Sétima Filha em Sete Gerações



N/T: Gente, eu vou dividir o capítulo em “partes”, mas postá-los todos em um só arquivo. Então, se você estiver “cansado”, leia até, por exemplo, o fim da parte II e deixe o resto para ler no dia seguinte! ;D

Capítulo 4 – A Sétima Filha Em Sete Gerações




- Parte I -

Pelo resto do meu primeiro ano, tive fantasias bobas envolvendo Harry Potter. Tinha toda a cena em minha mente: eu era a dama em apuros e ele, o cavaleiro em armadura reluzente. Ele vinha de terras distantes para me resgatar, porque me amava. E quando ele derrotou o monstro que me mantinha presa na torre mais alta, nós nos beijaríamos. E, então, nós cavalgaríamos em direção ao pôr-do-sol em seu cavalo.

Ficou aparente, depois de três dias, que isso não aconteceria. Harry me resgatou, não porque me amava, mas porque eu havia sido levada. Poderia ter sido Rony, poderia ter sido Hermione, poderia até mesmo ter sido um aluno que ele nunca conheceu, Harry faria o que estivesse ao seu alcance para protegê-lo. Esse era, simplesmente, o jeito dele.

Encontrei-me aceitando isso bem. Foi nesse instante que, finalmente, admiti para mim mesma que estava gostando de Harry. E também foi nesse momento que decidi que tinha de parar de agir como uma garotinha. Harry havia me salvado e achei que seria vergonhoso se eu não conseguisse agir como eu mesma na frente dele. Se eu queria algum dia chamar sua atenção, teria que ser mais do que uma dama em apuros.

Embora tivéssemos sido dispensados dos exames, antes que o colégio oficialmente terminasse, Professora McGonagall me deu uma pequena pasta de papel. Dentro havia todos os feitiços, encantos e informação que eu devia ter aprendido durante o meu primeiro ano. Ela disse que, por motivos óbvios, eu andava distraída e ela não queria que eu estivesse atrás dos meus colegas quando meu segundo ano começasse. Se conseguisse fazer todo o trabalho durante o verão com poucos ou sem problemas, meu segundo seria tampouco um problema.

Passei o primeiro mês do verão estudando muito, apesar de estarmos em férias no Egito. Aparentemente, mesmo no meu estado de mente alterado, aprendera muitos dos feitiços e encantos, embora não me recorde de quando os aprendi, tive pouco problema para recordar de algumas coisas. Quando chegamos da viagem, mais ou menos no fim do mês, Mamãe me testou... e eu passei. Eu não precisaria repetir o primeiro ano.

Estava determinada a chamar Voldemort pelo nome, embora tenha me tomado anos para quebrar o hábito de chamá-lo de ‘Você-Sabe-Quem’. Eu meio que esperava que Voldemort aparecesse repentinamente na minha mente se o chamasse de tal forma, como se dizer seu nome fosse convocá-lo novamente. Resolvi que se tive uma ligação tão íntima com o Lord das Trevas, não deveria ter medo de um mero nome.

Ainda tinha pesadelos. Praticamente todas as noites, via Riddle saindo do diário e entrando no meu corpo. Eu o via no meu corpo, machucando meus amigos, machucando minha família, machucando... machucando Harry. Eu acordava no meio da noite, suando frio, chorando e me lamuriando. Mamãe sempre me ouvia e nunca falhou em me confortar, não importa quão tarde fosse.

Fred, Jorge e Rony foram oficialmente nomeados meus guarda-costas. Não me tiraram de vista o verão inteiro. E eu estava grata por isso. Passávamos horas jogando xadrez e até me deixaram andar na vassoura deles, uma vez.

Dois dias antes do fim de julho, Papai chegou em casa uma noite parecendo extremamente angustiado. Como sempre, estávamos esperando sentados à mesa da cozinha, prontos para o jantar. Papai sentou sem dizer uma palavra e começou a comer.

Mamãe foi a primeira a falar. “Arthur, o que foi?”

Ele mastigou o que estava em sua boca, cuidadosamente, engoliu, e colocou a faca do lado do prato. “Acho que devo contar a vocês”, ele disse, “Lerão sobre isso amanhã de qualquer maneira”, e bateu, nervosamente, com seu dedo indicador na tampa da mesa, “Houve uma fuga em Askaban”

Mamãe abriu a boca, espantada. Os gêmeos falaram, em uníssono, “Sem chance!”

“Achei que fosse impossível fugir de Azkaban”, eu disse. Mamãe sempre nos ameaçou dizendo que nos mandaria para a prisão bruxa quando não nos comportávamos. Ela sempre dizia que ninguém conseguiria escapar.

“Bem, sim”, Papai respondeu, “Nós também achávamos. Ninguém sabe como ele fez isso. Ele simplesmente... desapareceu”, olhou de mim, para Rony, para os gêmeos e para Percy, “Quero que vocês tomem cuidado nessas próximas semanas, não estarei sempre aqui para protegê-los. Ele é um homem perigoso”

Mamãe colocou-se de pé e começou a andar de um lado para o outro. Quando ela posicionou-se atrás de Papai, colocou as mãos em seus ombros, “Arthur”, disse, gentilmente, “Quem foi?”

“Foi Sirius Black, Molly”

Os olhos de Mamãe se arregalaram, quase caindo de seu rosto. Ela soltou um berrinho abafado, “Não!”

“Quem é Sirius Black?”, perguntou Rony.

“Um assassino”, Papai respondeu, com tanta aversão que parecia referir-se a algo pessoal. Olhei para meus irmãos e pude dizer que eles estavam todos pensando a mesma coisa. Antes que pudéssemos perguntar mais alguma coisa, Papai repetiu, “Quero que vocês tomem cuidado...”

“Black fez mais alguma coisa?”

“Não”, Mamãe disse, rapidamente, mas seus olhos a entregaram. Black enganou o mundo bruxo de alguma forma que era muito pior do que um assassinato. Eu sabia disso, mas nenhum dos nossos pais divulgaria tal informação. Se fosse o caso, eu teria que encontrar uma maneira furtiva de descobri-lo.

Sempre me orgulhei de conseguir descobrir coisas que não deveria saber. Se nossos pais se negavam a nos contar algo, eu era normalmente a pessoa que ouvia-os discutindo aquilo por acaso. Fred e Jorge me chamavam de “orelha extensível”, que é de onde eles tiraram, inicialmente, a idéia de criar o produto. Na verdade, eu sabia sempre mais do que normalmente revelava, menos quando era em relação a Harry. Oh, eu sabia mais do que ele achava que eu sabia, mas nem de perto tanto quanto eu gostaria.

Uma vez que todos estavam na cama, caminhei cautelosa e silenciosamente em direção a porta do quarto dos meus pais. Ouvi mamãe chorar baixinho e Papai estava tentando confortá-la. “Molly, não há porque se preocupar. Ele estará a salvo. Você sabe o tipo de proteção que Dumbledore colocou naquela casa”

“Eu sei”, Molly chorou, “Mas ele fica tão sozinho naquela casa. Temos que trazê-lo para cá. Podemos ao menos lhe fornecer proteção. É o mínimo que podemos fazer depois do que ele fez pela Gina”

Harry. Eles estavam preocupados com Harry.

“Ele está mais seguro lá do que jamais estará aqui”, Papai disse, com firmeza, “Black não poderá encostar um dedo em Harry lá. Harry pode não se sentir confortável, mas está seguro”

“Tem certeza de que ele está atrás de Harry? Tem certeza que é por isso que ele escapou?”

“Ele ficava repetindo ‘ele está em Hogwarts’ dias antes de fugir. Nós temos certeza”, Papai suspirou, alto, “O ministério não quer que nós contemos a Harry sobre Black”

“E não devemos!”, Mamãe sibilou, “Quebraria seu coração, pobre menino... Ele já passou por coisas demais! Ele não precisa disso para aumentar sua dor”

“Eu preferiria que ele ouvisse a verdade pela boca de pessoas que se importam, do que por rumores de pessoas que não”, Papai disse.

