Capítulo 14



Capítulo 14


Lily estava atordoada. Uma semana inteira havia se passado e James não tentara beijá-la. Nem uma única vez. Estava deixando-a louca. Ele não queria vencer? Não se importava mais?

Entretanto, outras coisas haviam acontecido. Ela não tinha certeza de como, mas seu grupo de amigos e o grupo de James começaram a se sentar juntos para as refeições. Ela, claro, sempre ao lado do rapaz. Na verdade, era como se fosse sua namorada.

Com a exceção de que ele não a estava agarrrando.

Lily sentou-se ao seu lugar, ao lado de James, com Alice no outro lado. Frank sentara em frente a James, ao lado de Peter. Ele parecia infeliz, enquanto Alice segurava uma carta em suas mãos com um grande sorriso.

- Então, o que você acha que eu deveria fazer? - ela perguntou.

- Faça o que a deixa feliz - Frank respondeu rispidamente.

- Por que você está irritado? Achei que ficaria feliz por mim - Alice disse magoada.

Lily olhou para os dois amigos, lançando depois um olhar questionador para James. Ele murmurou as palavras “cartas de amor”, ao que ela olhou novamente para Alice e Frank, para, em seguida, lançar um olhar desesperado para James.

- Hei, Frank, você quer dar uma volta comigo e com o Peter? - James perguntou.

- Nós vamos dar uma volta? - Peter perguntou.

James chutou o amigo por baixo da mesa.

- ’Tá, tudo bem - Frank respondeu, saindo do salão com os dois.

Lily suspirou, aliviada. As coisas entre Alice e Frank tinham que funcionar. Aqueles dois obviamente não estavam fazendo nada para ajudar.

- Então, Alice, o que essa carta diz? - Lily perguntou, tentando parecer casual.

Naquele momento, Sirius e Remus praticamente deslizaram para o banco, sentando em frente a Alice e Lily.

- Onde vocês dois estavam?

- Eu estava na biblioteca, tive que voltar pra lá. O Sirius estava...bem, eu me encontrei com ele no meio do caminho. Não quero entrar em detalhes.

Lily sentiu-se grata com isso. Detalhes não era algo que ela gostaria de ouvir tão cedo.

- Remus, eu te amo - falou.

Ela voltou então sua atenção para Alice, que encarava Remus intensa e inquiridoramente. Ou, para ser preciso, o prato dele.

- Você quer meu biscoito?

- Ah, sim, por favor. Tão gentil você oferecê-lo - ela disse, arrebatando o biscoito.

- Hei, eu também quero um biscoito extra - Sirius queixou-se.

Lily rolou os olhos, segurando os seus biscoitos.

- Você provavelmente existe para comer.

- Quem era ela? - Alice perguntou interessada.

Sirius deu de ombros, indiferente, mais ocupado em comer do que responder.

- Era a Amanda? Ela realmente gostaria de se desculpar - Lily falou.

- Ela se desculpou - respondeu Sirius, olhando para o café-da-manhã intacto de Lily, a qual rolou os olhos mais uma vez e o deu para Sirius.- Acho que te amo, Lily.

Ela ignorou essa resposta.

- Então, você e ela são amigos de novo?

- Eu espero que sim, pelo que vi - Remus falou, olhando para o amigo, ao seu lado, que só fazia enfiar a comida garganta abaixo. - Você mastiga, por acaso?

- Somos amigos.

- Aposto que sim - Alice retorquiu.

- Estamos nos conhecendo.

- Imagino o jeito que vocês estão fazendo isso - Alice continuou, olhando para suas unhas.

- Somos apenas amigos.

- Preciso de um amigo assim.

- Um dia, Alice, você encontrará um cara que te agrade - Sirius começou.

- Mas eu tenho um! Veja, Lily, eu tenho um admirador secreto - Alice falou, mostrando-lhe a carta.

- Tem alguma idéia de quem seja? - Remus perguntou.

- Não, mas ouçam o que ele escreveu, gente. Ele citou Shakespeare: “Poderei comparar-te a um dia de verão?”

