O ninho de fadas mordentes



- Espero que estejam aproveitando as férias! – o mago disse, sentando-se numa poltrona em frente à mesa onde as netas faziam o dever.

- Vô, por que fizeram aquilo com aquelas pessoas?! Eu não lembro deles direito, mas sei que freqüentavam a nossa casa! – Samantha fingiu não prestar atenção ao comentário da irmã mais nova. No entanto, ela estava agradecida pelo fato da irmã ter feito uma das perguntas que estava entalada dentro dela, mas estava tão desanimada que não conseguia falar.

- Acredite, Samara, nem mesmo eu com todo esse cabelo branco poderia lhe explicar. O que leva uma pessoa a fazer o mal?! Ninguém sabe... Bom, mas acreditavam que os Longbottom poderiam ter alguma informação, o que era mentira...

Isso foi tudo de mais interessante que o avô falou, pois Samantha observou desgostosa que ele tinha uma habilidade imensa de mudar o rumo da conversa e em dois minutos Samara e o avô falavam sobre a coruja da menina, sobre quadribol, sobre o tempo, sobre os elfos-domésticos, sobre tudo que não a interessava. Voltou, então, para sua tarefa de francês, já que ainda tinha a redação sobre a perseguição aos bruxos na Idade Média...






A sala da mansão estava abarrotada de cabeças ruivas correndo de um lado para o outro. Cabeças de todos os tamanhos, com gritos variados. Samantha estava impaciente. Gina adorava ficar no colo dela, até aí tudo bem, o problema é que além disso ela adorava ficar pulando, soltando gritinhos e querendo se jogar de cima do sofá. O ápice da confusão foi quando Rony começou a chorar descontroladamente. Chorar, não. Berrar. Por um segundo, ele estava segurando um ursinho e algumas palhas da vassoura de um dos irmãos gêmeos na outra mão, e no outro segundo as palhas estavam no chão junto com uma aranha enorme e felpuda. Morgan e Stockard pegaram os mais novos e mandaram os mais velhos saírem para brincarem no quintal.

- Nossa! Mais um pouco e minha cabeça explodia! – Samantha disse colocando as mãos nas orelhas, como se o barulho ainda estivesse ecoando na sua cabeça. Andaram em silêncio até perto das antigas coxias, que há mais de um século não abrigavam cavalo algum.

- Bem que a gente poderia ir até o rio. – Carlos disse pegando uma pedra, parecia bem desanimado. Gui e Samara se animaram, mas...

- Tia Stock disse para a gente não se afastar muito. – Samantha falou ainda em pé. Gui, que havia se sentado num murinho de pedras, levantou-se e ficou todo empertigado para ela.

- Por que você tem que sempre estragar a nossa felicidade? – disse ameaçadoramente para a garota. O ruivo tinha crescido bastante neste verão. Samantha também crescera, porém não tanto quanto ele.

Ela ficou surpresa com a atitude dele. Desde que chegaram á propriedade, Guilherme nem tinha falado com a amiga. Eles foram para lá porque o pai da Sra. Weasley ficara doente e a admnistração do condomínio onde os pais da bruxa moram em Jersey havia mandado uma coruja na noite anterior para que eles fossem para lá o mais rápido possível.

- Gui, o que é que você tem? Eu só repeti o que a minha tia disse! E não é seguro irmos para o rio sozinhos. – defendeu-se.

- Se você não é capaz de saber, eu é que não vou dizer... – Samantha olhou sem entender nada – Mas eu vou para o rio. E vocês?

Samara e Carlos não tiveram coragem, nem vontade, de ficar do lado de Samantha e se encaminharam para o rio.

Samantha ficou parada uns instantes, tentando entender a grosseria de Guilherme. Depois de um tempo, decidiu ir com eles.

- Hey! Espera! – disse tentando alcançá-los. A irmã e o ruivo mais novo diminuíram o passo, mas Guilherme acelerou o dele.

Depois de quinze minutos de caminhada, chegaram à uma parte mais alta da margem do rio. Era só descer uns cem metros e eles estariam no píer de madeira, onde ficavam dois barquinhos de madeira, que ninguém nunca usava.

Bom, às vezes quando levava as crianças para pescar no rio, Artur fazia eles se moverem magicamente pelo rio com as crianças dentro; claro que Molly jamais poderá descobrir isso...

- Pronto, chegamos. Agora a gente volta. – Samantha falou sem fôlego, tentando respirar.

- Você não veio até aqui para fazer a gente voltar, foi? – Guilherme continuou implicando – Teria sido melhor que você não tivesse vindo!

-Gui, o que é que você tem? Posso saber o que foi que eu supostamente fiz para te chatear tanto? – Samantha endireitou o corpo, preparando-se para a briga. Carlos e Samara, já acostumados com as brigas dos dois, deram um passo para trás porque, geralmente, as brigas terminavam com Guilherme voando alguns metros.

