A oportunidade



Capítulo 3: A oportunidade


“Então, senhor Capitão de Quadribol, quando você vai marcar o dia dos testes?”-perguntou Justin.


“Você acha que você vai precisar fazer o teste?”-perguntou Ted, levantando a sobrancelha.-“Eu ainda não sei quando, mas seria bom ter o horário das pessoas da Grifinória para ver qual seria o melhor dia e hora.”


“Mas você não acha que é nepotismo?”-perguntou Justin, jogando um monte de pergaminhos na mesa.-“Você sabe, deixar que eu entre no time sem fazer testes e tudo o mais.”


“Eu acho que nepotismo significa que eu estaria favorecendo os meus parentes.”-disse o garoto.


“Lupin, eu sei o que significa.”-ele respondeu, rolando os olhos.


“Bom, eu não tenho nenhum parente em Hogwarts, sabe?”-disse Ted.-“Mas se você acha que nós podemos dizer que você é o meu parente, tudo bem.”


“Você entendeu o que quis dizer.”


“Ah, qual é.”-falou o garoto.-“Você é o melhor batedor da Grifinória. Colocar outra cara no seu lugar seria como pedir para todas as pessoas da nossa casa me matassem.”


“Você é tão dramático.”-falou Justin.-“Veja os horários.”


“Ah, então você achava que me entregando os horários, faria com que a sua vaga fosse garantida?”-perguntou Ted, irônico.


“É sempre bom ter uma outra carta na manga, não acha?”-retrucou o garoto, divertido.-“E eu me preocupo com o time. Nós precisamos começar logo com os treinos para acabar com a Sonserina!”


“Os treinos!”-disse Ted, batendo a mão na testa.-“Como que eu vou vigiar a Victoire enquanto eu estiver treinando?”


“E se ela entrasse?”


“Você está brincando.”-ele disse.-“Uma Barbie no nosso time?”


“Mas e se ela for boa?”-insistiu Justin.


“Justin, entenda.”-falou Ted.-“Ela não vai conseguir entrar. Ela não tem mira e acho que ela deve pensar que voar em uma vassoura estraga o cabelo.”


“Como você sabe que ela não tem mira?”-perguntou Justin, interessado.


“Ela não sabe jogar as coisas. Por exemplo, quando eu tinha sete anos. Eu joguei uma minhoca na cabeça dela, quando ela parou de ter o ataque histérico, ela quis se vingar e jogou uma pedra. A pedra bateu na parede e voltou. Na testa dela.”


Justin gargalhou.


“Ah, sim, sete anos novamente. Ela ficou brava porque eu pintei o cabelo da boneca dela de preto. Em vez de ela berrar comigo, ela tentou me expulsar do quarto jogando todos os móveis da casinha de bonecas. Eu só lembro da Margo tentando sair do quarto, quando ela estava quase na porta, a Victoire jogou aquelas micro-cadeiras na direção da garota- lembre-se, eu era o alvo-, e ela quase ficou cega. Eu ainda não sei como as duas são amigas depois daquela tarde.”


“Não é possível.”-retrucou Justin.


“Ah sim, eu não sei como Tia Gina está viva.”-continuou Ted.-“Eu tinha dez anos na época quando eu, sem querer querendo, joguei suco no vestido rosa dela. Ela pegou um garfo e tentou jogar na minha cabeça. Passou a poucos centímetros da cabeça da Tia Gina que estava bem longe de mim.”


“Um garfo!”-exclamou Justin.-“Cara, ela realmente não te ama.”


“E por último, Victoire Weasley tentou arrancar a minha cabeça jogando um malão.”


“Tá, tá, eu já entendi.”-falou o garoto.-“Então, você vai ter que arranjar um jeito de conseguir treinar e, ao mesmo tempo, ter os seus cinco galeões.”


“Cara, isso é impossível.”-disse Ted.-“Ela teria que nascer de novo para conseguir uma vaga.”


“Se você não lembra, eu era péssimo.”


“Eu sei, eu sei. Eu te ajudei e você se tornou um dos melhores batedores.”-disse Ted, fazendo um sinal de ‘que seja’.-“E daí?”


