Coisas Pelas Quais Vale a Pena



Capítulo 9 – Coisas Pelas Quais Vale a Pena Morrer



- Parte I -


Dois dias depois do Dia dos Namorados, entrei no dormitório da Hermione tarde da noite. Fora outro dia difícil, assim como o dia 14 de Fevereiro. Miguel e eu ainda tínhamos que celebrar e ele estava extremamente desapontado. Eu continuava lhe dizendo que aquele era só um dia e que teríamos outros. Não era como se fosse minha culpa, você sabe. Para dificultar um pouco mais as coisas, sabia que Fred e Jorge estavam com medo do próximo jogo. Depois do jantar, tomei uma ducha, troquei de roupa, e procurei pela companhia de Hermione.

Ela estava sentada na cama com um livro, como sempre, com uma expressão elegante no rosto. Eu ainda não tinha falado com ela sobre os últimos detalhes de seu plano elaborado. Pelo seu sorriso que não desaparecia há dois dias, seu plano ocorreu sem qualquer falha. Rita Skeeter tinha finalmente feito algo certo. Depositando o livro no colo, ergueu os olhos para mim e disse, “Acho que vai funcionar”

Estivemos preocupadas que Harry não quisesse fazer a entrevista, e Hermione parecia satisfeita que ele tenha se disposto a ajudar, “Ele falou sobre tudo? Até sobre a morte do Cedrico?”

“Especialmente sobre a morte do Cedrico”, Hermione retrucou, “Ele foi brilhante”, seus olhos brilharam de orgulho. Analisou-me e resolveu continuar, “Uma pena Harry não ter sido brilhante em seu encontro”

Ah, sim; eu tinha quase esquecido que Harry tinha saído com Cho no Dia dos Namorados. Já que testemunhara seu beijo, eu estava sendo estranhamente fria com Cho. Tentando esconder minha curiosidade, perguntei tão indeferente quanto pude, “O encontro não foi bom, então?”

“Foi um desastre”, Hermione admitiu, “Harry não teve tato algum e Cho começou a chorar”, enquanto ela recontava a história que Harry lhe contara, não pude evitar um sorriso. Depois do ocorrido sob o azevinho, estava silenciosamente ansiando pelo final de tudo aquilo.

“Bom”, eu disse.

Hermione pareceu surpresa. “O que quer dizer com bom? Não foi você quem incentivou Cho? Não foi você quem disse que ela não era tão ruim?”, listou as razões com os dedos, “Isso é um pouco hipócrita da sua parte. Achei que você queria que eles ficassem juntos”

“Eu queria”, eu disse, escolhendo as palavras cuidadosamente. Não tinha contado a Hermione que tinha visto o amasso natalino deles. Não sabia como explicar para ela minha visão, quando ela sabia exatamente como eu estava me sentindo, “Mas...”, comecei, aproximando-me, “Cho não é a garota certa para o Harry”

“E suponho que você sabe quem é exatamente certa para o Harry?”

Gargalhei, “Não eu!”, mas era exatamente o que estava pensando, “Cho é muito chorona para ele. Se gosta de um garoto, ele deve te fazer mais feliz”, e eu acreditava mesmo nisso. Entendia que Cho perdera Cedrico, mas já devia estar superificialmente curada se queria outro garoto. Não é justo que Harry tenha que recolher os pedaços.

Hermione lançou-me aquele olhar sabe-tudo. Ao invés de brigar comigo, assentiu. “Francamente, acho que está certa. Harry precisa de alguém que seja igual a ele”, folheou as páginas do livro antes de continuar, “Mas não sei de ninguém que esteja disponível

Ignorando Hermione, dei um abraço de boa-noite e voltei para o meu quarto, satisfeita por Harry estar finalmente livre da rede chorosa de Cho. Dormi muito bem naquela noite.

Na segunda-feira seguinte, o Pasquim foi lançado e os estudantes se agarraram a ele como se fosse doce. Umbridge fez bem ao bani-lo, fazendo com que todos os alunos quisessem lê-lo.

Incluindo Cho. Quase vomitei quando a vi caminhar pelo corredor, colocar sua mão na de Harry e sussurrar algo em seu ouvido que o fez sorrir. Beijou-o na bochecha e partiu. Suspirei. Harry estava de volta com ela e eu estava de volta com meus pensamentos nocivos em relação a ela.

No começo de Abril, finalmente chegamos nos Patronos. Miguel e eu ficamos lado a lado, tentando conjurar nossas criaturas, berrando “Expecto Patronum” e vendo o vapor prateado sair da ponta das nossas varinhas.

Mais ou menos no meio da aula, o do Miguel recebeu a clara forma de um corvo. Flutuou pela minha cabeça e admirei o quão bonito ele era. Eu, por outro lado, não consegui conjurar uma forma definida. Tentei a maioria das minhas recordações com Miguel nos últimos nove meses, mas, aparentemente, não eram felizes o suficiente.

“Você tem que pensar em algo feliz”, Harry disse a Neville, que parecia estar tendo tanta dificuldade quanto eu.

Rosnei quando outro feixe de vapor saiu da varinha. Olhei para Miguel, buscando por ajuda, “Que memória você está usando?”, perguntei a ele, um pouco envergonhada por precisar de ajuda.

“O Baile de Inverno”, Miguel disse, seus olhos verdes refletindo os vapores prateados na sala, “Quando dançamos, eu sabia o quanto gostava de você. Tente essa memória”

Não quis dizer nada, mas já tinha tentado. Fechando meus olhos, liberei minhas recordações, pensando em Miguel e na primeira vez que beijamos, mas terminou não tal. Pensei em quando começamos a namorar, mas passamos os dois meses seguintes sem qualquer contato. Nenhuma delas estava funcionando.

Não tenho certeza de como, mas logo estava mergulhada em memórias que não tinham relação com Miguel. Logo, minha mente voltou cinco anos e meio na Plataforma 9¾. Eu tinha dez anos, preparando-me para me despedir de Rony, implorando que Mamãe me deixasse ir à Hogwarts, quando o vi; parecia tão perdido. Seu cabelo bagunçado escondia a cicatriz pelo qual era reconhecido, seu óculos remendado mascarava sua fama. E meu coração de dez anos de idade perdeu uma batida quando ele olhou para mim.

Expecto Patronum!”, berrei. Do fim da minha varinha, um vapor prateado explodiu e um cavalo, o mais lindo garanhão que já vi na minha vida, parou ali, batendo com o casco no chão. Rapidamente, galopou pela sala, correndo ao lado de um veado prateado.

“Funcionou!”, Miguel exclamou, mas eu não disse nada. Senti-me envergonhada, sabendo que foi a recordação de Harry que produziu meu Patrono, não a de Miguel.


- Parte II -


Foi então que tudo que tínhamos planejado ruiu. Dobby entrou correndo, trôpego. Quando todos notaram o elfo doméstico e sua louca coleção de chapéus, Harry já tinha uma expressão de pânico.

Dando as costas para Dobby, rugiu, “O QUE ESTÃO ESPERANDO? CORRAM!”, apontou para a porta.

“Vamos!”, Miguel disse, sua voz cheia de medo. Agarrou minha mão enquanto passávamos pela Cho. Ela não estava se movendo, “Cho! Não fique parada aí, vamos!”, agarrou sua mão também e puxou-a em direção à porta.

Notei vagamente que ele estava segurando a minha mão e a de Cho. Finalmente fora da sala, olhei novamente para a Sala Precisa e vi Harry depositar Dobby no chão. Bem quando virávamos o corredor, ele berrou e vi Harry cair com força no chão do corredor.

Puxei com toda a minha força para parar Miguel, “Pára! Eles pegaram o Harry!”

“Eles pegaram o Harry?”, Cho ofegou. Ela se soltou de Miguel e espiou pelo corredor. Voltou sua cabeça e nos encarou, “Pegaram”, sussurrou.

“Vou voltar”, eu disse, mais uma vez tentando escapar de Miguel, ele me segurou com força e balançou a cabeça, “Miguel, deixe-me ir nesse exato instante”, berrei, mas ele me lançou um ‘shh’.

“Não há nada que possamos fazer”, Miguel sussurrou.

“Podemos lutar!”, chiei.

“Não podemos lutar contra um professor”, Cho disse suavemente; escondeu o rosto nas mãos e começou a chorar. Não consegui evitar me irritar com isso.

“Harry não iria querer que nos deixássemos ser pegos com ele”, Miguel raciocinou comigo, “Eles já sabem que ele estava lá. Se o ajudarmos a fugir, seremos expulsos. Agora, vamos!”, puxou-me e, relutante, o segui.

Miguel nos guiou rapidamente para a Corvinal. Eu não acreditava que Harry ia ser expulso. Tinha se esforçado tanto para nos ensinar e agora ia partir. E se eles encontraram a lista de Hermione? Umbridge realmente expulsaria tantos alunos? E foi a primeira aula de Simmas. Eu me sentia tão mal.

Falando pouco um para o outro, nós três encontramos nosso santuário na sala comunal da Corvinal. Assim que pisei na sala circular, pensei, ”Quem nos entregou?”

Parei, repassando a lista de pessoas em minha cabeça e tentando descobrir quem poderia ter sido. Zacarias Smith foi o primeiro que me ocorreu, mas ele estava lá aquela noite. Se ele fosse mesmo o traidor, não teria aparecido. Até considerei que Simmas podia ter sido enviado como um espião, mas ele odiava Umbridge tanto quanto nós. Encarei Miguel e depois Cho...

“Cho”, eu disse lentamente, “Onde estava Marieta esta noite?”

