Ainda é cedo!



Não jure que caminhará no escuro aquele que não viu o cair da noite.


(O Senhor dos Anéis)


 


_ Então é aqui e assim que você tem passado as noites? – flagra-a Rony.


_ Ah! – assusta-se – Onde mais eu deveria estar, Ronald? – rebate ela.


_ Hum...No seu dormitório? Não está nem perto de amanhecer. – constata o ruivo.


_ Como se esses tempos precisassem esperar pelas noites para tornarem-se sombrios. – suspira Hermione, largando os grossos livros.


_ Bem, ninguém sabe o dia de amanhã. E dizem que o nascer do sol geralmente traz um bom conselho. – filosofa o grifinorio indo se acomodar próximo à garota.


_ Então, por favor...Adiante-me algum, sim? – suplica ela, exausta.


_ Dormir! Nada irá desaparecer desse mundaréu de folhas, enquanto você estiver cochilando. – ele sorri entregue.


_ Razoável...Acho que nós dois deveríamos segui-lo, não? – Hermione se levanta.


_ Qualquer coisa que me leve de volta a minha cama é razoável no momento. – ele a imita, anestesiado pelo sono.


_ Ron...Er...Espera... – o menino desperta e a fita – Você não tem medo?


_ Medo? – o jovem Weasley se concentra para manter mente e olhos abertos.


_ É, medo. Medo do que está aí fora. – ela ressalta a crueldade e carnificina de uma possível guerra.


_ Er...Você permanecerá incondicionalmente do nosso lado, né? – questiona o pupilo de zumbi.


_ Hã? Sim, é lóg... – a bruxinha estranha a sentença.


_ Não há o que temer então. Eu estou do lado certo.


 


Completamente esgotado, ele encerra a conversa quase inconsciente e se dirige para as escadas. Hermione, petrificada, recompõem-se antes de guiar pelo caminho a seu alojamento. Estava trabalhosamente complexo e delicioso se adequar as peculiares e inusitadas declarações daquele ruivo inconseqüente.


**************


_ Por volta de 1532, a comunidade bruxa do Velho Mundo, entenda-se por Eurásia, ensaiaram o primeiro contato com o povo mágico do recém descoberto Novo Mundo, ou seja, as Américas. Com essa troca de gentilezas, pode-se descobrir um pouco mais sobre o povo nativo-americano. As principais constatações dão-se ao fato de que os nativos-americanos utilizavam um tipo mais primitivo de magia, algo extremamente ligado a natureza. O que se explica pelo jeito de vida indígena que a população daquele continente matinha. – salienta o professor de História da Magia, Cuthbert Binns, para o sexto ano.


 


Apesar de um dos alunos ser pertencente ao citado povo “nativo-americano”, ele em pouco ou em nada presta atenção a aula ministrada palmos a sua frente. Combinado ao desanimo de uma entediante e teórica lição e de que esta nada poderia lhe acrescentar em tempos tão nebulosos, o sono atrasado é proposital e inadvertidamente posto em dia. Com urros de encerramento de tortura escolar, igualando-se a medieval, o brasileiro e seus companheiros de “sesta” são despertos, pulsando para se e serem dispersos. Entretanto, a dispersão vem em formas menos práticas do que o esperado, todavia, possibilita a um certo e esperto tupiniquim o movimento exato:


 


_ Eu já estive na América, para ser mais precisa, estive no Brasil. – a citação entre o arrumar das coisas escolares, surpreende citado e ouvintes. – Meu pai estava atrás de uma matéria para o Pasquim. – pelo costumeiro e alienado motivo, a gargalhada toma os ares – Tentando encontrar algum saci-pererê.


_ Saa...Saçaa...O que? – retrucou um colega.


_ Qual é, Di-Lua? – rebateu outro aluno – Você achou e trouxe um para vermos? – a maioria ri. Luna sente, enquanto Gina e Colin se ressentem pela garota insultada.


_ Não seria possível. Os sacis não são bichinhos de pelúcia ou de estimação para serem exibidos e domesticados. – confirma JP – Na verdade, são semelhantes aos seus elfos, sabe? Só são um pouco maiores, pernetas, negrinhos...Oxi! E claro, não são escravizados.


_ E quem seria você, chapa, para dizer isso com todo esse topete? – devolve o ofensor.


_ Um baiano, ué! – ninguém esboça reação – Arre! Bahia, de todos os santos! – se exalta o ainda sem pátria reconhecida – Salvador do Pelourinho! Ah, ta...Sou brasileiro! – uns sacodem as cabeças pouco sugestionados – Vixi...Brasil...Samba! Car-na-val! – soletra – Futebol? Romário? Não? – ele murcha, ninguém compreende bulhufas – Qual é? Rio de Janeiro, a cidade maravilhosa...Do Cristo Redentor, do Pão de Açúcar... – ele relembra.


_ Ipa...Ipanema? – arrisca um corvinal – Garota de Ipanema, não é? A música...Bossa Nova!


_ Isso...Er... – o ressuscitado e repatriado concorda e lhe cortam. 


_ Garoto da Bahia. – suspira uma ousada lufa-lufa. Ele sorri matreiro e corado.


_ Garoto da Bahia? – debocha Colin. – Garoto da Lavander, isso SIM!


 


Os risos se esquecem da bizarra prosa de Luna e riem alto pelo romance tão recente e espalhafatoso quanto o do novato. Mal chegara no novo colégio e já caíra na boca do povo e, literalmente, na de uma determinada, e como se lê em invisíveis parênteses, Lilá Brown.


