a pouco, trazendo-me o relatório da semana.
- Promete, cara? – falou Rony, meio esperançoso, meio cabisbaixo.
- Claro. Mas agora você tem que sumir daqui, sabe como Hermione é... ela logo pode desconfiar.

E Harry tinha razão pois, menos de cinco minutos depois que Rony foi embora, Hermione entrou na sua sala.
- Bom dia, chefe! – falou ela, num tom brincalhão, trazendo uma pasta embaixo de um braço e uma pilha de livros debaixo do outro. A pilha ela depositou sobre a mesa de Harry e a pasta, abriu sobre o colo, assim que se sentou, cruzando uma das pernas sobre a outra. Harry reparou no contorno dos joelhos de Hermione que ficaram à mostra. Desde que entrara na Interpol, Hermione passou a abolir os mantos compridos de bruxos e a usar um conjunto de saia e blusa, sempre da mesma cor, muito sóbrio e ao mesmo tempo, sedutor. – Eu trouxe os livros que me pediu! Todos os livros são de psiquiatras trouxas famosos. Tem até de um bruxo que fala sobre os comportamentos sociais dos bruxos do século 21. Muito bom.
- Ótimo, Mione, obrigada.
- Nada. – disse Hermione, tirando uma pilha de papéis de dentro da pasta. – Aqui está o relatório da semana. Achará muito interessante o capítulo sobre as técnicas forenses da interpol.
Harry abriu o relatório, sempre muito bem escrito por Hermione e foi direto para o capítulo que Hermione sugeriu.
- Estou tentando desenvolver alguns feitiços que simulem a ação dos aparelhos tecnológicos forenses que eles utilizam. Eu, por exemplo, consegui simular a luz de raios violetas que são emitidas pelo Crime Scope para identificar manchas de sangue. Funciona perfeitamente.
- Catalogou aqui? – perguntou Harry curioso.
- Sim, é claro. Mas meu objetivo é catalogar num diário separado também. Assim que tiver uma quantidade suficiente de feitiços simuladores, vou publicar.
- Tudo bem, mas não publique sem minha autorização, Hermione. E espere um pouco.
- Porque? – perguntou Hermione, com o cenho franzido. – Achei que...
- Quim que procurou hoje, reclamou um bocado.
- Quim? – falou Hermione, um pouco surpresa. – Achei que ele fosse dos nossos.
- Acho que ainda é. Mas está sofrendo muita pressão. Você soube que Draco assumiu a direção do Clube Draconiatus?
- Sério... isso é mal! – falou Hermione, pensativa.
- Pois é! Malfoy está ficando mais poderoso do que eu previ e aposto que está exercendo essa pressão. Viu o profeta?
- Vi. – falou Hermione, totalmente aborrecida. – Gostaria de matar o babaca que vazou a informação de que eu estou trabalhando para a Interpol.
Harry não deixou de sorrir. Era estranho ver Hermione falando assim.
- Então... o que mais gostaria de chamar a atenção no seu relatório? – perguntou Harry, folheando o pesado documento.
- Tem uma coisa que preciso muito te falar: os trouxas estão investigando um serial killer chamado de o “Aquisista”.
- O Aquisista?
- É uma menção à aquisição. Lembra: caça às bruxas na Idade Média?
- Estudamos isso em História da Magia? – perguntou Harry, querendo provocar Hermione, fazendo-a sorrir. Ele lembrava muito bem da Aquisição. – Mas porque usam esse termo?
- O assassino tortura e mata mulheres que são conhecidas como curandeiras. O que os trouxas não sabem é que essas mulheres são bruxas de verdade!
- Bruxas de verdade? Como não soubemos disso aqui no Departamento?
- Bem... na verdade. Esse assassino escolheu mulheres bem afastadas do mundo bruxo. Ele matou Myrna Dollarhyde, que resolveu abandonar sua vida de bruxo para se casar com um trouxa, Aletia Carpate, que era uma nascida trouxa, viveu no campo toda a sua vida e estudou pouquíssimas técnicas bruxas. Foi assassinada quando veio para Londres, visitar um amigo. A sua última vítima foi a mais conhecida no nosso mundo: já ouviu falar de Maria Risolda?
- Risolda? Não é a Maria Risolda, herbologista, que queria tirar Longbottom de Hogwarts, não é?
- Essa mesma! Ela morreu ontem à noite, por volta das onze e meia.
O horário acendeu uma luz dentro de Harry que quis apurar sobre o recibo de Rony. Contudo, tinha que fazer de uma maneira dissimulada, sabia que Hermione era muito sagaz.
- Onze e meia, de ontem? Você, por acaso, conferiu a cena do crime?
- Conferi, sim. Ela morreu em cima da ponte Bridgeston, no lado sul, afastado do centro. Foi brutal, Harry, o desgraçado esfaqueou a pobre mulher, enfraqueceu-a e depois arrancou suas unhas dos pés e das mãos e ainda arrancou um dos rins enquanto ainda estava viva! O rim não foi achado.