Cho, que estava sentada na maior cadeira da sala, negou-se a me encarar. Choramingou novamente e olhou interessada para a lareira. Repeti a pergunta e ela não respondeu.

Saquei a varinha do meu bolso, apontei-a para ela e disse com clareza, “Me responda, Cho”

Cho olhou para mim, seus olhos estavam vermelhos, “Não sei”, disse, a cabeça balançou quando continuou, “Você acha que foi ela, não é?”

“Ela é a única que não estava lá essa noite”, berrei, ficando cada vez mais brava, “Quem, diabos, você acha que foi?”, dei alguns passos em sua direção, mas Miguel colocou-se na minha frente, “Saia, Miguel”

“Não posso deixar que você perca o controle”, disse, colocando sua mão gentil sobre a minha que empunhava a varinha e a abaixando, “Você não quer fazer algo do qual vai se arrepender”

“Acredite em mim. Vou me satisfazer muito com isso”, zombei. Guardei minha varinha no bolso, mas não ia fazer o mesmo com a minha raiva, “Como pode estar tão calmo com isso, Miguel? Alguém nos traiu!”

“Mas me nego a ficar apontando até que saibamos com certeza”, Miguel berrou.

“Foi a cobra miserável da sua amiga!”, gritei e tenho certeza que todos os corvinais estavam acordados àquela altura.

Cho estava às lágrimas, fungando nos braços. Balançava a cabeça com força entre soluços, e ouvi palavras como “Harry” e “Marieta”.

“Estou saindo”, informei.

Miguel ficou na minha frente novamente, balançando a cabeça, “Não estou tentando lhe dizer o que fazer, Gina, mas não seria inteligente sair agora. Durma no sofá...”, depois adicionou, “por favor”

Suspirei e, a contragosto, sentei no sofá. Ele sentou ao meu lado e pegou minha mão, massageando-a com a outra mão. Neguei-me a olhar para ele, achei mais interessante lançar adagas à Cho com os olhos. Ninguém falou por horas; a única coisa audível era os soluços de Cho.

Uma hora depois, a porta se escancarou. Encarando a entrada, Marieta ficou parada, confusa. Em sua testa, estava distinta a palavra ‘Dedo-Dura’ formada com bolhas.


- Parte II -


Pulei para meus pés antes mesmo de perceber o que fazia. Olhos castanhos chamejando, berrei, “COMO VOCÊ PÔDE?!?”

Marieta pareceu horrorizada, recostando-se contra a parede, “Gina, não fiz nada”

“Tente novamente, Edgecombe!”, berrei. Apontei para sua testa e, brutamente, passei meu dedo pela sua testa enrugada da esquerda para direita, “A lista da Hermione não mente!”

Miguel ergueu os olhos grogue, porque estava adormecido. Olhou para mim, inclinada sobre Marieta, e pulou. Correu para o meu lado, “Gina, calma”

“Hermione fez isso?”, Cho perguntou suavemente, erguendo os olhos e sua feição azedou-se, “Que truque horrível, esse”

“Truque horrível?”, meus olhos triplicaram de tamanho enquanto direcionava minha raiva para ela, “Brilhante da porra, se quer minha opinião” Esse foi o pouco dos meus irmãos em mim, “Como você pode ficar sentada e defendê-la? Ela devia ser sua amiga! Ela, claramente, não foi amiga o suficiente para te informar que ia nos trair!”

“Eu...”, Marieta começou, “Eu nem me lembro”

Cerrei meus dentes com força. Não me importo com mentiras inocentes, mas quando uma pessoa mente quando a verdade é iminente, não suporto. As mãos de Miguel pegaram meu braço e olhei-o, “Você está terrivelmente quieto. Não me diga que está do lado delas

Miguel mudou seu foco para o rosto de Marieta, depois Cho sentada na cadeira, depois para mim, “Não”, ele disse e eu sabia que era mentira. Estava querendo manter as aparências, ficando ao meu lado para me acalmar, e eu não ia fazê-lo.

“Mentiroso”, sibilei e empurrei Marieta da porta. Não me importava se estava patrulhando os corredores. No humor que estava, adoraria que um dos amiguinhos de Umbridge passasse na minha frente. Olhando por cima dos meus ombros, acompanhei a virada do corredor, e soube que Miguel não procuraria por mim.

A notícia da fuga de Dumbledore se espalhou rapidamente. Até os detalhes da sua fuga se espalharam da mesma forma. Dumbledore tirou a culpa de Harry e, uma vez mais, Harry escapou por pouco.

“Serão longos três meses”, Dino disse, parando no Salão Principal, ao meu lado enquanto líamos o Decreto Educacional Número Vinte e Três, “Com o Dumbledore fora, Umbridge como diretora...”

Li o decreto pela oitava vez desde que Dino e eu paramos lá. Depois de todo o trabalho que tivemos para manter as mãos dela longe de nossos destinos... fomos abandonados num matadouro e ninguém queria recolher pedaços. Era muito arriscado agora.

“Bem-Vindo ao inferno, Hogwarts”, eu disse.

“Meio que faz a gente repensar nossas prioridades, né, Maninha?”, Dino questionou. Lá estava o apelido novamente. Virando-me para ele, esperei por mais uma de suas observações. Não fiquei desapontada, “Agora que você e Miguel terminaram...”

Interrompi-o, “Não terminamos”, respondi, “Só não estamos nos falando nesse momento. Se ele tirar a cabeça daquele...”

“Nos pergunte”, uma voz familiar disse às minhas costas, “o que seus queridos irmãos planejam como um presente de boas-vindas para nossa nova Diretora?”

Fred e Jorge me agarraram pelos braços, um de cada lado, e me levaram para longe de Dino. Acenei um ‘tchau’ aturdido ao garoto e esperei que os gêmeos me depositassem no banco, próximo à uma porta.

“Então”, disse, ansiosa, “O que meus queridos irmãos estão planejando?”

“Tcharã!”, Fred puxou das vestes o mesmo pedaço de papel sobre o qual estavam inclinados meses antes. Era o requerimento, “Sabe o que é isso?”

“Liberdade”, Jorge disse, sorrindo.

“Assim que entregarmos esse documento ao locador, você estará olhando para os novos proprietários do número 93 do Beco Diagonal”, Fred disse.

Berrei animada. Apesar da falta incontrolável que sentiria dos meus irmãos, estava extremamente orgulhosa deles por seguirem seus sonhos. Abracei os dois, depois dei dois socos de mentira, “Não acredito que estão nos abandonando agora. Agora é que Hogwarts mais precisa de vocês!”

“Gina, Gina, Gina”, Fred disse, balançando o dedo na minha direção.

“Oh, você, de pouca fé!”, Jorge disse.

“Não sairemos por pelo menos mais uma semana e meia”, comentou Jorge.

“Logo depois da Páscoa”, falou Jorge.

Um sorriso largo estalou-se em meu rosto. Eu tinha a sensação de que gostaria da próxima parte da conversa, “Sim, e...?”

“Apenas fique no Salão Principal”, Fred limitou-se.

“Será um grande show”, Jorge disse, sombriamente.

“Estamos saindo para avisar os outros”, Fred acrescentou.

Levantaram-se e piscaram para mim, quando saíram. Assim que partiram, Delia sentou-se ao meu lado.


- Parte III -


“É verdade?”, perguntou, “Você e Miguel terminaram?”

“Não”, disse, explicando-lhe uma versão curta dos eventos da noite anterior. Ergui os olhos e vi Harper e Vaisley entrarem no corredor. Parecendo um pouco mais arrogantes que de costume.

“Estou feliz que você não tenha sido expulsa”, Delia disse, “Você é uma das poucas razões que me fazem voltar para este colégio”, ela me contara repetidamente que preferiria estar no mundo trouxa; não esperava ela de volta no ano seguinte.

Harper e Vaisley pararam na nossa frente. Notei que cada sonserino tinha um pequeno I prateado na frente de suas roupas. Olhei para eles e disse, “Precisam de ajuda ou fugiram da Aula de Educação Especial?”

“Que fofo, Weasley”, Harper zombou, “Acho que você merece cinco pontos a menos por essa observação”

“Cala a boca, Harper”, disse, tentando ignorar o comentário.

“Weasleyzinha, eu não seria tão grosseiro”, Vaisley disse, polindo o I nas suas roupas, “Harps e eu somos do Esquadrão Inquisidor”

“O... quê?”, Delia questionou.

“Sangues-Ruins devem pedir permissão para falar com a gente. Dez pontos a menos”, Harper zombou, e olhou pra mim, “Umbridge escolheu alguns alunos que apóiam o Ministério para ajudá-la a manter a ordem. Então, cinco pontos a menos pelo o que você disse para nós ano passado na Copa Mundial, cinco pontos a menos pela azaração que lançou em mim no trem, ano passado, e outros cinco pelo que lançou no Vaisley alguns meses atrás. Estamos esquecendo de algo, Deamon?”

“Ela é amiga da sangue-ruim. Isso vale dez”

Saíram rindo e vangloriando um ao outro pelos quarenta pontos que tiraram da Grifinória. Delia, parecendo não ter sido afetada pelas palavras, sentou comigo na mesa da Grifinória para o almoço, pedindo por detalhes do ocorrido com Miguel.

Apenas alguns minutos depois, descobri sobre o quê Fred e Jorge tinham me avisado. O corredor do lado de fora do Salão Principal entrou em erupção com explosões e brilhos coloridos. Mordi meu sanduíche, enquanto ouvia o doce som do caos.

