Pistas na lareira



Segurando com força a mão de Mia, Daniel procurava se esgueirar o mais rápido possível pelas arquibancadas do campo de quadribol, ao mesmo tempo em que a algazarra quase os ensurdecia. Trombavam nos torcedores que comemoravam ou lamentavam a vitória do time vermelho e dourado, e Mia tentava pedir desculpas em vão, pois quando encontrava ar suficiente em seu peito para murmurar a palavra, já estava longe demais ou até mesmo havia dado um encontrão em outra pessoa. Percebeu que o objetivo de Daniel estava logo abaixo, na direção dos vestiários.

Sua mão começou a suar e ela conseguiu se desvencilhar do colega, estancando bruscamente. Daniel, um pouco mais à frente, voltou-se para ela com uma expressão irritada, as sobrancelhas franzidas num ângulo estranho e ao mesmo tempo característico. Por um momento, a garota sentiu o coração falhar e seu peito se encher de ternura. Então, arfou e tomou fôlego para falar:

- Eu... não vou ficar seguindo você como uma maluca se não me disser o que está acontecendo!

- Nós não temos tempo para isso – disse Daniel quase suplicando, e Mia percebeu que ele estava eufórico com alguma coisa, sem conseguir entender o que poderia ser. Tinha certeza de que não era pela vitória no quadribol, já que ele havia se esquecido do jogo por completo desde que seu pai apanhara o pomo. – Precisamos ir até o vestiário, por favor! Eu prometo que explico depois, apenas confie em mim!

Hesitou por alguns instantes e pareceu que entrava num túnel do tempo, transportando-a diretamente para o passado. Daniel já dissera aquela frase antes, e, apesar de tê-la abandonado, contra a sua vontade, claro, ela sabia que podia confiar sua vida a ele. Sentiu seu coração bater apertado no peito, e sabia que não era pelo cansaço.

- Tudo bem – falou por fim. – Vamos logo antes que eu me arrependa!

Mal terminou de falar e sentiu um puxão no braço. Voltaram a correr, alcançando os vestiários com rapidez. Mia achou que fossem entrar pela porta normalmente, mas Daniel a conduziu para os fundos da construção de pedra.

- Por aqui. Não podemos ser vistos!

Por que precisavam fazer tanto mistério? Mia sentiu como se estivesse fazendo algo errado, mas não podia sequer se culpar, já que não sabia do que se tratava. Pensou em Lúthien, que havia ficado nas arquibancadas, e desejou de todo o coração que a amiga estivesse com a mãe naquele momento, e não sozinha, vagando por aí no meio de toda aquela gente desconhecida. Por mais que tivesse certeza de que os feitiços protetores lançados pela OdRR ao redor de Hogwarts mantinham os inimigos afastados, não sabia das reais intenções daquela gente. Por via das dúvidas, era melhor não confiar totalmente. “Tempos difíceis exigem atitudes drásticas”, pensou ela, ainda arfando da corrida, quando Daniel parou nos fundos do vestiário, próximo de uma pequena porta de madeira entreaberta. Notou que ele apurava os ouvidos, mas seus pensamentos ainda estavam distantes e ela demorou em filtrar algo que valesse a pena em meio a algazarra das comemorações. Ouvia a voz do senhor Weasley, mais alta que a dos outros, elogiando os colegas de time e relembrando jogadas, a maioria delas feitas por si. Ele completou:

- Ah, foi divertido! Estamos em plena forma, nunca pensei que ainda pudéssemos jogar como nos velhos tempos.

- Você principalmente – falou Fred, em voz alta também –, já que estava tão nervoso quanto no seu primeiro jogo pelo time da Grifinória. Achei que fosse vomitar todo o café da manhã em cima do primeiro artilheiro que se aproximasse. Certas coisas nunca mudam, não é mesmo, Roniquinho?

- Ora, seu! Volte aqui! – e Mia escutou o barulho de alguma coisa sendo arremessada, provavelmente na direção do tio, e ao som se seguiram gargalhadas animadas.

- Só consigo escutar a voz do meu pai e um monte de risadas – Mia sussurrou para Daniel, agachada ao seu lado, e seu rosto expressava dúvida. Afinal, o que estavam fazendo ali?

- Preste atenção em meu pai e Gina – foi tudo o que ele disse, e depois colocou o dedo próximo à boca, num pedido mudo para que ela permanecesse em silêncio.

