A Proposta



Hermione entrou, fechando a porta. Era uma sala grande, luxuosamente decorada, com janelas que ocupavam toda a parede atrás da mesa. Draco estava sentado numa cadeira que, pelo porte, já indicava a posição de comando de quem a ocupava.
Vestia um terno escuro e uma linda camisa azul de listras.
Ele acompanhava Hermione com os olhos, enquanto ela atravessava a sala. Percorreu-lhe o corpo inteiro, da cabeça aos pés, observando o casaco de pele à moda russa que ela vestia, seus cabelos, e o brilho daqueles lindos olhos ambares. Indicou-lhe a cadeira à frente de sua mesa. Ela se sentou, sentindo um nó na garganta. Tinha repetido várias vezes para si mesma o que deveria dizer, mas as palavras agora lhe faltavam. Estava muito nervosa.
Draco deixou as mãos caírem sobre a mesa.
- Bem, a que devo a visita?
- Preciso de um empréstimo de dez mil libras - ela disse, sem rodeios. - Você pode me ajudar?
Ele se recostou à cadeira, continuando a brincar com uma caneta de ouro, entre os longos dedos.
- Dez mil? É muito dinheiro. Você oferece alguma garantia?
- Não. Apenas prometo que devolverei com os juros normais, de qualquer banco. Estou realmente começando a ganhar um bom dinheiro com minha profissão. Em um ou dois anos devolvo-lhe essa importância.
- Para que você precisa dessa quantia?
Ela respirou profundamente, balançando a cabeça. :
- Eu... não posso dizer
- Nathan?
Hermione ergueu a cabeça, olhando-o de frente sem responder.
- Apostando novamente - ele murmurou, com uma expressão de desprezo e frieza.
- Não o despreze, Draco. Afinal, boa parte de sua fortuna vem de rapazes como Nathan.
- Quem vive sob telhado de vidro não atira pedras - ele completou.
- Tanto eu quanto você obtemos nosso dinheiro de forma não muito recomendável... Eu administro cassinos. Você vende seu corpo.
Hermione ficou vermelha de cólera. Seus olhos pareciam faiscar de ódio.
- Não seja tão imundo! Não faço nada absolutamente parecido com o que você acaba de dizer. Sou uma cantora!
- Você honestamente acredita que sua voz tem alguma coisa de especial? Querida, é a sua sensualidade, o seu corpo, que atraem essa multidão de homens para aplaudi-la em tantos clubes e boates. São pobres diabos, que sonham possuir uma mulher como você, e nem sequer imaginam essa sua frigidez que torna impossível a satisfação de qualquer desejo.
Ela se levantou imediatamente.
- Esqueça o dinheiro. Eu o conseguirei de alguma outra forma.
- Onde? - Ele sorriu, maliciosamente.
- Encontrarei quem possa me ajudar.
- De qualquer forma, eu não me neguei a ajudá-la... - Hermione estava trémula. Ela realmente sabia que não poderia recorrer a mais ninguém, embora aparentasse tanta segurança.
- O que você está querendo dizer com isso?
- Estou querendo deixar claro que se você me oferecer garantias...
- Mas, Draco, não tenho nada para lhe oferecer, nem para penhorar... - Ela já estava desesperada. Então percebeu o modo como ele a olhava; os olhos daquele homem percorriam todo o seu corpo de uma maneira atrevida, possessiva, que a fez calar-se.
- Oh, eu não diria que você não tem o que oferecer... – disse sorrindo marotamente.
- Não, não é possível que você tenha mesmo se tornado um mau caráter de primeira classe. Eu não posso acreditar...
Draco confirmou o que ela custava a aceitar.
- É pegar ou largar, a decisão é sua. Eu acho que Nathan não merece o sacrifício e, conhecendo bem você, sei que seria realmente um grande sacrifício. Mas, justamente por conhecê-la e por saber o quanto você cuida daquele pobre irmãozinho, acho que acabará aceitando a minha proposta.
Ofendidíssima, Hermione teve o impulso de se retirar daquele escritório suntuoso, sem sequer dirigir novamente a palavra a Draco. Mas a lembrança do desespero de Nathan obrigou-a a permanecer ali de cabeça baixa, com os olhos fixos no tapete que estava sob seus pés. Por fim, resolveu perguntar:
- Muito bem, qual é a sua proposta?
- Eu lhe dou o dinheiro. Em troca, recebo você.
- Casamento? Você quer casar comigo novamente?