Ouvi com incredulidade. Um assassino estava à solta e estava buscando por Harry, apesar de parecer que havia mais na história do que eu havia entendido. Mais uma vez, esse não seria um ano calmo em Hogwarts, não que tenha sido nos dois anos anteriores. Grudei meu ouvido à porta para ouvir melhor.

A porta se abriu e Mamãe ficou parada ali, aturdida. “Gina?”, exclamou, “O que você está fazendo?”, suas mãos estavam em sua cintura, sinal número um de que é melhor desembuchar.

“Hum...”, murmurei, Vamos, Gina!, “Tive outro pesadelo”, menti. A ira de Mamãe rapidamente sumiu e ela me envolveu em seus braços. Essa foi por pouco, pensei. E quando dormi, caí em sono profundo. A casa estava silenciosa aquela noite.

Não era uma casa quieta quando descobrimos, dias mais tarde, que Harry havia desaparecido da casa dos Dursleys. Papai nos assegurou que oficiais do Ministério estavam tentando localizá-lo. Ele também estava preocupado, embora não admitisse. Eu estava morrendo de preocupação, mas cheguei a conclusão de que se alguém poderia lhe dar com um prisioneiro foragido de Azkaban e viver para contar a história, esse alguém era Harry.

Quando Mamãe, Percy, os gêmeos e eu entramos no Caldeirão Furado e encontramos Harry com Rony e Hermione, suspirei, aliviada. Logo após do suspiro, senti uma pontada de calor em minhas bochechas e a volta de minha queda que imobilizou-me. Murmurei um ‘oi’, completamente envergonhada pelo fato de estar envergonhada, e passei os dias seguintes evitando os olhos dele.

A manhã da nossa partida para Hogwarts, os pesadelos vieram para uma visita. Desta vez, vi Voldemort e Black saindo do diário para me matar, e depois que o fizeram, voltaram seus olhos para Harry. Apesar de estar morta, ouvi-me gritando.

“Gina!”, ouvi a voz de Hermione me chamando, sentei-me rapidamente da cama, quase derrubando a garota, “Gina, você está bem?”

Ergui minha mão para secar a suor. “Dedo-duro”, murmurei. Fechei meus olhos e forcei minha respiração a voltar ao ritmo normal. Quando reabri os olhos, Hermione ainda estava sentada ao meu lado, segurando a minha mão, “Sinceramente, Hermione, foi só um pesadelo. Eu não estou morrendo.”

“Você me assustou”, Hermione admitiu, “Esse foi o pior pesadelo que já a vi ter”

“Já tive piores”, respondi. Olhei para os olhos castanhos dela, cheios de preocupação. Eu sabia que ela se importava, mas não entendia o porquê. Eu tentei matá-la, pelo amor de Merlin, apesar de não ter sido minha culpa. Muitas pessoas entenderiam que eu não estava agindo por contra própria, mas não desejariam dividir o mesmo quarto comigo.

“Você está bem?”, ela perguntou. Acho que teríamos nos tornado amigas antes se não fosse pelo diário no ano anterior. Ela era uma garota que sempre se preocupava com os outros, e uma amiga muito leal. Ela iria, de uma forma ou de outra, se casar com meu irmão. Para tanto seria preciso muita coragem, se me perguntarem. Assenti, e ela continuou, “Dumbledore me mandou uma carta. Ele disse que, se você quiser, tem a permissão de dividir o dormitório comigo, esse ano”

Dumbledore permitiria que uma segundanista dividisse o quarto com uma terceiranista? A princípio, suspeitei. Pensei que o diretor queria manter um olho em mim, pois pensava que eu poderia entrar em algum tipo de relapso. Franzi o cenho, mas depois recordei-me de um outro detalhe. Ou melhor, não recordei. Não pude contar a vocês quem eram minhas companheiras de quarto no primeiro ano. Entendo. Dumbledore sabia que eu precisava de um amigo, “Eu gostaria disso”, falei a ela, “Eu... nunca fiz nenhum amigo”

Hermione sorriu. “E meus amigos mais chegados são dois meninos”, respondeu, “Eu preciso de uma amiga mais... do meu gênero”, e seu sorriso se alargou, “Não que eu não goste dos meus meninos...”, se interrompeu, percebendo o que havia falado. Seus meninos. Seu rosto tornou-se escarlate, “Eu não quis... é claro que eles não são meus...”

“Eu sei, Hermione”, disse, sem conseguir controlar o riso. Apontei para as minhas bochechas, “Está começando a se parecer comigo”, sorri, “E Harry nem está por perto”.

Isso foi uma piada sobre minha queda pelo Harry?, perguntei a mim mesa. Essa foi a primeira vez que eu admitia a alguém que Harry era mais para mim do que apenas um amigo, imagine então fazer uma piada a respeito. Hermione sempre teve esse efeito em mim, eu sempre conseguia tirar sarro da minha paixão não correspondida pelo Menino-Que-Sobreviveu quando ela estava por perto.

Suas mãos tocaram sua pele. E ela gargalhou. “Eu tinha a impressão que você não sentia nada em relação a Harry”, ela disse, não tentando nem esconder o sarcasmos divertido em seu tom de voz. Dei de ombros, sem responder. Ela continuou, “Se quer minha opinião, acho a idéia maravilhosa”

Meu sorriso cresceu uns três polegadas, juro. “Mesmo?”, perguntei e ela assentiu, “Mas ele nem mesmo sabe que existo”, respondi, melancolicamente.

“Ele sabe”, Hermione me assegurou, “Mas ele tem só treze anos. Todos os garotos da nossa idade são bobos! Acho que Rony nem mesmo percebeu que eu sou uma garota ainda”

Ergui uma sobrancelha, em tom questionador. Hermione tinha acabado de...? Sim, acho que ela acabara de admitir que gostava do meu irmão. Que interessante. “Rony? Você gost...?”

“Meninas!”, ouvi Mamãe berrar da porta, “Hora do café-da-manhã!”

Meus olhos perscrutaram os de Hermione. Ela pareceu embaraçada e colocou os dedos sobre os lábios.

Aha!, pensei, Ela gosta!

Na verdade, ela simplesmente me pediu por silêncio. Isso não era admitir nada. Isso era, definitivamente, algo sobre o que pensar. Ela gesticulou em direção à porta e nós fomos tomar o café da manhã.

Desde o momento em que Rony voltara do primeiro ano, quis desesperadamente me unir ao Trio Maravilha. Eu tinha loucas esperanças de estar bem lá, ao lado dos três, onde quer que eles fossem, em suas aventuras. Pensei que aquele dia seria o início do meu sonho, mas não foi. Mais tarde, uni-me ao grupo como uma amiga e interesse amoroso, mas isso foi lentamente – e de curta duração. Nunca me amargurei com isso, eles precisavam uns dos outros de um jeito que eu nunca entendi, mas aceitei, apesar de ter demorado alguns anos para chegar a tal conclusão. Se não tivesse, provavelmente teria armado a maior escândalo quando Harry terminou comigo.

Como eu disse, achei que a recém-descoberta amizade com Hermione fosse me levar ao grupo. Depois, houve uma gargalhada que Harry e eu compartilhamos sobre Percy na estação do trem. Imagine meu desapontamento quando Rony me mandou “ir saindo” no trem para Hogwarts. Lancei-lhe um olhar fuzilador, e respondi: “Ah, quanta gentileza”. Saindo de lá, pensei que Rony talvez quisesse manter um olho em sua irmãzinha caçula, principalmente porque este era o meu primeiro dia como estudante de Hogwarts sem estar sob o comando de um certo bruxo das trevas.

