Seven



 





Capítulo 7
ou All Star Rosa


- Lene, acorda! Estamos atrasados! – Hein? Rá, nem por um milhão de libras, eu saio dessa cama hoje. Pelo menos não para ir à escola. – Hey, porque você ainda ‘tá na cama? – agora meu irmão já tinha entrado no meu quarto.


- Ryan, por favor, me ajuda só dessa vez. Diz pra mamãe que eu to me sentindo mal. – eu respondi com uma voz fraca, fazendo a minha melhor cara de doente.


- Você não vai mesmo me dizer o que aconteceu ontem? – puxei o cobertor até cobrir minha cabeça inteira. – Tudo bem. Eu consigo arrancar isso das suas amigas. Vejo você mais tarde! – e ouvi a porta do quarto bater, e ele descendo as escadas rapidamente.


A verdade era que eu na estava tão mal assim. Quero dizer, eu estava com um pouco de dor de cabeça, mas nada que um Tylenol não resolvesse. Eu não queria sair da cama e ir pra escola e encarar todo mundo. Não depois do que aconteceu ontem. E não me refiro a Sirius, e sim a Alisson.


Okay, me refiro ao dois.


Depois de sairmos da escola (eu no carro junto com James e Lily, por precaução), fomos até o Luke’s. Eu nunca vi o lugar tão cheio. Pelo menos não naquele horário. Mas estava lotado de alunos da escola, todos comemorando a grande vitória. Principalmente os meninos, que estavam no centro de todas as atenções.


Quando entramos Lily, James, Sirius e eu, vários jogadores vieram puxar os meninos para a comemoração. Dorcas e Emmy, que já estavam lá, nos puxaram para os banquinhos em frente ao balcão.


- Então... – Emmy começou, com um grande sorriso no rosto. – Quando é o casamento?


- Não tem casamento nenhum, Emmy. – eu sabia que ela se referia sobre o gesto de Sirius no jogo.


- Tudo bem. – Emmy respondeu parecendo decepcionada. Mas eu sabia que era um decepcionada de brincadeira. - Mas como andam vocês dois?


- Haveria algo mais, se James não tivesse atrapalhado eles. Aí está.  – Lily disse ao meu lado, colocando um sundae de chocolate com pedaços de morango na minha frente. – Vocês precisavam ver meninas, que gracinha eles estavam juntos, cheio de sorrisinhos e abraços. – Ufa, ainda bem que ela não viu os beijos.


Quando Lily disse isso, Emmy e Dorcas soltaram ‘oooown’ em uníssono, como se achassem aquilo fofo. Bem, se você pensar só naquela cena foi fofo mesmo. Agora, se você pensar nisso mais a megera da Alisson; não tão fofo assim.


‘Speak of the devil and he doth appear’ ¹. Não é assim que Gossip Girl uma vez disse? Então. Como sou extremamente sortuda, comigo não poderia ser diferente.


Eu estava sentada de lado no banco, e pela minha visão periférica, vi Alisson conversando com suas amigas. Juro que se eu não tivesse pensado sobre ela naquele momento, eu nem teria visto ela lá. E talvez a comemoração não tivesse acabado do jeito que acabou.


Eu a olhei por alguns instantes, e ela percebeu que eu fazia isso. E algo passou pela cabeça dela, deu pra perceber. Porque ela tirou o sorriso feliz do rosto e passou para um cínico. E eu diria inclusive um pouco... maligno. Mas ainda cheio de gloss brilhante.


E ela se levantou, e pude ver que não estava mais com o uniforme de cheerleader, e sim com uma saia branca que mais aparecia do que cobria, uma blusinha vermelha e claro, seus inseparáveis saltos altos, que faziam cleck cleck no chão a cada passo que ela dava. Voltei minha atenção ao sundae e as meninas, para evitar mais energias negativas (ou algo do tipo).


E então, não só a minha atenção, mas a de todos na lanchonete foi voltada logo em seguida para algo que acontecia na mesa dos jogadores, por causa dos assobios e gritos que eles próprios soltavam. E me virei para ver Alisson pendurada em Sirius, que tinha seus braços em volta dela. Ela parecia disposta a sugar todo o ar dele, já que aquilo não poderia ser considerado um beijo, e sim um desentupimento de pia.


O ar pareceu sumir a minha volta. E não de um jeito bom, como acontecera mais cedo. Senti um aperto dentro de mim, sem saber o que era. E talvez essa sensação tivesse se misturado com o que é chamado de ‘borboletas no estômago’, não sei. E então, os olhos começaram a arder. E antes que eu sentisse mais alguma coisa que não gostasse, peguei minha bolsa em cima do balcão, e saí correndo para fora do Luke’s, enquanto Lily, Dorcas e Emmy me chamavam. Mas eu não iria voltar.


Fui correndo até o ponto de ônibus, e me sentei lá, sentindo as lágrimas rolarem. Mas eu não sabia o porquê. Afinal, eu não tinha nada com Sirius; pelo contrário era Alisson que tinha algo com ele. E eles podiam fazer o que bem entendessem da vida deles.


Mas então, porque eu me sentia desse jeito?