Foi então que, pela fresta da pequena porta dos fundos, conseguiu visualizar ambos em um canto do vestiário. Alheios à comemoração, falavam tão baixo e tão próximos um do outro que Mia sequer conseguia escutar o que diziam.

- Precisamos chegar mais perto – ela falou, na voz mais baixa que conseguiu articular. – Caso contrário, não poderemos ouvir e...

- Espere! – disse Daniel bruscamente, e Mia se calou, assustada. Nunca tinha visto o amigo se comportar daquela forma, e precisava de explicações. Afinal, não sabia de nenhum poder extraordinário que o fizesse escutar além do que ela mesma era capaz.

Depois de alguns minutos, Daniel suspirou profundamente e baixou os ombros, numa clara posição de derrota. Foi apenas dessa forma que Mia percebeu o quanto ele estava tenso e rígido. Ele se levantou de repente e tomou a mão dela. Em silêncio, dirigiram-se para uma janela que estava logo abaixo do local onde os mais velhos conversavam, e foi então que Mia conseguiu ouvir o que diziam. Por um instante, sorriu com satisfação, para depois reassumir a expressão de dúvida que também visualizou no rosto de Daniel ao ouvir as palavras da mulher. O tom dela era de desespero, irritação e desafio, tudo ao mesmo tempo, sentimentos conflitantes brigando entre si.

- Você tem que fazer isso por mim! Eu já perdi tudo, Harry, e você tem uma dívida comigo! Se não fosse por mim, não ouso pensar no que teria acontecido com você, fraco, indefeso por causa do Obliviate e perdido no mundo dos trouxas. Eu também estava fraca depois de tanto tempo presa em Azkaban, mas reuni todas as minhas forças para fazer o que tinha que ser feito, para ir atrás de um rastro seu, para salvar você, não percebe? Fiquei doente por semanas, de cama, sabia? E agora você vai se negar a me ajudar, vai me abandonar, como sempre fez, pelo bem maior?

- Pare com isso, Ginevra! – a voz de Harry estava amargurada, como se travasse uma batalha interna contra seus sentimentos. Sequer usava o apelido para falar com ela. Mia quase podia ver sua expressão de angústia, a mesma que vinha usando com demasiada freqüência desde que se conheciam. – Você pensa que não é doloroso para mim ver você nesse estado por causa do Malfoy? Um dos meus piores inimigos, alguém que te chamou a vida inteira de traidora do sangue, você se lembra disso? Ele planejava matar o Dumbledore, você se esqueceu? Já não basta ter que conviver com o fato de que te perdi para ele, e você ainda quer me culpar pelo que aconteceu?

- Isso... Não vem ao caso agora! Não estamos falando do Draco – disse ela, e pareceu que estava sem jeito, muito do tom autoritário perdido diante das palavras de Harry. – É um pedido desesperado de uma mãe! E de uma amiga também...

- Nós jamais seremos amigos de novo – disse ele, rápido e muito baixo. – Sempre fomos muito mais que isso, ao menos para mim, e não importa a quantos feitiços de memória eu possa ter sido submetido. Não quero colocar você em perigo e acabou. É melhor participarmos da comemoração agora.

- Harry! Harry! Droga!

As vozes se afastaram e Mia poderia jurar que ouviu a tia conter as lágrimas. Voltou-se para Daniel, e leu no verde de seus olhos o quanto ele estava preocupado com o pai. Perguntava-se intimamente qual teria sido o pedido de tia Gina, que fizera com que eles discutissem daquela forma tão áspera, relembrando coisas do passado que causavam sofrimento para ambos os lados. Mia sentiu pena dos dois, dos sonhos destruídos por causa da guerra. Estaria ela fadada ao mesmo destino, afastada para sempre daqueles que amava em nome do bem maior, como dissera a tia?

Estava tão entretida em seus próprios pensamentos que não percebeu que Daniel havia se afastado em silêncio e se dirigia ao castelo pela trilha próxima à Floresta Proibida, do lado oposto a uns poucos torcedores empolgados, que ainda não haviam chegado ao castelo. Apressou o passo para correr atrás do amigo e colocou a mão em seu ombro, sem dizer nenhuma palavra. Com delicadeza, ele tomou a mão da menina e a segurou apertado. Assim, de mãos dadas, andaram juntos até o Salão Principal.