- O que foi que você fez? Ah, mas ela não faz idéia! TODO MUNDO SABE QUE O MURRAY GOSTA DE VOCÊ! E você foi para a casa dele, só para... – ele não terminou a frase, o que, sinceramente, foi bem melhor para a sua saúde. Ficou apenas olhando furiosamente para ela; estava muito vermelho.

- Como assim: todo mundo sabe? Eu não sei nada dessa história! – disse indignada, mas corando ligeiramente – Eu mal via o Chad, ele saía muito com os amigos dele!

- Ah, então você reparou nisso! – Gui acusou como se ela tivesse confessado o crime.

- Gui! Isso é ridículo! Eu fui passear com a minha amiga, Ayasha! – mas então, subitamente, como se tivesse lembrado de algo – E o que é que você em a ver com isso? E se ele gostar de mim? O que você tem com isso?

Guilherme avaliou a pergunta. Nada... Hey, nada não! Tenho tudo a ver.

- Eu te digo o que eu tenho a ver com isso: eu sou seu amigo. E não quero você com o cara mais namorador de toda a Horgwarts!

- Ele não é namorador! – rebateu furiosa, o que ela nem sabia se era verdade, mas não estava disposta a aceitar nenhum argumento dele.

- É sim! E eu estava no banheiro masculino quando ouvi o Chad conversar com um amigo da corvinal sobre você! – Samantha ficou chocada com essa informação – Ele disse que estava interessado em você, e que nunca tinha visto alguém tão bonita! – ele falou como se acusasse ela de ser bonita também. Samantha realmente corara, agora. – Que nem se importava que todo mundo chama você de Viúva-Negra pelas costas!

- Isso é ridículo. – sussurrou sentida e virou o rosto para a irmã a tempo de pegá-la fazendo uma aposta com Carlos que dizia que Guilherme ia descer ribanceira a baixo. – Se querem ficar, fiquem. Eu vou voltar.

Virou, ignorando o olhar assassino de Guilherme. Porém, não deu um passo sequer. Antes corada com os comentários e a briga, rapidamente ficou pálida e engoliu em seco.

- Corram. – falou baixinho, num sussurro. Os três se aproximaram para ver o que a parara, também congelando. Um enorme ninho de fadas mordentes do campo estava no chão, próximo a uma árvore, aparentemente caíra do topo desta.

- Deve estar inabitado... – Samara arriscou. Ficou bem claro ser uma mentira quando uma fada mordente apareceu ao lado desta com seus pelinhos arrepiados, tentando morder a loira. A fada, porém, ficou em chamas antes mesmo de tocar no braço da menina.

- Corram para o rio. – Guilherme puxou os dois que estavam mais próximos.

- Elas não entram na água – Samantha disse enquanto desviava de uma árvore.

Todos correram desesperados. Samantha tentava, em vão, manter as fadas afastadas com a mente, pois era bem complicado de se fazer ao mesmo tempo em que corria e tentava desviar de árvores. Quando se aproximavam muito, Samara as fazia pegar fogo. Chegaram ao rio, na altura do píer, correram desabalados sobre a água, os sapatos fazendo a madeira ranger sobre seus passos apressados. E sem pensar em mais nada, jogaram-se com roupa e tudo no rio.





- Eu disse que não era para a gente ir! – Samantha disse irritada. Ela, assim como os outros, estava encharcada. Os cabelos e as roupas pingavam.

- Ninguém te obrigou a ir!

Samantha ia responder à implicância de Guilherme, mas Morgan estava na porta do quintal.

- Onde vocês estavam? Por Merlin! O que houve? – exclamou ao notar que eles estavam ensopados. Samara ia explicar animada a aventura que tiveram, mas o seu sorriso se escondeu de medo ao avistar a tia mais velha.

Depois das devidas explicações e reclamações, eles subiram desanimados para tomarem banho. Nas escadas, Carlos lembrou-se da aposta.

- Você me deve dez sicles, Samara!

- Como assim? Você disse que o Guilherme desceria ribanceira a baixo! – falou indignada.

- E ele desceu ribanceira abaixo! E ainda caiu no rio. Não lembro de ter dito que seria a Samantha quem faria isso...

Os dois subiram rindo da piada, enquanto os irmãos ao lado evitavam se olhar. Guilherme com raiva e Samantha pensando no que ouvira sobre o banheiro e viúvas-negras.



Ronald Blair
* 19_05_1923
+ 04_08_1983
Amado marido,
pai carinhoso e um avô querido.



Molly precisou de toda ajuda possível para se superar da morte de seu pai. Insistiu para a mãe ir morar com eles em Ottery St. Catchpole.

- Por Merlin, Molly! Não cabe mais ninguém naquela casa. Não! Por favor, ficarei na minha casa em Jersey, sim? Foi lá que eu e seu pai vivemos tantos anos. Você irá me visitar, não?!

Bom, não houve tempo para visitas, pois menos de um mês depois a bondosa senhora Blair faleceu de solidão. O marido fora sua companhia e Molly, sua filhinha, já era mãe de sete filhos. Não vira muito sentido para continuar viva. Simplesmente, faleceu dormindo, com um calmo e bonito sorriso no rosto.