Ele lhe virou as costas, guardando as longas mãos no bolso. Voltou-se:
- Não se trata de casamento especificamente...
- Entendo...
- É claro que você entende.
- E você acha que eu aceitaria essa... essa proposta suja?
- Isso é com você - ele disse, fingindo indiferença.
Hermione buscava forças para controlar seu desejo de explodir, de gritar.
- Nem morta me rebaixaria a tal ponto.
- A decisão é sua. – Completou lhe lançando uma piscadela.
Hermione saiu do escritório, batendo a porta.. Quando chegou ao seu apartamento, Nathan esperava por ela. Estava desesperado.
- E então? - perguntou com voz trémula.
Ela mordia o próprio lábio, enquanto as lágrimas banhavam seu lindo rosto.
- Nathan, eu...
- Ele não vai emprestar o dinheiro? Ah, você não teve suficiente tato, não foi convincente o bastante... Se você tivesse sido doce, simpática, sairia de lá com o dinheiro. Eu sei que ele daria o quanto precisasse! Draco sempre foi louco por você, mesmo depois do divórcio. E se ele mostrasse alguma resistência, bastaria mover um dedo para tê-lo aos seus pés... Você não tentou...
Ela comprimia o rosto entre as mãos.
- Nathan, ele me ofereceu o dinheiro, mas...
- Ofereceu? Oh, graças a Deus!
- Mas eu não pude aceitar - ela interrompeu, desesperada.
Nathan não podia acreditar, não compreendia que alguma coisa pudesse fazê-la recusar o dinheiro.
- Ele... as suas... condições foram... inaceitáveis.
- Pelo amor de Deus! - Nathan puxava com as mãos os próprios cabelos. - Que importam as condições? Eu faria qualquer coisa, qualquer coisa que ele quisesse para obter o dinheiro!
- Mesmo ir para a cama com um homem que você odeia? - ela gritou furiosa.
Nathan gemeu de pavor.
- Perdão... perdão. Não passo de um pobre diabo. Eu sei... Eu imagino o que isso representa para você.
Ele a abraçou, sua cabeça tocando a dela, suas mãos acariciando-lhe os cabelos. Esgotada, Hermione começou a soluçar. Ficaram longos minutos assim.
- A vida não passa de uma farsa - Nathan filosofou, por fim. - Você se lembra de alguma coisa realmente boa que tenha acontecido para algum de nós? Fomos prejudicados, marcados desde a infância pela brutalidade daquele... daquele...
- Não mencione sequer o nome dele - Hermione murmurou, tapando-lhe a boca com uma das mãos.
- Alguma vez você disse a Draco o verdadeiro motivo de não suportar ser tocada por um homem?
Ela negou, com um movimento de cabeça.
- Você não acha que devia? Ele entenderia, Hermione. Qualquer pessoa entenderia.
Ela se levantou de um pulo, protestante como uma criança indefesa.
- Não, não quero que ele fique sabendo. Não suporto a idéia dele vir a saber.
- Oh, meu Deus! Que desgraça! - Nathan balbuciou.
Ela se virou para ele, enxugando os olhos com as costas das mãos.
- Nathan, se você fugir, eles não serão capazes de encontrá-lo. Eu lhe dou as trezentas libras que tenho e você pega um avião para a América.
- Mais cedo ou mais tarde eles me encontrarão. E, além disso, não há tempo suficiente para providenciar meu passaporte.
- Você poderia se esconder até os documentos ficarem prontos. Vá para a Escócia ou para o interior.
Ele a olhou fixamente.
- Eles a pegarão se eu fugir.
- A mim? - Agora ela estava realmente assustada.
- Já ameaçaram fazer isso. Sabem que nada me apavora mais do que a idéia de fazerem algum mal a você. Se eu desaparecer, virão atrás de você. Eles já até disseram que seria uma pena ver o seu lindo rosto desfigurado por ácido...
Hermione tinha os olhos arregalados.
- Nathan!
Enquanto eles se olhavam em silêncio, ouviram uma batida na porta. Nathan se voltou, num movimento brusco, indo observar no olho mágico. Afastou-se, petrificado.
Hermione entreabriu a porta. Dois homens aguardavam do lado de fora. Eles tinham um ar ameaçador. Nathan deixou escapar um gemido. Um deles percorreu com o olhar todo o corpo de Hermione e exclamou:
- Mas que moça bonita! Seria uma pena vê-la ferida, não seria? - Enquanto isso o outro sorria ironicamente para Nathan.