Um enorme banquete estava sendo servido, as travessas se enchendo magicamente de comida preparada pelos elfos conforme eram esvaziadas pelos convidados que ali já se reuniam. Instintivamente, com uma timidez que não se manifestou quando estavam sozinhos, Mia soltou a mão de Daniel e foi se juntar à sua família. Viu que havia espaço ao lado da senhora Weasley, e se sentou ali. Sorriu satisfeita quando visualizou o rosto risonho e os olhos esbugalhados de Lúthien, sentada também ao lado da mãe. Mia viu Daniel se afastar um pouco para se sentar entre o pai e o senhor Longbottom. Lúthien, que estava com o rosto corado e com um aspecto de quem se deliciava com o que era servido, perguntou para Mia:

- Onde é que você e Daniel estavam? Vocês me largaram lá com o Hagrid e não os encontrei em lugar nenhum.

O tom não era de acusação, apenas curiosidade, e mesmo assim Mia corou. Ninguém parecia ter prestado atenção à conversa das duas, e a ruiva apenas murmurou:

- Depois vamos te explicar.

Lúthien assentiu e não se incomodou, passando a participar ativamente das conversas sobre a partida de quadribol, divertindo-se principalmente com a narração inusitada de Luna. Mia se virou, então, para a mãe, que se servia de um prato de couve de bruxelas, e perguntou:

- Quem são essas pessoas? Esses... convidados, visitantes ou seja lá como vocês os chamam. São bruxos também?

- Vejo que a minha filha está cheia de dúvidas – falou a senhora Weasley carinhosamente. - Acho que Fred e Jorge se esqueceram de mencionar a outra surpresa preparada para hoje, além do quadribol. Os convidados aqui presentes fazem parte do grupo de Renegados pelas forças das trevas, assim como nós, Mia. Seus tios, Neville e Harry os encontraram e eles vieram de livre e espontânea vontade se juntar a nós. Alguns precisaram ser submetidos ao Recordatus Memoriae para que se lembrasse de quem eram, mas são todos de confiança. A grande maioria estudou conosco em Hogwarts.

- Eu sabia que novos membros estavam sendo recrutados – falou Mia, colocando um pouco de purê de abóboras no prato. – Mas não imaginava que fosse tanta gente e... bem... que gostassem tanto de quadribol. Não há coisas mais importantes para serem discutidas quando estamos em guerra?

A senhora Weasley sorriu, e Mia sabia que a mãe também perguntaria isso se estivesse em seu lugar. Ela prosseguiu:

- Também não fiquei tão entusiasmada em receber os convidados com uma partida de quadribol. Pensei que seria melhor se nos reuníssemos para discutir as estratégias de resistência. Mas não pude convencê-los disso, me chamaram de sabe-tudo exagerada, como sempre – e aqui o tom de voz da senhora Weasley pareceu frustrado. Mas ela continuou, sorrindo novamente, sem intenção de deixar que Mia notasse suas preocupações. - Fred e Jorge disseram que se tratava do melhor jeito de dar as boas vindas a eles, e que ainda teremos muito tempo para lhes deixar a par das estratégias de guerra. Por hora, concordei. Até mesmo eu acho que precisamos de um pouco de união antes de encarar o que vem pela frente, e todos aqui sabem que não será fácil.

- Então você sabia da partida de quadribol? – perguntou Mia brincando com a comida, sem vontade de se alimentar.

- Sabia, sim. Na verdade, a surpresa foi mais para o seu pai, Harry e Gina. Eles eram do time da Grifinória, acho que ficaram bastante satisfeitos em poder voltar à ativa.

Mia queria dizer que talvez Harry e tia Gina não estivessem tão satisfeitos, mas se calou e resolveu comer alguma coisa. Na verdade, planejava despistar os parentes para conversar a sós com Daniel e Lúthien sobre os últimos acontecimentos. A situação não poderia ser mais perfeita, já que todos estavam distraídos com a presença dos novos membros da OdRR. Mia tinha certeza que não notariam a ausência dos três, desde que não fosse exatamente prolongada.

Foi por isso que, logo que terminou de se servir de pudim de carne, levantou-se discretamente e chamou os amigos com um aceno de cabeça. Quando se distanciaram o suficiente da mesa, falou:

- Vamos para o salão comunal da Grifinória. Lá não haverá ninguém, poderemos conversar, e então te explicaremos o que fomos fazer depois do jogo, Lúthien.

- Ah! Eu gostaria de comer algo de sobremesa... – disse Lúthien, mas mesmo assim assentiu e seguiu os amigos para a torre da casa.

