Megafone Mágico



Capítulo XIV – Megafone mágico



Hermione estava se sentindo mais estranha do que o normal dos últimos dias naquela manhã. Sua mente estava um pouco vaga. Lembrava-se claramente de ter esperado Harry na noite anterior, mas não lembrava de tê-lo visto chegar e muito menos de como tinha se dirigido à sua cama. Havia sonhado com ele. No sonho tentara falar com ele, mas como de costume ele dera uma desculpa qualquer a impedindo de prosseguir. Apesar disso a lembrança lhe dava uma sensação de proximidade com ele, o que não acontecia mais na realidade. O que tinha que encarar no mundo real era o Harry versão pedra de gelo. Ela se afundou na cadeira com os olhos marejados. Gina Weasley ao seu lado, lia concentrada a última edição do The Quibbler e Hermione não tinha forças para interromper sua leitura e desabafar.

- Olá meninas!!! Como vai a nossa expert em assuntos do coração?

- Oi Parvati... – respondeu Hermione num suspiro.

- Olá... – falou Gina virando a página da revista.

- E então como vai a conquista Mione? – indagou Parvati interessada, Gina teve um sobressalto finalmente tirando os olhos da página e pondo-se apreensiva. Hermione sequer lembrara nos últimos dias do que as amigas tinham combinado. As coisas haviam mudado drasticamente desde a última vez que haviam tocado nesse assunto.

- Parvati... – começou Hermione pacientemente – Eu acho que por motivos de força maior nós devemos dar essa história por encerrada...

- Ah Mione... Já falamos sobre isso não foi? Pensei que já estivesse decidido. Afinal que “motivos de força maior são esses”?

- Eu não posso continuar com essa bobagem...

- E por que não??

- Na verdade Parvati...Ocorreram alguns imprevistos. – respondeu Gina hesitante, Hermione assentiu.

- De que tipo?

- Do tipo de estar interessada em outra pessoa. – respondeu Hermione se entristecendo.

- Ah! – exclamou Parvati com uma mudança de expressão. – Sendo assim... É bem... Compreensível. Uma pena... Estava bem divertido afinal...

Gina permaneceu calada até que Parvati teve a iniciativa de se retirar, só então ela se dirigiu a Hermione.

- Mione... Ehr... Sobre aquele assunto que a Parvati veio falar... Eu acho que tem uma coisa que você precisa saber...

- O quê? – indagou Hermione interessada.

- Digamos que... Houve outro imprevisto além daquele...

- E qual seria??

Gina contou tudo exatamente como havia ocorrido para Hermione. Ao fim do relato a morena estava boquiaberta.

- Quer dizer que... Você... – começou ainda sem palavras. – Está saindo com... o Malfoy????

- Parece que sim... – respondeu a ruiva com uma careta.

- E como você vai dizer isso ao Rony?? Ele vai ficar possesso!

- Ah... Isso eu não sei, mas ele vai ter que aceitar, aliás ele não tem que aceitar nada... Isso é assunto meu!

- Eu... Não sei o que dizer Ginny...

- Poderia começar me desejando boa sorte...

- Bem... Boa sorte!! Eu... Espero que dê tudo certo para vocês, de verdade! – concluiu Hermione sorrindo e abraçando a amiga.

- Eu acho que... Eu... Realmente gosto dele.

- Fico feliz... – começou novamente com os olhos marejando e ficando em silêncio por alguns minutos. Gina aprecia ter voltado à sua leitura até que Hermione voltou a falar. – Sua situação é... Bem melhor do que a minha.

Gina a olhou incrédula e com censura.

- Eu não acredito que você ainda não falou com ele Mione! Eu simplesmente NÃO ACREDITO!

Hermione suspirou fundo enquanto recebia uma tremenda bronca de Gina. Ela estava realmente desolada e a ruiva percebendo o que se passava aproveitou para enfatizar o que já havia dito antes para a amiga. O que não era necessário. Hermione sabia muito bem que não poderia levar aquela situação por muito tempo, mas também sabia que tinha sido impossível falar com Harry. Havia tentado, porém ele não facilitava um diálogo. Estava visivelmente magoado, em com toda razão.