- “Mas tu és mais suave e muito mais formosa; Em Maio a ventania sacode os botões de rosa” - Sirius a completou. Alice parou de ler.

- Você conhece Shakespeare?

- Todo idiota o conhece. Ao menos as três primeiras linhas. Eu sempre uso isso.

Alice olhou para o papel tristemente.

- Então isso não é romântico?

- Muito romântico.

Alice olhou para a carta, desapontada. Lily concordou com Sirius intimamente; comparar alguém com um dia de verão era realmente fácil.

- Apenas fale com ele e veja o que sente. Ele pode gostar de você - Remus sugeriu.

- Mas eu não sei quem ele é - Alice lamentou.

Lily estava grata. Frank não precisava de competição alguma.

- Quem flerta com você? - Sirius perguntou.

- Eu não sei. Nem sei como se flerta.

- Toda garota sabe flertar - ele argumentou.

- Não eu.

- Até você.

- Não, eu não sei.

- Sim, você sabe.

- Eu não sei flertar.

- Você sabe sim.

Lily ergueu a mão e tapou a boca de Alice.

- Eu estava esperando pra ver até onde eles iriam - Remus disse, sarcasticamente desapontado.

- Você sabe flertar - Lily falou. - Vocês estavam flertando enquanto brigavam.

- Estávamos?

Na verdade, Lily achava que não, mas ela não queria mais saber daquela discussão. Especialmente uma que se igualava às de alguém que estava no jardim de infância.

- Eu sabia que você gostava de mim - Sirius disse.

- O bastante para jogar suco de abóbora na sua cabeça - Alice comentou.

Sirius não respondeu, mas Lily percebeu que ele perfurou os ovos em seu prato particularmente forte.

- O que eu deveria fazer? Vocês são garotos, me ajudem!

- Para começar, nada de derramar suco de abóbora na cabeça dele - Lily advertiu segurando o braço de Sirius, pois ela tinha certeza que ele estava a ponto de arremessar seu garfo em Alice.

- Eu tiro completamente o que eu disse sobre amar você - Sirius falou.

- Estou com o coração despedaçado. Sério.

Alice bateu o punho na mesa.

- Oláá! E o meu admirador secreto? Preciso de ajuda!

- Você quer um admirador secreto ou você só gosta da idéia? - Remus perguntou. Ele tinha uma maneira de perguntar que deixava a pergunta menos indelicada.

- A idéia, eu acho. É assustador, na verdade. Um garoto que te escreve cartas, mas você não faz idéia de quem seja. Ou não sabe que sabe.

Lily levantou. Ela poderia ficar ali e ouvir aqueles três durante um bom tempo, mas ela queria saber se Frank estava bem.

- Vou ver o Frank.

- Descubra por que ele estava tão irritado. Ele deveria estar feliz por alguém gostar de mim.

- Você não tem pista alguma? - Sirius perguntou.

Lily se foi antes que eles iniciassem outra discussão. Ela tinha que encontrar Frank. E James.

Quanto a James, Lily o encontrou sentado perto do lago, perdido em pensamentos.

- James? - ela o chamou, sentando próximo a ele.

O rapaz abriu os olhos e a viu bem próxima a ele.

- Falou com o Frank?

- Ele está bem. Pretende contar logo a ela.

Lily pensou. Alice gostaria disso? Será que eles ficariam bem caso ela não quisesse nada com Frank?

- Não se preocupe, Lily. Vocês três sempre serão vocês três.

A garota rolou os olhos, encarando-o. Por que ele era tão indiferente? Por que ele não estava tentando nada?

- Sabe, o admirador secreto de Alice lhe enviou uma poesia. Shakespeare. Eu nunca recebi uma poesia de alguém, antes.

James levou aquilo como uma óbvia sugestão. Seu plano estava funcionando. Não havia tocado em Lily, tentado nada, e estava deixando-a louca. O que provava que ele poderia vencer a aposta. E, se ele tivesse sorte, provando também que Lily o queria.

- Se você quiser uma poesia, eu lhe dou uma. De Shakespeare, se é o que você quer.

- Você conhece alguma?

- Aprenderei uma por você.

