Viúvas-Negras





O ano letivo mal começara e ela já se arrependeu de ter escolhido tantas matérias novas, a maioria só escolhia duas a mais, mas ela escolheu três... Estudo dos Trouxas, Aritmancia e Runas Antigas.
Bom, Stockard e Morgan tiveram uma conversa com a menina durante as férias, explicando quais eram as mais interessantes e o quanto Adivinhação seria inútil, mesmo elas tendo sangue cigano – bem antigo, mas ainda assim o tinham – Estudo dos Trouxas a ajudaria a entender melhor, e respeitar os outros, se bem que a própria Samantha estava tendo um “intensivão” com as amigas, já que Holly era totalmente trouxa e Ayasha era mestiça. Aritmancia poderia se mostrar a melhor e pior matéria, “mas bastante útil, pois se for boa nisso arrumaria emprego em qualquer lugar do mundo“ Morgan comentou animada. “E por que ela vai precisar trabalhar se nós temos dinheiro... E ela também herdou uma fortuna do pai. E assim que aquela cobra peçonhenta da Elladora fizer o favor de morrer vai herdar mais!” Fazia séculos que ela não ouvia falar da avó paterna, nem se lembrava que ainda era viva, mas teve que esquecer isso por um momento, pois antes que as tias começassem uma briga sobre feminismo ela achou melhor perguntar se Runas Antigas era bom.

- Até mais gente, eu vou para Runas. – disse na saída da aula de Defesa Contra as Artes das Trevas, Gui foi o único que não respondeu, apesar de já fazer um mês que as aulas começaram ele ainda a tratava com indiferença. Isso porque ele não descobriu que a aula do quinto ano de Runas Antigas, com todas as casas juntas já que eram poucos que escolhiam essa matéria, era a anterior ao do pessoal do terceiro ano. E ela e Chad sempre se encontravam na saída. No começo ele apenas a cumprimentava, mas depois passou a dizer: Oi, Samantha. E chegou a um ponto que ele sempre ficava pelo menos uns cinco minutos dos dez que tinham para irem de uma sala a outra conversando com ela.

Dessa vez não foi diferente.

-Oi – Samantha disse timidamente.

- Oi – disse enquanto seus amigos seguiam sem ele – Samantha você está sabendo de Hogsmeade nesse fim-de-semana?

-Ah, claro! Quem não está?! Apesar de que eu já conheço o vilarejo... Minhas tias, às vezes preferem ir lá, a ir na Trapo Belo do Beco. Por quê?

- Podíamos ir juntos? – disse olhando nos olhos dela, estavam bem próximos, a maioria dos terceiro-anistas já tinham entrado na sala, o que ela agradeceu intimamente. Samantha estava encostada na parede, e ficou bastante apreensiva quando ele, de frente para ela, ficou com um dos braços “segurando a parede”. Sentiu-se indefesa...

- Er... Adoraria, Chad. Mas....ãhn...não posso. – disse com sinceridade – Eu e meus amigos estávamos ontem justamente combinando isso na aula de História da Magia.

- Ótimo momento para uma boa reunião ou para colocar o sono em dia. – Isso a fez sorrir, e ele ficou pelo menos um minuto olhando para o rosto dela, aquilo já estava incomodando. – Hur... Tudo bem. É natural que desejem ir juntos. Mas promete que pelo menos vamos juntos a algum?

- Claro. – e antes que ele tentasse uma despedida mais ousada, como da outra vez que tentara beijar seu rosto, ela deu a volta por ele – Boa aula, Chad.

- - Boa aula, Samantha. – mas ela já tinha entrado na sala.





- Hogsmeade! – Sigfreud falou animado, o grupo saiu da Zonko’s com várias sacolas. Já tinham ido à Dedos de Mel, e visitado de longe a Casa dos Gritos. Agora se dirigiam para o Três Vassouras que estava bastante cheio, ainda não nevara e isso significa que estava absurdamente frio, todos queriam cerveja amanteigada para se esquentar.

- Samantha? Passa essa jarra aí, por favor? – estava tudo tão animado que até Guilherme falou com ela.

- Sam, vem cá! – Ayasha pediu para ela se aproximar – Termina de contar o que o babaca do meu irmão falou!

