Bahamas
Uma semana depois, eles estavam num avião, voando em direção às Bahamas. Hermione ainda tentava se acostumar à idéia de que tinha voltado a ser a Sra. Draco Malfoy.
Não era fácil. Uma parte de seu ser se negava a acreditar. O primeiro casamento com aquele homem havia durado seis meses. Meses de tortura, insuportáveis. Era uma loucura arriscar de novo. Será que dessa vez alguma coisa ia mudar?
Ela própria não mudara. Quando ele colocou a aliança em seu dedo, naquela manhã, Hermione sentiu vontade de rejeitá-lo. E ele percebeu, é claro. Mas Draco tinha sido tão formal, tão gentil e discreto na cerimónia, que quando beijou levemente seus lábios no tradicional beijo de casamento, ela não pôde protestar. Nathan a abraçou, radiante. com o seu otimismo usual, acreditava que esse novo casamento era mais uma questão romântica, do que um simples negócio; como se sua desesperada necessidade das dez mil libras não tivesse nada a ver com isso. Hermione, por sua vez, estava chateada por deixar o irmão sozinho. Como já tinham resolvido a questão da dívida, ela temia que ele voltasse novamente aos cassinos, contando com o amparo de Draco para contrair novas dívidas. O pior é que não acreditava numa transformação de Nathan, ela pensava, enquanto olhava as nuvens abaixo da janela.
As nuvens pareciam um tapete branco, com pequenas manchas azuis aqui e ali. Tudo tinha um clima de sonho. O voo seguia tranquilo.
Uma aeromoça, em seu uniforme impecável, parou do lado deles e perguntou, gentilmente.
- Posso servi-lo em alguma coisa, sr. Malfoy?
- Muito obrigado. Minha esposa aceita um café preto com chantilly. Eu tomo um uísque.
A moça sorriu. Olhava para ele de uma maneira convidativa, atrevida. Seus lindos olhos azuis admiravam o finíssimo terno meia-estação que combinava muito bem com a camisa esporte de seda. Em contraste com a brancura da seda, o pescoço bronzeado de Draco sobressaía tanto, que atraía muitos olhares femininos.
- Pois não, senhor - ela disse, saindo.
Hermione baixou o olhar para seus próprios dedos que se moviam, nervosos. Ela e Draco ainda não havia trocado uma única palavra desde que tinham entrado no avião.
- Não quer uma revista? - Draco apontou uma pilha delas, fixada no elástico do encosto da poltrona à frente.
- Não, obrigada.
- Você... está nervosa?
Ela negou com um movimento de cabeça.
- Esta com medo do voo? Ou de depois do voo?... - Hermione não respondeu. Ele pegou suas mãos com carinho.
- Eu já disse, Mione, que não tenho pressa. Por favor, relaxe. Não há por que se preocupar com o "depois". Estaremos numa pequena vila junto à praia, teremos dias de descanso profundo e noites deliciosamente quietas, estreladas.
O que ele queria dizer com isso? Será que essa não era uma maneira fácil de enganá-la? Desde aquele dia fatídico em que Hermione fora buscar o cheque, não o tinha visto mais. Os advogados de Draco é que logo entraram em ação, cuidando do casamento, cancelando seus compromissos profissionais, abafando os protestos de seu empresário.
Ela própria apenas se incumbiu de esclarecer a nova situação a Henrique, e de dar assistência a Nathan, que prometeu parar difmitivamente com o jogo. Hermione já tinha ouvido várias vezes essa promessa...
Certa noite, Nathan teve um encontro com Draco, mas ela mal viu o irmão depois disso e não fazia idéia do que eles conversaram.
A aeromoça voltou com as bebidas, e ela tomou um gole do café.
- Beba - disse Draco. - Fará bem aos nervos.
- Você me trata como uma neurótica!
- Bem, de certa forma você é uma neurótica...
Ela não soube o que responder. Depois de um breve silêncio, perguntou:
- Por que foi encontrar Nat naquela noite?
- Ele não lhe disse? Eu quis esclarecer algumas coisas com ele. Dizer que chega de jogo. Fiz com que fosse banido dos clubes. A maioria dos proprietários de cassino é gente com quem mantenho relações profissionais e até de certa amizade. Pedi a eles que não permitissem mais a presença de Nathan nesses lugares. Se aparecer, eles o expulsarão. Ele não obterá mais nenhum crédito.