- Eu tenho tentado Gina, mas...

- Mas O QUÊ Mione? Pelo amor de Deus! Eu estou realmente decepcionada com você... Eu pensei que você seria totalmente capaz de resolver essa situação em dois tempos! Vá falar com ele, NÃO-PERCA-MAIS-TEMPO! – berrou Gina alterada.

- Não é tão simples assim Ginny! Ele sempre está apressado, ocupado ou simplesmente prefere ser acertado por um balaço a me ouvir. E não se esqueça de um detalhe, eu sequer sei o que dizer! – justificou-se.

- Ah você não sabe? Bem então veja só eu posso te ajudar. – começou a ruiva com ironia. – O que você acha de: “Oi Harry, sabe de uma coisa? Eu sou louca por você!”.

- Ele... Ele não me escuta! – disse Hermione em desespero.

- Ah, francamente Mione... Não demoraria mais do que cinco segundos para você dizer isso... Ele escutaria mesmo que não quisesse!

- Mas...

- Mas NADA! O que você vai esperar afinal? O ano acabar? Você não já viu a burrada que fez?? O Harry já voltou com a namorada, uma garota que ele não gostava! Ele está disposto a TE ESQUECER, tudo isso, me desculpe falar, mas é CULPA SUA! E você não toma a atitude de ter uma conversa com ele? Sinceramente, eu NÃO TE RECONHEÇO! – brigou Gina. Hermione levantou-se num impulso.

- Eu... Eu... Vou falar com ele AGORA! – disse Hermione com determinação. – AGORA MESMO!

- Eu acho BOM que seja... – estimulou a ruiva enquanto Hermione já saía às pressas da sala comunal.

Hermione disparou pelos corredores quase correndo perguntando a todos os conhecidos se tinham visto Harry. Já estava ofegando de cansaço quando deu de cara com Harry ao virar um corredor.

- H-harry... Preciso... Falar com você – disse sem fôlego. Só então Hermione notou a figura de uma garota loira se colocar ao lado de Harry.

- Oi Hermione... – cumprimentou Felícia sem o seu habitual sorriso.

- Oi. – respondeu Hermione secamente. – Harry será que eu posso fal...

- Não. – falou Harry passando a mão pela cintura da namorada. Hermione sentiu uma fisgada no seu peito. – Agora não dá Hermione. Eu tenho que ir com a... Felícia.

Todas as forças que Hermione tinha reunido para estar ali na frente dele pareciam ter se esvaído.

- Harry se você quiser eu posso ir sozinha... – argumentou Felícia.

- Claro que não, eu prefiro ir com você. – disse Harry com um irritante tom de voz carinhoso com a loira. – Depois a gente se fala Hermione.

Os dois saíram a deixando a ver navios. Ela não acreditava que mais uma vez Harry tinha conseguido evitar aquela conversa. Uma onde de raiva e fúria tomou conta dela. Agora era uma questão de honra fazer Harry Potter ouvir tudo o que ela tinha a dizer. Hermione bateu o pé no chão em revolta. Voltou para a sala comunal, depois de olhar por uma última vez Harry e Felícia caminhando lentamente pelo corredor.

- Por que você não falou com a Hermione? – indagou Felícia depois que eles tinham se afastado alguns metros da garota.

- Eu já disse... Eu preferi vim com você.

- Harry... Não foi por isso... – disse a menina, Harry parou de andar e a encarou. – Você está fugindo dela há algum tempo. Foi por isso que você não a ouviu. Não foi porque queria vim comigo.

- Felícia eu não estou fugindo dela... – negou

- Está. – teimou a loira, Harry já ia retrucar quando ela continuou. – Ok Harry vamos ser francos...

- Eu estou sendo franco, e eu não tenho nada para falar com ela!

- Eu sei que você tem... – disse a loira, Harry franziu a testa confuso. – Harry... Eu ouvi vocês conversando outro dia no corredor, perto da torre da grifinória.

Harry a olhou perplexo.

- Você ouviu tudo? Mas... Como...

- Você esqueceu seu livro de feitiços lembra? Eu tentei te alcançar pra devolver, mas, quando te vi você estava com ela. Me desculpe, eu não pretendia, mas acabei ouvindo tudo sim.