- Fala baixo! Não quero brigar com o Guilherme, não agora que eu acho que ele vai voltar a falar comigo, é ridículo ficar lá na aula de Aritmancia sentada do lado dele e ele sem dizer uma única palavra. – Ayasha balançou a cabeça, movimento que Samantha não conseguiu entender o que queria dizer e completou – hoje à noite eu te conto.

- E aí, Guilherme o nosso futuro apanhador está muito nervoso? – Gus perguntou.

- Você só diz isso porque a Samara não está aqui. Senão ela te dava uns pontapés... – Sigfreud emendou e quase todos riram, menos Samantha.

- É, ela não está aqui para se defender, Sig, por favor deixa ela fora disso! – respondeu o mais natural que pode, não sabia porque o sangue sempre esquentava na sua circulação quando falavam ou mexiam com sua irmã e isso muitas vezes acontecia quando era com os Weasley – E aí Gui, como o Carlinhos, está?

- Nervoso. Ele estava com cara de quem ia vomitar ontem. Mas ele vai se dar bem se conseguir manter o estômago no lugar certo. Você sabe que ele voa muito bem, Sam. – fazia tanto tempo que ele não a chamava pelo apelido, que ela nem gostava tanto assim, mas ficou encantada com aquilo, foi como se eles estivessem feito as pazes.




No dia seguinte, um domingo, todos foram ao campo de Quadribol, ver a seleção do apanhador da Grifinória, tinha muita gente por lá. Todos tinham seus prediletos... Mas a seleção verdadeira só ia acontecer depois quando todos saíssem. É que apanhador é a vaga mais disputada, e muita gente se escrevia. E para ganhar tempo, em vez de testar um por um, o capitão, Aidan Callahan irmão do ex-apanhador, teve a idéia de fazer um joguinho, com bolinhas e cestas, no que foi ajudado pela professora McGonagall. Bolinhas de vários tamanhos e estilos ficavam voando pelo campo e cada jogador tinha que pegar quantas pudesse. Na verdade só ia contar as bolas menores – as amarelinhas – e outras mais escorregadias – brancas e verdes.

Isso foi uma idéia genial já que eliminava logo os que não levava jeito para voar e os que estavam lá por gaiatice, pois cansava muito.

No final, Carlinhos, um garoto do sexto ano e outro do quarto ficaram esperando todos se retiraram do campo, para a parte final da seleção. Todos os amigos de Carlos olharam para ele tentando passar confiança e saíram do campo enxotados por McGonagall.

Ficaram na porta do campo esperando, Samara andava de um lado para o outro. Pediu para que ninguém falasse com ela. Gui e o resto estavam sentados esperando.

- Estou com fome! – Samantha disse do nada, como se estivesse informando algo importante.

- Como você consegue pensar em comida numa hora dessas? – Samara perguntou revoltada.

- Seu estômago é oco, isso sim, Sam. E tem um canal com o meu. Você come e eu engordo. – Ayasha falou revoltada. Samantha se arrependera do comentário, o assunto comida e peso era algo que realmente incomodava Ayasha. Mas para a sua sorte. A seleção terminou e Carlos saiu do campo com a vassoura nos ombros. Parecia a pessoa mais feliz da face da Terra. Era como se, a partir daquele momento, ele fosse capaz de fazer qualquer coisa, já que agora era o apanhador da Grifinória.

-Parabéns, cara! Mesmo sendo o mais novo, você foi quem pegou o pomo mais rápido. – Sigfreud cumprimentou o amigo.

- É parabéns, Carlinhos, próximo ano terá vaga para artilheiro quem sabe eu e você não jogaremos juntos. – Troy também o cumprimentou, comemoraram na torre da Grifinória até tarde, pois todos queriam cumprimentar e conhecer o novo apanhador, o único que não o cumprimentou foi Gustavo.




Não haveria mais idas a Hogsmeade naquele ano, só depois do Natal, pois quando o inverno foi se aproximando não parou de chover. Os times tinham que treinar na chuva, pois não podiam esperar o tempo melhorar, pois corriam o risco de não treinarem nunca.