Era começo de tarde e as nuvens haviam se dissipado um pouco, deixando o sol brilhar com mais intensidade, apesar da névoa e da temperatura baixa. Ainda assim a sala comunal estava um pouco escura quando entraram, o que fez com que Mia dirigisse as mãos para a lareira e acendesse o fogo.

- Ainda me surpreendo com isso, acredita? – falou Lúthien com um olhar sonhador para a lenha que começava a queimar e estalar. – Seu poder é tão legal, Mia!

- Nós todos temos habilidades interessantes – falou Daniel se sentando numa das poltronas vermelhas e aproximando as mãos do fogo para aquecê-las – que, juntas, se tornam ainda mais poderosas.

- E é por isso que precisamos fazer alguma coisa para encontrar Hermes – falou Mia quase que instantaneamente. – Só com o poder dos quatro elementos é que estaremos completos. E é exatamente sobre isso que eu gostaria de falar. Lúthien, eu e Daniel ouvimos uma discussão entre Harry e tia Gina nos vestiários, logo após o jogo de hoje. Parece que ela quer que Harry faça alguma coisa para ela, e tenho certeza que isso tem alguma relação com Hermes. Ela mencionou algo sobre seu amor de mãe, que se Harry não quisesse ajudar por ela, que o fizesse em nome desse sentimento. Daniel nos levou até eles porque... Hei! Espera aí! Como é que você sabia que eles estavam lá, Daniel? E mais, como podia prever que estavam tramando alguma coisa?

Daniel tossiu um pouco e desviou o olhar de Mia. Ele era um péssimo mentiroso, e a jovem sabia muito bem que inventaria uma desculpa qualquer para isso, o que a deixou levemente irritada.

- Eu vi que eles estavam esquisitos hoje antes do jogo e imaginei que fossem conversar depois – disse ele, dando de ombros. – Foi apenas isso, Mia. Mas o que interessa é que eu acho que sei o que eles estão fazendo, e podemos barganhar com isso.

- Barganhar? – perguntou Lúthien com os olhos esbugalhados pousados sobre o menino. – Você quer dizer que talvez possamos recuperar o livro?

- Livro? – foi a vez de Mia questionar, sem entender direito o que ouvia. Daniel ignorou a pergunta quando prosseguiu:

- Exatamente, Lu. Acredito que eles não vão querer que ninguém saiba sobre o plano que estão tramando, e vamos usar isso para que nos levem de volta para Londres. Se recuperarmos o livro, lá você poderá buscar as respostas que não encontramos aqui.

- Olá! Alguém pode me explicar do que vocês estão falando? Porque acho que perdi alguma parte do plano no meio do caminho, não é mesmo? – falou Mia com a voz ressentida.

- Ah, Mia, desculpe – começou Lúthien sonhadoramente, fazendo flutuar uma bolinha colorida que havia encontrado. Distraiu-se por um momento, ficando em silêncio, para depois comentar: – Gosto dessa habilidade de levitar as coisas, é interessante, não é mesmo?

- Lúthien – disse Mia tentando controlar o tom de voz para não parecer irritada -, você ia me explicar o que tem feito com Daniel escondido de mim.

O garoto sorriu diante das palavras de Mia, e ela se sentiu subitamente envergonhada. Será que havia escolhido mal a forma de falar? Parecia que estava com ciúmes? “Que droga”, pensou.

- Ah sim! – falou Lúthien calmamente, como se não tivesse notado qualquer alteração no tom de voz da amiga. – Eu achei que estava na hora de pesquisar um pouco mais sobre as Horcruxes, não é mesmo? Afinal, se precisamos vencer o Lorde das Trevas, acho que o Oráculo mencionou que o caminho seria por aí. Ainda não entendo muito bem como funcionam as Horcruxes, nem sei exatamente que objetos elas podem ser, é tudo muito nebuloso. Portanto, tive a idéia de pesquisar na biblioteca de Hogwarts sobre o assunto, afinal, há tantos livros antigos e poderosos guardados nas paredes desse castelo que não poderíamos desperdiçar a oportunidade.

Mia estava chocada. Como não havia pensado nisso antes? A idéia de Lúthien havia sido brilhante, mas não conseguiu elogiar a amiga. Estava com raiva por eles não a terem incluído nos planos, e foi exatamente isso que a fez falar:

- E por que foi que vocês não me chamaram para ajudar também? – tentava conter a irritação no tom de voz sem sucesso. Porém, não foi Lúthien quem respondeu, e sim Daniel:

- Você está sendo constantemente vigiada, Mia. Todos, inclusive meu pai – ele enfatizou -, estão com os olhos pousados sobre você o tempo todo. Achamos que eu e Lúthien não chamaríamos tanto a atenção se nos revezássemos na tarefa, enquanto você se ocupava da faxina.

