Não Devo Contar Mentiras



Capítulo XVI – Não Devo Contar Mentiras


 


OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoO


Dos meus sonhos eu procuro acordar e perseguir meus sonhos, mas a realidade que vem depois não é bem aquela que planejei.


(Ira!)


 


 Nicole Carrew


 
Quando Lily me contou de seu novo sentimento por James no domingo de manhã, eu não acreditei. Cinco minutos depois, porém, quando a vi lançar sobre ele um olhar tão mortal que ele deve, no mínimo, ter mordido a língua, dei a ela um pouco de crédito.


O domingo passou tedioso como domingos costumam ser. Avistei Remus perto da torre da Corvinal quando estava indo jantar e sorri para ele, que acenou de volta. Acho que ganhei um novo amigo. Um amigo que vai me ajudar a conseguir David de volta, ele vai até me pedir desculpas. Pensei comigo mesma e sorri.


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Frank Longbottom


 


Depois de todos os acontecimentos atordoantes do fim de semana, a segunda-feira, com sua agitação e preocupações, foi bem vinda.


Faltavam apenas quatro dias para o baile de Dia das Bruxas e nos corredores de Hogwarts não se falava em outra coisa. A não ser, é claro, que você estivesse andando com certo trio de garotas que, para a minha felicidade, preferiam ignorar o assunto. E era por este motivo que eu estava almoçando com elas.


- Então ele disse que eu era anormal! Dá pra acreditar? – Nicole, com seus cabelos multicoloridos balançando enquanto gesticulava, reclamava de um aluno qualquer no quinto ano.
- Provavelmente é a faixa na sua cabeça. – Jéssica disse entediada.
- Oh, eu tenho uma quedinha por vestuário hippie as vezes. – Nick respondeu – É charmoso.


Jéssica apenas ergueu as sobrancelhas para ela.


- Não há nada errado com a faixa, Nick. – Lily interveio olhando feio para Jéssica, que apenas deu de ombros.
- Eu gosto das cores. – interferi só para ter o que falar.
- Obrigada, Frank. – Nick sorriu.
- Hey, Frank! – gelei ao ouvir a voz de Alice atrás de mim.
- O-oi, Alice. – disse ao me virar.
- Oi, Alice! – as meninas disseram em coro fazendo-a sorrir.
- Escuta, vai ter prova de Herbologia na terça, então... Será que você está disponível hoje para revisar o assunto comigo? – perguntou docemente.
- Claro, claro! A que horas?
- Hum... Depois do jantar está bom pra você?
- Ótimo. Nos vemos mais tarde.
- Obrigada. – sorriu – Vou te esperar na sala comunal. – disse antes de sair. 


Quando me virei de volta para a mesa, o trio de garotas me encarava com sorrisos maliciosos.


- O quê? – perguntei sem entender.
- Você deveria convidá-la para o baile de sexta. – disse Jéssica.
- O quê, eu? Sem chance! – respondi quase rindo da idéia.
- Eu acho uma boa idéia. – Lily votou.
- Tá, e o que eu faço quando ela recusar?
- O seu otimismo me comove. – Nick comentou – Você não sabe se ela vai recusar, Frank. Além do mais, você só tem a ganhar com isso.
- Como...?
- Um, existe a possibilidade dela aceitar. – disse Jéssica – Dois, mesmo que não aceite, vai ficar sabendo que você esta interessado. E, três, toda garota gosta de ser convidada para o baile.
- É? E com quem vocês vão? – perguntei.


Elas fizeram expressões quase idênticas de desconforto e desviaram os olhos.


- Eu costumava ir com David. – disse Nicole.
- Eu sempre tinha convites de James, mas sempre acabava indo com... – Lily começou.
- Comigo. – Jéssica completou – Nós nunca estávamos satisfeitas com os pares que apareciam, então íamos juntas para não segurar vela da Nick.
- Cara, isso é deprimente. – comentei.


Então um avião de papel veio planando lentamente pelo meio da mesa, deu um loop e “posou” bem em frente a Jéssica. Ela ergueu uma sobrancelha desconfiada antes de pegar para abrir.