- OK, então.

Havia um tom de desafio na voz dela, e James se sentiu suspirando. Isso significava que, na verdade, ele deveria aprender uma poesia e recitar para ela.

Lily ainda ficou olhando para James, ansiando perguntar por que ele não tentara nada.

- James...

- O quê?

- Esqueça - ela disse rapidamente, concentrando-se numa nuvem em forma de golfinho.

James sorriu consigo mesmo. Ela queria que ele vencesse a aposta.

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Foi numa patrulha pelos corredores, àquela noite, que ela o viu de novo, tendo esquecido sobre a poesia. Lily estava mais preocupada com o desinteresse dele pelos seus lábios.

- Oi, James. Podemos fazer a ronda rapidamente, essa noite? Prometi a Alice que a ajudaria com a tarefa.

- Eu tenho seu Shakespeare.

- O quê?

- Você disse que queria uma poesia, então, eu lhe encontrei uma.

Lily então compreendeu.

- Ah, aquilo. Não foi sério.

- Foi sim.

- Bem, talvez um pouco - ela admitiu.

- Você quer ouvir ou não?

- Sim, dê pra mim.

- Darei a qualquer momento...

- O poema, James.

- Certo. Então, ’tá. Lá vai:

Que vergonha! Negue que tu ames alguém,
Que tão negligente és contigo mesma,
Admite que muitos te amem,
Mas que tu a ninguém o fazes, é evidente;

Pois possuis um ódio assassino
Contra ti mesmo conspirando,
Tentando tua beleza varrer do mapa,
O que preservar teria de ser seu principal interesse

Muda teu pensamento, que eu possa mudar de idéia!
Deveria o ódio ficar mais ao abrigo do que o doce amor?
Sê tal qual és, graciosa e bondosa.

Ou ao menos a ti sejas bondosa;
Faça um outro de ti mesma por amor a mim,
Para que a beleza possa ainda sobreviver nos teus, ou em ti.


Lily o encarou, atordoada. Já era muito ele aprender um poema, que dirá aprender um que os retratasse tão bem. Deveria o ódio ficar mais protegido do que o amor?; mudando pensamentos e conceitos; ódio assassino; mudar seu jeito...

- James, eu...eu não pensei que você fosse realmente me dar uma poesia. E essa foi...foi...

- Difícil de se lembrar - ele completou. - Mas a parte do ódio fez me lembrar da gente. E de uma maneira incômoda.

- Eu pensei que você não se importasse mais. Que houvesse desistido de mim - ela admitiu.

- Eu pensei nisso. Por essa razão pensei muito qual poesia dar a você, eu suponho.

Lily enrubesceu e não procurou o olhar perscrutador de James.

- E se eu tivesse desistido? - ele perguntou. - O que você teria pensado?

Lily ainda se recusou a encará-lo, então olhou para o chão, respondendo:

- Eu não sei.

- O que você sentiria? - James a pressionou.

- Eu não sei! Eu teria ficado desapontada; é isso que você quer ouvir? Eu não suporto mais isso, as coisas não estão como eu supus que ficariam! - Lily gritou, afastando-se dele rapidamente.

O fato era que ela estava desapontada, e era justamente por estar perdendo a aposta que ela estava se sentindo assim. Era uma situação de tudo ou nada, e Lily não sabia se queria tudo, mas ela sabia que não queria apenas o nada.

- Lily, espere! - James a girou. - Eu pensei que você não fugiria mais.

A garota o encarou.

- Eu também pensei.

- Então não fuja.

- Eu preciso. Não sei o que eu quero. Preciso de tempo pra pensar.

- Não pense. Você pensa demais. Apenas sinta. Diga-me: o que você quer, agora, neste momento?

Lily respirou profundamente, fechando os olhos por um segundo, então olhou novamente para James.

- Agora, neste momento? - ela repetiu.

- Agora. O que você mais deseja?

Lily fechou os olhos novamente, acalmando-se. Ela sabia o que queria, mas será que teria coragem para dizer? Mas não tinha outra reposta, independentemente dos limites que houvesse, da linha que havia sido traçada, Lily já havia transpassado ambos há um bom tempo.