O silêncio reinou durante a o feriado da Páscoa. Fred e Jorge, não querendo incomodar o tempo livre dos estudantes, estavam estranhamente reservados. Miguel e eu não tínhamos nos falado desde que Dumbledore e sua Armada fora banido e, se os rumores foram verdadeiros, Cho e Harry não eram mais um casal. Parece que Harry também não gostou muito da defesa de Cho em relação a Marieta, também, HA! Quem disse que nós não fomos feitos um para o outro?

Estava sentada no salão comunal, quando Miguel me encontrou dois dias antes do fim do feriado da Páscoa. Eu tinha rastejado até lá depois de outro horrível treino do time, quando o vi passar pela porta. “Não devia ter lhe dado a senha na semana passada”, pensei.

Impedindo meus olhos enquanto se aproximava, parou quando chegou ao sofá. Estava segurando uma caixa que fora claramente aberta e fechada novamente. Esticou-a para mim, e tentou fingir um sorriso, “Professora McGonagall pediu que te desse isso”

Peguei a caixa que estava marcada com um ‘Inspecionado e Aprovado pela Alta Inquisição de Hogwarts’. Era da Mamãe; deviam ser os ovos de páscoa. Eu poderia usar de um doce, com certeza, “Valeu”, murmurei. Esperei que ele dissesse algo, porque McGonagall poderia ter pedido a qualquer grifinório para me entregar, então ele devia ter se candidatado.

“Sinto muito, Gina”, Miguel finalmente disse e pareceu sincero. Ficou parado na minha frente, sem nem alterar o peso de um pé para o outro. Ele era sempre firme daquele jeito, e era uma das coisas que eu considerava mais atraentes, “Você estava certa. Você é minha namorada e eu devia ter te apoiado. Sinto sua falta”

E eu sentia a falta dele. Desde a nossa primeira briga em Janeiro, as coisas estavam indo bem entre a gente, mas odiava admitir que tinha perdido muito respeito por ele algumas noites atrás do nosso atual encontro, e eu não sabia se ele conseguiria se redimir. Eu disse isso, mas também falei que queria tentar.

Ele concordou, se inclinou sobre o sofá e me beijou, saindo da sala comunal. Ansiosamente abri a caixa de chocolates e comi um. Estava no paraíso. Mamãe sempre conseguia me surpreender com sua culinária. Com a mão cheia de guloseimas, olhei para o cartão que ela mandara.

“Crianças.
Sei que têm sido difícil. Espero que isso ajude.
Amor, Mamãe.
P.S.: Fiz alguns extras para Harry e Hermione”



- Parte IV -


“Onde está Harry?”, perguntei a Hermione, minutos mais tarde, dando um chocolate a ela e uma chance para descansar dos seus estudos exaustivos.

“Acho que ele ficou... uau! Isso é bom...”, Hermione lambeu os dedos e fez um som aprovador do fundo da garganta, “Agradeça à sua mãe”

Ela foi pegar mais um, mas bati em sua mão levemente, “O outro é para o Harry. Sabe onde ele está?”

Olhando o ovo, cobiçosa, ela me lembrou de Rony, “Ele disse que ficaria na biblioteca para estudar”

“Estudar?”, perguntei, em dúvida.

Hermione pareceu tão cética quanto eu, “Foi o que pensei, também. Ele parecia miserável. Talvez ele precise de uma pegação”, lançou-me um de seus olhares novamente, insinuando que eu era a garota mais indicada para fazê-lo.

“Miguel e eu voltamos”, retruquei.

“Isso é bom”, ela disse, deixando claro que não era o que pensava.

Acenei um tchau para ela. Com uma caixa de chocolate na minha mão e um impulso guiando meu coração, caminhei em direção à biblioteca. Se Harry estivesse miserável, talvez eu pudesse ajudá-lo. O que poderia ser? Pré-NOMs ansiedade? Cho?

Encontrei-o sentado sozinho no canto da biblioteca. Seus livros depositados sobre a mesa, com a intenção de serem estudados, mas nenhum fora aberto. Ele encarava a janela, observando os campos, perdido num lugar distante que o liberava da necessidade de estudar para os exames porvir.

Ele realmente parecia miserável.

Não tinha certeza se queria perturbar seus pensamentos, mas não permitiria que ele se afogasse em sua tristeza sozinho. Pensei no verão quando tentei fazê-lo falar sobre sua insatisfação por não ter sido feito monitor. Ele tinha se negado a falar a respeito. Suspirei por dentro. Se ela ainda não quisesse confiar em mim, tentaria a abordagem inocente. Apenas entregando o doce, muito obrigada.

“Harry”, eu disse, suavemente, quando me aproximei. Se me ouviu, fingiu muito bem ao meu ignorar, “Harry”, eu disse novamente, de forma cantada. Revirando os olhos e sentando-me de frente para ele, disse um pouco mais alto, “Harry, estou falando com você. Você tá me ouvindo?”

“Ahn?”, ele finalmente disse, virando-se da janela e do mundo distante que lhe protegeria, olhou-me como se eu estivesse completamente fora do cenário. Por um segundo, jurei que ele teve que buscar em seu banco de memórias para saber quem eu era, “Oh, oi”, ele falou, olhando para o meu uniforme do time que eu ainda não tinha trocado, “Por que não está no treino?”

Era tão típico do Harry tentar esconder suas emoções, que estavam estampadas em sua testa para que todos vissem. Se ele realmente quisesse fingir que nada o incomodava, me juntaria a ele. Resmungando, respondi, “Acabou. Rony teve que levar Jack Sloper para a Ala Hospitalar”

“Por quê?”

“Bem”, disse, “Não temos certeza, mas achamos que ele se bateu com o bastão”, rapidamente analisei seu rosto, buscando por divertimento. Não encontrei nenhum, “De qualquer forma... Um pacote acabou de chegar, passou pelo processo de aprovação de Umbridge...”

Ergui a caixa do meu colo e coloquei-a na mesa, “São os ovos de páscoa da Mamãe...”, abri a tampa e percebi Harry analisando a caixa aberta e fechada novamente. Encontrei o maior ovo de lá, peguei-o entre meu dedo indicador e o dedão, “Aqui está um para você...”, estendi minha mão a ele, “Aí está”

Ele pegou o ovo e encarou-o. Pomos de glacê o encararam. Por um longo segundo, vi-o estremecer e não tinha nada a ver com o pensamento de consumir chocolate.

“Você está bem, Harry?”, perguntei, suavemente.

“Sim, tô legal”

“Você parece meio deprimido ultimamente”, disse. Tinha que fazer isso com delicadeza, ou o garoto não se abriria para mim. Vamos tirar o óbvio do caminho. Com cada bocado de coragem que consegui juntar, comecei, “Sabe, tenho certeza que se você falasse com Cho...”

“Não é com a Cho que eu quero falar”

E por um rápido segundo, meu coração perdeu uma batida. Estava tudo acabado entre eles. Qualquer nervosismo que costumava habitar a voz de Harry quando falava de Cho tinha sumido. Ansiosamente, inclinei-me em sua direção, “Quem é, então?”, perguntei, esperançosa de que fosse comigo que ele quisesse falar.

“Eu...”

Vamos, Harry...”, silenciosamente implorei, “Se abra comigo...” Vi-o olhar em volta. Madame Pince e Hannah Abbott estavam gôndolas de distância, longes demais para ouvir. Ele estava mesmo considerando falar comigo?

“Queria poder falar com Sirius”, murmurou, “Mas sei que não posso”

Vitória! A garota de dez anos de idade que ficou na plataforma 9½ grunhiu animada; a dama em perigo de onze anos de idade que olhou para Harry quando ele a salvou da Câmara Secreta uivou maravilhada e aquela criança que ouvira todas as histórias de Harry Potter ergueu as mãos para os céus e aplaudiu em triunfo.

Para se distrair do meu olhar sagaz, ele desembrulhou o ovo que lhe dei, partiu um pedaço e colocou-o na boca.

“Bem”, eu disse, lentamente, cuidadosamente escondendo minha satisfação. Também peguei um novo ovo, sabendo que Rony me mataria por comer seu pedaço, “Se você quiser realmente falar com Sirius, acho que podemos pensar em um jeito de fazê-lo...”

Ele me interrompeu, exclamando desesperançado, “Vamos, com Umbridge policiando as lareiras e lendo as nossas cartas?”

Ele fez com que eu sorrisse levemente, “O ponto é que quando você cresce com Fred e Jorge começa a pensar que tudo é possível se você tiver coragem o suficiente”, pensei nos gêmeos finalmente realizando o sonho de abrir sua loja de truques.

Imediatamente ele se posicionou melhor na cadeira, parecendo bem mais otimista. Acho que aquela foi a primeira vez que ele me viu como mais do que a irmãzinha do seu melhor amigo. Talvez não como uma opção romântica, mas como uma amiga. O olhar que ele me deu, lançou arrepios pela minha espinha. Ele abriu a boca para dizer algo...

“O QUE PENSAM QUE ESTÃO FAZENDO?”

É claro que aquele momento íntimo com Harry tinha que ser interrompido, “Ah, droga”, sussurrei, enquanto Harry e eu empurrávamos a cadeira e pulávamos de pé, “Esqueci...”

“Chocolate na biblioteca!”, Madame Pince berrou em cólera, seus olhos cheios de irritação, “Fora... fora... FORA!”, ela apontou a varinha e livros, malas e tinta levitaram e começaram a nos perseguir.

Rindo, agarrei os chocolates da mesa e corremos a toda velocidade em direção à saída. Pelos corredores, lado a lado, corremos enquanto os objetos nos batiam. Quando finalmente viramos o corredor, os objetos dele caíram com um estrondo no chão.