Harry não pode conter uma leve ânsia de vomito quando viu as fotos da mulher nas paginas do relatório.
- O Modus Operandi dele é trouxa. – concluiu Harry, rapidamente. - Um bruxo a mataria com Avada e se a quisesse torturar usaria cruciatus. Por que acha que tem a ver com o mundo bruxo?
- Bem, por enquanto, não tenho nada que indique isso, a não ser que todas as vitimas tenham sido bruxas. Elas eram esquisitas para os trouxas e pode ser que o assassino seja um trouxa escolhendo uma vitima que destoe do padrão social em que vive, mas é mesmo uma coincidência serem todas bruxas. As duas primeiras, tudo bem, mas Maria. Ela era conhecida por ser uma mulher vigorosa, decidida. E ela estava vestida como trouxa, Harry.
- É... isso é bem estranho! – confirmou Harry. – É melhor investigarmos isso com cuidado. O caso está no Departamento de Casos Sobrenaturais?
- Ficou nos dois primeiros assassinatos, mas agora, com o terceiro, e com a mídia em cima, o caso foi pra homicídios. Mas acho que consigo informações. Thomas deve ter acesso ao caso, ainda.
Thomas.
Harry percebeu um leve tremor nos lábios de Hermione ao pronunciar o nome do seu superior na Interpol.
- Hermione, você chegou à cena do crime, ontem mesmo? – perguntou ele, capcioso.
- Por que pergunta? – perguntou Hermione levantando uma das sombrancelhas.
- Só queria saber a que horas a mulher foi encontrada e se você conferiu o corpo enquanto os médicos forenses estavam lá. Queria saber como é o procedimento... – Harry respondeu rapidamente, tentando divergir Hermione.
- Bem, na verdade, eu só cheguei à cena depois das duas horas da madrugada. Mas ainda tinha dois legistas investigando. Eu relatei o procedimento na última página do relatório.
- Só chegou às duas horas? Mas a interpol foi notificada quando? – perguntou Harry.
- A Interpol e eu fomos notificadas logo após o crime, perto da meia-noite, mas não fui imediatamente à cena do crime, pois tive que terminar um trabalho. Harry, por acaso, Rony esteve aqui?
Harry deu um muxoxo baixinho enquanto pensava numa resposta.
- Nem me responde, eu sei. – respondeu Hermione. – Devo continuar a investigação desse caso, passo para um auror, o que faço?
- Não... quero que investigue. Se precisar de ajuda, eu posso te indicar uma equipe. Quanto à Rony, Mione eu...
- Harry.... lembra do que eu disse a você quando você me indicou esse trabalho? Eu disse que era a minha última tentativa. Que se Rony continuasse me pressionando eu iria pedir o divorcio. Então me diga que Rony não pediu para você me investigar, porque se isso aconteceu, hoje mesmo eu me separo dele.
Que grande bosta, pensou Harry. Ele havia se traído de alguma forma. Hermione era muito perspicaz em observar as pessoas e saber o que elas tinham em mente. Sempre foi assim e agora que aprendera novas técnicas era quase impossível enganar Mione.
- Rony acha que está tendo um caso. Ele achou um recibo de um hotel. Você entrou no hotel às 12:02 e só chegou em casa às três horas da madrugada. O que espera que ele pense?
- Você está do lado dele? – perguntou Hermione, parecendo muito aborrecida.
- Eu estou do lado de vocês. Não quero que se separem. Não gosto do jeito que ele te pressiona, Hermione, mas vamos e viemos... isso é muito suspeito, não? Você pode me contar a verdade, você está tendo um caso com Thomas Brade?
Os lábios de Hermione tremeram levemente novamente, quando Harry falou o nome de Brade. O olhar de Hermione denunciava alguma coisa, mas Harry não conseguia ler.
- Eu não direi nada a Rony, Mione, se me disser...
- Você é meu melhor amigo, Harry, e é meu chefe. Mas não quero que se meta nos meus assuntos.
Hermione levantou-se derrubando a cadeira em que estava sentada. Com o barulho, Hermione jogou a pasta que tinha nas mãos sobre a mesa de Harry e saiu em passos firmes para fora da sala.
Harry levantou-se e correu em direção à porta, obstruindo a passagem de Hermione.
- Hermione...você tem razão. Eu não devo me meter na sua vida pessoal, mas você é minha melhor amiga e Rony é o irmão da minha mulher e meu melhor amigo, também. Eu quero que vocês se dêem bem, ou que acabem com essa tortura um com o outro.
- Rony mexeu na minha bolsa, Harry. Você faz a mesma coisa com Gina? – perguntou Hermione, parecendo muito enfurecida.
- Não, Hermione, mas admita, Gina não é como você!
- Claro. No fim, você e Rony só queriam que eu fosse uma dona de casa dedicada e idiota.
- Gina não é idiota!
- Eu não disse isso, Harry. Quem disse foi você!


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