 


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Jéssica Buttler


 


Cara Srt. Buttler,


Peço que me perdoe se for insolente da minha parte perguntar se uma dama tão bela gostaria de me acompanhar para o baile de sexta-feira. Devo acrescentar que seu consentimento ao meu pedido me causaria enorme alegria.


Atenciosamente,
Sir William Frey


P.S.: E aí, Jeh, curtiu meu convite ao estilo renascença? Passei uns vinte minutos escolhendo as palavras, espero que, pelo menos te faça rir.


Então, eu tava pensando, esse é o nosso último ano aqui e eu pensei que seria realmente divertido ir ao baile com você. Como amigos. E, claro, se você não já tiver aceitado nenhum outro convite.


To esperando a resposta, heim?


Abraços,
Will.



E Will conseguiu me fazer rir. Procurei por ele na mesa da Corvinal e, assim que o localizei, levantei o polegar em resposta. Ele abriu um enorme sorriso, piscou e voltou a conversar com seus amigos.


- Vou ao baile com Will. – anunciei para meus companheiros de almoço, que me olharam surpresos.
- Já tava na hora! – disse Nick levantando as mãos para o teto.
- Também cheguei a pensar que este dia nunca chegaria. – Lily apoiou.
- Como amigos. – completei – Está no bilhete. – apontei para a parte onde ele dizia isto.
- Ah, claro. – Frank argumentou – Era isso que eu diria a Alice, se fosse convidá-la.
- Gente, Will não está afim de mim, eu saberia se estivesse. – repliquei.
- Errado. – disse Lily – Ele sempre foi afim de você e você nega porque não quer isso.
- Ele parece digno. – Nick falou mal humorada – Mas ainda não gosto dele.
- O Will é legal. – Frank concluiu.
- E agora tem uma torcida organizada. – comentei revirando os olhos – Olha, nós somos amigos a muito tempo, vocês não entendem, ok? Ele não está afim de mim, eu não estou afim dele e fim de papo.
- Claro, você está afim do Sr. Estrela. – Nick sorriu maliciosa.
- Quem?
- É como ela chama o Black. – Lily explicou.
- Não estou afim dele! – me defendi.
- Claro que não... – os três disseram quase em coro.


Revirei os olhos, eles não sabiam o que estavam dizendo.


- E falando nisso, você não pensou que aceitando um convite de Will está inibindo Black? – Lily perguntou.
- Sim. – respondi, mas não, não tinha pensado.
- E você não se importa? – insistiu.
- Não. – falei. E, pensando bem, não me importava mesmo.


Achei que a conversa ia se estender bastante, mas o sinal tocou salvando minha tarde e me poupando de um enorme interrogatório.



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Remus Lupin


 


O grande salão estava mais barulhento que de costume, como é característico em semana de festa. Em nosso canto na mesa da Grifinória, James tagarelava algo sobre sua garota, mas apenas Rabicho escutava, Sirius pusera sua melhor cara de tédio e eu estava interessado demais em Kathy para prestar atenção em qualquer outra coisa.


Entretanto, parecia que apenas Peter não era o suficiente para James.