 


Enquanto os colegas se retiraram às gargalhadas do recinto, o brasileirinho arruma displicente e vagarosamente a mochila, ficando para retardatário. Luna o corta de cima, baixo e interiormente com o olhar. E sem meios termos, se é que isso existe para Luna Lovegood, ela segura a bolsa entre as mãos e se aproxima sorrateiramente do “protetor” surpreendendo-o com um singelo beijo na bochecha.


 


Para informação dos hipotéticos leitores, devo-lhes alertar que o reflexo do nosso compatriota é imediato, o que peca e perde a garota de vista e de qualquer possibilidade de analise. Agora estava feito e concluído, algo surgiria dali muito maior do que a amizade de Harry e Hermione e tão intenso quanto à amizade da castanha com o ruivo do “Trio Maravilha”.


**************


_ Ei, ei senhora Potter, devagar! – brinca Hermione chamando por Gina. – Posso saber o que aconteceu na sua sala?


_ Por que a curiosidade? – sorri largamente a mencionada comprometida.


_ Passei por quatro colegas seus e nenhum conseguia segurar o riso. Há muito tempo eu não via tamanha animação nesse castelo. – as duas retomam a caminhada.


_ Adivinha o causador de tudo? – ironiza a Weasley.


_ João Pedro! – falam simultaneamente.


_ Realmente, ele deu um novo gás para nós, não é? – pisca cúmplice Ginevra.


_ Não me venha com indiretas, Ginevra! Principalmente quando eu estou atrasada para ir a biblioteca e-... – a fala é cortada.


_ E bancar a professora do Jota! A-há! – a namorada do eleito é fulminada com o olhar – Acalme-se, sim? Sei que dia a mais dia a menos, você acabará minha cunhada!


_ G-I-N-A! – Hermione cora dos “pés a cabeça”.


_ O que? – despista e se afasta a entusiasta. – AH! Diga ao JP que a Luna mandou-lhe outro beijo, ta? – ela vira as costas e segue pelo corredor em correria ao nada corriqueiro encontro.


 


A “sabe-tudo” revira os olhos e segue em caminho contrario para o reforço combinado. Francamente, João Pedro Andrade nunca iria se emendar? Todavia, a possibilidade de Lavander ser trocada justamente pela extravagante Luna Lovegood soava muito, muito bem aos seus ouvidos.


 


_ João Pedro, a monogamia não é uma tradição no Brasil? – solta Hermione, em meio aos estudos.


_ Como é que é? – espanta-se o estrangeiro.


_ É, não é? Por acaso, eu escutei pelos corredores que bem... Você estaria de olho em outra garota... Você não dá muito valor as tradições, então! – ela despeja por fim a suspeita.


_ Ahh! Por isso o entusiasmo? Ce me desculpe, Hermione... Mas, ocê não é o meu tipo! – ele gargalha, ela lhe estapeia – Posso saber, que diabos, estão falando da minha pessoa?


_ Falando, nada! Só que repercutiu... O seu pequeno ato de defesa da Luna... – JP perde a compostura – Não sabia que por trás dessa marra toda, habitava um cavalheiro! – vez feminina de cair no riso.


_ Há-há! Num foi nada, entendido? Vixi, cá pra mim... Foi por demais estúpida a maneira com que a turma tratou a menina. – ele se explica.


_ Bom, não é de hoje. A Luna costuma ser... Hum! Bem... Incomum!


_ E daí? Vá me dizer que isso justifica alguma coisa? Oxi! Todo mundo é diferente de todo mundo... Valha-me Deus, o que seria do amarelo se todo mundo gostasse do azul? – o tupiniquim filosofa.


_ Você não deixa ter a sua razão, Dom Juan! – Mione arrisca uma brincadeira – Certeza de que não rola entre você e Luna? – ela sorri esperançosa.


 


O desconhecido afilhado de Lupin revira os olhos por sua conta e risco e profere um sonoro e certeiro: “NÃO”. Contudo, não poderia negar, não para si, que os efeitos daquela garota incomum, nas palavras de sua tutora, manifestaram-se muito mais intensos e constantes do que a paquera com Lilá. Tudo bem que sua acompanhante ao Baile de Inverno estava lindíssima, de excelente humor, apesar da fase conturbada e tinha ainda uma boa conversa, meio fútil, porém, ainda sim agradável. Contudo, novamente aquele, contudo...Contudo, o tudo que aflorara ao avistar a filha única dos Lovegood, o tubo de disparates e discrepâncias crescente em seu interior, o beijo indolor e inocente em sua bochecha esquerda pelas palavras cúmplices... Contudo, aquilo tudo... Aquele tudo era tudo e não um simples tudo bem, era tudo... Tudo que lhe fora arrancado nos últimos meses, tudo que precisava para apegar-se e encontrar uma luz no fim do túnel, uma luz que pudesse definitivamente tomar o lugar da luz verde de um avada kedavra, que figurava ainda tão recente em sua mente.


 


 


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Enfim, um capitulo novo! Depois de tantos meses... Eu nem sei por onde começar a pedir desculpas pela demora.. Cheguei a pensar em largar ou mesmo deletar a fic, mas resolvi mudar de ideia e trouxe nesse pequeno capitulo novo apenas uma sequencia a mais dos casais e da vida deles em Hogwarts, no proximo capitulo, espero eu que ainda nessa semana, Harry e companhia acabam bem no olho do furacão e a guerra realmente explode. Saberemos de uma vez por todas a história do brasileiro... Por enquanto, é isso! Minhas sinceras desculpas, esse hiato não se repetirá. Aguardo comentários! Boa leitura!


 

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