Hermione ficou aliviada.
- Muito obrigada. Sou muito grata a essa sua atitude. É pena que não tenha feito isso há três anos...
- Depois que o nosso casamento acabou, eu não via sentido em me meter na vida de seu irmão. com que direito podia tomar qualquer providência?
- Ele é um fraco, Draco. Para mim, o jogo é uma doença em Nathan. Ele precisa de ajuda.
- Mas existem lugares que podem ajudar uma pessoa nessas condições. Eu lhe dei um endereço. Se for até lá, será ajudado.
- E se não for?
- Olhe, Mione, você tem que deixar a vida de seu irmão de lado. Se ele quiser ser curado do vício, será. Mas, se não quiser, ninguém pode fazer nada. Numa situação como essa, a maior ajuda tem que vir dele mesmo. Não se iluda. Eu consegui fechar as principais portas para ele, mas existem... digamos, clubes de menos reputação. Ele sempre poderá jogar, embora essa gente não lhe conceda muito crédito...
- Entendo.
- Nathan chegou a lhe contar que quase perdeu o emprego desta vez? Uma parte das dez mil libras ele tinha que recolocar antes que o pessoal da firma desse por falta delas, ou ia ser despedido na certa. Se ele fez isso uma vez, pode fazer de novo. Eu acho que não estaríamos ajudando em nada se corrêssemos para ajudá-lo toda hora. Cedo ou tarde, Nathan terá que encarar a vida como ela é. Você sempre esteve do lado dele, livrando-o dos problemas que ele próprio criou. Agora tem que deixá-lo sobre os próprios pés. De outra forma, nunca vai amadurecer e ser um homem.
- Mas você tem que entender, Draco. Isso é fácil para você que é forte. Nat não é.
- Eu nunca tive uma irmã disposta a vender corpo e alma para me livrar de nada - ele disse, ironicamente.
Ela se virou para a janela. Draco segurou uma de suas mãos, erguendo-a até os lábios, beijando-lhe desde o pulso até a palma.
- Foi isso o que você fez, Hermione. Vendeu-se para mim de corpo e alma. Você não vai trair nosso acordo, vai?
- Não - ela murmurou.
- Muito bem. Então vamos dormir. Esse uísque me deu sono. - Quando ele largou sua mão, Hermione fechou os olhos tentando relaxar.
Depois da conversa sobre Nathan, sentia-se mais aliviada. Pensando no irmão, dormiu.
A vila ficava nos arredores de uma pequena cidade da costa. Rodeada de jardins muito bem cuidados, tinha um discreto portão para uma praia particular, completamente isolada de olhares estranhos. Atrás de tudo isso, via-se o pico agudo de uma montanha coberta de vegetação. Ondas quebravam na praia e as árvores tropicais dos jardins ganhavam vida com o voo incessante de centenas de pássaros coloridos.
Hermione estava sentada entre as colunas do terraço, olhando as flores do jardim e escutando a mistura de sons que vinham do mar e dos pássaros. Ela e Draco tinham chegado na noite anterior. Ela esteve incrivelmente nervosa durante o jantar, pensando no que aconteceria depois. Mas logo que acabou de comer, Draco mandou-a para a cama e não a perturbou naquela noite.
O que ele queria provar com essa atitude? Será que não pretendia fazer nada com ela? Mas, então, por que quis o casamento? Hermione pensava nisso e não encontrava uma resposta. Não queria admitir que estavam brincando de gato e rato, e que, numa noite dessas, mais cedo ou mais tarde, ele ia exigir sua companhia. Esta simples idéia dava-lhe náuseas insuportáveis.
Assustou-se quando sentiu que alguém caminhava no terraço. Virou-se e deu com Draco olhando para ela.
- Gosta do lugar? - ele perguntou, simpático.
- É muito agradável.
- Mas você não parece muito entusiasmada...
- Talvez por ainda não ter visto o bastante... Hoje nós vamos à cidade?
- Não pretendo.
- Então o que faremos o dia todo?
- Descansaremos. Aqui na casa, nos jardins, na praia... Trabalhei demais nos últimos dias, preciso mesmo de um bom descanso. E você não parece em melhores condições do que eu, magra desse jeito. Também precisa relaxar, deixar o tempo correr. Não temos necessidade de fazer nada em especial. Vamos aproveitar o sol e nadar um pouco.
- Eu não vim muito preparada para nadar. Não trouxe roupa de banho...