- Queremos nosso dinheiro, sr. Granger. Esta noite. E o conseguiremos de uma forma ou de outra.
Nathan se recostou à parede, completamente trémulo. Seu rosto estava tão pálido que Hermione pensou que ia desmaiar ali mesmo. Foi então que ela falou com os homens, sem deixar transparecer qualquer alteração em seu tom de voz:
- Vocês terão o dinheiro, não se preocupem. - Eles se voltaram para ela, num tom polido:
- Quando?
- Vocês podem esperar enquanto faço uma ligação? - Os dois homens se entreolharam antes de responder.
- Está certo.
Ela foi até o telefone e discou o número de Draco. Para sua surpresa, ele mesmo atendeu, com uma voz seca.
- É Hermione - ela disse.
Houve um breve silêncio. Então ele respondeu:
- Pois não!
- Eu... eu aceito sua proposta.
Ele não disse nada por um longo momento, enquanto ela se sentia enfraquecer aos poucos. A voz dele chegou a sobressaltá-la.
- Muito bem. Está feito o acordo.
- Quando posso ter o dinheiro?
- Agora. Neste momento, se quiser.
Ela desligou o aparelho e se dirigiu aos dois homens que a olhavam impassíveis.
- Vocês terão o cheque ainda esta noite.
- Não aceitamos cheques, senhorita. - Ela os encarou, desafiante.
- Nem mesmo de Draco Malfoy?
Diante desse nome, ambos reagiram ao mesmo tempo.
- Draco Malfoy? A senhorita... é amiga do sr. Malfoy? - O que falava tinha nos lábios um sorriso amarelo. Sua expressão era completamente sem graça.
- Minha irmã é esposa de Draco - Nathan falou, querendo impressioná-los.
Os homens não conseguiram disfarçar a admiração. Então, o mais alto deles deixou escapar:
- Mas você nunca disse isso antes... - Hermione interferiu, enérgica.
- Não estou com a menor disposição para discutir com os senhores minha situação civil. O cheque do sr. Malfoy estará à disposição esta noite. - E fez menção de fechar a porta.
- Mas, por favor, sem ressentimentos, sra. Malfoy - um deles disse. Ela sorriu ironicamente e fechou a porta.
Sem dizer qualquer palavra, Nathan a abraçou. Hermione, ainda confusa, recostou a cabeça no ombro do irmão.
- Perdoe-me, irmãzinha. Eu vou procurar ajuda médica... vou conseguir mudar, dou-lhe minha palavra de honra. Acabarei com esse vício de qualquer forma... Mas não fique tão desesperada. Oh, meu Deus, que péssimo irmão tenho sido para você! - Nathan falava, abraçado com Hermione.
- Preciso ir - ela interrompeu. - Eu disse que passaria agora para pegar o cheque. Você pode me chamar um táxi?
Dentro do carro, Hermione tentava se acalmar um pouco, mas continuava com os nervos à flor da pele. Esfregava as mãos, tentando aquecê-las e fazer com que parassem de tremer.
A secretária de Draco não estava na ante-sala. Hermione hesitava, pensando se devia bater à porta, quando o próprio Draco apareceu.
Pela forma como a olhou, parecia querer penetrar em seus pensamentos; ela apenas desejava quê Draco não percebesse a tensão que a dominava da cabeça aos pés. infelizmente, ele sabia exatamente como ela se sentia naquele momento.
- Aqui podemos conversar melhor, sem sermos interrompidos.
Ela o seguiu relutante, sem estar certa do que ele queria dizer com isso... E quase não dominou uma verdadeira sensação de pânico, quando percebeu que o tal compartimento era, nada mais, nada menos, que uma suíte privativa.
Como se não percebesse as reações que suas atitudes estavam provocando nela, Draco foi até as prateleiras de um pequeno bar, muito bem montado num dos cantos do quarto. Escolheu uma garrafa e pegou dois copos. Hermione continuava de pé, recostada à porta. Não conseguia sequer respirar direito.
Fingindo ignorar toda essa tensão, Draco serviu os dois copos de uísque, completando o dela com bastante soda.
- Isto lhe fará bem. Não faz sentido ficar aí de pé, como se estivesse pronta para fugir. Você sabe que precisa ficar.
Ela o encarou com ódio, sem se mexer. Ele deixou o copo sobre o balcão do bar, apoiou nele o braço, e tomou um gole de seu uísque.
Lentamente, Hermione atravessou o aposento. Detestava uísque mas Draco tinha razão: precisava disso naquele momento.