Hannah Blair
* 28_11_1924
+ 24_08_1983
Foi filha, esposa, mãe, avó
e amou na vida



Foi uma época delicada n’A Toca. As crianças não estavam acostumadas a ver a mãe calada fazendo as coisas maquinalmente. Ela costumava gritar, ralhar com eles, mas agora ela mal falava.
No dia da ida para Hogwarts, Molly se despediu dos filhos com um forte abraço e muitos beijos.

- Não se preocupem comigo, só preciso de tempo. Estarei esperando vocês quando voltarem. – disse com um sorriso – Comportem-se! - ela disse quando o trem começou a se mover.

A viagem seguia tranqüila como o de sempre. Em vez de ficarem espremidos na mesma cabine, conseguiram duas, uma ao lado da outra, assim ficaram com as portas abertas, passando de lá para cá, como numa grande festa.

No entanto, ao voltar do banheiro, Guilherme esbarrou com uma turminha do terceiro ano da sonserina. Eram cinco. Um grupinho mal encarado que Gui conhecia muito bem das aulas duplas de Poções.

- Olha, Tristan! – falou um menino alto e muito, mais muito magro mesmo, com dentes de coelhos – se não é o Weasley probetão?

- Parabéns, Harold. Você já sabe decorar nomes. – disse uma voz debochada e chata, que pertencia a um garoto da altura de Guilherme, com os cabelos pretos – Bom, o Harold aqui disse uma coisa certa. Weasley, o pobretão. Onde estão os seus amiguinhos, Weasley? – disse ameaçadoramente, mas Gui não teve medo. Já estava com a mão na varinha há muito tempo, qualquer movimento ele agiria – Sabe, Weasley? Hoje eu acordei de mal-humor, péssimo! Mas se tem algo que me anima é dar uma surra em alguém. E hoje é nosso dia de sorte: nunca socamos um ruivo.

Todos começaram a rir, menos Guilherme e Tristan, que se olhavam. Eram risadas altas e fanhosas, bem descompaçadas.

- Muita coragem a sua querer pegar alguém sozinho, Mandrake! – atrás dos Sonserinos, estavam Troy, Gus, Theo, Samantha acompanhada de Carlos e Samara; ao menos estavam em maior número.

- Gárgulas Vorazes! A cavalaria veio salvar o menininho indefeso. – disse olhando enojado para os grifinórios.

- Ele não é nem um pouco indefeso. Se fosse mais esperto, teria notado que ele já empunhou a varinha há muito tempo – Samantha disse com uma voz calma, mas que fez todos pararem de rir.

- Olha, a viuvinha é namorada do Weasley! – quem falou dessa vez foi um dos sonserinos, que se chamava Victor Hellern. Samantha ficou furiosa com o comentário, sabia que era assim que a chamavam, mas geralmente não o faziam na frente dela. Quando levantou a varinha, uma mão segurou a sua com firmeza.

- Posso saber o que está acontecendo aqui? – era Chad, acompanhado de mais dois monitores do quinto ano que, assim como ele, tinham um reluzente distintivo.

- Nada! – disse Tristan indiferente – Só estávamos passando.

- Então, continuem a passar! – disse tirando Samantha da frente deles, ainda segurando a mão dela e forçando os outros a abrirem caminho. Os sonserinos passaram esbarrando em quem podiam e saíram do vagão. Imediatamente, todos começaram a comentar, indignados, e a reclamar com os monitores.

- Apesar dele merecer, você levaria uma detenção no primeiro dia de aula, desculpe por ter te impedido. – Chad disse ainda segurando a mão dela, aparentemente ninguém prestava atenção neles.

- Tudo bem. Mas eu sinceramente espero que você não esteja da próxima vez que alguém me chamar de viuvinha...

- Ah, mas se toda vez que você fica com raiva você fica linda desse jeito, eu sinceramente espero estar lá. – disse piscando para ela e devolvendo-lhe a mão. Samantha ficou sem palavras. Evitou ao máximo olhar para quem quer que fosse, enquanto os monitores seguiam seu caminho. Estava realmente constrangida, desejou que ninguém tivesse escutado o comentário.

Mas quando desceram na estação de Hogsmead e começaram a se dividir para caberem nas carruagens ela se encaminhou para a que Guilherme estava entrando.

- Gui, você está bem? – perguntou antes dele subir.

- Melhor impossível. – disse com azedume – Você vai nessa? – apontou para a carruagem, e Samantha confirmou. – Ótimo! Fique com essa que eu vou na outra.

E se afastou bufando de raiva em direção à outra carruagem. Algo na mente de Samantha dizia que ele escutara o que Chad havia dito.




N.A.-> Muito obrigada a todos os comentários e votos. São muitíssimo importantes!

E, sim, haverá uma continuação, como a Lucy deixou escapar! Mas, sinceramente eu não sei quando ela será publicada. Mas a boa notícia é que estou praticamente de férias, e posso finamente terminar ssa fic, para assim, poder pensar na próxima!

beijãos!

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