- Tudo o que precisa é de um biquini. Não me diga que não trouxe um. - Seus olhos percorreram, mais uma vez, o corpo de Hermione de alto a baixo. - Eu gosto desse vestido, mas tem pano demais aí. Vá colocar um biquini.
Hermione se ressentiu com o tom autoritário de Draco e apertou com força o copo que tinha nas mãos.
- Ainda não acabei de tomar meu drinque.
- Então acabe e vá se vestir imediatamente - ele continuou no mesmo tom autoritário, enquanto lhe lançava um olhar furioso. Hermione percebeu e desistiu de discutir.
- Não tem problema, eu acabo mais tarde. - Ela colocou o copo sobre a mesa e se levantou.
- Qual é o problema, Mione, já quer fugir? - Ela se voltou, furiosa:
- Você me mandou colocar um biquini e é isso que vou fazer.
- Ah, então está aprendendo depressa! - Ele deu um sorriso triunfante.
Hermione não respondeu e entrou na casa. Seu quarto era grande, um pouco sombrio, com a janela dando para as montanhas, do lado oposto à praia. Junto às persianas altas haviam crescido imensas árvores, que davam um ar muito aconchegante. À tarde as janelas tinham que ser fechadas com cuidado, para que os mosquitos não pudessem entrar. Fazia muito calor nas Bahamas, e a temperatura elevada atraía os insetos, que precisavam ser combatidos.
Hermione achou o biquini, hesitando um momento antes de vesti-lo. Por fim, tirou a roupa e o colocou. Foi se olhar no espelho. James, seu ex-empresário, sempre insistia em lhe pagar para que fosse a salões de beleza fazer sauna e bronzeamento artificial. Por isso, tinha a pele constantemente bronzeada, num tom dourado que era realçado agora pelo biquini branco. Ela ficava realmente bonita assim. Mas não se sentia com coragem para caminhar até o terraço sob os olhos de Draco. Parecia que estava sem roupa!
Mas por que o olhar dele tinha o poder de fazê-la tremer? Por que ela podia perfeitamente aparecer assim diante de Henrique ou James, sem nenhum embaraço? Por que a simples idéia de se encontrar com Draco já a fazia ficar apavorada?
Procurou seu robe também branco, de toalha, e o vestiu. Era um modelo curto, que deixava as coxas descobertas. Não era muito discreto. Mesmo assim, sentia-se mais à vontade para encontrar Draco.
Quando desceu ao terraço não o encontrou, mas logo ele estava de volta. Vestia um short preto, óculos escuros, trazia uma toalha no braço e um vidro de loção na mão.
- Então, vamos à praia? - Hermione procurava mostrar desembaraço e olhou para o jardim, evitando encarar aquele corpo musculoso. Sentia o coração bater descompassado.
- Vamos - ele concordou. E desceram pelo jardim.
Logo estavam cercados de flores, das cores mais diferentes: vermelhas, amarelas, alaranjadas. As folhas e pétalas muito vivas ficavam languidamente expostas à brilhante luz do sol. Os raios batiam na água, formando pequenos arco-íris, e as gotas pareciam pedaços de cristal caindo sobre as plantas. As flores eram exóticas, encantando os olhos pela variedade e beleza. Os hibiscos, como trombetas escarlates, apareciam ao lado das acássias amarelas. Seus miolos abrigavam ainda gotas de orvalho da noite, que se conservavam até àquela hora porque o calor ainda não estava forte. Pareciam gotas de vinho precioso, brotando da natureza.
Eles entraram pelo pequeno portão que dava na areia. Draco logo estendeu a toalha e falou:
- Podemos dividir a toalha, a menos que você prefira ficar isolada...
- Para mim, assim está bem - ela conseguiu dizer, sem graça, e ele logo se deitou sobre a toalha, com as mãos debaixo da cabeça. Hermione calmamente sentou-se no canto, o mais longe possível.
- Tire esse robe - ele ordenou.
Ela mal podia coordenar os dedos para desamarrar o cinto. Já sem o robe, olhou para Draco para saber se estava sendo observada ou não. As lentes escuras que ele usava a impediam de localizar seus olhos. Deitado naquela posição, tanto podia estar olhando para ela quanto para o céu...
Hermione também se deitou.
Mas bastou ele mover uma das mãos para que se levantasse de um salto. Ele estendeu-lhe o vidro de loção.