- Parte II -


Caminhando pelos corredores, senti-me desesperadamente perdida. Assemelhava-me com uma primeiranista, exceto pelo fato de que todos os primeiroanistas pareciam ter se acomodado em algum lugar. Olhando para a esquerda, vi Colin Creevey sentado com alguns amigos que eu reconhecia vagamente, rindo. Senti inveja e raiva. Talvez eu conseguisse encontrar Fred e Jorge... Talvez Percy... O quê? Eu realmente considerei dividir um compartimento com Percy? Ele provavelmente não calaria a boca sobre como ele havia sido promovido a Monitor-Chefe.

“Gostaria de dividir uma cabine comigo?”, ofereceu uma voz fina às minhas costas. Virei-me para encontrar quem falara e reconheci a garota. Seu cabelo era de um loiro sujo e cintura fina. Acredito que o longo e fino objeto que aparecia por trás de sua orelha era uma varinha, ela morava em algum lugar próximo à Toca. Na verdade, brinquei bastante com ela quando tínhamos seis anos, mas ela me assustou certa vez, dizendo-me que eu estava infestada por invisíveis Womnails. Não a vi mais desde aquele dia.

“Todos estão jogando esse incrível jogo comigo, e eu não consigo entrar em nenhuma cabine”, ela disse, e seus olhos sonhadores observaram em volta, “Você se lembra de mim, Gina? Sou a Luna”

“Lembro de você”

“Não tinha certeza”, ela disse, “Você deixou de aparecer depois da sua infestação. Achei que depois que fosse detetizada, você voltaria”

Não soube o que responder, havia tanto para falar que nem pude escolher. Eu provavelmente começaria com o fato de que Womnails não existem. Eu poderia, mas não parecia mais importar, “Acho que essa cabine está livre”, disse, apontando para uma ao meu lado.

Abri a porta e entrei. Luna seguiu-me e sentou-se. Sentei-me de frente para ela, rezando para que ela quisesse conversar sobre coisas normais, como quem seria o novo professor de Defesa Contra as Artes das Trevas ou como nós éramos azarados de só podermos ir a Hogsmade ano que vem. Não, ela escolheu um assunto que era um pouco pessoal.

Ela levou a mão para trás da orelha e agarrou a ponta da varinha, “Estou contente que Harry Potter venceu o basilisco”, ela disse. Ela tirou-o de trás da orelha, e começou a rolá-la entre as mãos.

De todas as histórias que ela poderia ter escolhido, foi bem essa sobre a qual ela quis conversar?

“Eu também”, murmurei.

“Ele te salvou, não foi?”, os olhos de Luna se arregalaram quando ela percebeu quem eu era; ou talvez ela já tivesse percebido isso antes, mas acho que aquela seria uma boa hora para deixar os seus olhos do tamanho de duas bolas de golfe.

“Foi”

“Estou feliz que ele tenha salvado”, ela disse, rodando sua varinha, “Você não tinha nenhum amigos no último ano letivo”

Ai. Luna sempre teve o incrível hábito de dizer verdades que ninguém estava pronto para ouvir ou que preferiam ignorar. “Eu estava um pouco...”, possuída?, “tímida”.

E como se ela nem tivesse ouvido o que eu disse, continuou, “Eu também sou”, ela colocou a varinha atrás da orelha, novamente, “Ao menos você tinha aquele diário”.

Meus olhos se arregalaram e encontraram os dela. Pude sentir uma certa irritação subindo, assim como as lágrimas. Ela começou a cantarolar uma música que tenho certeza que ela acabara de inventar. Em meio a essa conversa, nem mesmo tinha reparado que o trem tinha parado, estava demasiadamente preocupada em dar um jeito de dar o fora daquela cabine sem ser grosseira. Minha chance apareceu quando as luzes se apagaram. Confusa e amedrontada, sai da cabine; e posso jurar ter ouvido Luna dizer, “Nossa, essa é a piscada mais longa que eu já dei!”.

Caminhando cegamente pelos corredores, pude ouvir meus colegas de escola sussurrando e gritando. Quando passei pelo compartimento de Colin, ouvi os companheiros dele fazendo a maior algazarra. Acho que ouvi Colin dizer algo como “Harry Potter cuidará disso”. Seguindo em frente, ouvi o ronrono alto de Bichento, o gato de Hermione, seguido pela voz de sua dona; então eu soube que achei a cabine que estive procurando.

Ouvi a porta se abrir repentinamente, e alguém trombou em mim; ambos gememos de dor. “Quem é?”, a pessoa perguntou.

Perguntei a mesma coisa de volta.

“Gina?”

E, então, percebi quem era. “Hermione?”

“O que você está fazendo?”

“Estava procurando o Rony...”, respondi rapidamente.

“Entra aqui e senta...”, Hermione respondeu.

Se ela achou que seria fácil, estava enganada. Cegamente, entrei na cabine e sentei assim que achei um local onde pudesse fazê-lo. Imagine meu embaraço quando o acento que escolhi já estava sendo ocupado. “Aqui não!”, ouvi Harry silvar, “Eu estou aqui!”. Ah, nunca estive tão feliz de estar no escuro, mas fiquei impressionada que minhas bochechas não tenham criado uma fonte de luz própria.

Pulei imediatamente e senti meu pé batendo em algo. “Ai!”, ouvi uma voz diferente choramingar. Aparentemente, aterrissei nos pés de alguém; estava para me desculpar, mas uma estranha e profunda voz se pronunciou.

“Quietos!”, pude ouvir no canto alguém se movendo e murmurando. Uma luz se fez notar e vi um rosto que não reconheci; era um homem, mas ele parecia exausto – a não ser pelos olhos. Os olhos escuros moveram-se em direção a porta, alertas e preparados. “Fiquem onde estão”, colocou-se de pé e caminhou em direção à porta.

Mal chegou a dar o segundo passo, a porta começou a se abrir. Vi a capa suspensa acima do chão e soube imediatamente o que era; Papai comentara sobre eles quando visitara Azkaban; Mamãe nos alertava sobre eles sempre que nos comportávamos mal; vi suas fotos nos livros didáticos, mas nem explicações, nem figuras poderiam informar fielmente como eles são realmente.

Era um dementador. Eles não mostram o rosto para ninguém – a não ser para os que são azarados o suficiente para vê-los. Se você olhar de relance a pele deles, terá uma idéia de como a sua será mais ou menos depois de estar morto por uma década. E sem pés, como fantasmas... mas, ao menos, os fantasmas têm suas próprias almas.

O dementador expirou dentro da cabine e senti que houve uma queda de dez graus em questão de segundos. Umas garras geladas em meu coração, tentando transpassá-lo. Eu estava tremendo, mas não era por causa do frio.

Você não tem medo de mim? Você não me obedece?, eu estava de volta a Câmara Secreta. Vi Tom Riddle flutuando sobre o meu corpo enfraquecido, sorrindo de forma maníaca. Lágrimas, aquelas gordas gotas de depressão se formaram em meus olhos e escorreram pelas minhas bochechas. Vou matar a ambos.

E tão rapidamente quanto a criatura entrou, ela saiu. Não me lembro de ver o misterioso homem enxotando o dementador com sua varinha, mas percebi porque eles estavam ali. Estavam procurando por Sirius Black. Acho que faz sentido, decidi, mandar os guardiões de Azkaban atrás de um prisioneiro fugitivo do Azkaban, ainda mais se tratando de um tão perigoso quanto Black. E também fazia sentido eles estarem lá se Black estava atrás de Harry... mas eles eram criaturas sujas... e o porquê eles fizeram Harry desmaiar estava além do meu entendimento...

Devo ter chorado pedindo por ajuda, porque encontrei Hermione com um braço confortador por sobre meu ombro, me puxou para perto e sussurrou, “Eles partiram”.

Estremeci; e em uma voz baixa, respondi, “Eu sei”.

“É isso o que eles fazem, Gina?”, perguntou calmamente, “Vi a noite em que minha avó morreu de ataque cardíaco... a pior noite da minha vida...”

“Faz você reviver sua pior recordação...”, eu disse. Ouvi o homem perguntar a Harry se ele estava bem, e ouvi-o responder ‘estou’.