- Tudo bem... Mas você precisa saber que eu não tenho nenhuma intenção de conversar novamente com ela. Esse assunto para mim está encerrado ok?

- Harry, quando você me disse que gostava de alguém e que vocês não podiam ficar juntos, por que você não me contou que era a Hermione?

- Eu não achei que tivesse necessidade, eu... – disse Harry, desprovido de palavras. – Não ia realmente dar certo com ela, você ouviu.

- Não foi bem isso que eu ouvi... Eu pensei que você e essa garota de quem você falou no lago tinham tido um problema muito sério, sei lá, que ela não gostasse de você, que fosse impossível. Bem... E nós temos que concordar que nenhuma dessas hipóteses se encaixa para você e a Hermione!

- Mas, na verda...

- Se você tivesse me dito que era ela eu não teria insistido em ficar com você. – afirmou a menina quase sem voz.

- Por que não??

- Harry será que você não vê? Eu gosto de você, e a cada dia que passa isso só vai aumentar. E ao contrário eu não acho que você vá gostar de mim se a garota que você ama está tão próxima.

- Ela... Ela me desprezou Felícia. Eu vou esquecê-la, eu vou fazer isso!

- Não Harry, não vai. Tudo bem que ela tenha te desprezado, mas por qual motivo você imagina que ela está tentando falar com você o tempo todo? Eu sei qual... A qualquer momento vocês vão acabar se acertando e a pessoa mais prejudicada nessa história não será você ou a Hermione.

- Felícia, eu gosto de você, por isso eu resolvi tentar denovo. Eu não vou ficar sofrendo por ela, não quero que pense que eu resolvi voltar com você na intenção de atingi-la.

- Eu sei que você não faria isso Harry. Eu também sei que você gosta de mim, mas não está apaixonado. – disse a loira com mágoa.

- Eu... Sinto muito.

- Não sinta. Está tudo bem. Eu só quero que saiba que... Eu não estou disposta a me submeter a isso.

- Como assim? O que quer dizer? – perguntou o rapaz confuso.

- Que foi uma boa tentativa para nós dois Harry, mas, se continuarmos com isso eu vou acabar na pior nessa história.

- Você quer terminar? – indagou pasmo.

- É isso aí! – respondeu a garota com um falso sorriso. – Mas eu quero que saiba que apesar de tudo, eu só tenho boas lembranças e que foi muito bom ficar com você.

- Eu também achei muito bom... Eu continuaria... Mas a última coisa que eu quero é que você sofra...

Harry sorriu e Felícia retribuiu. Ele deu um beijo na testa da menina e acariciou seus cabelos.


- Eu espero que você encontre alguém que possa te amar o quanto você merece...

- Eu também...

Os dois saíram e Harry a conduziu até a entrada da sala comunal da Corvinal, como de costume, mas, por uma última vez.



*



Harry acordou uma pilha no dia seguinte. Por mais que já tivesse jogado várias partidas de quadribol sempre sentia aquele friozinho desconfortável na barriga quando se aprontava para mais um. O jogo seria dali a algumas horas e ele só não batia Rony em fator de nervosismo. O ruivo, agora capitão, não parava quieto, e quando Harry achou que seu estado não poderia piorar, Gina chegou procurando o irmão.

- Eu estava precisando dar uma palavrinha com você Ron... – disse a ruiva com tato se sentando ao lado de Rony, que parecia se debater incontrolavelmente lembrando o estágio inicial de um ataque epiléptico.

- Não precisa discutir a tática Ginny, vai ser aquela... Eu já repeti umas quatrocentas vezes e...

- Não é nada disso Ron... É sobre mim...

- Ah... Então fale logo, o que está esperando??

- Você se acalmar!

- Se você pretende esperar por isso pra contar alguma coisa a ele Ginny, não vai conseguir até o ano que vem! – brincou Harry.

- Então é melhor falar logo antes que ele saiba de uma maneira pior. – disse a ruiva em tom trágico olhando para Harry.

- Se importa se eu ficar?

- Ah Harry, pode ficar assim me poupa o trabalho de ter que repetir pra você depois ou de ter que consertar a história distorcida que ele resolver te passar.