Quando o álcool devolveu a temperatura normal ao seu corpo, dando-lhe uma falsa disposição, Hermione percorreu com os olhos o ambiente que a cercava. Era, certamente, uma suíte reservada para uso do diretor, quando precisasse de algum lugar bastante discreto. Hermione imaginava o tipo de visitas que ele costumava trazer ali e se sentiu enrubescer quando percebeu uma certa luxúria na combinação das cores creme, marrom e dourado. O carpete era creme, macio e farto. As cortinas caíam do teto ao chão, nas cores castanho e dourado.
O confortável sofá era forrado de seda chinesa, estampada com os mesmos matizes da cortina. Várias lanternas, instaladas aqui e ali, ofereciam diferentes opções de luz indireta. Um aparelho de som estereofónico ocupava metade de uma das paredes. O ambiente procurava ser descontraído.
- Tire o casaco - Draco sugeriu. - Aqui dentro está quente.
- Não, não. Eu... eu não pretendo demorar.
- Tire o casaco - ele ordenou.
Hermione obedeceu. Não tinha escolha. Ele havia estabelecido as condições e ela concordara. Ainda tentou dizer algo, como que num apelo:
- Eu prometi a Nathan que logo voltaria com o cheque...
- Não antes de eu me certificar das garantias que me ofereceu.
- Mas... precisa ser agora?
Ele esvaziou o copo de um só gole e colocou-o sobre o balcão. Caminhando em direção a ela, mandou:
- Para o sofá.
Hermione deu um passo atrás, apavorada.
- Você tem mesmo necessidade de agir assim, de forma tão vulgar? - Ele a segurou pelos cotovelos, com o rosto quase tocando o seu, de modo que Hermione podia sentir-lhe o hálito.
- Vulgar não, minha querida. Dez mil libras é muito dinheiro. Você se tornou uma diversão muito cara, um artigo de luxo. Só espero que valha a pena.
- Você já devia saber... - Ele sorria de forma cruel.
- Ah, mas espero que você me surpreenda com alguma coisa nova. Aprendeu algo especial depois de nossa separação? Afinal, provocação não deve ser sua única especialidade... Está certo que nosso casamento foi gelado, mas as geleiras também de derretem. E, depois, você teve três anos para obter algum progresso. Deve ter existido algum homem nesse período...
Hermione conservava a cabeça baixa. Não queria, de maneira alguma, que ele soubesse do vazio em que sua vida havia se transformado desde que se deixaram.
- É claro que sim - conseguiu dizer.
Ele deu uma gargalhada que a fez estremecer.
- Mentirosa!
- O quê?
- Eu a tenho mantido sob vigilância vinte e quatro horas por dia, nos últimos três anos. O único homem de sua vida é Nathan, estou certo disso.
Ela ficou transtornada com essa revelação. A única coisa que pôde fazer foi encará-lo, incrédula.
- Você tem me vigiado? Por três anos? Você deve ser louco!
Ele enfiou as mãos nos bolsos e se pôs a andar de um lado para o outro, com altivez.
- Eu possuo recursos suficientes para pagar investigadores, e muito mais. Além de tudo, tinha curiosidade sobre o tipo de vida que você levava.
- O que esperava descobrir? - Ela não conseguia sequer imaginar as razoes que o levavam a tal atitude absurda.
- Eu precisava descobrir as origens de sua maneira de ser, O porquê de você viver imersa no lago gelado que é o seu corpo. Bastaria um movimento de seu dedo para ter aos pés os homens que desejasse, Hermione. Você é bonita, sensual... só que gelada diante de qualquer aproximação. Digamos que você seja um quebra-cabeça complicado. E eu só estava procurando desvendar o segredo.
- E conseguiu?
- Sabe muito bem que não descobri nada. Você toma cuidado para não deixar pistas... Mas, o que é que você oculta tão bem, Hermione? Por que não me diz? Você pode confiar em mim.
Hermione segurando o riso lhe deu as costas.
- Não tenho nada a dizer.
Ela podia ouvir o longo suspiro que ele deu. Depois de um breve silêncio, Draco disse:
- Muito bem, vamos examinar a situação. Voltemos há alguns anos atrás. Por que se casou comigo?
- Por favor, eu não aguento mais esse tipo de discussão. Nós já fizemos isso várias vezes, e não conseguimos nada de positivo.
Depois de outra pausa, como se estivesse escolhendo cuidadosamente as palavras, Draco pediu:
- Você me responderia sinceramente uma única pergunta?