- Você poderia passar nas minhas costas? - pediu, virando-se de bruços.
Hermione relutava. Draco parecia dormir, com a cabeça sobre os braços cruzados e o rosto virado para a areia. Os músculos firmes e fortes estavam relaxados.
Ela abriu o vidro e umedeceu a palma da mão. Chegou mais perto dele, de joelhos, e sentou-se nos próprios calcanhares, nervosa por ter que tocá-lo.
- Ande com isso - ele disse, sem se virar.
Ela começou a espalhar a loção. Estava corada e certa de que ele percebia todo seu embaraço. Mas o contato com aquela pele macia era muito agradável. Sua mão trabalhava em círculos, espalhando o líquido. Mantinha os olhos fixos no corpo de Draco, descobrindo os pequenos pêlos claros que recobriam toda a sua pele.
Subitamente, sentiu um músculo mover-se sob a palma de sua mão e aquela resposta involuntária a fez hesitar.
Ela nem percebia o ritmo acelerado de sua respiração. Draco se virou.
Deitou-se de frente para ela. Sua expressão não podia ser vista debaixo dos óculos.
- Passe agora na frente, por favor - pediu e continuou imóvel, esperando.
Depois de novo momento de hesitação, ela voltou a molhar a mão e começou a massagear-lhe o peito. Ele respirava de maneira regular, como se dormisse.
A maneira submissa como aquele corpo másculo se colocava à sua disposição, começou a despertar os desejos adormecidos em Hermione. Seus olhos observavam sem descanso cada detalhe da pele daquele homem. Sentia uma sensualidade forte no ar. Era delicioso escorregar a mão naquele peito, esmagar seus pêlos contra a pele e vê-los voltar à posição natural.
De repente, sob aquelas lentes de espelho, enxergou uns olhos que piscavam, nervosos. Sentou-se, fechou o vidro e deitou-se, voltando à antiga posição sobre a toalha.
O sol derramava uma luz de ouro sobre os dois corpos. Gaivotas voavam na praia, mergulhando rapidamente nas ondas e voltando às alturas. Hermione ficou calma, diante da beleza e da paz da natureza.
Quando sentiu que Draco se mexia, virou-se rapidamente. Estava apreensiva. Ele acabava de pegar o bronzeador. Sem conseguir dizer uma palavra, Hermione viu-o abriro vidro, umedecer a mão. Rapidamente se sentou.
- Não há necessidade, eu...
Igualmente sem dizer palavra, ele a fez deitar de novo e ajoelhou-se a seu lado. Ela não se atreveu a protestar quando ele começou a passar a loção em sua barriga.
Ficou deitada, imóvel, incapaz de relaxar. Escutava seu próprio coração batendo acelerado e tinha certeza que ele também ouvia. Sentia-se como um animal preso numa armadilha.
Calmamente, os longos dedos começaram a acariciar-lhe os ombros, delineando os músculos, subindo até o pescoço, com um toque macio e carinhoso. Mas, quando esses dedos desceram rapidamente sobre os seus seios, ela tentou levantar.
- Não!
Mais uma vez, as mãos fortes a fizeram deitar. Estava aterrorizada.
Tentou levantar mas ele a impedia com uma das mãos e, com a outra, acabou por tirar-lhe a parte superior do biquini. Hermione fechou os olhos.
- Não, por favor - murmurava, balançando a cabeça de um lado para outro.
Ele se ajoelhou sobre ela, pressionando com os joelhos os lados do corpo de Hermione. Agora, com as mão livres, acariciava-lhe os seios.
De repente, ela perdeu a noção do que estava acontecendo. Quando deu por si, sentia a temperatura fria e gostosa do bronzeador escorrendo pelos bicos dos seus seios.
Um longo gemido sensual brotou de sua garganta...
Ele não parou as carícias e, com as mãos em concha, cobriu-lhe os seios. Hermione continuava de olhos fechados. Draco apertava as pontas de seus seios com os dedos.
Um novo gemido de prazer escapou...
Ruborizada, trémula, ela abriu os olhos.
- Por favor... eu... vamos nadar agora?
Ele se levantou, olhando para ela com uma expressão ironica. Ela pegou a parte de cima do biquini e o vestiu. Após um minuto de silêncio, Draco gritou, começando a correr:
- Vamos ver quem chega primeiro na água?