- Vocês podem parar de falar de mim como se eu não estivesse aqui, por favor? – bradou Rony – E Gina, fale logo o que você quer.

- Ta ok, eu vou ser bem direta por que o jogo começa daqui a pouco, não tenho porque fazer rodeios. É o seguinte Rony, eu estou saindo com um cara.

- e...

- E... Você não gosta muito dele!

- Quem? – perguntou o ruivo interessado.

- Antes de tudo eu quero que saiba que nada do que você disser vai me fazer mudar de idéia. Eu não vou ceder a chantagens ou ordens de qualquer espécie. Estou apenas comunicando.

- Ok... QUEM?

- Ah... É só o... Malfoy... – disse a ruiva com naturalidade, Harry deixou o queixo cair, Rony ficou rubro com os lábios tremendo.

- Eu ouvi direito Harry? – perguntou perplexo.

- Não sei nem se eu ouvi direito. – respondeu Harry sorrindo de susto.

- Eu a ouvi dizer que está saindo com o Malfoy!

- Eu também ouvi isso Ron.

- PAREM os dois! Foi exatamente isso que eu disse, não se façam de desentendidos... – disse Gina impaciente.

- Como isso foi acontecer?? – perguntou o ruivo atônito. – Inacreditável! Hey, Gina, você não pode fazer isso... Ele é o MALFOY! Eu... Eu não acho isso nem um pouco legal!

- Cuide da sua vida Rony, eu te avisei que só estava comunicando, não vim pedir pra vocês serem melhores amigos. Eu saio com quem eu quiser, não me interessa se você gosta ou não. – começou Gina, os dois garotos ouviam tudo boquiabertos. – E quer saber... Era só isso que eu tinha para dizer. Vejo vocês no jogo, é melhor irem se aprontar está quase na hora.

Harry e Rony se entreolharam.

- Você tinha me dito que a HERMIONE gostava do MALFOY!

- E você tinha me dito que se fosse a Gina com o Malfoy seria um bom castigo para ele.

Os dois gargalharam e foram juntos se aprontar para o jogo. Por incrível que parecesse Rony estava até calmo. “Talvez tenha sido o choque” pensou Harry. Para ele não foi tanto, já estava vacinado. Depois de quase morrer de susto ao achar que Hermione gostava de Malfoy, a notícia de Gina não parecia tão espantosa, afinal.



*



Hermione estava certa de que em pouco tempo teria perdido sua sanidade. Tinha chegado no ápice de sua ansiedade, a vida não podia continuar daquele jeito. Ela ainda não sabia como iria consertar o grande erro que cometera, ao achar que ela e Harry poderiam voltar a ser bons amigos e esquecer a paixão, que agora estava mais forte do que nunca no seu peito. Sem contar que há muito perdera completamente o controle sobre seus pensamentos. Neles só aparecia uma coisa, mais forte do que nunca: Harry... Seus olhos que quando se miravam nela a deixavam zonza, seu sorriso que quando se abria a levava em direção aos seus lábios irresistíveis, seus beijos que a proporcionaram a sensação mais apaixonante de sua vida e sem os quais Hermione tinha certeza não conseguiria viver, seu cheiro que quando aspirava parecia arrepiar-lhe até por dentro. Lá estava ela, novamente delirando ao lembrar de Harry e se punindo mentalmente por ter deixado tudo isso escapar em um momento ímpar de burrice de sua vida.

- Brilhante Hermione... Muito bom mesmo! – murmurou para si mesma ainda em frente ao espelho.

Pelo menos queria estar “apresentável” para o jogo de quadribol. Harry estaria lá e dessa vez ele não lhe escapava. Jurou para si mesma que daquele dia não passava. Olhou atentamente para o seu reflexo arrumando mais uma vez as mechas em seus lugares. Perfumou-se respirando fundo e desceu para a sala comunal.

Harry e os outros jogadores já estavam reunidos pela sala. Rony passava de um lado para outro dando instruções alucinadas aos alunos. Harry conversava com Gina ainda a respeito da notícia que a ruiva havia dado mais cedo.