Aquele seria o ano da volta dos Bailes de Hogwarts. Foram cancelados depois que a guerra começou. E mesmo com o ataque aos Longbottons ser tão recente os professores e o diretor decidiram ir até o fim, fazia um pouco mais de uma década que Hogwarts não fazia bailes, até os de formatura foram cancelados, só acontecia a cerimônia de graduação, apenas isso.

- Animadas para o baile, meninas? – Rosemund entrou no dormitório. Ela e Sarah estavam no banheiro enquanto as outras, de pijamas, estavam todas sentadas ou deitadas na cama de Samantha. Esta transcrevia algo de um livro grosso para o seu caderno chinês, enquanto Holly era ajudada por Ayasha a enrolar os cachinhos.

- Só podemos ir se formos convidadas, esqueceu? Desculpe. – Ayasha respondeu com azedume, mas acabou puxando o cabelo da amiga sem querer. Samantha notou que as duas amigas estavam tratando as outras companheiras de quarto de modo diferente há algum tempo, o que achou estranhíssimo, pois Ayasha tentava tratar a todos da maneira mais educada possível, mesmo sendo chatas como Rosemund e Sarah.

- Claro, que sei. – disse organizando a cama para se deitar – Mas provavelmente eu serei convidada e vocês também serão. – Disse com os olhos cintilando para Samantha, essa, no entanto, continuava a transcrever os detalhes sobre dementadores que encontrou num livro do século XIX para o seu caderninho, mas mesmo assim continuava a prestar atenção na conversa.

- Ah, sim. Claro que vamos. – Holly completou, olhando para Ayasha e as três caíram na gargalhada. Ayasha tinha o rosto muito bonito, mas era gordinha e uma das mais alta da sala, o que eliminava algumas chances de ser convidada. E Holly não era feia, tinha um rosto comum, olhos castanhos escuros, cabelos também castanhos e encaracolados, e só. E Samantha achava, honestamente, que era pálida demais, magra demais, os cabelos lisos e pretos demais e para completar o quadro de estranheza, achava que seus olhos violetas não colaboravam muito, não. Só a deixavam com um olhar esquisito, parecia alguém de outro mundo. E se estivesse fazendo um dia com o Sol forte e o céu bem azul, aí sim que ela não se achava recomendável para menores de sete anos, pois poderiam ter pesadelos com brilho dos olhos violetas que completava o quadro de espírito agourento que Ayasha sempre pintava dela.

Como as três não deram atenção para a provocação da quase ruiva, como Samantha a chamava, ela foi dormir. Depois de um tempo todas estavam dormindo.




- Hey, para onde você vai com tanta pressa? – Chad chamou Samantha na porta da biblioteca.

- Aula de Aritmancia. Tenho que correr, senão eu me atraso.

- Ótimo, fica no caminho da Torre de Astronomia, tenho que entregar um trabalho para a Professora ainda hoje. Posso te acompanhar?

- Claro... – disse mais antes de começar a andar, lembrou-se de que Guilherme assistia a essa aula com ela, e ele estaria esperando por ela. Havia uma chance de noventa por cento dele a ver com Chad, e sem saber porque, ela havia classificado isso como algo que não poderia acontecer – ...que não.

- Como? – perguntou surpreso.

- Que sim. Claro que você pode me acompanhar. – emendou desesperada tentando achar uma desculpa – mas você não vai se atrasar para a próxima aula?

- Ah, não! Falei com o Professor Flitwick que eu me atrasaria um pouco, ele disse tudo bem.

- Gostaria que a Minerva acobertasse a gente como o Prof. Flitwick e a Parker da Sonserina. – disse esperançosa, quando ele pegou o material dela para carregar.

- Hey! O Flitiwick acoberta qualquer um! – Samantha sorriu concordando com ele. Chegaram nas escadas que dão para a torre, e ao lado dessa fica a porta da sala de Aritmancia, Samantha agradeceu a todas as suas antepassadas por Guilherme já ter entrado. – E aí, animada para o baile?

- Eu só posso ir se for convidada por alguém mais velho.

- Então quer dizer que dessa vez eu não cheguei tarde demais? – os olhos deles estavam brilhando.

Hum?! ... Ah, você está me convidando para ir ao baile? – falou quando finalmente entendeu

- Parece que sim. Aceita?