Ela o acompanhou. Enquanto ele nadava a grandes braçadas, Hermione boiava na superfície agitada do mar, apreciando o azul incrível do céu. De repente, sentiu que algo a puxava com força para baixo. Meio sorrindo, meio gritando, afundou nos braços que já conhecia. Quando voltou à superfície no colo de Draco, seus cabelos molhados colavam-se ao rosto dele. Tinham as bocas muito próximas... Sorriam um para o outro como amigos verdadeiros.
- Você era um alvo irresistível, boiando na água... E se eu fosse um tubarão, já imaginou? Ia levá-la para o fundo e comer pedacinho por pedacinho...
- Eu imaginei que fosse - ela respondeu. - Um moderno e exclusivo tubarão. Sabia que você me lembrava alguma coisa!
Ele colou seu rosto ao dela. Quando se afastou, suas bocas se tocaram levemente. Ao redor deles, a natureza se espantava com a explosão de uma onda na areia. Com os olhos fechados, ela oferecia os lábios entreabertos. Foi um beijo profundo e delicioso.
Quando deu por si, Hermione estava novamente boiando. Saiu da água.
Draco mergulhava nas ondas que se levantavam mais adiante. Ele a seguiu, embrulhando-se na toalha.
- Vamos almoçar - ele disse.
Ela estava desorientada. Será que toda aquela cena tinha sido um sonho? Pela primeira vez na vida, Hermione se entregava a uma fantasia erótica tão clara... Será que só agora se iniciava no excitante jogo do amor?
Melissa e John eram os empregados da vila. Viviam com os dois filhos, Daniel e Danika, num pequeno apartamento sobre a garagem. As crianças, de pele negra bem escura, eram lindas: os olhos grandes e vivos como jaboticabas maduras e um sorriso largo permanente.
John cuidava do jardim e de outros serviços da casa, enquanto Melissa se encarregava da cozinha e da lavanderia. Quando não havia hóspedes, podiam fazer o serviço no ritmo que desejassem, desde que o local se mantivesse sempre pronto para ser ocupado.
Melissa servia as refeições com prazer, cantarolando quando ia e voltava da cozinha com os pratos. Era uma pessoa discreta. Se estava curiosa por que o casal não dormia no mesmo quarto, não dava sinal disso.
Hermione ficou surpresa por estar morta de fome. As horas de exposição ao sol, seguidas do banho de mar, abriram-lhe o apetite. Devorou o melão, o bife e a salada com prazer, provocando um sorriso de satisfação em Melissa..
Depois do almoço, Draco sugeriu que fizessem a sesta. Na vila, evitavam sair no início da tarde, quando o calor se tornava muito forte.
Hermione colocou um leve vestido de alças amarelo. Deitou-se e se entregou facilmente ao sono. O silêncio do jardim fazia com que relaxasse completamente.
O ruído de alguém entrando no quarto a despertou. Draco estava em pé ao lado da cama, olhando-a calmamente. Também havia trocado de roupa: vestia calça leve e uma camisa creme.
- O que você quer? - ela perguntou, alarmada.
- Você falou em ir à cidade e, como preciso fazer algumas compras, achei que poderíamos ir juntos...
Ela colocou as pernas para fora da cama.
- Oh, obrigada! É verdade, eu gostaria de ir. - Começou a procurar as sandálias e, num minuto, ele estava de joelhos, calçando-a.
- Você tem umas pernas lindas! - disse, num tom neutro. Seus dedos começaram a acariciar-lhe os tornozelos. - Vamos ficar bem bronzeados aqui. Como consegue manter essa cor, vivendo em Londres?
- Bronzeamento artificial.
Era impossível continuar conversando descontraidamente enquanto ele a acariciava de uma forma tão sensual! Ambos se levantaram juntos.
- Você tem que se acostumar à minha presença em seu quarto. - Ele mantinha o tom descontraído. - Afinal, estarei por perto todo o tempo. Não precisa saltar como um coelho assustado toda vez que eu me aproximar. Não tenho nenhuma intenção de forçá-la a nada.
- Eu... eu nunca imaginei...
- Imaginou sim. Você fica todo o tempo esperando por isso, desde que chegamos. Pensei que tivesse deixado claro... Não tenho qualquer pressa de consumar nosso casamento. Relaxe. Não suporto a idéia de conviver com alguém sempre atemorizado à minha volta. Nunca me senti atraído por relações de sacrifício...
- Mas... nosso contrato...