“É a oportunidade do ano, idiota.”-retrucou Justin.-“Você a ajuda a entrar no time. Fica de olho na garota e ainda ganha dinheiro.”


“Você acha que se eu oferecer ajuda, ela vai aceitar?”-ele perguntou.-“Nós estamos falando de Victoire Weasley, se você não percebeu.”


“Mas e se você a fizesse implorar a sua ajuda?”


Ted deu um sorriso malicioso e disse:


“É, isso não seria tão ruim...”


xXXxXxXxX


“Sério mesmo, Poções logo na primeira aula?”, resmungou Margo, fechando o livro com força e empurrando-o para dentro da mala, “O que fizemos de tão ruim para merecer isso?”


Victoire deu de ombros.


“Todas as aulas são chatas. Você estaria dizendo a mesma coisa se fosse aula de História da Magia”, comentou, enquanto tampava o tinteiro.


“É nada, o sétimo ano tem período livre agora”, comentou Verônica, que não parecia nem um pouco satisfeita com o horário também, “E sabe qual é a nossa próxima aula? Herbologia! Com a Sonserina !”, grunhiu, “Dessa vez, eu estou do lado da Margo”


“O Neville não é tão ruim assim”, Victoire disse, enquanto jogava a bolsa por um dos ombros e se levantava.


“Você só fala isso porque ele é amigo da sua família”, Margo enrugou o nariz, “E ele até pode não ser dos piores, mas aquela matéria...”, estremeceu.


“Ele é diretor da nossa casa”, declarou Verônica, em tom definitivo, enquanto as três saíam da sala, “Então, o melhor que nós fazemos é...”, interrompeu-se e deu um meio-sorriso, “Guardaremos um lugar para você, Vicky! Não chegue muito atrasada!”, piscou para a loira e saiu arrastando Margo pelos corredores.


Victoire olhou confusa para as amigas.


“Eu acho que elas fugiram de mim”, a voz firme e grossa de Brandon Sheffield deixou-a sem fôlego.


Instintivamente, Victoire levou as mãos aos cabelos e alisou-os com os dedos, antes de voltar-se para a direção de onde a voz veio. O garoto estava recostado contra um dos pilares, uma sobrancelha erguida.


“Oi, Brandon”, deu um sorriso e aproximou-se lentamente, “Eu não te vi no jantar, e...”, lembrou-se da cena no vagão, “Olha, sobre o Lupin...”


“O Ted é um cara legal”, descartou o corvinal, se desencostando da pilastra, “E, tenho que dizer, o lance de você ter tirado a roupa e tudo...”, lançou um olhar de esguelha para ela, “Não me incomoda nem um pouco”


Victoire corou.


“Eu...”, ergueu os olhos para o garoto, “Eu era muito nova e não tenho nem idéia do porquê ele está espalhando essas coisas por aí”, admitiu, com um suspiro cansado, “Ele até tem inventando uns boatos... em relação às...”, sentiu as bochechas pinicando, por isso, voltou a atenção para os jardins, onde alguns alunos estavam sentados, estudando, “minhas costas”, concluiu, mordendo o lábio inferior, para conter a ira que voltava a se acender sempre que pensava no assunto.


“Ah, é. O lance das costas peludas. É bom saber que isso é mentira”, acrescentou, fazendo-a rir.


“Herbologia”, respondeu, dando um meio-sorriso, “Eu meio que gosto... mas não conte para a Margo, OK?”


O garoto riu.


“Seu segredo está a salvo comigo”, ele piscou, “Quer que eu a acompanhe?”


“Mas você não tem aula agora?”, perguntou, erguendo uma sobrancelha.


“Sexto ano tem o segundo horário livre, hoje”, ele esticou a mão, num gesto simbólico, “E então?”


Victoire mordeu de leve o lábio inferior, enquanto observava o menino, e sorriu, e pegou a mão dele.


“Victoire, aí está você!”, a voz de Ted ecoou pelos corredores e ela cerrou os punhos, “Por que não está na estufa quatro como todos outros grifinórios do quinto ano?”


“Por que você não está cuidando da sua vida, como todos os outros estudantes de Hogwarts?”, rebateu, amarga.