- Ah, que legal da parte de vocês – Mia cruzou os braços diante do corpo e encarou o fogo na lareira. Não queria olhar para os amigos, pois achava que, se o fizesse, seria capaz de tocar fogo neles sem querer, tamanha era a raiva que sentia. – E quando pretendiam me contar isso?

- Queríamos contar hoje – disse Lúthien com simplicidade –, quando a faxina estivesse terminada. Mas então veio o jogo de quadribol e toda essa agitação e ficou impossível conversar.

- Ah, claro... – continuou Mia ao mesmo tempo em que levantava da poltrona, sem conseguir conter sua irritação. Andava de um lado para o outro, falando cada vez mais alto: – Enquanto eu estou jogando veneno em fadas mordentes, acabando com infestações de aranhas e de outros bichos que jamais vi na vida, vocês ficam juntos na biblioteca se divertindo e planejando como salvar o mundo! Que ótimos amigos eu tenho!

Daniel e Lúthien se entreolharam, surpresos. Foi só então que Mia percebeu que havia gritado e se sentiu subitamente mal. Voltou a ocupar o lugar na poltrona timidamente, abraçando-se às próprias pernas enquanto esperava que um dos dois falasse. Agradeceu intimamente que estivesse ainda um pouco escuro, pois assim não podiam ver as lágrimas de frustração que molhavam seus olhos. Afinal, ela é quem deveria pesquisar sobre as Horcruxes, o nome dela é que estava ao lado do de Harry na Sala das Profecias! Não queria que mais ninguém se arriscasse por ela, estava cansada de ter que ver partir aqueles que gostava sem saber quando voltariam, sequer se voltariam. Pensou, então, em Wyrda. Onde estaria ele? As palavras firmes e determinadas de Daniel interromperam seus devaneios:

- Não queira fazer tudo sozinha se você tem amigos, Mia. Nós estamos do seu lado, e não do lado das trevas.

Ela engoliu em seco, envergonhada. Estava se portando como uma criança mimada que foi privada de alguma brincadeira. Suspirou, resignada, e ia perguntar sobre os resultados das pesquisas e sobre o tal livro citado por Lúthien quando a lareira crepitou de maneira anormal, de repente. Intrigados, os três se ajoelharam rapidamente e observaram mais de perto o comportamento das chamas. Era como se um desenho estivesse se formando em meio às cinzas da lenha. Em seguida, ouviram uma tosse e perceberam que havia aparecido ali um rosto, que falou em meio ao fogo:

- Mia? É você?

O coração da jovem quase saiu pela boca e ela também tossiu. Não havia dúvidas: o rosto na lareira era o de Hermes! O que é que ele estava fazendo ali?

- Sim, sou eu! – controlou o acesso e respondeu com entusiasmo, tentando aproximar ainda mais o rosto das chamas, mas se afastando um pouco devido ao calor. – Hermes, pelo amor de Deus, onde é que você está? Estou com Daniel e Lúthien e nós...

- Vocês estão sozinhos? – interrompeu ele. – Eu não tenho muito tempo...

- Sim, estamos – Daniel respondeu, e reforçou: - Onde é que você está? Como foi que nos encontrou aqui?

- Vocês precisam ir até a Sala das Profecias – falou Hermes, sem responder nenhuma das perguntas desesperadas dos amigos. Aconteceu algo terrível com Wyrda e...

O jovem se virou e, por um breve instante, os três amigos viram apenas sua cabeça loira em contraste com o vermelho das chamas. Em seguida, ouviram uma voz estranha, ligeiramente abafada, porém carregada de desprezo e até mesmo com um certo tom de raiva.

- Hermes? O que diabos você está fazendo aí?

Visivelmente assustado, o loiro se virou novamente para os amigos:

- Eu tenho que ir! Se me ouvirem conversando com vocês, é capaz de me matarem! Não se esqueçam, a Sala das Profecias, vão até lá e...

Mas Hermes não falou mais nada e desapareceu da mesma forma como havia surgido. Mia continuou olhando para a imagem por mais um tempo, o coração ainda palpitando no peito, até ser despertada pelas palavras de Lúthien:

- Daniel, qual é o problema? Você está branco como cera de vela.