Ambos nos recostamos contra a parede, entrando recuperar o fôlego. Olhei para Harry, tinta estava espalhada sobre seu rosto e seu cabelo estava mais bagunçados que o normal. Seus olhos estavam fechados, mas ele não estava mal humorado, mas tinha um largo sorriso no rosto.

Abrindo seus olhos, perguntou, “Já fez isso antes?”

“Uma vez”, respondi, lembrando da ocasião, “Miguel...”, eu tinha mesmo que mencioná-lo? “... e eu fomos expulsos no mês passado. Perdemos o controle de alguns sapos de chocolate”

Ele sorriu novamente e derreti ainda mais por dentro, “Soube que brigou com Miguel por causa de Marieta”, ele disse.

“Ele pediu desculpa e nós voltamos”, retruquei, pensando, quase arrependida, no momento que eu e ele dividimos menos de uma hora atrás. Hesitante em trazer o assunto à tona, eu disse, “Soube que você teve a mesma briga com a Cho”, ele assentiu, não querendo dizer mais nada sobre o assunto, continuei, “Então acho que chocolate não é a única coisa que temos em comum”

“Você está certa”, Harry disse, ainda sorrindo. Ele apontou para meu rosto e gesticulou para ele como um todo, “Você tem um pouco de tinta no seu rosto”

“Continue falando”, provoquei, cruzando os braços e desviando os olhos. Dei o meu melhor para parecer irritada, mas não consegui parar de rir, “E não vou dizer onde a tinta te acertou”

Ele me encarou, tentando descobrir se eu estava provocando-o ou se a tinta realmente tinha caído em algum local embaraçador.

Revire os olhos, “Vamos. Vamos recolher suas coisas”, me abaixei e comecei a recolher seus livros. Ele pegou o tinteiro vazio, jogou-o em sua mala e segurou-a aberta para que eu colocasse os livros lá dentro.

Claramente satisfeito com o acordo, ele fechou a mala e colocou-a nos ombros, “Gina”, ele falou, “Valeu”

“Harry, não é nada demais. Fred e Jorge vão fazer a maior parte do trabalho”

“Não só por isso”, ele retrucou, “Por ter ficado ao meu lado mesmo contra seu namorado, por vir me procurar hoje, por... tudo”

Se ao menos ele soubesse o quanto fiz durante todos esses anos, quantas pequenas coisas consegui fazer para assegurar sua felicidade e bem-estar, quanta felicidade eu sacrifiquei com Cho só para vê-lo sorrir. Se ao menos ele soubesse...


- Parte V -


Pela primeira vez em muitos meses, corei. E nem era o melhor momento para fazê-lo. Não é como se ele tivesse me elogiado, ou me tocado; ele tinha me agradecido. Envergonhada e extremamente embaraçada de minhas bochechas coradas, rapidamente me recompus.

“De nada, Harry”, disse, recuando desajeitadamente, “Se me dá licença, vou procurar meus irmãos”

Encontrar Fred e Jorge nunca era tão fácil quanto parecia. Eles nunca estavam por perto quando se queria, e sempre apareciam nos momentos mais inoportunos. Para minha sorte, encontrei-os no salão comunal, discutindo algo entre si.

“Meninos”, eu disse, “Preciso dos seus serviços”

“Qualquer coisa por você”, Fred respondeu.

“É mais para o Harry do que para mim”, falei lentamente, sabendo que não importasse a quem fosse, contanto que causasse um pouco de caos.

Ambos gêmeos trocaram zombeteiros olhares chocados e eu sabia que ia ser provocada. Abracei-me e preparei-me para o impacto.

“Nós achávamos que a senhorita Gina tinha desencanado do senhor Harry”, Jorge disse.

“Achávamos que tinha um certo rapaz chamado Miguel Corner”, complementou Fred.

“Ou os boatos são verdadeiros e você disse adeus ao seu príncipe encantado?”, perguntou Jorge.

Fiquei lá, parada, batendo com o pé ritmadamente no chão. Já tínhamos passado por essa conversa e eu me recusava a repeti-la. Soando divertida, falei, “Já acabaram?”

“Desculpe, Gina, não conseguimos nos controlar”, Fred admitiu.

“Então, o que tem em mente?”, perguntou Jorge.

Expliquei a eles a vontade de Harry de falar com Sirius. Falei detalhadamente, lembrando-os que todo o correio estava sendo confiscado e revistado, e como a Rede Flú estava sendo monitorada...

“Aí está o seu erro”, Fred comentou.

“Nem todas elas estão sendo monitoradas”, Jorge disse, querendo que eu concluísse por mim mesma.

Ofeguei, “O escritório dela?”

Ambos assentiram solenemente e balancei a cabeça. Não havia uma única chance de se sair bem dessa. Era o escritório dela. Eles estavam pirados? Engoli em seco e perguntei como fariam.

“Lembra quando falamos que partiríamos em breve?”, Fred perguntou.

“Temos mais uma grande peça a pregar antes da nossa grande saída”, Jorge disse.

“Podemos garantir vinte minutos para Harry”

Deixei meus irmãos aquele dia sabendo muito bem que eles o fariam. Hermione deu o seu melhor para convencer Harry a não se arriscar. Até mesmo apelou para mim, pedindo-me para cancelar tudo, mas me neguei.

Ficando lá, de mãos dadas com Miguel dois dias depois, assisti meus dois irmãos subirem aos céus em suas vassouras em frente à uma platéia de cinqüenta ou mais estudantes. Sorrindo o mais largo que podia, eles ordenaram a Pirraça que fizesse da vida de Umbridge um inferno e sumiram. Uma sensação de anseio pelos meus irmãos misturada com orgulho espalhou-se dentro de mim enquanto a multidão aplaudia, berrava e ovacionava em concordância. O pântano portátil fizera seu trabalho.

Fred e Jorge nos deram esperança.

Caos... glorioso caos reinou por cinco semanas. Qualquer estudante, com oportunidade, jogava uma bomba de esterco nos corredores; qualquer estudante, com vontade, azarava o Esquadrão Inquisitorial e qualquer estudante que fosse sensato se divertia com isso. Enquanto os corredores estavam infestados com cheiros e odores, nós andávamos pelos cantos com Feitiços de Cabeça de Bolhas.

Mesmo com a desculpa de Miguel, ele e eu nunca nos recuperamos daquela última briga. Achar tempo um para o outro era como tentar arrancar água de uma pedra sem usar magia. Adicionei o fato de que seus NOMs estavam rapidamente se aproximando e o tempo era escasso.

O tempo com Hermione também era muito limitado, Rony estava indo à loucura de tanto estudar e passar o tempo com Harry estava fora de cogitação. Estranhamente, encontrei-me passando muito tempo com Dino Thomas e não sei como isso aconteceu, exatamente. Uma tarde, encontrei-me buscando por ele e percebi que tinha buscado por sua companhia por quase duas semanas.

Para piorar a situação, estava beijando Miguel uma noite, depois de um difícil treino de Quadriboll e enquanto passava a mão pelos seus cabelos escuros, fiquei surpresa por não encontrar uma cicatriz no formato de um raio. Empurrando Miguel abruptamente, ofeguei.

Ele parecia aturdido e pensou que tivesse feito algo de errado. Enquanto se desculpava copiosamente, inventei uma desculpa de que tinha esquecido de escrever oito linhas para a lição de Snape. Sai correndo do salão comum da Corvinal sem dizer mais nada.

Não acredito que não tinha reparado antes. Cabelos escuros e olhos verdes, estrutura corporal similar e expressões faciais espantosamente semelhantes. Ele parecia com Harry. Quando eu passava os braços pela cintura de Miguel, eu pensei que estava abraçando Harry? Quando beijei os lábios de Miguel, imaginei-me beijando Harry? Quando me perdi completamente nos olhos de Miguel, eu desejava estar olhando nos de Harry?

Empurrei aqueles pensamentos para o fundo de minha mente.


- Parte VI -


Na noite anterior à partida Grifinória contra Corvinal, estava tentando acalmar meus nervos. Era a partida final e Corvinal tinha se saído muito bem esse ano. Sem mencionar que estaria jogando contra a minha antiga rival, Cho Chang. Se eu pudesse pegar o pomo antes que ela pudesse piscar, faria o ano valer a pena.

Achei que Miguel fosse conseguir acalmar minha ansiedade. Saindo do meu dormitório, parei no salão comunal, olhei na direção do dormitório masculino e peguei-me pensando em Dino. Se ao menos ele passasse pela entrada, eu não teria que fazer a longa caminhada em direção à Corvinal para ser confortada.

Tirando esse pensamento da cabeça, fiz o feitiço de Bolha na minha cabeça e caminhei em direção ao meu destino. Um gás amontoado podia ser visto no corredor àquela hora. Pirraça, habitando uma armadura, pulou e me assustou. Ele tinha, obviamente, esperado por alguém mais fácil de se espantar.

Cheguei à torre da Corvinal menos de quinze minutos depois. Caminhando em direção à porta, Terry Boot estava parado lá, e cheguei à conclusão de que ele estava tentando solucionar o último enigma lógico. Fiquei surpresa. Terry era normalmente bom com isso, descobrindo o enigma bem antes de Miguel e Anthony.

Retirando o feitiço da bolha, eu disse, “Se está esperando que eu te ajude, temo que teremos que ficar presos aqui fora por mais algum tempo”, dei um tapinha nas costas do meu amigo.

Terry voltou-se para mim, parecendo alarmantemente nervoso, “Hey, Gina”, ele falou, “O que faz por aqui?”