Ted observou as mãos dos dois e, prevendo a confusão, Brandon rapidamente libertou a mão da garota e recuou dois passos. O grifinório ergueu uma sobrancelha.


“Incentivando garotinhas indefesas a cabular aula, Sheffield?”


“Ahn, na verdade, Ted, eu ia acompanhá-la até a estufa...”, justificou-se o garoto, “Juro”


“Ora, quanta gentileza”, escarneceu o outro, erguendo a sobrancelha, “É a boa ação do dia?”


Brandon piscou, confuso.


“Ahn, não, eu...”


“Não se preocupe, eu posso acompanhá-la...”


O QUÊ ?”, berrou Victoire, voltando-se para o grifinório, “Eu não vou a lugar nenhum com você, Esquisito!”, agarrou com força a mão de Brando e começou a arrastá-lo pelo corredor, “Vamos, Brandon, você me acompanha até a estufa. Então, sobre o quê estávamos falando?”


Num gesto instintivo, Ted agarrou o cotovelo do braço livre do corvinal e puxou-o, impossibilitando a garota de prosseguir.


“Não, senhora, eu não vou permitir que alunos da minha casa saíam por aí cabulando aula. Sabe quantos pontos podem ser tirados da Grifinória por isso?”, perguntou, sério.


“Solta o Brandon!”, ordenou a garota.


“Não vou soltar ninguém”, rosnou Ted, de volta, “Eu sei quais são os seus planos, senhorita Monstrenga. Vai cabular aula com o senhor Safadinho, aqui, e sabe qual é o final disso tudo? Vou te dar uma dica envolve duas palavras: mãe e solteira


Nesse instante, Brandon livrou-se dos dois e lançou um olhar incrédulo para o casal.


“Qual é o problema de vocês?”, perguntou o corvinal, perplexo, “De verdade, mãe solteira ? E... e...”, balançou a cabeça, tentando afastar a confusão dos seus pensamentos, “Na verdade, eu acho que eu vou... ahn...”, nem se deu ao trabalho de inventar uma desculpa, lançou outro olhar perplexo para os dois e saiu andando.


Victoire observou-o se afastar com os olhos arregalados e a boca entreaberta, parecia que queria berrar para que ele voltasse, mas não conseguia pronunciar as palavras. Então, fuzilou o sétimo-anista.


“Satisfeito agora?”


Ted pegou-a pelo cotovelo e começou a arrastá-la pelos corredores.


“Só vou estar satisfeito quando você estiver sentadinha, enfiando suas unhas bem pintadas na terra e certificando-se de que os Visgos do Diabo estão crescendo de maneira adequada”, resmungou.


Cara, esses vão ser os cinco galeões mais suados da minha vida” , pensou, amargamente.


“Por que você quer tanto arruinar a minha vida?”, perguntou a garota, irritada, enquanto lutava para se livrar da mão firme com a qual Ted tinha laçado seu cotovelo, “O que foi que eu fiz?”


“Estragar a sua vida?”, ecoou o outro, perplexo, “Estou te fazendo um favor ! Quero dizer, sinceramente, viu como ele reagiu às palavras ‘mãe solteira’? O cara tem, obviamente, fobia de compromisso”


Victoire soltou um berro abafado, enquanto lutava com mais força para se soltar. Ted parou na frente da estufa.


“Aqui está. Entregue”, deu um sorriso largo.


“Vai se danar”, rosnou ela, ajustando a mala na bolsa.


“Sempre um prazer”, retrucou ele, alargando ainda mais o sorriso.


Victoire lançou mais um olhar mortífero para ele e entrou na estufa.


xXxXxXxXxX


“Eu odeio aquela garota.”-disse Ted, jogando a mochila no chão e sentando-se ao lado de Justin.


“Uau, declarações de amor logo de manhã.”-retrucou Justin, irônico.-“O que ela fez dessa vez?”


“Ela dá em cima de todos os caras. Você não está entendendo, surge um menino que é só um pouco mais alto que ela e Victoire Weasley começa a mexer no cabelo e fazer caras e bocas.”-disse Ted, imitando, de uma maneira bem escandalosa, a garota.