- Eu quero que você me beije.

- Eu tenho esperado por esse pedido há muito tempo - James falou, puxando-a para perto e deslizando sua mão para o pescoço de Lily a fim de trazer seus lábios de encontro aos dele.

O beijo foi gentil, forçando Lily a tomar a liderança. Ela odiou isso, pois significava que não poderia negar tal beijo mais tarde, mas ela tinha que superar. Entreabriu os lábios colados aos de James, aprofundando o beijo, puxando-o para perto. A lembrança do primeiro beijo de ambos apareceu, com a exceção de que era ela quem estava prendendo-o à parede.

Lily deu um passo à frente, suas pernas se encaixando, seu corpo moldando ao dele. Ela se afastou apenas quando o ar se fez necessário, para então puxá-lo novamente de encontro aos seus lábios antes que ele sequer pudesse abrir os olhos.

James gemeu contra a boca dela, passou os braços envolta da cintura de Lily, levantando-a do chão, e girou com ela, fazendo com que a ruiva ficasse prensada à parede. Ela ergueu os braços para puxá-lo para mais perto ainda, ao que James os ergueu sobre sua cabeça, prensando-os na parede e beijando Lily furiosamente. Levantando uma perna, ela envolveu a cintura de James, gemendo o nome dele contra seus lábios. Era triste pensar que ela tinha passado uma semana toda sem isso. Um beijo assim deveria acontecer uma vez ao dia, de hora em hora, como recompensa de bom comportamento...

Sentiu-se atravessando uma piscina de água gelada quando James parou e afastou-se dela, respirando pesadamente.

- Lily, você está me deixando louco.

Ela percebeu que sua perna ainda estava envolta à cintura de James e a abaixou. Isso não era de seu tipo. Precisava ter mais cuidado.

- Então por que você parou?

- Se eu não parar agora, não consigo depois.

Lily sorriu com aquela resposta. Foi um elogio. Bom saber que ela o excitava tanto. Ela estava agradecida em não ser a única com aquelas sensações.

- Você certamente sabe dar a uma garota o que ela quer.

- Minha meta é agradar - retorquiu, olhando avidamente para os lábios de Lily.

- E você faz isso muito bem - ela retorquiu, percebendo o olhar dele.

James abaixou o rosto a fim de beijá-la novamente, mas Lily o afastou.

- E quanto ao que você disse de não conseguir parar depois?

- Quem se importa em parar?

- James...

Ele soltou um gemido frustrado e deu um passo pra trás.

- Eu sei, eu sei. Muito rápido.

- E muito longe - ela replicou.

- Eu sei. E eu quero respeitar você. - Afastou-se dela mais ainda e então falou: - Fique desse lado do corredor que eu não ficarei tão tentando.

Lily riu:

- Eu prometo que não tentarei você.

- Você sozinha já me é tentador - ele falou com os olhos nublados. Ela não fazia idéia do grande efeito que tinha sobre ele.

- Fique do seu lado do corredor - ela ordenou, mas não conseguindo colocar tanta firmeza na voz.

- Seu desejo é uma ordem.




N/B: Liv, você sabe que eu acho maravilhosa sua tradução, né?! rs. Sabe, gostei mais do capítulo 13 do que desse, mas você sabe porquê... Eu adoro as tiradas do Sirius, e a Lily até que está ficando mais simpática! Agora, o que foi aquele amasso?? Merlim amado! Eles tiveram muito auto-controle! Ótimo trabalho amiga, continue assim! Huahauahaua
Te amo....beijooo

N/T: Bem, depois dessa nota de elevar ego da minha beta querida, não é, Pam, só espero que todos tenham gostado do capítulo!

A poesia que o James recitou a Lily é o Soneto X de Shakespeare.

E meu agradecimento especial pelas reviews a:

Lua Potter, séf, Sally Owens (estou em dívida com você, mana, mas já estou me ajeitando! Saudades!!!), ***Angel*** Biby...Gaby_Potter, Claire Jones, Mary Moony :*

Beijos a todos e até o próximo!

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