Olhou para ele indecisa. Realmente, não estava nem aí, para baile algum, mas a partir do momento em que ele a convidou parecia que era a única coisa a se fazer. Mas, aí se lembrou de Guilherme.


Decididamente, ele não deixaria essa passar sem um escândalo. Mas desta vez ele teria do que condená-la porque Samantha simplesmente disse sim.



- Ele te convidou? Sério?! – Holly perguntou excitada.

- E você aceitou? – Ayasha completou decepcionada – Ele é um babaca.

- Eu não acho! – retrucou mal-humorada.

- Acredite, ele é! – Ayasha insistiu – Até o Gui acha.

- Guilherme vai achar qualquer um que se aproximar de mim babaca... – mas ao dizer isso levou a mão até a boca, como se tivesse deixado soltar algo proibido.

-Ah, então você admite que ele gosta de você! Só falta você admitir o contrário. – Ayasha completou enquanto lava as mãos. Estavam no banheiro feminino.

- Não vou admitir algo que não é verdade – Samantha se dirigiu ao boxe do qual a amiga tinha saído.

- Não vai nesse, não! – Ayasha meio que se jogou na frente de Samantha, impedindo a passagem desta.

- Por que não?

- Está sujo.

- Ai, porquinha. – Samantha fez cara de nojo.

- Não, não fui eu. Na verdade está quebrado. – Mas foi tarde demais Samantha aproveitou um desleixo da amiga e entrou no boxe.

Saiu de lá minutos depois.

- Há quanto tempo está aí? – Nenhuma das amigas respondeu. – Há quanto tempo vocês sabem?

- Umas duas semanas. – Holly respondeu triste, se assustou quando as portas dos boxes começaram a bater violentamente fazendo um barulho ensurdecedor.

- Por que não disseram para algum professore tirar, acharam engraçado foi? – disse com raiva, as portas estavam batendo com mais força.

- Claro que não, Sam. Se disséssemos você ia ficar sabendo, não sabíamos o que fazer, mas você raramente vem aqui. – Ayasha explicou triste.

Samantha se acalmou ao notar que havia sinceridade nas duas.

- Holly, vai chamar a McGonagall, por favor? Ela está na sala dos professores – a menina não precisou nem repetir.

- Você está bem? – Ayasha perguntou preocupada olhando para a amiga, que olhava tristemente para uma das portas dos boxes que tinha se quebrado. – Então é verdade o que dizem?

Samantha olhou para ela indignada, esperaria aquilo de qualquer pessoa no mundo, menos Ayasha.

- Que nós temos um pacto com demônios? Que matamos nossos maridos para ficar com suas fortunas? Que os enfeitiçamos do modo que aquilo está dizendo?

- Não, Samantha. Eu jamais pensei isso. É verdade que existe bruxos com poderes especiais? Era você quem tava fazendo isso com as portas, não era? Foi a Samara quem começou o fogo no salão comunal semana passada, não foi?

- Ela ainda não sabe controlar muito bem. Fica mais difícil no caso dela, já que morre de medo de se queimar.

Minerva McGonagall entrou no banheiro acompanhada da Profa. Warren. Olharam para a porta em questão e ficaram indignados com o que tinha atrás dela. Várias fotos mágicas de Viúvas-Negras matando os machos depois da copula. E dizeres do tipo: Aceitar trouxas, tudo bem. Mas aceitar Warren? Assassinas... Adoradoras do demo...

-Senhorita Murray, senhorita Dorough? Por favor voltem para a Grifinória, sim? Depois a senhorita Warren irá se juntar a vocês – a professora Warren pediu gentilmente, olhando para Samantha. Sabia exatamente como a menina se sentia. Quantas vezes ela e as irmãs não passaram por isso? Ali mesmo naquele banheiro ela presenciou uma briga de Sally com uma garota mais velha da Sonserina, já que esta foi chatear Morgan...

- A gente se vê! – Ayasha disse ao passar pela porta.

- Samantha, você se lembra sobre o que conversamos antes de você vir para Hogwarts? – Morgan falou olhando para a menina de forma carinhosa. Puxou a menina até o balcão do banheiro, e com um movimento da varinha colocou a menina sentada nele.