Parei de pensar nisso, para entrar na cabine telefônica que havia ao lado. Disquei o número que eu sempre soube. E rapidamente ele atendeu.


- Ry? – eu estava tentando ao máximo controlar a minha voz chorosa, mas sem muito sucesso. – Você pode vir me buscar?


- Lene? Onde você está? O que aconteceu? – a voz dele estava preocupada. É claro, afinal eu estava chorando ligando de um telefone público enquanto deveria estar na comemoração do time.


- Eu te falo depois. Por favor, você pode vir agora? Eu estou naquele ponto de ônibus perto do Luke’s. – e desliguei. Em menos de 5 minutos, ele estava lá. Preocupado, me perguntou o que aconteceu. Mas eu não consegui responder, apenas chorei mais ainda, até cair no sono.


Parece que quando chegamos em casa, Ryan me carregou e me colocou na cama.


E agora estou aqui, deitada na cama, tentando ao máximo não pensar nos acontecimentos da noite anterior. Mas fazer isso parece impossível. E eu simplesmente não sei o porquê disso. E então minha mãe entrou no quarto.


- Marlene? Ryan disse que está passando mal. – ela agora se sentou na beirada da cama, ao meu lado. – O que está sentindo?


Okay, Marlene. Está na hora de colocar sua péssima atuação em prática.


- Não sei mãe. Acho que foi algo que comi ontem, estou com um pouco de dor de estômago e de cabeça também. – respondi com uma voz fraca. E quanto a minha aparência eu não precisava me preocupar. Eu era naturalmente pálida e não tinha uma expressão muito boa quando acordava de manhã.


- Você não está com febre. – ela constatou depois de colocar a costa de sua mão na minha testa. – Você pode ficar em casa hoje. Mas só hoje! Se ainda se sentir mal mais tarde me ligue, está bem? – eu assenti, enquanto ela dava um beijo na minha testa. – Ah, e ligue para o Luke e avise que você não vai hoje.


YES! Acho que mereço um Oscar depois dessa. Liguei para o Luke assim que minha mãe desceu as escadas. Expliquei para ele que não estava bem, e ele disse que tudo bem. É claro que estava tudo bem. Esqueceram que sou a única garçonete que realmente trabalha?


Bem, depois de meu irmão e minha mãe me acordarem, acho meio difícil conseguir dormir. Resolvi levantar e tomar um banho para ver se minha dor de cabeça melhorava. Vesti um shorts jeans e minha camiseta do Elvis e desci as escadas, deixando de calçar o meu par de All Star rosa, perto da minha cama.


Eu estava sozinha em casa, e por isso fui em direção a cozinha. Abri a geladeira e peguei a primeira coisa que vi na minha frente. O que, curiosamente, foi um pote de sorvete Ben & Jerry’s sabor Chocolate Fudge Brownie. Peguei uma colher na gaveta e fui em direção a sala.


Não era o meu café-da-manhã ideal, mas já eram quase nove horas, e qualquer coisa que viesse faria meu estômago feliz. Me sentei no sofá e liguei a TV. Estava passando uma reprise de Gilmore Girls. O episódio era aquele da primeira temporada que o Dean beija a Rory pela primeira vez. Era um dos meus favoritos, por que o Dean ainda estava na série e também porque ele e Rory iriam ficar juntos. Ele era o par perfeito para ela, muito mais que o Jesse e o Logan.


Eu estava tão entretida com o episódio que dei um pulo quando ouvi a campainha tocar. Achei estranho, pois tanto meus pais quanto meu irmão tem a chave. Por precaução, escondi o pote – afinal eu deveria estar doente e não tomando sorvete! -, e fui até a porta.


Meu queixo caiu, e não consegui dizer nada quando vi quem estava parado à porta da minha casa: Sirius Black. Ele também parecia surpreso em me ver. Não sei porquê, afinal pelo horário que era, ele sabia que eu era única em casa. Eu acho.


E então caiu a ficha, ele não estava surpreso em me ver em casa. Estava surpreso ao me ver daquele jeito, vestindo um shorts curto e camiseta. Sei disso porque ele não parava de olhar as minhas pernas. E isso me deixou extremamente desconfortável. Mas afinal de contas, porque ele estava olhando para minhas pernas? Não é como se elas fossem bonitas ou algo do tipo!


Quando me mexi para fechar um pouco mais a porta, ele pareceu sair do transe e me encarou.


Ah, não. Tinha me esquecido de como era difícil conversar direito com esses olhos azuis me encarando. E, num impulso, fechei a porta rapidamente. Encostei as costas nela, sentindo meu coração disparar mais uma vez. Ouvi ele suspirar, e apoiar a mão perto da porta.


- Lene, sei que não quer falar comigo. Mas por favor, pelo menos me escute. – fiquei calada, esperando o que viria por aí. Ele suspirou mais uma vez. – Aquilo que aconteceu ontem á noite, com a Alisson... – a simples menção do nome dela me fez revirar os olhos. – Eu não queria. Sério. Ela se jogou em cima de mim, juro que me afastei dela! – a voz dele parecia um pouco desesperada.


Resolvi abrir a porta.