Algo estava errado. Terry normalmente era mais conversador que isso. Encarei-o, curiosa, e disse, “Tá tudo bem, Terry?”

“Aham, tudo legal”, ele disse, rapidamente, “Apenas tendo problemas com a charada”

“Deixe-me ouvi-la”, falei.

Terry pensou por um segundo e repetiu as palavras do pássaro, “O copo está metade cheio ou metade vazio?”, ele deu de ombros depois de dizê-lo e perguntou se eu podia resolver.

“Depende do ponto de vista”, respondi. Sorri quando o pássaro cantou, “Bem pensado”, eu sabia essa. Tinha ouvido aquele enigma algumas semanas atrás. Miguel, Anthony, Terry e eu estávamos voltando do... espera aí... Terry estava junto quando resolvemos essa... na verdade... foram as palavras de Terry que eu acabara de repetir.

Terry parecia ainda mais nervoso agora que a porta se abrira. Ele riu nervosamente e disse, “Muito bem, Gina”, ele tentou colocar os braços na batente da porta de maneira indiferente.

“Miguel te mandou aqui, não foi?”

“Olha, Gina, ele não está fazendo nada de errado...”, ele começou.

Empurrei-o para fora do caminho e trovejei salão comunal adentro. Sentados no mesmo sofá estavam Cho Chang e Miguel Corner... meu namorado e a corvinal mais deplorável que conheci...

Era bastante inocente, se quer saber. Em qualquer outra situação, eu não teria ficado brava. Mas considerando que aquilo tinha sido a coisa mais baixa que alguém já tinha feito a mim, eu estava puta.

“O que pensa que está fazendo, Miguel?”, perguntei, tentando manter o controle. Tinha certeza de que se lhe desse uma chance, tinha uma explicação lógica para aquilo. Talvez Terry estivesse confuso. Talvez tenha sido vítima de um feitiço Confundus.

“Só estou conversando com a Cho”, disse, apontando para a pessoa com quem dividia o sofá, “Não tem mal algum em falar com alguém, tem?”

Terry passou por nós e apontei para ele violentamente, “Mal em falar, nenhum”, respondi, “Mas mandar seu amigo para me segurar?”, Terry tentou se desculpar, mas mandei-o calar a boca, e voltei minha atenção para Miguel.

“Gina, se acalme”

“Não me acalmarei até você me dar uma explicação!”

“Estava tentando confortar a Cho”, Miguel disse. Ela tinha se espreitado para fora do sofá e caminhava lentamente em direção ao dormitório feminino, “E você está muito ocupada ficando brava com ela para entender”

“Brava?”, grunhi, “É CLARO QUE ESTOU BRAVA! Você sabe porque estou brava! E por que você está levantando isso agora? Pediu desculpas e eu disse que estava tudo bem...”

Então, percebi. Ele nunca se sentiu mal, nunca pensou que eu estava certa. Estava dizendo aquilo para me calar, manter as aparências, concordou apenas para acabar com a discussão. Sem dizer mais nada, recuei, passei por Terry em direção à porta, mais brava do que já estive em muito tempo.

No topo da escadaria, parei e considerei voltar para azará-los todos. Colocando meus dedos sobre minha varinha, ouvi passos às minhas costas. Era o Miguel vindo atrás de mim? Não, eles eram mais leves que os dele.

“Pensei ter ouvido você, Gina”, era a Luna. Estava usando seus pijamas: uma blusa branca e uma calça com dragões em movimento. Ela me viu analisando sua roupa e observou, “Eu queria comprar uma que tivesse nargles, mas a loja não tinha nenhum”

Balancei a cabeça, incrédula. De alguma forma, ela conseguia me animar com uma observação tão simples quanto aquela, “Olá, Luna”

“Miguel é muito bonito”, ela disse, “Mas não gosto muito dele”

Vindo de qualquer outra pessoa, acho que isso teria sido estranho, mas com Luna, não poderia ser de outro jeito. Finalmente notei seu cabelo, que tinha sido preso em três rabos-de-cavalo.

“Dino gosta muito de você”, Luna falou, “Ouvi-o falar sobre você ontem”

Sério? Dino gostava de mim? Meu coração bateu rapidamente e foi então que percebi o quão atraída eu estava por Dino. Ele era engraçado e, apesar de me tratar como uma irmã caçula, e sempre tinha um flerte divertido.

Mas não podia pensar nisso naquele momento.

“Eu gosto do Dino”, Luna continuou, como se estivesse falando consigo mesma. Sua voz era calmante e era quase como se ela falasse meus pensamentos em voz alta, “Mais do que do Miguel”

“Estou começando a pensar a mesma coisa”, murmurei.

“Você tem gostado do Harry a bastante tempo, também”, Luna falou bruscamente, “Acho que vocês são destinados um para o outro”

Sorri para Luna, a garota tinha acabado de fazer a noite valer a pena. Afastei-me dela. Tinha muito no que pensar e muito que preparar para o próximo dia.


- Parte VII -


Cho chorou quando eu peguei o pomo bem debaixo do seu nariz no dia seguinte. Acho que todos acharam que eu tinha voado na direção da apanhadora da Corvinal para dar-lhe um soco na cara. Imagine o assombro de todos quando peguei o pomo bem embaixo do narizinho arrebitado dela. Senti como uma vitória pessoal. Meu único pesar é que Harry não estava lá para testemunhar o feito; ele teria adorado também, tenho certeza.

Aterrissando e desmontando da vassoura, vi Cho jogar a sua vassoura para o outro lado do campo e sair às lágrimas em direção ao vestiário. Sorrindo, vi Miguel vir em minha direção num humor não tão alegre.

“Fingindo se desculpar novamente?”, perguntei.

Ele não disse nada, mas fitou-me friamente, “Você tinha que ser tão desalmada ao pegar o pomo? Ganhar não era o suficiente? Tinha que fazê-la chorar também?”

“Ela chora se quebra a unha”, retruquei, “Eu estava só jogando. Não reclame comigo se a sua apanhadora não pode me vencer”, joguei o pomo para ele e sorri, “Te vejo por aí, Miguel”

Mas eu sabia que não veria. Apesar das palavras não terem sido faladas, sabia que estava tudo acabado e estava perfeitamente bem com isso. Estava cansada de ser a sua namoradinha indefesa. Era tempo para eu seguir em frente.

Falei com Hermione no almoço do dia do teste de História de Magia. Expliquei a ela, entre mordidas, o que aconteceu entre Miguel e eu. Depois, perguntei o que ela achava de Dino. Não achei que ela estivesse ouvindo, já que ela estava folheando suas notas, mas ela respondeu.

“Estou surpresa”, disse, mexendo nas folhas, “que você não vai voltar sua atenção para o Harry”, ergueu os olhos do seu pedaço de papel retangular, “A não ser que ainda esteja fingindo que desencanou dele”

Franzi o cenho e pensei sobre aquilo. A verdade era que, nos últimos dias, peguei-me pensando em Dino. Ele estava, de fato, mostrando interesse, enquanto Harry continuava tão cego quanto sempre, “Não, acho que não, mas Dino parece estar interessado”

“Você tem que fazer o que te faz feliz”, deu de ombros. Ela pediu licença e saiu da mesa conseguir um bom tempo de estudo na biblioteca.

O que me faria feliz além do possível seria ter o Harry interessado em mim, mas aquilo não estava acontecendo, e não parecia que ia ocorrer tão cedo. Harry me via apenas como amiga. Dino, por outro lado...

Duas mãos cobriram meus olhos, “Advinha quem é, Caçulinha!”, Dino sussurrou em meu ouvido. Ele não esperou por nenhuma resposta e sentou-se ao meu lado.

“Você não devia estar estudando?”

“Um garoto não pode ter uma folga para visitar a sua Weasley favorita?”

“Ah, suponho que sim”

“Além do mais”, ele disse, pegando meu lanche e dando uma mordida, “Vim só dar um oi antes de voltar à biblioteca. Quer ajudar?”, balançou as sobrancelhas para mim.

“Ooh, tentador”, disse. Decidi testar as águas em que estava entrando com Dino e analisar sua reação, “Então, você ouviu que Miguel e eu terminamos?”

“Ouvi”, disse, dando mais uma mordida no pão, “Já não era sem tempo, não acha?”, sorriu como normalmente sorria, “Agora você pode me deixar levá-la para sair”

“Está bem”

Ele engasgou com seu pão e começou a tossir. Seu rosto estava avermelhado, apesar de eu não ter certeza se ele estava envergonhado ou implorando por ar. Bati em suas costas até ele se recuperar. Lentamente, perguntou, “Tá falando sério?”

“Falarei com você depois da sua prova”, beijei-o na bochecha e deixei-o sentado lá. Quando olhei para trás, ele estava tocando o rosto, onde eu o havia beijado. “Que gracinha”, pensei.

Esperei do lado de fora do Salão Principal por Dino, rezando para que ele terminasse logo a prova de História para que pudéssemos conversar. Estava pronta para aquilo. Eu gostava dele e nós nos dávamos maravilhosamente bem.

Saindo pela porta com um estrondo, professor Tofty puxou Harry para fora do local onde os exames estavam sendo aplicados. Tentando se livrar das mãos de Tofty, eles começaram a discutir sobre visitar a Ala Hospitalar. Quando Harry mencionou um pesadelo, eu soube. Ele tivera uma nova visão...