- Qual parte? A que eu tinha que chamar vocês de professoras? Ou a parte que eu teria que agüentar tudo bravamente e nem poder fazer nada com as filhas de uma ... – ela respirou fundo quando viu os rostos de repreensão das duas tias – Não é justo! – disse como um último desabafo.

- Meu amor, eu sei que não é fácil! – disse abraçando-a maternalmente – Mas olha, é complicado mudar o pensamento fixo das pessoas. Desde que vim trabalhar aqui, para auxiliar Dumbledore durante a guerra, ele sempre recebe reclamações. E acusações de que eu só trabalho aqui porque sou filha dele.

- Ele é o grande culpado disse tudo! – disse levantando o rosto – Ele, praticamente, nunca assumiu nem a vocês, tampouco a mim e a Samara!

- Samantha – a menina quase tomou um susto quando Minerva McGonagall se pronunciou, tinha esquecido que ela estava ali – Dumbledore não é perfeito. Ninguém é. Ele e Andrew não eram exatamente um exemplo de pai e filho. Mas sei que Dumbledore o amava muito. Acho que chegou a ficar num estado tão deplorável quanto o meu, quando Andrew morreu. E quando sua mãe... – a menina olhou fixamente para a tia, ansiosa pelo o que escutaria – quando sua mãe ficou no estado em que está, ele ficou tão arrasado. Minha querida, eu não acredito que se todos souberem do parentesco de vocês isso irá ajudar muito. Acho que irá piorar as coisas, não é mesmo Morgan?

A bruxa não sabia o que responder. Era um assunto que realmente a incomodava. Remexia nas piores lembranças que tinha. A mãe morta. O abandono do pai. A vida de reclusão com as irmãs e as tias. A vida em Hogwarts...

- Bruxinha, veja bem. É impossível agradar a todos. Mas o que importa é que as verdadeiras amizades, aquelas que realmente valem a pena, você já as tem. Ayasha, Holly, Guilherme... Sua irmã... Isso é o que importa. Está bem? Hum?

Samantha balançou a cabeça tristemente.

- Perfeito! – Morgan exclamou animada como se estivesse num animado chá das cinco – Tenho outro assunto para tratar com você! – acrescentou uma piscadela para Minerva.

- Se for sobre o baile...

- Ah, danadinha... Chad é um rapaz muito bonito e gentil... – falou piscando para ela.

- Como a senhora sabe? – perguntou com medo que todos na escola soubessem... “Será que Gui já sabe?”

- Ele é tão educado, mas tão educado que veio me pedir permissão para levá-la ao baile – ela quase deu pulinhos ao acrescentar isso – Você trouxe seu vestido? Quer que eu te ajude para se arrumar?

- Está tudo bem, tia... Professora. Ainda falta até o Natal...

- Eu sei... Mas se quiser a gente pode pedir para Stockard mandar outro vestido...

- O que eu tenho aqui está perfeito... Não preciso de mais nada, trouxe a minha maquiagem também... Voltando ao assunto... Desculpem-me por isso. – disse olhando para a porta quebrada e para mais duas que ficaram empenadas.

- Ah... tudo bem. Nós consertamos isso... – acrescentou McGonagall fazendo alguns consertos.

Samantha pulou para o chão, mas antes de alcançar a porta lembrou-se de algo.

- Pensei que eu e Samara teríamos aulas extras para aprender a nos controlar e a desenvolver os nossos poderes...

- Bom, vocês terão, querida. Mas complicou um pouco, pois achamos que terá outra pessoa, do seu ano, que irá precisar dessas aulas. Mas antes de começarmos precisamos entrar em contato com os pais dela. Bom, eu e Stockard somos as suas tutoras legais, já que sua mãe está incapacitada, e claro que autorizamos as aulas. No entanto, esses senhores se escondem muito do mundo bruxo, por terem sido muito perseguidos, nem sei como permitiram que a pessoa em questão viesse para Hogwarts. Assim que soubermos de algo concreto eu digo para vocês!






- Nossa!! Você está linda! – Samara estava deitada na cama da irmã, vendo-a terminar de se arrumar para o baile. – Onde vocês vão se encontrar?