“Você quer parar?”-disse o garoto.-“Se você não percebeu, esse seu pequeno ataque, além de fazer com que as pessoas duvidem da sua sexualidade, fez com que todas as atenções voltassem para você. E para mim.”


“Como se você se incomodasse que as pessoas olhassem para você.”


“Ah, me desculpe, mas eu me incomodo se as pessoas começarem a olhar para mim, como se eu fosse gay.”-retrucou Justin.-“E outra coisa, Victoire Weasley dando em cima dos caras?”


“Você nunca viu o jeito como ela fica mexendo aquele cabelo loiro?”-perguntou Ted.-“Se você quiser eu posso mostrar e...”


“Não faça isso!”-interrompeu o garoto.-“Sério, cara, você está me assustando.”


“Ela está me deixando louco!”-disse Ted.-“Se ela ficar olhando daquele jeito para o Sheffield, eu vou passar mal. De verdade.”


“Cara, a menina só serve para você ganhar dinheiro. Tá, é a custa do pai dela, mas que seja.”-disse Justin, rolando os olhos.-“Você só tem que afastar o Sheffield e tudo vai ficar bem.”


“Você já tentou fazer isso? Seria diferente se apenas ela estivesse interessada. Você sabe, eu falaria algumas coisas que fariam o Sheffield pensar que Victoire é horrível, nojenta e tudo o mais. Só que, cara, isso não tá dando certo.”


“Mas isso é infalível!”-falou Justin.-“Eu sempre faço isso com a minha irmã.”


“Me desculpe, mas eu não sabia que irmãzinhas de dez anos eram comparadas a Victoire Weasley.”


“Bom, não desse jeito.”-retrucou o garoto.-“Mas você sabe que garotas de dez anos podem ser fofinhas demais.”


“Ah, lógico. Eu não posso esquecer que existe pedófilos, como você, que acham uma gracinha meninas dessa idade.”


“Eu não sou pedófilo, Lupin.”


“OK, OK.”-disse Ted, ironicamente.-“Vamos voltar para o meu problema?”-e ao ver que Justin, não o interrompera, ele continuou.-“A campanha das costas peludas falhou. E, sinceramente, eu não tenho a mínima vontade de ficar correndo pelo castelo atrás da garota.”


“Ninguém disse que o seu trabalho seria fácil.”-ele retrucou.-“Eu acho que você tem que arranjar um jeito da Victoire ficar grudada em você, saca?”


“Isso é tão fácil.”-ironizou Ted.-“Vou fazer com que a Victoire fique grudada em mim. Assim, todo mundo pensará que nós somos irmãos gêmeos.”


“Sabe, se ela fosse a sua irmã, eu poderia ter alguma coisa com ela?”


Ted lançou um olhar maligno para Justin, que murmurou:


“Qual é o problema? Ela seria muito feliz comigo.”-e ao ver que Ted continuava sério, Justin continuou.-“Eu estou brincando. OK, eu não posso sonhar?”


“Ela é a minha mina de ouro, Justin.”-Ted falou, com calma.-“Bom, se você quer morrer, vá em frente. Gui Weasley não demorará muito para te matar, você sabe, ele adoraria matar mais um futuro genro.”


Justin apenas fez uma careta.


“Sabe, o que você tem que fazer? Achar um ponto fraco da Victoire.”-ele falou, porém, Ted logo cutucou o garoto e apontou para a garota que acabara de entrar com Margo.


Victoire, que não vira Ted e Justin, sentara-se há poucos metros de distância. Os garotos se entreolharam e começaram a escutar a conversa.


“Eu não sei qual é o problema dele!”


“Ted é legal, Vicky.”-disse Margo, dando de ombros.


“Margo, por favor, NÃO me chame de Vicky. Nunca mais.”-a garota falou, cruzando os braços.-“Sabe, agora que o Brandon percebeu que eu existo, aquele esquisito começa a atrapalhar.”


Justin levantou uma sobrancelha.


“Bom, parece que a sorte está ao meu favor.”-falou Ted, parecendo bem menos preocupado.


Continua...

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