Ele saiu tão rápido que nem pude me pronunciar. Suspirei, sabendo muito bem que qualquer que fosse o problema de Harry, eu iria ajudá-lo. Olhei em direção ao Salão Principal e vi Dino acenando para mim. Fechei meus olhos, frustrada. Harry estava precisando de ajuda e eu iria me voluntariar... eu não tinha opção. Ele era minha fraqueza.

Era Sirius. Harry tinha visto Sirius sendo atacado. Sem nem pensar duas vezes, ofereci minha ajuda e rapidamente formulamos um plano.


- Parte VIII -


“Vocês não podem passar por aqui!”, berrei para a multidão que passava pelo corredor de Umbridge. Um segundanista tentou passar por mim, mas coloquei minha mão em seu peito, “Não, sinto muito, você terá que dar a volta pela escadaria. Alguém soltou um Gás Asfixiante bem aqui...”

“Não vejo gás nenhum...”, disse um terceiranista.

“É porque é incolor”, disse, usando meu tom mais aborrecido, “mas se você quer passar mesmo assim, vá em frente, então teremos seu corpo para o mostrar ao próximo idiota que não acreditar na gente...”

Harry e Hermione passaram por mim, sob a Capa de Invisibilidade. Hermione sussurrou, “Boa... Não esqueça do sinal”

O corredor estava deserto a não ser pela Luna no outro extremo. Ela fitava distraidamente a parede. Olhando em volta, Neville entrou no corredor. Acenei para ele e gesticulei que se aproximasse.

“Harry está bem”, disse, respondendo a pergunta que ele obviamente ia perguntar. Rapidamente expliquei o que estava acontecendo, “Não acho que vamos conseguir segurar por muito mais tempo. Umbridge não é tão surda quanto parece”

“Sirius Black?”, Neville ofegou.

Xinguei-me. Tinha esquecido que ele ainda não sabia da inocência de Sirius, “Acabou que todos estavam errados sobre Sirius. Ele foi injustamente preso”

Neville balançou a cabeça, surpresa, “Ele é importante pro Harry?”

“Sim”

“Então, ele é importante para mim”, falou, “O que posso fazer para ajudar?”

Admirei Neville e sua lealdade a Harry. O garoto estava se tornando um real grifinório. Enquanto me perguntava o que Neville podia fazer para ajudar, seus olhos se arregalaram.

“Gina, cuidado!”, ele me puxou, sacou sua varinha e apontou para o que quer que tivesse visto, “Estupefaça!”, ele berrou, mas errou o alvo.

“Neville, atrás de você!”, berrei e rastejei pelas pernas de Neville com a varinha esticada. À distância, vi Luna sendo segurada por Goyle e correndo na direção de Neville estava Craven Warrington. Berrei “Impedimenta!”, mas tanto a minha mira quanto a de Neville estavam ruins aquela noite. Errei.

Warrington esticou as mãos calejadas e me pegou pelo cabelo. Com uma ordem vindo da dor, ele me colocou de pé, a letra I brilhando em seu tórax. A dor no meu coro cabeludo era horrível, “Me SOLTA!”, vociferei.

O punho de Neville colidiu contra o rosto de Warrington e ele me largou. Warrington soltou um grunhido e depois gargalhou. Estendendo os braços, ele envolveu Neville e prendeu-o. Neville resistiu, mas, por último, rendeu-se.

Tomando cuidado com minha cabeça, apalpei o chão buscando pela minha varinha. Um pé depositou-se diretamente sobre meus dedos e berrei graças à dor. Ergui meus olhos marejados, Daphne Greengrass zombou de mim, a varinha apontada na minha direção, “Mova-se e não a verá por uma semana”

Os três sonserinos nos arrastaram para dentro do escritório de Umbridge. Vimos que Rony estava sendo segurado por Crabble assim que entramos na sala. Hermione estava num canto, impedida por Millicent Bulstrode. Harry estava parado ao lado da lareira, parecendo perplexo enquanto Umbridge o interrogava. Malfoy recostava-se arrogantemente contra a parede, brincando com duas varinhas que ele obviamente tinha confiscado de Harry e Hermione.

Quando Hermione pareceu que ia surtar, eu estava muda, surpresa. Ela era a última pessoa que eu esperava ter um ataque. Então, ela começou a clamar sobre Dumbledore e a arma e Umbridge acreditou.

Assim que Hermione, Harry e Umbridge saíram da sala, nós quatro agimos. Simplesmente olhei para Rony, Neville e depois para Luna, e depois assenti. Sem nem mesmo pensar, pisei com toda a força no pé de Greengrass. Ela derrubou a varinha e mergulhei para pegá-la. No processo, ela tentou me alcançar e enfiou fundo as unhas em minha bochecha.

Agarrei a varinha dela e fiz um feitiço rápido. Mirando um pouco acima das minhas costas, meu feitiço estupefaça atingiu Greengrass bem no rosto. Assim que pronunciei o feitiço, lancei o feitiço dos morcegos no Malfoy que tropeçou contra a parede, tentando afastar as criaturas aladas, e caiu no chão frio.

Lançando um olhar pela sala, Neville estava sorrindo; seus olhos prometendo um belo inchaço em breve. Os lábios de Rony sangravam mais do que quando tínhamos entrado na sala. Luna, que parecia não ter notado nada estranho à sua volta, sentou inocentemente no corpo de Goyle, observando suas unhas.

“Estão indo para a Floresta”, Rony disse, olhando pela janela.


- Parte IX -


O Trio Dourado estava determinado a não nos deixar ir, mas Neville estava certo. Nós fazíamos parte da AD também. Se tivesse sido apenas diversão para a gente, não teríamos nos unido. Harry sempre havia sido daquele jeito, pensando que ninguém mais devia lutar contra os poderes do mal senão ele. Finalmente, eles cederam, mas principalmente porque não conseguiriam nos impedir de segui-los.

Correr pelo Departamento de Mistérios foi algo confuso. Ouvi as vozes sob o véu, também. Juro ter ouvido a voz de Tom Riddle chamando por mim. Paralisada sob o arco, Hermione teve que me empurrar para longe dele.

Apesar do corredor pelo qual corríamos, procurando diligentemente pela Fila 97. Era um recinto espetacular com estantes e estantes repletas de bolas brilhantes. Eu queria parar e observá-la todas.

95... 96... 97...

Nada de Sirius...

Tinha sido uma armadilha. Um grupo de Comensais da Morte liderado por Lucio Malfoy nos cercou. Não podíamos aparatar. Não podíamos escapar. Teríamos que...

... ganhar tempo...

Harry manteve Lúcio falando, acho que porque não sabia o que mais fazer. Por algum motivo, Voldemort o queria ali. Por algum motivo, no Departamento de Mistério, morreríamos.

Todos nós, lado a lado, erguemos nossas varinhas em direção ao grupo de Comensais. Lúcio chamou a bola de profecia e não deixou os outros Comensais nos tocar até que estivesse em segurança sob sua posse. Harry o manteve falando até que cada um de nós estivesse preparado para lutar...

Quando criamos a Armada de Dumbledore, não tenho certeza se alguém estava convencido de que teríamos que lutar contra Comensais da Morte. Não conseguia imaginar Lilá Brown lutando contra Lúcio sem se descontrolar. Não conseguia imaginar Dennis Creevey com muitas chances contra Belatriz Lestrange. Inferno, eu nem mesmo conseguia me ver encarando aquilo e vivendo para contar a história.

Mas lá estávamos nós, no Departamento de Mistérios, erguendo-nos contra um inimigo que, supostamente, não existia. Neville inclinou-se levemente para a esquerda e sussurrou, “Quando Harry der o sinal, despedace as estantes”

O rosto de Neville mudou naquela noite da mesma forma que mudara quando falei com ele depois do feriado do Natal. Estava firme e determinado. Assenti para ele, inclinei-me levemente para a esquerda e repassei a informação para Luna. A garota olhou para mim distraidamente inclinada e sorriu. Ela nunca fora do tipo agressivo e esperava que ela estivesse preparada para aquele tipo de confronto.

“AGORA!”

REDUCTO!”, disparei minha maldição na direção das bolas brilhantes. Vidro choveu sobre a gente e esmigalhou-se ainda mais ao encontrar com o chão. Personagens esfumaçados saltaram à nossa volta, suas palavras misturando-se umas com a dos outros, bloqueando a nossa visão dos Comensais da Morte.

Harry correu por mim. Um segundo mais tarde, Rony agarrou a minha mão e a de Luna e nos puxou atrás de Harry. Mais e mais profecias caíam sobre nós. Joguei minhas mãos para cima da minha cabeça para me proteger. Passamos por Harry.

No caos, nós três perdemos Harry e os outros. Rony nos puxou para um corredor de duas prateleiras. Andando cuidadosamente entre o vale de profecias, não pude evitar olhar para as bolas e suas identificações.

F.E.C. para H.M.B. Jesus de Nazaré. Lembrei de ter ouvido sobre ele na aula de Estudo dos Trouxas. Boatos dizem que ele tinha extraordinários poderes que superavam até mesmo o do mais poderoso bruxo de sua época.

Estantes à frente, li T.V.G. para H.L.R. Adolph Hitler e Gellert Grindelwald. Ambos nomes soaram familiar, mas não consegui lembrar de quem eram.

Chegando ao fim da fileira, olhei para a estante. “Profecias Trouxas/Bruxas” estava escrito no final. À nossa frente, na parede, tinha uma porta.

Agachando-se atrás das estantes para se proteger, Rony virou à esquerda. Uma maldição deixou de acertar sua cabeça por menos de um centímetro. Teria certamente matado-o, pois a segunda maldição lançada explodiu a porta na parede.