- Na escada – respondeu. O cabelo já estava pronto. Bom, era tão liso que não havia muita coisa a se fazer. Morgan deu um pulinho na Torre da Grifinória e fez um elegante coque. E cortou uma franja cumprida da qual alguns fios soltos emolduraram o rosto da sobrinha. A maquiagem foi a própria Samantha quem fez. Afinal de contas ser sobrinha de Stockard Warren tinha que servir para alguma coisa. Ela não conseguia lembrar de ter visto a tia algum dia sem maquiagem. Morgan também colocou um feitiço nas sandálias, pois eram altas – o que seria útil já que seu acompanhante era muito mais alto que ela- e só assim Samantha agüentaria o baile todo. O vestido era de seda pérola e justo ao corpo na parte de cima, e a saia era bege também, mas o tecido era mais esvoaçante que a seda.

- Acho que já está na hora de descer. – disse levantando-se e encarando as duas amigas e a irmã.

- Não, Samantha! Você tem que fazer eles esperarem um pouco! – Rosemund entrou no quarto, já estava vestida e penteada, mas parecia faltar a maquiagem.

- Preciso?! – perguntou sem entender o que a “quase-ruiva” disse.

- Claro, eles têm que ficar ansiosos! – disse como se tivesse explicando um fundamento básico para se resolver qualquer problema de Aritmancia.

- É, Sam. E quem sabe você desiste dessa loucura de ir ao baile com o babaca do meu irmão! – Ayasha disse rindo para a garota – vamos meninas! – disse chamando Samara e Holly.

- O que vocês vão fazer durante o baile?! – Samantha perguntou curiosíssima enquanto as três meninas se encaminhavam para a sala comunal.

- Não é da sua conta! HEHE... Vamos ver se encontramos aqueles inúteis... Não os vejo desde o almoço! Tchau! – Ayasha fechou a porta ao sair.

- Você não me disse com quem vai, Rosemund. – Samantha puxou assunto.

- Bom, você vai ver no baile. – disse ríspida. Desde que soube que Samantha tinha um par, Rosemund correu atrás de um. Ninguém sabia ainda quem era o garoto.

- A gente se ver no baile. – não aguentou esperar, e muito menos a simpatia da colega e saiu do quarto.






Quando passou pela sala comunal algumas cabeças se viraram para vê-la, algumas invejosas e outras, masculinas, a acompanhou até sair pela buraco do retrato. As de Sigfreud e Teodore estavam entre elas, mas não avistou Guilherme, Troyanno ou Gustavo.

Encontrou Chad no fim da escada do Salão Principal. Ele estava muito elegante com uma veste azul escura. Os olhos verdes brilhavam mirando-a enquanto ela descia, e Samantha notou uma argola na orelha do garoto moreno. E ao lado desse estava um garoto do sexto ano da Lufa-lufa, era magro e muito desengonçado, só o conhecia de vista e porque todos o chamavam de Gaguinho.

- Você está linda!! – disse segurando a mão dela. Ela pensou em dizer obrigada, mas não gostou muito quando ele simplesmente segurou a mão dela. “É a segunda vez que ele faz isso e sem pedir a minha permissão..” A mente dela a interrompeu enquanto o garoto esperava uma resposta.

- Obrigada, Chad. Você também está muito elegante. – ele apenas sorriu e beijou a mão da menina, Samantha se sentiu estranha de novo.

- A gente se ver no baile, Quirrel*. – Chad cumprimentou o garoto que aguardava alguém.

- Tt-á ceeer-too, Muu -rrrrraay! - Samantha jugou ser Rosemund, por algum motivo, a garota que ele aguardava. O que veio a se confirmar depois...


- Desculpe-me pelos caras, são idiotas... – Chad disse enquanto dançavam uma musica lenta.

- Tudo bem. São divertidos. E eu gostei do Maxwell, apesar dele tentar me entrevistar sobre o meu pai... – disse tentando manter uma distância do garoto, mas, sem ela perceber, ele sempre conseguia que seus corpos ficassem mais próximos. – A Tina e o Joe são bem engraçados, mas brigam muito nem parecem namorados!

- Eles não são namorados.