- E porque você está me falando isso? – ele se assustou com a frieza na minha voz. Pra dizer a verdade, até eu me assustei. Sirius não me respondeu, por isso continuei. – Sirius, você não precisa me explicar nada. Aliás, não precisa nem me dar satisfação. É a sua vida, e você faz o que quiser.


Ele continuou me encarando seriamente. Mas havia algo ali que me incomodava, e não era de um jeito bom, como seus olhos geralmente faziam.


- Então é isso? – ele perguntou com um tom de... reprovação?


Dei ombros, não sabia o que responder. Ele virou as costas e saiu andando. Mas de repente pareceu mudar de idéia, e virou para encarar-me de novo.


- Achei que era diferente das outras, sabe? – eu apenas fiquei parada. Nunca o tinha visto usar aquele tom de voz, de... escárnio. – Diferente inclusive dela! – Acho que por ‘ela’ ele quis dizer a Alisson. – Mas eu estava errado. Você é igual a ela, exceto na aparência. – Opa. O que ele quis dizer com isso? Que eu sou feia?


- Isso significa que eu sou feia? – eu perguntei interrompendo ele.


- Não! – ele agora se exaltou, e me assustei. – Você não vê que é exatamente o contrário? – ele deu mais alguns passos na minha direção. – Eu estive tentando falar isso pra você desde a festa, Lene! Na verdade, acho que penso em te dizer isso desde aquele dia que te vi pela primeira vez no Luke’s! – Ah, não. Isso não é bom.


Fechei a porta mais uma vez, e encostei na porta, escorregando até sentar no chão. Ele ainda falava, mas eu não ouvia mais. Tapei os ouvidos e fechei os olhos (não que a última parte fosse adiantar alguma coisa), sabe-se lá porquê. Depois de alguns minutos fazendo isso, abri os olhos e vi um papel ao meu lado. Tirei as mãos dos ouvidos e percebi que tudo que ouvia era o barulho da televisão.


Peguei o papel, e o abri. 


Lene,
venha falar comigo quando você não estiver mais com medo.
     Sirius.


Medo? Medo de quê? Eu não estava com medo de nada!


xxx


- Lene... – foi a primeira coisa que Lily disse quando terminou de ler o bilhete de Sirius.


Ela, Emmy e Dorcas passaram na minha casa depois da escola, com uma carona de Ryan. Estávamos todas no meu quarto. Eu na cama, com Lily ao meu lado, Dorcas sentada na cadeira da escrivaninha e Emmy em pé próxima a nós.


- Você tem certeza que não está com medo? – Lily perguntou.


- Absoluta! Do que eu teria medo? – eu as encarei. Elas olharam umas para as outras. – Ok, eu não gosto disso.


- Lene – dessa vez foi Emmy que falou, sentando na ponta da cama. – Você se importa se eu te fizer uma pergunta? – respondi que não. – Você já beijou alguém?


Essa pergunta não me surpreendeu, mas ainda assim fiquei vermelha. Eu tenho quase 16 anos e nunca beijei ninguém. Não que isso me envergonhasse ou algo assim, corei pelo fato de Emmy ter sido tão direta na pergunta. Aparentemente, segundo as meninas, isso não era muito comum na minha atual escola. Não ter beijado ninguém, quero dizer.


- Mas o que isso tem a ver?


- O medo que ele se refere, – agora foi Dorcas quem me respondeu. – É o medo de deixar ele te beijar. Deixar ele gostar de você. – Eu fiquei surpresa. Chocada, na verdade. E acho que isso apareceu em meu rosto, porque Dorcas riu e continuou – Porque você acha que ele veio até sua casa? Dançou contigo na festa da prima dele? Dedicou aquele gol para você? 


Não. Isso não é verdade. Porque, garotos como Sirius – populares e lindos – não gostam de garotas como eu – nada populares e diferentes. E eu disse isso às meninas.


- Lene, pare de dizer isso. Ser popular não tem nada a ver com a isso. E sim, você é diferente. Por isso que ele gosta de você. Não foi isso que ele te disse? Que achava que era diferente das outras? – Lily me respondeu.


- Mas isso não é possível.


- É sim! E amanhã, você vai ouvir o que ele tem para te falar com todas as letras!



¹. Algo como ‘Fale no diabo, e ele aparecerá.’ 


N/A:
Apesar de eu estar feliz pelo fato de que vocês estão gostando da fic, estou triste porque a fic está acabando. Yep, anyway. Espero que gostem desse capítulo também, apesar de estar mega curto. É o penúltimo, sem contar o epílogo. Muito obrigada a quem comentou: Amélia Linton, Flá Dawson, Fê Black Potter, Mari |Potter e Mii Reiis.


Beijos, love you all.

Compartilhe!

anúncio

Comentários (1)

  • Lana Silva

    Mais um capitulo surpreendente *-* nossa, a Lene deveria ter dado uma chance a ele, mas ela tipo não tem culpa, ahhhhhhhhhhhhhh eu simplesmente amei  o capitulo *-* tipo muito perfeito , e o louca para ver o que vai acontecer no próximo, é uma das melhores UA que já li na vida *----------------*beijos! 

    2012-09-11
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.