“Você estava de volta na Câmara Secreta”, Hermione disse, mas pelo tom que usara, não me pareceu uma pergunta. Ela sabia. Essa também era uma outra qualidade dela, saber como seus amigos se sentiam e entendendo antes mesmo que os próprios o fizessem.

Quando chegamos à estação de Hogsmeade, o Trio Maravilha partiu sozinho novamente. Olhei em volta, ansiosa, e encontrei o garoto que dividiu o cabine esperando por mim; ele gesticulou para que eu o acompanhasse, e eu estava feliz por ter achado alguém com quem viajar.

Ele parecera pálido no trem, mas agora suas cores voltaram ao normal, “Sentindo-se melhor?”, perguntou-me.

“Uma melhora definitiva”, respondi, “Você?”

“O mesmo”, disse, e estendeu a mão enquanto caminhávamos, “A propósito, me chamo Neville”, peguei sua mão, balancei-a, e lhe disse meu nome, “Rony nunca nos apresentou. Você é a Weasley caçula, não é?”

“Nha”, disse, calmamente, “Nós temos outra ninhada esperando em casa”, ele pareceu confuso e ri de forma abafada, “Deixa para lá. Você acha que os dementadores vão ficar por aqui esse ano letivo?”

“Espero que não”, Neville respondeu, e estremeceu violentamente, “Nunca mais quero ficar perto de um”

“O que você vê?”, perguntei, antes de pensar. Aquela foi uma questão muito pessoal, espero não ter assustado – e afastado – meu novo amigo.

Neville parou quando chegamos às carruagens. Acho que ele chegou a murmurar algo sobre seus pais, mas mudou de idéia no último segundo, “Não lembro”, disse, “Mas não pode ser tão ruim quanto o que Harry viu. Você o viu desmaiar”

“O Potter desmaiou?”, uma voz veio das nossas costas; virei-me para ver Draco Malfoy acompanhado por dois outros personagens com aparência apatetada. Recordava-me de Malfoy bem demais, “Foi isso o que o ouvi dizer, Logbottom?”

“Sim, mas foi só por causa do dementador...”

“Não vi ninguém mais desmaiar”, Malfoy sorriu; seus colegas deram risadinhas abafadas atrás dele. Olhou para mim, “Obviamente, você deve tê-lo feito se Potter sorriu para você...”

Não era uma boa coisa que Malfoy soubesse tanto sobre mim, mas resolvi dividir com ele mais uma informação pessoal, “Espero que não tenha se esquecido de que tenho quatro irmãos mais velhos nesse colégio, Malfoy”, disse, irritada, “Eu o enfeitiçaria eu mesma, mas não quero privá-los da diversão”.

Antes que o sonserino loiro pudesse responder, ouvi uma voz familiar às minhas costas, “Pule para a caruagem, Gina! Os trestálios não vão esperar por você para sempre!”. Era a Luna, esperando por alguém com quem dividir a carruagem. Ignorando seu comentário sobre os trestálios, Neville e eu nos unimos à ela na carruagem. Fuzilei Malfoy com os olhos.

Dividir o quarto com Hermione provou ser a melhor idéia que Dumbledore já teve, ele entendia minha necessidade de ter alguém compreensível por perto e ela era simplesmente a garota certa. Lilá e Parvati me bajularam, também; elas achavam meu cabelo vermelho notável e ficavam perguntando o tempo inteiro se poderiam arrumá-lo para mim. Concordei na primeira noite, e elas tentaram ondularem-no; quando Collin gargalhou da minha cara, na manhã seguinte, resolvi nunca mais deixá-las tocarem no meu cabelo.

As notícias espalham-se rapidamente por Hogwarts. A notícia de que a primeira aula de Hagrid aos terceiranistas acabou mal espalhou-se rapidamente – quando descobri que foi a estupidez de Malfoy que lhe causou um braço quebrado, fiquei deliciada. Eu mal podia esperar para ter minha Aula de Trato de Criaturas Mágicas com Hagrid, e rosnei ao recordar que essa aula seria junto com a Sonserina.

Os segundanistas grifinórios e sonserinos se juntaram ao redor da cabana de Hagrid naquela primeira semana. Hagrid escancarou a porta e gesticulou para que o seguíssemos para os jardins do fundo, onde ele plantara as abóboras no ano anterior.

Andei sozinha por um segundo, antes de Colin me alcançar e caminhar a meu lado, “Hey, Gina!”, me cumprimentou daquela forma amigável demais, “Você ouviu o que aconteceu ao Harry? Ele teve que montar o hipogrifo.”

“Eu soube”, respondi, “Você acha que poderemos montá-lo?”

Dois sonserinos baixos e fortes olharam por cima do ombro e sorriram. Reconheci-os como Julius Harper e Daemon Vaisley. Eles eram pequenos estúpidos, se querem saber minha opinião. Não teria duvidado se eles tivessem sangue de algum bruxo atormentado em algum lugar na história da família. Harper falou primeiro, “É claro que você não poderá montar o monstro, Weasley! Eles tiveram que prendê-lo”.

“Desde que Draco foi atacado, o pai dele está furioso”, Vaisley disse, sorrindo estupidamente, “Não ficaria surpreso se aquela falsificação barata de professor fosse demitido antes do fim da semana”.

“O hipogrifo não atacou Malfoy”, eu disse, um pouco irritada, “Malfoy não ouviu uma palavra do que Hagrid disse”, Colin, claro, abanou a cabeça, concordando.

Antes que qualquer um dos dois pudesse responder, Hagrid nos parou ao lado do viveiro de galinhas. Olhei, nervosa, ao redor; Riddle conduzira meu corpo diversas vezes no ano letivo anterior para visitar as galinhas. Uma vez que os cacarejos eram fatais ao basilisco, ele fez com que eu matasse todos os machos.

“Como não posso mostrar a vocês o hipogrifo como tinha planejado”, Hagrid começou e todos focaram sua atenção nele, “Pensei em começar com algo um pouco menor”, ele apontou para a área cercada.

Meus companheiros estudantes e eu nos aproximamos do cercado para ver que maravilhosa criatura Hagrid havia guardado para nós. Dentro da área cercada, vi uma galinha; franzi o cenho, não entendendo porque Hagrid estava querendo nos mostrar isso.

“Será que alguém pode me dizer o que vocês estão olhando?”, Hagrid perguntou.

Harper aproximou-se para dar uma olhada melhor. “É uma porcaria de uma galinha!”, riu, e Vaisley uniu-se a ele; Harper voltou-se na direção de Hagrid, “Já perdeu sua coragem?”

“Não só uma galinha”, Hagrid respondeu, colocando a mão no bolso e tirando uma mão cheia de sementes de pássaro; jogou-as lá dentro. Apontou para o pássaro, que tinha começado a ciscar o chão, “As penas de uma galinha são todas brancas. Olhe atentamente para esta, quando o sol iluminá-la na posição exata...”

Fixei meus olhos na galinha por um longo tempo, quando ela ergueu a cabeça para nos fitar de volta, a luz do sol iluminou suas penas. Uma luz dourada emanou das penas, e ofeguei com a beleza.

“O que é?”, perguntou Colin.

“Sarimanok”, Hagrid respondeu, “Também conhecido como a ‘Galinha Celestial’”.

Ouvi alguns estudantes dizerem ‘ooooh!’. Eu, por outro lado, nunca tinha ouvido da criatura e o restante dos alunos se sentia da mesma maneira; curiosos, nos inclinamos para observá-la mais de perto.

“Os sarimanoks não são nativos da Grã-Bretanha”, Hagrid disse, “Elas só podem ser encontradas no arquipélago das Filipinas. São raros, muitos deles, e, geralmente, são muito maiores. Este aqui tem apenas algumas semanas de vida”.

“Ainda assim”, Harper satirizou, “por que é que essa galinha rubra é tão maravilhosa?”