- Aconteça o que acontecer Gina, só saiba que nesse jogo é bom você colocar seus sentimentos de lado. – brincou Harry com uma expressão muito séria, Gina sorriu dando tapinhas nas costas dele.

Harry ia recomeçar a zombar quando sentiu o familiar perfume que tanto o perturbava. Um misto de êxtase e vazio tomou conta de seu peito. Era muito doloroso senti-la e não poder tocá-la, afinal, não era todo dia que ele encontrava Hermione dormindo para que ele pudesse se aproximar. Fechou os olhos e respirou fundo o cheiro dela, não conseguiu segurar um sorriso. Voltou do seu devaneio para encarar Gina, mas quem estava na sua frente era.

- Hermione.

Harry a olhou perturbado, ela estava apenas, linda. Os cabelos ondulados e brilhantes, as faces rosadas e os lábios umedecidos. Foi o suficiente para que seu coração quase dilacerasse seu peito de excitação.

- Harry... eu quero te dizer que...

- VAMOS LÁ, PESSOAL! CHEGOU A HORA! TIME... ATRÁS DE MIM. – gritava Rony no meio da sala.

Hermione suspirou decepcionada.

- Eu... Tenho que ir. – murmurou Harry ainda atordoado.

- Espera. – disse a menina puxando o seu braço.

- Hermione, agora não pos... – retrucou o menino voltando ao seu estado “normal” que se resumia em ignorar Hermione veementemente.

- Boa sorte. – disse ela o interrompendo.

- Obrigado. – respondeu imediatamente abrindo um tímido sorriso antes de seguir os colegas para fora.

Hermione seguiu para o campo alguns minutos depois. As torcidas já estavam a postos e ela conseguiu pegar um lugar ao lado de Hagrid. O homem estava muito nervoso e não só ele. Ganhar o título sobre a sonserina parecia colocar todos ansiosos em dobro. Quando o time da Grifinória entrou em campo anunciado por Lino Jordan o coração de Hermione deu um pulo. Nunca havia reparado como Harry ficava lindo e imponente enquanto voava.

A torcida se alvoroçou quando Madame Hooch anunciou o início do jogo. Jordan narrava cada passe com mínima imparcialidade e não demorou muito para que placar iluminasse os pontos. Primeiro para Sonserina e depois aumentando para horror da torcida da Grifinória 10, 20, 30 a zero. Os jogadores correram atrás do placar que em algum tempo marcava 90 a 70 para a Sonserina. Todas as atenções de Hermione se voltavam para Harry, e ela teve certeza que foi a primeira a notar quando Harry viu o pomo. Ele e Malfoy voavam lado a lado embalando uma perseguição de vários minutos. Todos estavam com os nervos À flor da pele quando o batedor da Sonserina lançou um balaço na direção de Harry. Ele se esquivou, mas o balaço acabou acertando Malfoy de raspão, o que o deixou em desvantagem na corrida.

Todos gritavam de excitação quando Madame Hooch apitou o final do jogo. Harry pegara o pomo e agora voava em volta do campo com todo o time da grifinória. A multidão de alunos agora tentava descer e receber o time vencedor. Hermione não ficou atrás e correu junto com Hagrid para perto dos garotos. Ela queria alcançar Harry e abraçá-lo com toda força que tivesse para mostrar a ele o quanto estava orgulhosa, mas logo notou que seria impossível. Dezenas de alunos agora carregavam Harry comemorando a vitória, Lino Jordan ainda segurava o megafone berrando a vitória da grifinória. Hermione conseguiu avistar Gina no meio da multidão.

- Ginny!! – gritou e felizmente foi ouvida.

- Mione!!! Ganhamos!!!! Nem acredito!! – berrou a ruiva em lágrimas enquanto Hermione lhe dava um abraço.

- Parabéns! Foi maravilhoso! Aonde estão levando ele? – indagou referindo-se a Harry.

- Não sei... Só sei que estou indo atrás!