“Dois deles!”, Rony chiou, apontando para o lado que tinha acabado de olhar. Ele moveu-se para voltar pelo corredor, mas parou. Outro Comensal da Morte estava parado no fim do corredor. Olhando direito, um quarto Comensal da Morte.

Só havia uma escapatória, e essa era o recinto que havia nos sido aberto pela maldição. De onde estávamos, ele estava completamente escuro, como se fôssemos pisar no nada. Mas não havia tempo para pensar.

“Entrem na sala!”, Rony gritou, assumindo o controle.


- Parte X -


Luna e eu corremos em direção à entrada, atirando azarações e feitiços a torto e a direito na esperança de, às cegas, acertar um dos nossos perseguidores. Maldições não nos acertaram e rezei para que elas, acidentalmente, acertassem os semelhantes de quem as tinha soltado. Luna entrou primeiro.

Olhei rapidamente para me assegurar de que Rony estava nos seguindo. Ele tinha agarrado uma bola que estava se tornando laranja e jogou-a no chão para nos encobrir. Passando correndo por mim, ele agarrou meu ombro e puxou-me para dentro do recinto.

Correr não era uma opção, porque encontrei-me flutuando. Envolta por escuridão, mal podia ver o que estava na minha frente. Imediatamente ao nosso lado, estava uma pequena massa de pedra. À minha frente, vi um gigante redemoinho de gases. Um gigantesco anel vermelho envolvia a massa circular e reconheci-o como a Grande Mancha Vermelha de Júpiter, uma monstruosa tempestade no planeta.

“O Sistema Solar!”, ouvi Luna dizer, “E aquele é Plutão!”, ela apontou para algo próximo da gente.

“PEGUEI UM!”, veio o berro de um Comensal da Morte, enquanto ele pegava meu tornozelo. Xinguei-o e lutei para me livrar.

Reducto!”, Luna gritou. Plutão, ao nosso lado, esmigalhou-se e o Comensal da Morte berrou, soltando meu tornozelo. Ele doía horrivelmente, enquanto flutuávamos para longe dos Comensais da Morte que se aproximavam.

Ela e Rony se tornavam cada vez mais visíveis enquanto nos aproximávamos de Júpiter. Cada um de nos flutuando sem direção. Luna parecia muito calma, analisando cada planeta à medida que eles passavam por nós, falando alguns fatos ao acaso sobre ele que eu tinha certeza não serem verdadeiros.

Rony conseguiu se acalmar. Ele parecia aterrorizado, mas tinha uma feroz determinação em seus olhos, para se provar e se assegurar de que eu sairia dessa viva. Adquiri muito respeito pelo meu irmão naquela noite.

Finalmente vi a porta do outro lado, “Ali!”, berrei. Como ir? Como ir? Desejei me movimentar e o fiz, seguida por Rony e Luna. Assim que alcancei a saída, a gravidade retornou e caímos no chão...

Crack

Senti meu já dolorido tornozelo partir sob meu peso quando tentei me levantar. Estremeci e cerrei meu maxilar, tentando não mostrar qualquer fraqueza. No chão, segurei meu tornozelo com as mãos, tentando manter os estragos ao mínimo.

“Não podemos ficar aqui!”, Rony disse, mas nesse momento, ele fora atingido por uma luz multicolorida de cima. Rony uivou, mas não caiu. Ele massageou o ombro onde fora atingido e comentou, “Que estranho... não dói”

Olhei para o local acima de nós. Não pude ver ninguém, mas ouvi várias pessoas conversando. Um dos Comensais da Morte deve ter jogado o feitiço em nossa direção na esperança de acertar um de nós. Se não nos movêssemos, estariam aqui em breve e não teríamos muitas chances de chegar à porta.

Fiquei de pé e travei ainda mais o maxilar. Eu pulei em um pé em direção à porta e falei aos outros que me seguissem.

Rony começou a gargalhar, “Gina...”, ele disse, entre risinhos, “Você se lembra de quando tinha oito anos de idade? Ficou tão brava com a Mamãe que suas roupas desapareceram?”, riu tanto que caiu no chão e rolou de hilaridade.

“Rony, cala a boca!”, guinchei. Ergui os olhos na direção dos planetas e consegui ver as silhuetas distintas de quatro pessoas, “Luna, agarre-o e vamos!”

Luna esforçou-se sob o peso de Rony. Ofegando por ar, ele finalmente cumpriu. Maldições começaram a despedaçar a parede enquanto eu abria a porta. Caindo por ela, a porta fechou-se com força às nossas costas. Senti meu tornozelo girar sob meu peso.

“Gina? O que aconteceu?”, era a voz de Harry, mas a dor no meu tornozelo era muito cruciante. Recostei-me contra a parede, escorreguei até uma posição sentada, tentando voltar meu tornozelo à saúde. Eu não sabia nenhum feitiço que pudesse reatar ossos.

Enquanto Rony gargalhava, Luna explicou pelo que tínhamos passado para Harry e Neville. Hermione estava depositada nos ombros de Neville e notei novamente que ele parecia muito diferente. Perguntei-me por um rápido segundo se Hermione estava morta, mas Neville notou minha preocupação e balançou a cabeça, “Ela está viva”, informou.

Procurar por uma saída era impossível. Escolhemos a porta errada e alertamos a todos os Comensais da Morte de onde estávamos. Belatriz quase entrou conosco quando a porta se fechou. Pude ver Neville tremendo à visão dela.

Passamos rapidamente pela porta para a Sala dos Cérebros e cinco Comensais da Morte nos acharam com a mesma rapidez. As coisas se atrasaram um pouco quando Rony pegou uma dos cérebros do tanque. Os tentáculos rapidamente se enroscaram em volta de Rony.

“Harry, vai sufocá-lo!”

E não sei como aconteceu, mas desmaiei. Deve ter sido um feitiço do sono pronunciado por um dos Comensais da Morte. E não tenho certeza de quanto tempo fiquei deitada naquele chão frio.


- Parte XI -


Acordei ofuscada. Parado à minha frente estava o rosto de alguém que eu não via fisicamente há anos, não desde meu primeiro ano em Hogwarts. Reconheci o rosto de Tom Riddle, o garoto de dezesseis anos de idade que abriu a Câmara Secreta e matou a Murta-Que-Geme.
Rapidamente olhei pelas proximidades. O basilisco estava deitado no chão, morto, ainda sangrando pelo golpe mortífero que Harry lhe dera. Eu estava novamente na Câmara Secreta. Como eu tinha viajado para tão longe do Departamento de Mistério?
“Que prazer vê-la acordada, Gina”, Tom disse.
“Você está morto”, retruquei.
“Você sabe que tenho meios de retornar”, sua pele caiu, e debaixo de suas roupas, uma cobra emergiu.
Eu berrei...


Sentei rapidamente e berrei alto dessa vez, ao invés do meu sonho. Olhando em volta, Rony estava sentado lá, balançando-se para a frente e para trás, rindo. O cérebro que o havia atacado estava imóvel no chão e me perguntei como ele havia se livrado dos tentáculos. Hermione ainda estava deitada ali e Luna parecia ter acabado de se recuperar de um feitiço que a mandara aos ares.

“Voldemort está aqui!”, chorei. Estremeci, aquela deve ter sido a primeira vez que pronunciei seu nome. Era veneno aos meus lábios. Eu não tinha certeza se conseguiria proferir aquele nome sujo pelos meus lábios novamente.

“Haha... o quê?”, Rony perguntou, o feitiço estava começando a passar, “Como você sabe...? Ha...”

“Não sei”, respondi. Eu só tinha aquela sensação, lá dentro. Pude sentir o ar à minha volta mudar. Era o Lorde das Trevas e ele tinha chegado no Ministério de Magia.

A porta abriu-se com violência e Belatriz entrou correndo antes que eu pudesse reagir. Ela fora seguida por Harry, que berrava. Ela derrubou um dos tanques com cérebros, mas Harry, em sua fúria, não teve problema algum para se livrar deles.

“Harry... O quê...?”, chamei-o, enquanto ele saltava sobre Luna. Ele continuou correndo pela porta atrás de Belatriz.

Sirius Black não morreu em vão.

De maneira alguma estou contente que Sirius tivesse encontrado sua morte no Departamento de Mistérios. Quando Tonks encontrou Rony, Luna e eu na Sala dos Cérebros mais tarde e explicou-nos o que havia acontecido, chorei tanto que eu sacudia com a quantidade de lágrimas que escorriam dos meus olhos.

Quando Tonks me abraçou, ela chorava também. A pequena Gina e a forte auror Tonks chorávamos nos braços uma da outra, enquanto lamentávamos a perda de um dos melhores homens que conhecemos.

Lembrei do verão. Sirius tinha me encontrado diversas vezes na cozinha, tarde da noite, recém-acordada de um pesadelo, faria uma xícara de chá para si mesmo e sentaria comigo. Contaria histórias dos seus dias em Hogwarts e eu ri, sorria e apreciava sua companhia.

Ele estava sempre tão inquieto na casa. Ele implorara para Dumbledore uma chance de esticas as pernas e tomar um pouco de ar fresco, mas aquilo não podia acontecer. Ele ainda era um criminoso procurado e uma valiosa arma para a Ordem. Não podia sair. Como ele deve ter pulado imediatamente à chance de ajudar os outros no Ministério de Magia. Seu afilhado havia sido guiado à uma armadilha e sinto muito, Dumbledore, mas ele não ficaria de fora dessa.