- Se puder... - Ela estava amedrontada.
- Qual é, na verdade, seu problema? O que você não suporta é sexo? Ou... é de mim que tem aversão?
Ela ficou surpreendida pela forma como a questão foi colocada, sem rodeios. E, antes que pudesse pensar nas possíveis consequências de sua resposta, disse:
- É... é com você.
Ele segurou seu rosto com ambas as mãos, forçando-a a fixar os olhos nos dele. Hermione não conseguia entender a expressão daquele olhar.
- O que você realmente sente por mim, Mione?
Ela passou a língua pelos lábios, nervosa.
- Por favor!
- Responda.
Ela não podia mais enfrentar aqueles olhos azuis. Baixou o olhar e disse:
- Você não percebe que... me amedronta?
- Porquê?
- Oh, por favor! - Ela conseguiu se afastar, apavorada com tantas perguntas seguidas.
Ele a segurou firme pelos ombros. Seus dedos pressionavam a pele macia de Hermione. Alarmada, ela julgava entender agora a expressão daquele olhar. Reconhecia claramente a emoção, o desejo que aqueles olhos transmitiam e, como sempre, estava petrificada de terror.
Draco se irritava por vê-la assim.
- É dessa forma que você vai cumprir o que combinamos? Eu devia saber de cor que as mulheres não respeitam acordos. Mas, se eu fosse você, me lembraria que ainda não lhe entreguei o cheque, Hermione.
Ela continuava de pé, agora com uma expressão de verdadeiro desamparo.
- Assim é melhor - ele falou. E, com suas grandes mãos, segurou-a, pela cintura, aproximando-a. Involuntariamente, Hermione se apoiou nele, para manter o próprio equilíbrio.
Nesse momento, sentiu a firmeza com que ele a abraçava, a musculatura sólida do peito viril em que estava recostada. A sensação era a de um choque elétrico. A fina seda da camisa que ele usava já não impedia que o calor de seus corpos se comunicasse. Hermione sentia que uma doce pulsação começava a dominar o mais íntimo de seu ser. Gotas de suor brotavam de sua testa. Ela tentava, ainda, se desvencilhar, mas aqueles braços eram como cadeias de aço a prender-lhe o corpo. Draco a observava intensamente. Ela podia sentir sempre uma insistente pergunta em seus olhos, mesmo sem olhar para ele. Estava inquieta. Toda sua energia se concentrava em sufocar o próprio desejo que ameaçava dominá-la. Seu corpo parecia a boca de um vulcão prestes a derramar lava fumegante. O contato com aquele corpo atlético e viril parecia que a inflamava. E ela sentia o terrível desejo de tocá-lo, de se deixar levar pela força imperiosa de seus próprios sentidos.
Seria pior, ela pensou. Há três anos atrás isso faria sentido, agora não. Só nesse momento ela percebia que a ausência de Draco tinha alimentado o fogo da paixão que sentia por ele. Mas não podia se entregar.
Draco estalou a língua, como se tomasse uma decisão repentina. Ela o olhou, trémula.
- Nos casaremos na próxima semana. - Hermione não podia acreditar.
- Mas... você disse...
- Eu sempre quis continuar nosso casamento, dessa vez não deixarei você escapar.
- Mas, minha carreira...
- Está terminada.
- Tenho contratos e...
- Meus advogados se encarregarão de desfazê-los.
- Oh, mas...
- Pelo amor de Deus, não discuta! Você precisa das dez mil libras. Ou se submete ao que eu quero ou não terá o dinheiro.
Hermione tinha ido àquele encontro preparada para ser humilhada, seduzida, mas nunca lhe havia passado pela cabeça que ele pretendia se apoderar de sua vida inteira. O que significava tudo isso? Que ela iria simplesmente perder toda a liberdade, abandonarisa sua carreira, tornar-se uma prisioneira?
- Não foi isso que você propôs no início. Eu pensei que...
- Eu sei o que você pensou. - E, antes que ela tentasse escapar, deu-lhe um beijo dolorido, de punição, que obrigou-a a reagir e não se submeter àquela força. Draco deu um passo atrás e a olhou de maneira desafiante. - Você veio aqui pensando em me dar só isso. Sem dúvida, é muito tentador, mas eu quero mais pelas minhas dez mil libras. Não me sinto retribuído à altura. Quero dormir com você muitas noites. Quero que seja minha. Estamos entendidos?
- Estamos. - Foi a única coisa que ela conseguiu dizer.

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