Hagrid olhou para o resto de nós; uma de minhas companheiras grifinórias, Delia Regal, disse, “Acredita-se que traz boa-sorte pegar um adulto deles, se for pego sem magia. Mas a sorte só acontece uma vez e é completamente ao acaso”.

“Correto!”, Hagrid estava deliciado, “Cinco pontos para a Grifinória”, ele jogou mais um pouco de semente dentro do cercado, “É preciso o sangue da Sarimanok fêmea para fazer a poção Felix Felicis”.

“Sorte líquida!”, Vaisley disse, obviamente impressionado.

“Mas para pegar um jovem, significa que alguém com quem você interage terá sorte”, Hagrid disse, “Mas, novamente, a sorte vem ao acaso”, observamos a galinha ciscando o chão, Hagrid adicionou, “Eles são os melhores relógios, também. É impossível continuar adormecido quando o colega aqui resolve cacarejar”.

“É difícil pegar um?”, perguntou Colin.

“Difícil de pegar? Quase impossível!”, Hagrid disse, “Venha aqui, Colin”, gesticulou para que o garoto entrasse no cercado; Colin pareceu extremamente agitado. Voltou-se para mim e entregou-me a câmera; girou em direção ao cercado e imediatamente saiu correndo atrás da criatura.

Por quase cinco minutos, assistíamos com divertimento as tentativas falhas de Colin para tentar pegar o animal; mesmo quando o animal estava encurralado e parecendo indefeso, conseguiu escapar dele. Hagrid chamou-o de volta depois que ele bateu com a cabeça contra uma das cercas.

“Já chega”, Hagrid disse, “Sarimanok são ótimos juizes de caráter. Podem sentir o medo e a animação. Quando eles confiam, saberão que confiam por um bom motivo. Quem mais gostaria de ir?”

Um por um, formamos uma fila para tentar pegar o jovem pássaro. Para nossa primeira aula com Hagrid, foi ótimo; nos divertimos muito. Harper e Vaisley mal conseguiram chegar perto do pássaro. Como eu estava perto do fim da fila, pude observar todos os meus colegas. Todos tentávamos uma aproximação rápida, e falhavam. Quando minha vez chegou, fiz o contrário.

Caminhei lentamente para o meio do cercado e me sentei. Ouvi Harper bufar às minhas costas, e sorri timidamente para mim mesma. Recolhi uma semente que o sarimanok não havia comido e posicionei-a entre meu dedo indicador e o dedão; e esperei. Observei o pássaro me analisar, saltando para mais e mais perto. O brilho dourado encontrou meus olhos, uma vez, e olhei-a com o rabo dos olhos.

Há apenas alguns centímetros de mim, o pássaro abaixou a cabeça para observar melhor a semente; soltou um barulho e, rapidamente, picou a semente, retirando-as dos meus dedos. Aproveitando minha chance, levei os braços lentamente ao redor da criatura, senti minhas mãos lentamente se fecharem ao redor do seu corpo; ela não lutou. Levantando-a delicadamente, coloquei-a no meu colo e acariciei suas penas douradas. Senti um estranho calor percorrer meu corpo... um sinal de vitória... um sinal de sorte...


- Parte III -


“Muito bem!”, Hagrid berrou, excitado, “Dez pontos para a Grifinória!”

“Se ao menos você pudesse passá-la para alguém da sua escolha”, Hermione me disse mais tarde, no dormitório, “Eu precisaria muito dela para todos os trabalhos que estou fazendo”, ela disse, enquanto folheava um de seus livros didáticos.

“Não funciona desta forma”, respondi. Hagrid me permitiu ficar com uma das penas do sarimanok como uma recordação de um trabalho bem feito, “Se eu pudesse escolher para quem e quando dar a sorte, daria-a para Harry, no caso de Black o alcançar”, observei Hermione de perto, aguardando por sua reação.

Olhou para cima tão rápido quanto previ, “Quem lhe disse que o Black estava atrás do Harry?”

“Ah, ninguém”, disse, casualmente, “Tenho meus meios”, sem outra palavra, apontei a minha varinha para minha luz, murmurei o encantamento certo, e a luz da vela se extinguiu, e me aninhei confortavelmente embaixo dos cobertores. Acredito ter ouvido Hermione murmurar para si mesmo algo como “uma bruxinha muito inteligente, de fato”.

Puxando minhas cobertas até o queixo, forcei-me para dormir, pensando em como essa semana havia sido maravilhosa. Quando os sonhos finalmente tomaram o lugar da realidade, vi Harry em minha cabeça, agradecendo-me por ter lhe dado a sorte que ele precisava para combater Black.

O castelo ficou relativamente silencioso nos dois meses seguintes. Hermione estava sempre ocupada e gastava a maior parte do seu tempo livre com Rony e Harry. Neville e eu passávamos muito tempo juntos. Ambos almejávamos, silenciosamente, fazer parte do Trio Maravilha por diferentes razões, ambos motivos, entretanto, envolvendo o coração. Luna estava crescendo no meu conceito, embora apenas três anos mais tarde nos tornássemos chegadas. Surpreendentemente, Colin também estava subindo no meu conceito. Afinal de contas, nós dois dividíamos um interesse em comum; às vezes, achava que ele gostava de Harry pelo modo que falava dele. Delia Regal, a garota que mencionei anteriormente, tornou-se, lentamente, uma amiga. Lupin provou ser um ótimo professor e era sempre muito divertido de Defesa Contra a Arte das Trevas com a Corvinal.

A quietude não durou muito tempo. Na noite do Dia das Bruxas, Black invadiu o castelo e assusutou a Mulher Gorda, fazendo-a sumir de seu quadro. Felizmente, o único dano feito foi a tela rasgada. Pouco após isso, os dementadores atacaram Harry no jogo Grifinória contra Lufa-lufa. Assistir Harry cair daquela altura foi a única coisa aterrorizante pela qual passei naquele ano.

Corando furiosamente, entrei na Ala Hospitalar; eu havia feito um cartão de melhoras para Harry. Eu esperava que ele estivesse adormecido, então ele não me veria depositando-o ao lado dele. Não tive essa sorte. Harry ergueu os olhos no instante em que entrei, segurei o cartão com força. Ele me deu um sorriso fraco, “Olá, Gina”.

Você pode fazer isso!, falei para mim mesma, “O-o-oi”, consegui guinchar, “Sinto muito pela sua vassoura, Harry”

Ele franziu o cenho. Muito bem, Gina. Faça-o se sentir perdido, “Hum... Valeu”, ele murmurou.

“Acho que Rony vai trazer-lhe algo da Dedos de Mel”, louvei-me por conseguir manter uma conversa com ele.

Ele franziu o cenho, novamente. Realizando muitos desejos hoje, não estamos, Gina?, “Isso seria bom, já que não posso ir eu mesmo”, ele resmungou.
Não querendo dizer mais nada que me faça parecer mais idiota, entreguei, tremendo, o cartão a ele e disse, rapidamente, “Fizissoparavocêeesperoquefiquebomlogoadeus!”.Minhas bochechas estavam queimando e fugi do quarto.

Andando o mais rápido que pude, esbarrei com Fred e Jorge. Jorge derrubou com pedaço de pergaminho que parecia ter visto dias melhores. Olhei para ele, de onde estava, e percebi o formato do colégio e muitos pontinhos que se moviam.

Accio mapa!”, Fred berrou, e o pergaminho voou para sua mão estendida; ele o aguardou, mas não antes que eu visse as palavras “Aluado”, “Pontas” e “Mapa”. Fred sorriu para mim, “Para onde vai com tanta pressa, maninha?”

“Se não a conhecêssemos, diríamos que está fugindo de encrenca”, Jorge sorriu.

“Não de encrenca, só do embaraço”, respondi, e olhei para o pergaminho novamente, “Isso aí é um mapa de Hogwarts?”

“Não faça perguntas...”, Fred começou.