Hermione seguiu o exemplo de Gina cumprimentando quando podia todos os jogadores e pondo-se na ponta dos pés na tentativa de chamar Harry. Inutilmente. A comitiva se dirigia ao salão comunal da Grifinória. Todos adentravam quando Hermione teve uma idéia. Poderia ser considerada louca, mas era conveniente. Aquele era o momento para fazer o que não vinha conseguindo. Não iria adiantar tentar vencer todos os que estavam em volta de Harry, ele com certeza daria uma das habituais desculpas para ignorá-la. O único jeito era colocar sua idéia louca em prática. Era agora ou nunca. Ela respirou fundo pegando sua varinha. Apontou para Lino Jordan que estava do outro lado da sala ainda proferindo palavras de apoio ao time.

- Accio Megafone! – disse num sussurro.

Instantaneamente o megafone mágico se desvencilhou das mãos de Jordan interrompendo o que ele falava e veio na direção de Hermione. Ela o agarrou e notou o quanto estava trêmula ao fazer isso. Trêmula, mas decidida. Ela agarrou o megafone e subiu na mesa de centro da sala comunal. Olhou mais uma vez para o objeto na sua mão como se tentasse desvendar a sua forma. Ainda hesitante ela respirou fundo e limpou a voz.

- Hum hum – o megafone fez um desagradável barulho de microfonia. Foi o suficiente para todos se virarem e dirigissem seus olhares para Hermione. – O-oi – disse a menina sua voz soando extremamente alta – Oi todo mundo.

Todos a encararam interrogativos. Alguns ostentavam um sorriso, outros franziam a sobrancelha, Harry por sua vez a olhava incrédulo, mas ainda sério. Hermione não precisava de um espelho para ter certeza que estava irremediavelmente corada. Antes que desistisse daquilo resolveu continuar.

- Bem... Eu queria dar os parabéns ao time da Grifinória, foi uma grande partida! – disse querendo parecer animada, os alunos responderam com vários urros de comemoração voltando ao que estavam fazendo após isso, ela recomeçou. – E também... Eu preciso dizer uma coisa.

Todos se voltaram igualmente curiosos para a menina.

- Na verdade... Eu preciso pedir uma coisa. – murmúrios foram ouvidos pela sala e antes que a gritaria recomeçasse ela continuou. – Há vários dias, eu venho... Tentando falar com uma pessoa, mas não consigo. – disse com a voz ligeiramente falha olhando para Harry, ele a olhava atônito e um pouco corado. – Qualquer pessoa já teria se mancado e desistido, mas... Eu resolvi fazer essa última tentativa. Desculpem interromper a comemoração de vocês, mas, eu acho que esse era o único jeito dele se dar ao trabalho de me ouvir.

Vários olhares de fascínio agora se dirigiam para Hermione. Gina por sua vez lhe transmitia apoio e ela se sentiu capaz de continuar.

- Então agora, que ele não tem escolha, eu venho aqui pedir humildemente que me conceda cinco minutos do seu tempo, não vai ser mais do que isso se for apenas esse o tempo que ele quiser estar comigo, é claro. Eu vou sair e esperar por essa pessoa, ele sabe onde, no local que está sempre disponível nas horas que precisamos. Esperarei o tempo que leva para ele caminhar daqui até lá. Por isso eu vou levar esse negócio, se ele não chegar eu vou ser obrigada a voltar e falar tudo para que ele ouça mesmo que não queira. - completou decidida sem tirar os olhos de Harry, que agora sorria timidamente mirando o chão já que a maioria das pessoas já tinha entendido que Hermione se referia a ele. – Conseqüentemente vocês todos vão acabar ouvindo e provavelmente eu vou pagar o maior mico da minha vida, maior mesmo do que esse, mas não importa. Eu só quero... Que... ele saiba – concluiu num suspiro para conter as lágrimas.

Todos a encaravam maravilhados, algumas garotas sorriam outras quase choravam, mas todos pareciam ter entendido perfeitamente bem o recado. Ela então desceu em silêncio da mesa e saiu sem olhar para ninguém, as faces queimando de vergonha. Instantaneamente todos viraram para Harry. Um silêncio funeral tomou conta do salão. Harry estava estático exatamente no mesmo lugar de antes, parecia ter suado mais do que durante todo o jogo e não conseguia se mover.

- O que diabos você está esperando? – indagou Parvati com um tom de indignação.

- É babaca, vai logo. – disse uma voz desconhecida para Harry no meio da multidão.