Muitos diriam que nossa batalha no Ministério foi infrutífera. Nós fomos levados à uma emboscada por uma simples profecia. Mas eu vejo diferente. Se não fosse os atos rápidos de Harry, Voldemort poderia estar no controle do nosso mundo hoje.

Abrimos os olhos do Ministério. Lutamos contra um inimigo que supostamente não existia. Lutamos contra um adversário que não poderia ter retornado. Nos rebelamos contra uma força maléfica quando ninguém mais o faria. Seis adolescentes desejavam entrar em uma guerra mais cedo e mais ansiosamente do que o próprio Ministério da Magia.

Foi quando vimos Neville no St. Mungos, visitando seus pais. Foi quando Harry pisou no mundo mágico e aprendeu sobre seu destino. Foi quando Tom Riddle me possuiu e me usou. Foi então que passamos a ser mais do que crianças, mais do que adolescentes. Foi então que percebemos que havia coisas pelas quais valia a pena morrer.

Não, Sirius não morreu em vão.

Harry estava, novamente, distante. Dessa vez, podia compreendê-lo. Nenhum de nós tinha perdido alguém tão próximo. Hermione queria que Harry falasse sobre Sirius, mas ele não estava pronto ainda. Rony se recusava a sequer aceitar o que tinha acontecido com ele, e eu sabia que aquela não era a aproximação correta. Eu certamente não sabia o que dizer.

Então, lá estava Harry, correndo de quarto à quarto, dando seu melhor para evitar a dura realidade e compreensão de que seu padrinho tinha partido. Sempre que o assunto se aproximava, Harry inventava uma desculpa para visitar outra pessoa e sumia.


- Parte XII -


Luna estava me ajudando a guardar as coisas um dia antes de sairmos de Hogwarts. Ela e eu estávamos rapidamente nos tornando íntimas. É difícil evitar que algo desse tipo aconteça quando vocês quase morreram juntas. E isso é uma boa coisa, também. Delia tinha me informado, oficialmente, de que não retornaria para o ano seguinte. Ela achara a educação trouxa mais atraente, algo que ela chamava Ensino Médio.

“Já encontrou suas coisas?”, perguntei a Luna que me entregou algumas roupas do meu armário. Soquei as blusas dentro da mala.

“Ainda não”, ela falou, “Acho que vou colocar mais alguns informativos essa noite”, eu a havia ajudado mais cedo naquele mesmo dia a decorar a Torre da Grifinória e da Corvinal com seus papéis listando o material perdido. Houve um momento inconfortável quando vi Miguel e Cho descendo de mãos dadas a escadas em espiral.

“Precisa de ajuda?”

“São só mais alguns informativos. Vou perder o jantar, mas eu talvez chegue para pegar alguns pudins”, Luna disse. Odiava a maneira como todos tiravam sarro de ela. Eu podia ter pensado que ela era louca quando era mais nova, mas nunca a provoquei. Na minha opinião, ela era melhor do que muitos daquele colégio, “Como está o tornozelo?”, ela perguntou.

Ergui meu pé e girei-o em diversas direções, “Está bom”, respondi.

“Se ao menos Madame Pomfrey tivesse algo para Harry”, ela falou, “Ele parece achar que é sua culpa que aquele Homem Estranho caiu pelo véu...”

“Homem Estranho?”, repeti. Busquei meus pensamentos e lembrei que Luna tinha chamado Sirius desse nome, “Ele acha que é culpa dele porque Sirius era seu padrinho”

“Sério?”, Luna perguntou, parecendo com o coração partido, “Esse é o porquê de ele estar tão triste”, ela me entregou uma pilha de meias do criado-mudo, “Por que ele não fala com ninguém?”

“Ele é assim”, respondi, achando um lugar para minhas meias, “Mas não acho que qualquer um de nós saberia o que dizer”, eu realmente queria falar com Harry. Eu realmente queria confortá-lo.

“Ah, é bem simples, na verdade”, Luna disse, “Ele verá o Homem de novo algum dia. Todos nós veremos”, ela olhou na direção do criado-mudo e do armário e viu que todas as roupas estavam guardadas. Adicionou, “Assim como eu verei minha Mãe novamente”

Depois de conhecer Luna todos esses anos, eu não sabia que ela perdera a mãe. Fiz uma nota mental para realmente conhecê-la no ano seguinte, “Sinto muito, Luna. Eu não sabia”, ela sorriu para mim e não disse nada. Adicionei, “Aposto que Harry gostaria de ouvir isso”

“Tenho certeza que sim”, Luna retrucou, pensativa, “Se o vir mais tarde, me assegurarei de falar um olá”, ela olhou pela janela e exclamou, “Acho que vi uma das minhas meias!”. Claro, uma de suas meias estava flutuando com o vento.

Ela correu para a janela e abriu-a rapidamente, “Accio meia!”

Uma meia azul e rosa voou para sua mão. Ela guardou-a em seu bolso e puxou uma cópia do Pasquim e o outro par da meia que acabara de encontrar, “Achei a outra no Lago, mais cedo. Me pergunto como chegou lá”

Dei de ombros. Pensei em quão cruel algumas pessoas podiam ser. Certamente alguém tinha guardado suas meias em lugares precários para ser ruim. Luna se despediu e estava saindo quando apontei para a revista que ela deixara sobre a minha cama, “Você esqueceu isso...”

“Ah, pode ficar”, ela disse, seus olhos cintilando, “Papai me mostrou a maior parte dele mês passado. Há um teste aí que você talvez goste, apesar de eu já saber como o seu termina”

“Você sabe?”

“Fingi que era você”, ela acenou novamente e saiu do dormitório.

Na capa tinha a foto de um homem com uma expressão surpresa. O título do artigo era “Seria esse homem Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado?” Mais dentro. Abri no sumário, passando pela lista de artigos até chega no teste.

A quem você é destinado? Um teste criado pela vidente mundialmente conhecida Clarence Claybotter para encontrar sua alma gêmea apuradamente.

Lembrei da noite na Torre da Corvinal, um dia antes de Miguel e eu terminarmos. Luna tinha falado sobre os três garotos da minha vida em quem eu estava interessada. Ela não gostava de Miguel, gostava de Dino e disse algo sobre Harry: Acho que vocês são destinados um para o outro. Coloquei a revista na minha mala e deixei para checar isso mais tarde.

Enquanto eu caminhava em direção à estação de Hogsmeade com Luna, Dino me alcançou. Enquanto andávamos lado a lado, ele perguntou se eu estava bem e elogiou-me pela coragem de ter ido ao Ministério de Magia. Então, ele perguntou aquela coisa que tinha estado em sua mente, tenho certeza, há algum tempo.

“Gina”, ele falou, não usando seu afetuoso apelidinho que tinha criado para mim, “Eu gosto de você. Se você estava falando sério sobre namorar comigo, eu gostaria de...”

Vi de relance Harry embarcando no trem e vi o quão triste ele parecia. Queria ficar com ele, confortá-lo, dar-lhe uma razão para ter esperança novamente, mas eu sabia que não havia nada que eu pudesse fazer por ele ainda. Harry tinha muito em sua mente para se preocupar com a minha paixonite por ele, apesar de eu ter certeza de que aquilo era mais do que uma paixonite infantil. Era o momento errado para sequer considerar ganhar o coração de Harry que tinha acabado de ser despedaçado pela morte do homem mais importante de sua vida.

Não, uma vez mais, não era o momento de focar minha atenção em Harry.
Tanto aconteceu entre então e agora. Eu estava falando sério sobre dar uma chance à relação com Dino e eu queria ver até onde chegaria. Eu conseguiria ficar com ele depois de tal prova de caráter? Ele conseguiria entender?

Voltei meus olhos para Dino e sorri, “Gostaria de tentar”, beijei-o na bochecha, “Mas não posso sentar com você hoje. Eles...”, e eu sabia que ele entendeu a quem eu estava me referindo, “... precisam de mim... e eu preciso estar com eles”

Eu precisava estar com eles na viagem de volta para casa porque muitos poucos naquele colégio entendiam as complicações daquela nossa batalha, muitas poucas pessoas entendiam que existia coisas pela qual valia a pena lutar, valia a pena se sacrificar por...

Que existiam coisas pelas quais valia a pena morrer por.

Continua...


N/T: Bem, esse capítulo não tem nota do autor, então vocês vão ter que se contentar com a minha! XD
Minhas considerações finais pelo capítulo:
Amo a Luna!
Amo o Dino!
Odeio o Miguel!
E esse é o capítulo mais triste até agora! :(
PRÓXIMO CAPÍTULO COMEÇA O ENIGMA DO PRÍNCIPE, GALERA! \o/
Agora, os comentários...

Penny Lane - Acho que a forma como a Gina agiu em relação a Cho bastante... aceitável. Eu, provavelmente, reagiria da mesma forma. XD O que achou do novo capítulo, Penny?
NATALIA REIS - Essa fic é mesmo muito bem bolada, né? O Justin teve muito cuidado ao escrevê-la! ;D Aqui está o novo capítulo! Gostou?
Lola Potter - O que achou deles no Ministério?!? Espero que tenha se divertido! Aqui está o novo capítulo!!
Janaina Potter - hauiahuiahiuah Você cometeu uma confusão comum. Todo mundo acha que é A AUTORA, mas é O AUTOR. O nome dele é Justin. :D Tudo bem, eu também achei que era menina. O.o Até ele me repreender e tal. Hauihauihaiauh O que achou do capítulo? PRÓXIMO JÁ É ENIGMA!
Carolz - Aqui está o novo capítulo!! Gostou?

Obrigada a todos que leram até aqui!
Aguardo mais comentários! ;D
Beijos,
Gii

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