Daniel olhou de uma para a outra quando disse:

- Eu conheço essa voz... é do mesmo homem encapuzado que me alimentou em Azkaban. Meu Deus, onde Hermes está?





N/A: Ai meu Deus! Cada capítulo que passa eu pioro a situação pro meu lado! Fico feliz que as pessoas não queiram me jogar Maldições Imperdoáveis, pelo menos até que eu tenha terminado de escrever essa fic. Vocês nem imaginam o quanto eu gosto de escrever a Trilogia, pessoal! É muito divertido e absolutamente gratificante. Fora que o processo criativo é uma coisa de louco, estou cheia de idéias por aqui.

Esse capítulo é o maior que já escrevi em todas as fics que compõe a Trilogia dos Feitiços. Aproveitem-no bem porque eu vou apresentar meu trabalho de conclusão de curso (vulgo TCC) na sexta-feira, portanto só volto a escrever algo de fics depois dessa data. Preciso me concentrar no trabalho para que tudo saia como o grupo planejou, direitinho! Torçam por mim, sexta-feira, dia 30, às 21 horas. Mandem seus pensamentos positivos, por favor!

E eu queria dedicar esse capítulo para a Chell Lupin Potter! É meu presente de aniversário atrasado, já que eu estava viajando esse fim de semana e só vi seu recadinho agora. De qualquer forma, FELIZ ANIVERSÁRIO!!!

Agora, os recadinhos:

Malu Chan, tadinha de mim! Você me lançando Crucius assim e eu demoro mais para escrever (olha a chantagem emocional da autora). Que bom que você curtiu o quadribol, e é verdade, acabei não colocando a Katie no time. Mas ainda há algumas pessoas que não apareceram e, quem sabe, poderão ter um papel útil na grande batalha que se aproxima!

Felipe W. Jonsson que fofo! Você fez imagens das personagens que eu criei? Ah, eu quero muito ver isso, pode me mandar no gmail sim, eu estou sempre por lá! E quanto ao Hermes, você tem toda razão! Eu também morro de saudades do loirinho preferido da mulherada, porque eu amodoro esse menino de paixão. Por isso que eu gosto tanto de Draco/Gina, olha que filho lindo que eles tiveram? rsrsrsrs... Nesse capítulo teve aparição rápida dele para vocês!

Dannie Sparkle, vou ter que fugir correndo de você antes que mude de idéia e resolva lançar o Avada mesmo! *medo*. Mas olha só, o capítulo novo já está aí, não demorou muito. Obrigada pelo seu boa sorte, e te desejo em dobro para a sua apresentação também!

Chell Lupin Potter, eu também amo quadribol! Tenho uma fic só de quadribol, chamada O pomo de prata, mas é slash... se você curtir, fique a vontade. Quanto ao TCC, é um pouquinho diferente de monografia: eu escrevi um livro e tenho que apresentar o resultado dele. Eu faço faculdade de Jornalismo, as regras para conclusão de curso são um pouco diferentes. Mas obrigada pela torcida, de qualquer forma!

Patricia Pampuri, agora você já sabe o que o Daniel queria mostrar para a Mia. Ou pelo menos uma parte, já que ainda não sabemos o que a Gina e o Harry estão planejando. E, infelizmente, ainda não posso contar, só no próximo capítulo!

Mi Evans, que honra ser a minha fic a primeira na qual você comenta! Fico muito feliz de saber que você está gostando da história, e espero que continue deixando seus recadinhos para eu saber que você passou por aqui, viu? Obrigada mesmo!

Bruna, sempre que eu termino os capítulos assim minha beta diz que eu vou acabar deixando os leitores malucos. Mas eu adorooo fazer um suspense, faz parte do meu jeito de escrever. Espero que vocês não abandonem a fic por isso, porque até que eu atualizo rápido, vai!

Lyra Faith, você não gosta de Draco/Gina e lê a Trilogia? Olha só, que orgulho! Não adianta, eu tenho uma queda por esse casal, adoro de paixão! Mas espero que você continue acompanhando a fic mesmo assim! rsrsrs... Quanto ao quinto elemento, ainda não posso falar muito sobre ele, mas será uma surpresinha para vocês!

Obrigada a todos que me desejaram boa sorte para a apresentação do TCC! Continuem torcendo por mim!




E no próximo capítulo:

Um mistério paira no ar: qual é o segredo de Harry Potter e Gina Malfoy?

Não percam!

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.