- Como assim? – perguntou olhando para um casal mais a frente que trocava beijos enquanto dançavam. Chad apenas deu de ombros.

Quando a música terminou foram pegar mais um ponche, já tinham jantado e agora os casais dançavam. Os professores também se divertiam. Durante toda a noite, ela evitou olhar para onde seu avô estaria. Ainda não esquecera o episódio do banheiro.

Estavam em pé ao lado da mesa de ponche e mais ao longe tinha um enorme jarro com plantas. Chad falava algo, mas ela não conseguiu entender, sua mente vagou novamente... “Meu pé, imbecil... Foi mal... Calem a boca... Acho que ela nos ouviu...”. Samantha mirou o jarro com mais atenção.

- Então?! O que acha? – Chad havia feito um convite, mas ela não fazia idéia do que tinha sido. Olhando para ele, meio culpada e penalizada. Ele estava fazendo de tudo para agradá-la durante toda a noite, e ela mal prestava atenção no que dizia.

- Claro! – o garoto muito feliz, pegou a mão da menina. Ela apenas o seguiu. Foram até os jardins. Fazia muito frio e Samantha fez um feitiço no vestido, que não adiantou muito. Sentaram num banco na varanda do lado de fora. Por trás deles ficavam uma porta de vidro, a qual não deram muita importância...

- Você está congelando! – Chad disse tirando a casaca e colocando por cima dos ombros da garota, que agradeceu. – Samantha... Hum... Você já deve ter notado que eu gosto muito de você... – ela sentiu a face esquentar – Olha para mim, por favor! – Ele levantou o rosto dela levemente, mas isso o fez esquecer o que ia falar... Os olhos violetas brilhavam e fumaça saia da respiração dos dois que estavam cada vez mais próximas. Quando os lábios do moreno estavam bem próximos ao dela, ouviram um som estranho.

- O que foi isso? – Samantha sussurrou, mas não teve coragem de desviar o olhar do dele. Chad não respondeu. Encostou seus lábios no dela. Samantha não saberia dizer exatamente o que estava sentindo. Depois de um tempo se acostumou a situação, mas se surpreendeu quando ele a fez abrir a boca e começou a explorá-la e envolvendo sua cintura puxou-a para assim ficarem mais próximos...





Bom, se tivessem olhado para trás antes de se sentarem, teriam visto três garotos da Grifinória, que não foram convidados para aquele baile se acotovelarem atrás de um enorme jarro, tentando vê-los e escutar o que diziam.

- Será que eles vão se beijar? – Gustavo perguntou ao ver o casal se sentar. Troyanno riu com o comentário e Guilherme ficou com a cara mais emburrada do que já estava. Mas quando o casal do outro lado da vidraça começou a se aproximar, Guilherme não pensou duas vezes antes de bater com força no vidro. Os dois amigos fizeram sinal de silêncio, mas o ruivo não prestava atenção a eles...

- Guilherme. – Troy chamou com uma voz falha e tremendo, enquanto puxava a manga do ruivo. Mas Guilherme não deu a mínima, agora Chad tinha puxado Samantha para mais perto...

- Boa noite, senhores... – uma voz fria e gélida os cumprimentou. Só aí Guilherme parou de olhar o casal abraçado lá fora. Severo Snape, o mestre de Poções, estava de pé diante deles. Com uma capa preta e, aparentemente, nova, o professor olhava para os alunos como se a festa estivesse apenas começando...






Chad acompanhou a garota até a entrada da Torre. Se despediram com mais um beijo. E Samantha entrou no salão comunal que estava quase vazio, com exceção dos que estavam no baile e ainda tinham ânimo para conversar. Encontrou os amigos a um canto do outro lado da lareira. Todos inclusive Samara e Carlinhos estavam lá, e com uma expressão irritadíssima no rosto. Ayasha foi a primeira a cumprimentá-la:

- Boa noite, já estava pensando que meu irmão havia te seqüestrado!

- Perdemos a hora, quase levamos uma bronca do Snape, mas ele parecia tão feliz... – respondeu animada, mas Gustavo a interrompeu com um muxoxo.