- Não! Se ele ficar aqui ela volta e todos nós vamos ouvir... É melhor ele ficar! – sugeriu um garoto sorridente do segundo ano.

- Ele vai ou não? – perguntou outro garoto desconhecido para Harry.

- Não seja tolo, é claro que ele vai! – retrucou uma garota ao lado dele.

Harry virou-se e encarou Gina. Ela o olhou com uma expressão de apreensão, Rony dizia apenas movendo os lábios “Vai”. Ele então se sentiu um grande idiota por ainda estar parado ali e começou a se mover na direção da porta com um meio sorriso nos lábios. Uma algazarra de festejo foi ouvida por ele enquanto saía para o corredor.

Após alguns minutos correndo pela escola ele estava parado arfante na entrada da Sala Precisa. Abriu lentamente a porta que se materializara adentrando na sala que agora estava iluminada por velas flutuantes. O local lembrava a sala comunal da Grifinória, pelas suas poltronas e uma lareira, mas o céu estava idêntico ao do salão principal de Hogwarts. Hermione estava sentada em um estofado com os cotovelos apoiados nas coxas e as mãos cruzadas. Olhava impacientemente para o chão e ao notar a chegada de Harry ela se levantou dando alguns passos na direção dele. Pararam a alguns metros um do outro. Perto o suficiente para que Harry pudesse sentir seu perfume, teve que se controlar para não abraçá-la naquele momento.

- Oi. – ele disse tentando iniciar um diálogo.

- Oi... – respondeu Hermione ainda parecendo envergonhada. – Harry, primeiramente eu quero me desculpar por ter interrompido a festa de vocês.

- Sem problemas. – tranqüilizou.

- Bem... Harry... – começou a menina com a voz trêmula – Você pode achar um pouco tarde para eu estar fazendo isso, mas, eu tenho que te dizer... isso.

- E o que exatamente é isso?

- Aí é que está, eu não sei o que exatamente é isso. O que eu sei é que... – começou Hermione, sua voz falhando. – é que... Eu não consigo dormir, não consigo comer, não consigo sequer ESTUDAR, porque eu passo 25 horas por dia me perguntando... – sua voz sumiu.

- Se perguntando o quê? – indagou interessado e ainda abobalhado imaginando o que ela estava tentando lhe dizer.

- Me perguntando... O que você fez comigo Harry Potter? – disse Hermione o olhando profundamente.

- Eu... – tentou Harry, mas Hermione prosseguiu.

- É como se algo brilhasse fortemente na frente dos meus olhos e eu não conseguisse enxergar nada. Mas logo depois eu consigo, porque quando fecho meus olhos, eu vejo você. Só você, nada mais. Quer dizer, eu acho que estou pirando!

- Não está... Eu sei perfeitamente do que se trata. – murmurou o garoto sorrindo hesitante.

- Harry, eu sei que este pode ser o argumento mais ultrapassado e repetitivo que se possa conhecer, mas... Ninguém é perfeito. As pessoas cometem erros, e eu, cometi um grande, grande erro.

- E...Que erro foi esse?

- Eu fui burra, tive medo e errei por isso. Foi a maior tolice que já fiz na minha vida até hoje. Negar o que sentia por você.

- O que sentia? Passado? – perguntou receoso, suas mãos tremiam descontrolavelmente.

- Eu posso dizer que o que eu sentia por você naquele dia, não é o que eu sinto agora, então sim é passado. – respondeu Hermione franzindo a testa, Harry foi tomado por desapontamento.

- Ah... Eu deveria ter imaginado... – disse decepcionado.

- É passado porque, naquele dia eu não sabia o que sentia, e agora eu sei.

Harry não conseguia mais raciocinar sobre o que ouvia, ora era tomado por esperança ora por decepção.

- Eu sei que pode ser um pouco tarde para te dizer isso Harry, mas eu não posso mais suportar, porque isso cresce a cada dia mais e por mais que tente, eu não vou conseguir deixar de te adorar, te desejar, te querer. É só isso que eu faço ultimamente, viver em função de ficar com você. – disparou Hermione muito rápido.