- Eu não disse que nunca pretendo dormir com você. Só que vai chegar o momento certo, sem atropelos.
Hermione sentia-se ferida por tanta tranquilidade. Embora ficasse apavorada ao imaginar o momento em que ele, afinal, fosse exigir o cumprimento do acordo, não aceitava que tratasse o assunto de maneira tão... irreverente. O que tinha acontecido com aquela antiga sede e urgência com que ele a torturava? Será possível que havia acabado?
Resolveu desafiá-lo.
- Você cumpriu sua parte do acordo. Não pretendo desapontá-lo, Draco. Reconheço seu direito de exigir o que pagou quando bem entender.
Ele não disfarçou a fúria que essas palavras lhe causaram.
- Você pensa que não sei disso? Mas tenho boa memória, e não quero forçar uma mulher apavorada a aceitar o meu amor.
Ela devia ter deixado as coisas como estavam. Mas, ao contrário, estava irritada com a maneira tão fria e racional de Draco.
- Talvez agora seja diferente, as coisas podem ter mudado... - falou provocativamente. Seus olhos convidavam...
Num segundo, viu desaparecer toda a frieza da expressão de Draco. Ele a puxou pelos quadris. Quando ela sentiu a excitação sexual daquele homem, reconheceu que era isso o que queria, desde os momentos na praia. Seu coração disparava. Tinham os corpos colados. Draco olhava-a, incrédulo. Como ele não fizesse um movimento, ela ficou na ponta dos pés para que seus lábios encontrassem os dele. Beijou-o muitas vezes enquanto gemia de prazer... Só então ele pôde acreditar no que vivia.
Começou a passar as mãos lentamente nas costas de sua mulher, pressionando o corpo dela de encontro ao seu. Ela se entregava inteira ao prazer, num abandono completo que até então não conhecia. Não queria parar. Queria que ele a beijasse, a tocasse... Tinha que ceder à sede crescente de amor que começou a dominá-la desde o momento em que leu a notícia do desastre do avião.
Não tinha sido naquele momento que percebeu que seu amor era maior do que o medo de atender às exigências sexuais daquele homem? Agora ela compreendia que toda a angústia pela suposta morte de Draco nada mais era do que o desespero de nunca mais poder lhe mostrar o quanto o amava.
Interrompeu seus pensamentos, quando ele a deitou na cama, cheio de desejo. Suas bocas se confundiram num longo beijo. As mãos de Draco não paravam de acariciar-lhe os seios, descendo por baixo do vestido...
De repente, Hermione entrou em pânico. Ele percebeu:
- Não se assuste, querida, não vou machucá-la...
- Deixe-me, por favor! Solte-me!
Ele a impedia de escapar, deixando sobre ela o peso do corpo. Hermione lutava para se soltar. Seu velho medo voltava, redobrado por aquela situação aterrorizadora.
- Você não pode fazer isso comigo. Você me excitou de propósito, maldita.
- Desculpe, pelo amor de Deus!
- Desculpar?
Ela começou a chorar, sem conseguir explicar e até mesmo entender aquela violenta luta entre o desejo e o medo, que se travava em sua mente. Ele perdeu a paciência e acabou esbofeteando-a com força e ódio.
Meio tonta, Hermione sentiu que ele agora assumia maneiras brutas, usando sua superioridade física para mante-la quieta. com um rápido movimento, ele levantou a frente de seu vestido. Ela tentou gritar, sufocada pela selvageria de um beijo cruel, violento.
De repente, ele parou, escondendo o rosto contra o colchão, gemendo.
- Oh, meu Deus, Mione, o que estou fazendo ? Por que, por Deus, você me forçou a perder a cabeça?
Com os olhos molhados, pálida, Hermione procurou o olhar que a acusava.
- Você me levou a isso, admita. Você provocou essa situação... - Draco estava apavorado diante de suas próprias ações.
- Eu reconheço... Desculpe. - Ela estava envergonhada. Chorava compulsivamente. Draco sentou-se, abraçando-a. Acariciava-lhe os cabelos.
- Tudo bem, está tudo bem - ele disse, com gentileza. - Não chore. Deus sabe o que levou você a agir dessa maneira. Não foi nada grave, esqueça.
- Perdoe-me, Draco. Gostaria de poder explicar...
- Hermione, eu sei. - Ele procurava o tom mais doce possível. - Eu sei tudo sobre o seu padrasto.
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