“... e não lhe mentiremos”, interrompi-o, terminando a frase, “Ah, qual é? Vocês sabem que são meus irmãos favoritos”,coloquei a minha melhor cara inocente.

“Irmãos favoritos?”, Jorge repetiu, “Ouviu essa, Fred?”

“Ouvi”, Fred respondeu, “É engraçado ela dizer isso, uma vez que não a vimos desde o começo do ano letivo”, colocou a mão contra a testa, num forçado gesto aflito.

“É como se nem tivesse irmãos!”, Jorge fingiu um soluço.

Bati neles, um soco em cada braço. “Já que não tenho irmãos, suponho que posso mostrar à mamãe todos aqueles tesouros embaixo do assoalho de seus armários”, meu cabelo fez o movimento de um chicote, enquanto eu me girava, dano as costas para eles.

“Você joga baixo”, Fred disse.

“Mas tudo é justo no amor e na guerra”, Jorge o lembrou, “E na relação entre irmãos”

Parei e sorri; sabia exatamente como lhe dar com eles, apesar de não ser tão difícil. Sou a irmã favorita deles, mas não deixem os outros saberem disso. Quando eles me chamaram de volta, eu sabia que este seria mais um dos inúmeros segredos que eles me revelavam.

Segui-os para uma sala vazia e Jorge fechou a porta. Fred colocou o pergaminho sobre a mesa e Jorge uniu-se a nós, enquanto observávamos o papel. Era um mapa de Hogwarts, e cada um dos pontinhos tinha um nome. Segui os corredores com os olhos, até achar a sala onde estávamos, E então fitei meu nome, entre o nome dos meus irmãos.

“Esse é um dos nossos mais amados tesouros”, Fred disse.

“Vocês fizeram isso?”, perguntei, impressionada com o número de magias complexas que foram precisas para fazer aquilo.

“Você nos lisonjeia”, Jorge respondeu, “Não, minha irmã querida, nós o adquirimos no nosso primeiro ano”.

“Lhe resgatamos do escritório de Filch”, Fred adicionou.

“Usamos-no, a princípio, para ir para Hogsmeade quando éramos mais novos”, Jorge informou, apontando para cada uma das passagens secretas que levavam para fora do castelo.

“E este mapa mostram todos no castelo?”, perguntei.

“Todos”, Fred e Jorge responderam em uníssono.

Encarei o mapa, e não pude controlar meus olhos de localizarem o ponto de Harry, apenas dois cômodos de distância. Quando o vi, um pensamento me ocorreu, “Se vocês podem ver todo mundo, então podem ver onde Sirius Black está!”, exclamei.

“O que acha que temos tentando fazer?”, Fred chiou.

“Não podemos ficar de olho no mapa o tempo todo”, Jorge disse, “Suspeitamos que Black é inteligente o suficiente para ficar fora do terreno de Hogwarts tanto quanto o possível. Ele deve ter achado que todos estariam distraídos no Dia das Bruxas”.

Observei Rony e Hermione saindo lado a lado da Torre da Grifinória; deviam estar encaminhando-se à Ala Hospitalar para visitar Harry. Foi quando me ocorreu, “Vocês deveriam dar isso ao Harry”, disse, rapidamente.

Fred e Jorge me encararam e, depois de alguns segundos, começaram a gargalhar.

“Você sempre foi a mais engraçada”, Jorge riu, segurando sua barriga.

Coloquei minhas mãos em minha cintura e os observei, lembrando-me de Mamãe, “Estou falando sério. Primeiro, Harry poderia ir a Hogsmeade e parar de ficar mal humorado em relação a isso...”

“Gina, acho que seu coração está pensando no lugar da sua mente”, Fred interrompeu-me.

“E dois...”, hesitei, porque sabia que essa informação não devia ser divulgada para muitas pessoas, “Sirius Black está aqui porque... porque ele quer Harry morto”

Isso os calou, “Você tem certeza?”, Jorge perguntou.

“Ouvi Mamãe e Papai conversando sobre isso antes do colégio começar”, respondi, “E vocês sabem que eu não minto sobre esse tipo de coisa”

Fred e Jorge se entreolharam, trocaram algumas palavras e depois olharam para mim. “Pensaremos no assunto”, Fred disse.

“Porque esse objeto já fez maravilhas por nós e será muito difícil deixá-lo partir”, Jorge adicionou.

“Temos algumas semanas antes da próxima viagem à Hogsmeade. Usaremos esse tempo para pensar sobre isso cuidadosamente”, Fred terminou, ele e Jorge colocaram as varinhas sobre o mapa e ambos disseram, “Mal feito, feito!”. Fred dobrou o pergaminho e guardou-o no bolso das vestes, e saiu do cômodo com o mapa.

Sorri para mim mesma. Sabia que eles tomariam a decisão certa.

Passei muito tempo durante o Natal com Hermione; Harry e Rony estavam um pouco bravos com ela, porque ela achou que a nova Firebolt de Harry fosse uma arma homicida enviada por Sirius Black. Apesar de ter acertado quem enviou, havia errado em relação às intenções.

Era em momentos como esse que eu conseguia passar algum tempo com um dos membros do Trio Maravilha. Quando um estava bravo com o outro, a parte neutra era obrigada a dividir sua atenção entre os dois briguentos; o amigo que estava abandonado geralmente passava mais tempo comigo. Tenho vergonha de admitir que, secretamente, ansiava pelas brigas. Não que Colin, Neville, Delia ou Luna fossem maus amigos, é que eu sempre procurei por Rony e Hermione... e sempre gostei de Harry.

Era também durante esses momentos que eu recebia todas as informações. Enquanto passava as tardes na biblioteca, com Hermione, ela me divulgava informações que provavelmente não divulgava para ninguém mais. Ela perguntou como eu descobrira que Black queria machucar Harry e lhe contei da conversa dos meus pais que ouvira.

“Bisbilhoteira”, Hermione disse.

Fingi-me de ofendida, “Não chamaria de bisbilhotice, não é culpa minha se ouço mais quando as pessoas acham que não estou ouvindo”, dei-lhe um sorriso dissimulado, “Ficaria surpresa com quanto eu sei”

“Mesmo?”, Hermione perguntou, “O que mais você descobriu recentemente?”
Pensando em uma conversa que ouvi do Trio, disse, “Sei que Sirius é o padrinho de Harry, e sei que há um motivo terrível para ele estar em Azkaban, mas ainda não descobri”.

Hermione, sentindo-se sozinha sem seus dois melhores amigos, contou-me sobre os principais avanços. Sirius era o guardador do segredo... traiu os pais de Harry... matou Pedro Pettigrew... e eu queria encontrar Harry e dar-lhe um abraço apertado.

Hermione teve outro desentendimento com Rony, algumas semanas mais tarde. O gato dela, aparentemente, comera o rato de Rony; não era culpa dela e Rony nunca gostou realmente do rato. Harry acabou ficando do lado de Rony nessa, e mais uma vez, encontrei-me na biblioteca ouvindo Hermione reclamar sobre Rony.

“Não é como se eu pudesse controlar o que Bichento caça”, Hermione disse, irritada, “Ele tem uma mente própria e acho que ele tem um pouco de sangue selvagem”.

“Rony pode ser um idiota de vez em quando”, assegurei-a, “Ele vai superar e vocês voltarão ao normal o mais cedo possível”.

Ela folheou furiosamente as páginas do livro; ou ela precisava desesperadamente encontrar algo, ou estava apenas se distraindo, “Sinto falta dele”, ela disse, fazendo uma careta enojada, como se as palavras a machucassem.

“Eu nunca vou entender porque você gosta tanto do meu irmão”, murmurei.

Ela fechou o livro que estava folheando com força e olhou para mim, “Eu... não... gosto... seu estúpido... infantil... irmão!”a cada palavra, ela se erguia um pouco mais de sua cadeira, e ao final da frase, estava completamente inclinada sobre mim. Trêmula, ela recobrou a compostura e pediu-me desculpas incontáveis vezes.