- Nós sabemos com o que você estava ocupada e porque ele está feliz... – Samantha olhou para ele sem entender nada, e depois, olhou para Guilherme que tinha os olhos presos na lareira e uma expressão de poucos amigos, e Troy parecia que ia vomitar a qualquer momento.

- Deixa que eu te explico. – Theodore falou, bastante chateado – Os idiotas aqui tiveram a brilhante idéia de irem ao baile, mas sem serem convidados! E foram pegos pelo Snape!

Samantha começou a entender muitas coisas, principalmente, pelo rosto de descrença de Guilherme.

- Vocês...

- Tem mais! Pegaram detenção, uma semana com o Morcegão, e cada um perdeu 30 pontos. – Theodore acrescentou.

- Agora, ou ganhamos a Copa de Quadribol, ou adeus Taça das Casas! – Carlinhos completou.

- E eles estão ferrados quando o resto do pessoal descobrirem isso amanhã. – Samara falou balançando a cabeça, já estava de robe, como a maioria, exceto os aventureiros.

- Minerva estava possessa. – Holly falou também com medo.

- Chega! Já basta o que escutaremos amanhã! – Gui se levantou, ia para o quarto mas Samantha o interrompeu.

- Hey, nada disso, Guilherme. O que vocês fizeram foi errado, e têm que assumir a culpa. Todos fomos prejudicados...

- Quem é você, Samantha? Quem é você para falar de certo e errado comigo?! – falou e mirou a flor que ela trazia na mão.

- Como assim?! Eu sou uma pessoa que nunca perdeu pontos por um motivo tão idiota!

- Quem te deu essa flor?! Seu amorzinho?! E aí, a noite foi boa? O ponche estava na medida certa? Qual música, preferiu? A das Esquisitonas, ou aquela do Toquinho?! – Samantha olhou para ele, entendendo de onde vinha às vozes que ela escutava momentaneamente...

- Guilherme, diz que você não fez isso...

Quando Guilherme soube que Samantha ia ao baile com Chad – Rosemund e Sarah fizeram a gentileza de contar – ele a tratou muito bem. O que foi estranho. Mas agora Samantha entendia, ele planejava estragar o baile de alguma forma... Bom, parece que ele conseguiu.

- Me diz que vocês não perderam 90 pontos por uma idiotice...

- Não ia deixar você com aquele... PERVERTIDO! – Samantha olhou para ele, “Guilherme está louco!” – E se perdemos pontos foi sua culpa e dele! Se vocês não estivessem se agarrando eu não teria que bater no vidro!

- Você não tem o direito! Você não tem direito algum! VOCÊ NÃO É NADA MEU! NEM IRMÃO, NADA! – o garoto ruivo, que estava muito mais vermelho que ela, ficou confuso quando notou que lágrimas brotavam dos olhos violetas. Não lembrava de ter visto Samantha chorar. Nunca, nem quando ela caia. – E não xingue mais o MEU namorado na minha frente!

Ao dizer isso, Samantha se virou e subiu para o dormitório feminino. Ao passar pela entrada, o jarro que estava numa mesinha ao lado – porém, no mínimo vinte centímetros de distância – se espatifou no chão, quando ela passou.

Os ouvintes apenas olhavam de Guilherme para a entrada. Depois, de um tempo Ayasha chegou à conclusão que agora Samantha é sua cunhada.

- Bom, boa noite à todos. Holly, Samara, vamos?! – ela não precisou chamar duas vezes e as duas acompanharam-na.

Foi mais uma noite sem dormir para Samantha, mas dessa vez ela veio acompanhada por lágrimas. Mais alguém também não dormia, sentindo-se culpado, por ter feito a amiga chorar, e confuso por seus próprios atos e pelas palavras de Samantha.









Notas da Autora:


* Sim, o Quirrel que está esperando a Rosemund é o Quirrel que vocês estão pensando! Mas ele não terá grande importância nesta história, ele apenas será professor de DCAT quando... isso eu não conto! J




Capítulo grandinho, num foi?! Bom, é que eu to tentando diminuir a quantidade deles, logo, vão crescer um pouquinho...







Bom, se acharam alguma coisa errada. Perdão!!!


É que eu to tentando terminar a fic e mostrar logo para vcs... depois eu do um jeito de betar....


bjus!!! e não deixem de comentar!!





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