Harry não parou para digerir cada palavra que ela tinha dito. Meia dúzia havia sido bem absorvida pela sua mente o que era suficiente para explicar todo o resto. Aproximou-se e Hermione parecendo ter o mesmo pensamento fez igual. Ele não disse uma palavra sequer antes passar sua mão pelo pescoço da garota trazendo o rosto dela para junto do seu. Ele tocou a face dela com lábios beijando delicadamente sua pele macia e aspirando seu cheiro doce. Hermione suspirou com aquele simples toque e uma onda de calor percorreu seu corpo. Lentamente ela enterrou sua mão nos cabelos negros e apertou sua nuca. Então sem adiar mais, Harry pressionou seus lábios no dela. Não havia relutância no beijo, mas sim desejo, sede, espera e realização. Cada carícia da língua dele na dela fornecia combustível para as brasas ardentes daquela paixão. As batidas descompassadas do coração dela pareciam se igualar ao som irregular do dele que a apertou mais contra si. Chamas incandescentes fundiram os dois juntos. Havia uma urgência desesperada, cauterizante, no abraço, uma avidez insaciável que transcendia os limites físicos. O fim do beijo veio quando ambos se encontravam sem fôlego.

- Eu tive tanto medo de te perder, de não poder nem ser sua amiga. Eu... Fui tão... Burra! – sussurrou Hermione acariciando o rosto de Harry.

- É... Você foi sim... – confirmou o garoto sorrindo.

- Me perdoa pela burrice?

- Só se você esquecer de uma vez essa história de salvar a nossa amizade! – respondeu Harry severo, Hermione sorriu.

- Mas...

- Sem “mas”! – interrompeu Harry a puxando pela mão.

- Ok... Eu esqueço se você me oferecer algo em troca que compense. – propôs a menina enquanto o acompanhava para fora.

- Você não está em condições de exigir nada mocinha! – brincou já atravessando o corredor.

- Que injustiça! O que eu ganho com isso? – protestou, Harry a olhou incrédulo.

- E você acha que eu sou pouco? – indagou Harry fingindo-se ofendido. Hermione o empurrou contra uma parede.

- Você não tinha mencionado este detalhe! – exclamou sorrindo.

- E precisava??

- O que você acha? Devo interpretar aquilo ao pé da letra? – perguntou Hermione interessada.

- O que você acha?

- Você é meu?

- Você é minha?

- Eu perguntei primeiro!

- Mas eu já respondi...

- Claro...

- É... Claro que respondi...

- Não... Essa é a minha resposta. Claro!

- Eu já sabia... – disse Harry puxando a garota para mais perto e a beijando loucamente.

- Pode passar a grana eu ganhei! – cochichou uma voz próxima de Harry e Hermione.

- Ah não ganhou nada, como você pode ter certeza que eles se acertaram? – argumentou uma segunda voz.

- Não seja estúpido, eles estão se beijando... – murmurou um terceiro participante.

Harry e Hermione pararam abrindo os olhos intrigados e olhando em volta ao mesmo tempo. Dezenas de alunos se amontoavam um sobre os outros virando o corredor e assistindo a tudo. Os dois se entreolharam rindo.

- Isso tudo é culpa sua. – afirmou Harry.

- De jeito nenhum. Se você não tivesse sido tão desagradável me impedindo de falar eu não teria que tomar aquelas atitudes drásticas! – argumentou Hermione.

- Mas você bem que mereceu!

- Ta ok, admito, mas agora você vai lá resolver as apostas.

- Vamos os dois e estamos quites.

- Perfeito.

Os dois caminharam na direção do aglomerado de pessoas. Com corações saltitando de felicidade fariam o que mais tinham vontade naquele momento: gritar para todos que quisessem ouvir, e os que não quisessem, em um megafone mágico se fosse necessário, gritar que pertenciam um ao outro e que quem apostasse nisso só teria a ganhar...



Fim!



N/A : Bem pessoal... FIM DA FIC... Espero que tenham gostado, quem não gostou, peço desculpas, tentarei melhorar... Essa foi a primeira fic que terminei, quero agradecer a todos que leram e comentaram, adorei a experiência e sem dúvida estarei escrevendo outras fics além da que já tenho inacabada(Almost Magic).

Beijos!!

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