Eu não tinha problema algum com sua raiva. Ela não estava brincando comigo nem com ninguém; a maneira como esses dois discutiam... seria um milagre se um dos dois não gostasse do outro. Não mencionei mais o assunto naquele ano, embora ele viesse a se tornar um tópico de maior importância nos anos porvir.

Uma vez mais, a atmosfera em Hogwarts era pacífica. Ouvi que Lupin estava dando aulas particulares para Harry para ajuda-lo a se defender dos dementadores, então pelo menos esse problema seria reduzido.

No jogo da Grifinória contra a Corvinal, sentei com Colin e Hermione. Colin tirava fotos sem parar, e falava incansavelmente sobre como ele adorava Quadriboll, como sua mãe não entendia e como seu pai blábláblá...

Deixei de ouvir no instante em que Harry pisou no campo, olhando para o céu em busca de dementadores, parecendo muito mais confiante do que em qualquer outra situação. Quando ele aproximou-se para apertar a mão da apanhadora da Corvinal, percebi um estremecimento no procedimento. Reconheceria aquela atitude em qualquer lugar.

“Hermione, quem é aquela garota da Corvinal? A apanhadora?”, perguntei.

“Cho Chang”, Hermione respondeu, “Ela é do quarto ano...”

“Não gosto dela”, disse.

“Não gosta dela?”, Hermione pareceu confusa, olhou para Harry em sua vassoura, que lançava olhares rápidos e nervosos em direção à Cho, “Ah”.

A vitória da Grifinória durou pouco, os sentimentos de domínio foram interrompidos quando ouvimos um berro horrorizado de Rony. Sirius Black esteve no dormitório de Rony e Harry com uma faca e na cabeceira de Rony. Embora não fosse certo se Rony era o alvo ou se estava simplesmente confuso, isso assustou Hermione e a mim. Nenhuma de nós poderia ser vista chorando na frente da outra, mas passamos muitos momentos juntas, misteriosamente com os olhos avermelhados e os rostos inchados.

Após aquela noite, no entanto, Black não fez mais visita alguma ao castelo. O último jogo de Quadriboll nos animou um pouco com a vitória da Grifinória e todo o resto; e até acho que vi Olívio chorando. Uma vez mais, tudo estava em paz. O fim dos exames chegou e me sai muito bem. Esperava que mamãe ficasse orgulhosa.

Não tenho certeza do que me tirou da cama aquela noite. Percebi que Hermione não havia voltado ao dormitório a noite inteira. Preocupada, sai do quarto e sentei-me nos primeiros degraus. Pensei nos últimos dez meses e orgulhei-me de mim mesma. Estava conseguindo agir como uma pessoa normal na frente de Harry, conquistei o respeito e a amizade de Hermione, fiz amigos e, certamente, me redimi pelo desastre do ano anterior.

Foi aí que o vi. Uma criatura incrivelmente grande, escura e peluda apareceu das sombras. Parecia com um lobo, mas não poderia ser... lobos não ficam de pé nas patas traseiras... mas lobisomens ficam.

- Parte IV -


Coloquei-me de pé o mais rápido que pude e puxei minha varinha, tinha quase certeza de que não conhecia nenhum feitiço que pudesse afetar um lobisomem. Dei um passo para trás e subi o degrau da escada, mantendo a criatura no meu campo de visão, pronta para correr a toda velocidade se ele me visse.

Notei que a criatura estava mancando e que seu ombro sangrava, pensei que podia ouvi-la choramingar; seu comportamento não era ameaçador e, à medida que ele se aproximava, percebi que ele usava roupas sujas que me pareciam familiar, e ele tropeçou no instante em que pisou no primeiro degrau.

As nuvens lentamente cobriram a lua e as sombras recaíram sobre o corpo do lobisomem. A sua transformação de volta à forma humana começou nos pés e foi subindo lentamente, os pêlos pareciam estar sendo sugados pela pele, podia ouvir os ossos estalarem e mudarem de tamanho; as garras do animal estremeceram e diminuíram de tamanho. Os olhos do lobo fixaram-se no meu e, no instante seguinte, vi o homem dentro da criatura.

“Professor Lupin?”, exclamei, guardando minha varinha no meu bolso e correndo para o professor. Meu professor? Meu professor era um lobisomem? Perguntei-me se Dumbledore sabia. “Você está bem? O que aconteceu?”

“Black”, ele murmurou.

“Sirius Black fez isso com você?”, quase gritei, rasguei a barra da minha saia e peguei um grande pecado de pano, depositei o pano em seu ombro e atei-o abaixo do braço, coloquei um pouco de pressão nele.

Lupin gemeu. “...não é falta dele. Eu... me transformei... e ele estava tentando proteger Harry... e Rony... e...”

“Ele estava tentando proteger...?”, questionei, confusa. Talvez Lupin tenha batido a cabeça com força, “Por que Black protegeria o Harry?”

Ele balançou a cabeça. “Nós estávamos errados”, disse, tentando se levantar, ajudei-o a se colocar de pé, enquanto ele dizia, “Ele foi... ele estava tentando pegar Pedro Pettigrew”

“Pettigrew?”, repeti. Talvez Lupin não soubesse que Pettigrew estava morto, “Vamos ver a Madame Pomfrey; ela cuidará desse ombro”.

Suportando o peso de Lupin, consegui levá-lo à Ala Hospitalar. No caminho, consegui a versão do que ocorrera naquela noite. Rabicho era Pedro Pettigrew... Black um animago... Harry, Rony e Hermione... Snape… Pedro era o guardador do segredo… Pedro traiu Lílian e Tiago... Pedro jogou a culpa em Sirius… Teria que conseguir a versão completa de Hermione mais tarde.

Madame Pomfrey tratou Lupin, que tinha se recomposto. Ele ignorou o constante pedido dela para que ele ficasse na Ala Hospitalar e voltou-se para ir embora. Pomfrey pediu licença e saiu; Lupin voltou-se para mim.

“Obrigado, Gina. A maioria dos estudantes da sua idade teriam fugido ao me ver e duvido que muitos teriam se incomodado em ajudar”, ele deu um sorriso agradável, “Você é uma bruxinha corajosa e vou sentir falta de lhe dar aula”

“Você não vai voltar?”, perguntei, com o desapontamento evidente em meus olhos.

Ele balançou a cabeça. “É um milagre que ninguém tenha descoberta meu problema peludo”, Lupin disse, ele sorria, “Severo foi gentil o suficiente para mantê-lo para si mesmo, mas depois dos eventos dessa noite, duvido que vá querer mantê-lo somente para si...”

Senti uma ira poderosa tomar conta de mim. Não era certo; Lupin era uma ótima pessoa e um professor maravilhoso, “Mas se o que você disse sobre Sirius for verdade, você estava fazendo o certo!”.

“O Ministério não vai acreditar em um lobisomem e três bruxos menores de idade”, Lupin respondeu, ficou lá balançando a cabeça, “Preciso que guarde o que ouviu para você. Nós ajudamos um criminoso procurado, ninguém será gentil a isso”.

Dei-lhe minha palavra.

“Preciso descansar e você não deveria estar acordada tão tarde”, Lupin disse. Ele colocou uma mão sobre meu ombro e me guiou em direção à porta, “Boa noite, Gina”.

“Boa noite, professor”, disse. Nossos caminhos se separaram e fui em direção à Torre da Grifinória. Estava tentando compreender os eventos daquela noite; Lupin era um lobisomem, Sirius Black era inocente, Pedro Pettigrew era um Comensal da Morte...

“Acordada tão tarde, senhorita Weasley?”

Virei-me e vi professor Dumbledore saindo das sombras.

Ótimo, pensei, Estou encrencada...

“Boa noite, professor...”

“Você deve me perdoar por não tê-la checado esse ano”, Dumbledore declarou, “Tenho certeza de que a senhorita está ciente do quão ocupado estive esse ano”

“Sim, professor. Compreendo”

“Você achou que o arranjo em relação ao seu dormitório têm trazido benefícios para você?”

O diretor acaba de me pegar andando sem rumo depois do horário permitido e está discutindo se eu estava gostando do meu dormitório? Assentindo, eu disse, “Hermione tem sido de grande ajuda”.

“Como pensei que ela seria”, Dumbledore disse, “Sempre disse que amigos são melhores companhias do que diários”.

Eu ri. “Principalmente aqueles que contém memórias de Você-Sabe-Quem”, Dumbledore deu um risinho abafado e uma coisa que esteve me incomodando passou pela minha mente, “Professor, como ele conseguiu fazer aquilo?”

“Tenho minhas suspeitas”, Dumbledore respondeu, “Mas como não tenho evidências o suficiente, não posso dizer”

“Você me dirá quando souber com certeza?”, perguntei, esperançosa.

“Não quero fazer promessas que posso quebrar no futuro”, ele disse com simplicidade, “Se me dá licença, Gina, há um lugar onde preciso estar. Tenho certeza de que não tem noção do horário, do contrário, estaria imersa entre suas cobertas, aconchegada”.

“Obrigada, professor”.

“É um horário perigoso para se andar nos corredores”, Dumbledore disse, “Na verdade, o professor Snape acabou de me enviar uma mensagem informando que prendera o intruso...”

“Ele pegou Black?”, perguntei, “Mas...”, e me interrompi, recordando-me do que tinha prometido a Lupin. Cobri meu erro óbvio, “... como?”

“Coincidentemente, você não é a única estudante a estar andando longe das próprias camas”, ele disse, “Em verdade, eles devem estar chegando à Ala Hospitalar a qualquer segundo agora”

Ala Hospitalar? Harry estava machucado? Rony? Hermione? Minha mente disparou. Lupin disse que não se recordava de nada após a transformação, mas sabia que Pedro tinha escapado. Ele havia voltado e tentado matá-los? Antes de pensar no que estava fazendo, berrei, “Pedro machucou-os?”

Dumbledore não disse nada. Ele ergueu as sobrancelhas de maneira questionadora. Não tinha certeza se ele ia ignorar meu comentário ou fazer mais perguntas a respeito. “Não”, ele disse, “Não é da natureza dele ser corajoso. Suspeito que Pettigrew fugiu e não retornará mais”, virou-se para ir embora, mas parou, “Acredito que você possa manter tudo o que ouviu essa noite para si mesma? Você pode saber a verdade sobre Sirius Black, mas duvido que o ministério seja tão compreensivo”

“Isso foi o que o professor Lupin disse”, respondi, e Dumbledore assentiu, “Prometo, senhor”.

“Não tenho dúvidas”, Dumbledore disse, antes de se virar para sair, acenou um adeus, “Você não cansa de me surpreender com seu conhecimento, minha querida”, e sem outra palavra, o diretor continuou seu caminho.

Quando entrei no salão comunal, olhei pela janela e pude jurar que vi o hipogrifo carregando três pessoas da torre mais alta; mas aquilo era impossível, decidi, porque a criatura havia sido executada apenas algumas horas mais cedo naquele mesmo dia. Observei o hipogrifo e os três cavaleiros desaparecerem nas sombras.

“Você deixou isso cair”, uma voz fina veio de trás de mim. Virei-me para ver Colin sentado no sofá, segurando a minha pena de Sarimanok. Ela tinha um brilho dourado à luz da lua.

“Colin?”, perguntei, “Por que está acordado tão tarde? Você deveria estar dormindo...”

Colin deu de ombros; a câmera que ele sempre carregava não encontrava-se presente. Observei seu rosto e percebi quão pequeno ele era. Ele passou sua mão livre pelos cabelos castanhos, “Você também está acordada”, disse, enquanto eu me sentava ao lado dele, “Além do mais, eu gosto da sua companhia”.

Franzindo o cenho, olhei para Colin; ele parecia envergonhado, como se tivesse dito coisas demais. Perguntei-me o que ele pensaria de mim, se soubesse que fora eu quem o atacara no ano anterior, que eu permitira que o basilisco o atacasse através da câmara de sua máquina. Perguntei-me...

Mas não pude me perguntar mais nada. Colin estava me beijando; não era um beijo que merecia ser lembrado como o melhor, mas não foi curto. Eu estava aturdida e confusa, mas um sentimento agradável percorreu o meu corpo. Quando Colin terminou o beijo, colocou-se de pé, corado, “Sinto muito, Gina”.

“Tudo bem, Colin”, disse, de maneira tenra, não sabendo realmente o que mais dizer. Muitos pensamentos passaram pela minha cabeça; eu não gostava do garoto, mas definitivamente não queria magoá-lo. Eu gostava de Harry e sempre imaginara meu primeiro beijo com ele...

“Gostei de você o ano inteiro”, Colin começou, girando a minha pena entre seus dedos, “Mas notei a forma como você agia quando Harry estava por perto...”, minha vez de corar, “... e quero dizer, não culpo você, porque Harry é o melhor... mas pensei que talvez essa noite...”, sua mão livre batia ritmadamente em sua perna, “... pensei que talvez eu pudesse beijar você...”, mostrou-me a pena, com um sorriso, “... com um pouquinho de sorte...”, ele largou a pena na minha frente e saiu, caminhando em direção ao dormitório masculino.

A pena flutuou, indiferente, descendo lentamente até depositar-se no colo da minha saia rasgada. O dourado da pena não estava mais presente; e percebi o que aquela sensação agradável que passou por mim era. Era a sorte de Sarimanok passando do meu corpo para Colin e dando-lhe a coragem para fazer o que teve medo de fazer o ano letivo inteiro.

Não, eu não gostava de Colin; mas ele me deu meu primeiro beijo... e por isso, encontrei-me com um sorriso apatetado no rosto. Sentei-me lá por alguns segundos, rolando a pena na palma de minha mão. Eu mal podia esperar por Hermione para contar-lhe tudo.


Continua...


N/A: Graças à falta de atenção, cometi um erro terrível. Gina não deveria ter Trato de Criaturas Mágicas até chegar ao terceiro ano. Infelizmente, a história continuará nesse formato até que eu consiga arranjar tempo para reescrevê-lo.

Espero que isso não afete o que vocês sentem em relação a história.


N/T: Por onde é que eu começo?

Definitivamente, esse foi o capítulo que eu mais amei traduzir, até agora!

Gina e Colin? Eu nunca imaginaria uma coisa dessas! Mas uma coisa é verdade, Miguel Corner foi o primeiro namorado sério da Gina, em momento algum mencionou-se algo em relação a ter sido, também, seu primeiro beijo.

Quase desejei que Colin tivesse mais destaque e acabasse com a Gina no fim de tudo.

Ele foi tão... fofo!

Mas posso falar uma coisa? Esperem pelo Miguel Corner... O garoto é tipo... UAU! XD

Mas nenhum deles chega aos pés do Harry. Que vocês verão mais para frente, também! ;D

Bem, é isso!

Coversarei com o Justin... Eu não permito que ele mude esse capítulo... é só um errinho ridículo de continuidade... hauahuiah! Afinal de contas, errar é humano, certo?

Gente, obrigada pelas reviews e eu espero por mais para continuar a postar com rapidez! :D

[b]Larissa Manhães:[/b] Realmente, traduzir pode ser complicado, mas é muito compensador! :D O que achou do novo capítulo? Espero que tenha amado tanto quanto os anteriores!!
[b]Gina_:[/b] O que achou do novo capítulo?? Aguardo seu comentário!
[b]Lola Potter:[/b] Esse capítulo, na minha opinião, é o melhor até agora! O que você achou?!? :D Aguardo sua opinião! ;D

O que acharam deste capítulo?

PRÓXIMO CAPÍTULO NA SEMANA QUE VEM!

Um beijo gigantesco,

Gii

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