- E você, Aluado, alguém em mente para convidar? – perguntou.
- Mais ou menos. – respondi sem dar muita atenção – Não acho que ela vai aceitar. – completei supondo que ele se referia ao baile de sexta.
- Aaaaah, não me diga que você ainda está nesta paixão platônica pela tal Kathy! – Sirius desdenhou.
- Sabe, Almofadas, eu preferia quando você guardava sua acidez para inimigos... A propósito, por que o mau-humor? – comentei sem tirar os olhos de Kathy.
- Não esquenta, ele só tá irritado porque não sabe quem mandou o bilhete que fez a paixão platônica dele rir. – Peter zombou.
- Sério!? Sirius se interessou por uma garota de Hogwarts? – finalmente me virei para encarar o grupo.
- É, recentemente ele criou esta paixão pela...
- Não existe paixão nenhuma. – Sirius interrompeu ainda com expressão de tédio – E também não tem nada de platônico nisto. – completou com um sorriso malicioso.
- Sirius, alguém já te disse que beijar garotas à força não é educado? – James perguntou parecendo um tano aborrecido.
- Mas ela nunca resistiu. – Sirius rebateu.
- Provavelmente por causa do fator surpresa...
- Também nunca a ouvi reclamar. – argumentou despreocupadamente.
- Quem é a garota, afinal? – perguntei curioso.
- Ela é da nossa casa. – disse James – Do nosso ano.
- Você nunca iria acreditar se outra pessoa dissesse. – Peter garantiu.
- Bem, se não ele não suporta Lily e Lafferty está saindo com outro... Não! Jéssica? – perguntei quase sem acreditar – Hey! Por que ninguém me disse nada antes!?
- Nós só descobrimos esta manhã, o safado estava escondendo o jogo! – respondeu James sorrindo cinicamente para Sirius.
- Sem falar que é óbvio que Sirius jamais admitiria que está apaixonado por livre e espontânea vontade. – Peter completou.
- Já disse que não existe paixão nenhuma. – Sirius insistiu irritado.
- Oooh, não é o que parecia hoje cedo. – disse Peter quase sem conter o riso.
- O que aconteceu? – estava ficando cada vez mais curioso.
- Ele estava dizendo o nome dela enquanto dormia. – disse James sorrindo como uma criança na manhã de natal. Sirius fingiu não escutar e Peter caiu na gargalhada.
- E já está nesse estágio!? Merlin, essa história deve ter séculos! – exclamei surpreso.
- Calma aí, lupino, você não sabe do que se tratava o sonho. – disse Sirius um sorriso malicioso e piscando pra mim.
- Sirius... Isso é nojento! – respondi.
- Eu nunca disse que não era.


O sinal tocou e interrompeu a conversa, mas o assunto continuava em minha cabeça, afinal, não haviam me dado maiores detalhes... E não sei se acreditaria muito na versão de Sirius, porém, eu tinha o privilégio de poder perguntar à Lily. Ou melhor ainda, perguntaria a Nicole. Lily ia desconfiar do meu interesse, enquanto, com sorte, Nicole nem lembraria do que falou dois minutos depois.


Senti-me mal outra vez por me aproveitar de sua memória fraca... Mas não é como se eu a estivesse enganando, certo? Era só uma pergunta. Ela até podia não responder. Não tinha nada demais nisso... Vou perguntar assim que a encontrar sozinha.


 


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Frank Longbottom


 


Jantei escondido das minhas três novas amigas. Sabia que me trucidariam por isto depois, mas os conselhos delas agora só me deixariam mais nervoso. E acredite, eu não precisava disso.


Dei graças a Merlin por também não aparecerem até a hora em que saí da torre com Alice rumo à biblioteca. Ela estava incrivelmente linda com a roupa casual que decidira usar e eu rezava para não deixar transparecer o quanto havia reparado nisso.


Nos aproximávamos da biblioteca. Passei a tarde inteira pensando se devia ou não convidá-la para o baile de sexta e, embora já tivesse ensaiado mil vezes como faria isto, ainda não tinha certeza se era uma boa idéia e também não sabia qual o momento mais apropriado para isso. 


Comecei a revisão com os assuntos mais básicos, aqueles que tinha certeza que ela sabia, isto a deixaria animada para seguir em frente. A professora uma vez me disse que tenho jeito para ensinar, me perguntou até se me interessava pela área, mas acho que quero algo com um pouco mais de ação.


Uma hora e meia depois já estávamos quase acabando, então comecei a lhe perguntar algumas coisas para ir mais rápido e apenas tirar suas dúvidas invés de explicar tudo.


- Humm... Porque você pode desmaiar? – chutou.
- Er... Não. – respondi – Folhas de Aliquente te deixam histérica se você as tocar sem proteção... Já falamos sobre isso hoje, Alice, preste mais atenção. Sei que você sabe.
- Desculpe... É que ouvi as garotas ali falando sobre o baile... O assunto tem me perturbando um pouco. – confessou.
- Perturbando como? – não me contive.
- Aah, problemas bobos de garotas. – respondeu brincando com a pena entre as mãos – Nada que valha a pena comentar.
- Bem... Pode falar se quiser. – me agarrei ao assunto, podia ser minha chance de convidá-la.


Ela me olhou pensativa, mordendo o lábio inferior como costuma fazer nestas ocasiões.


- Não quero que me ache boba. – disse com um sorriso tímido.
- Não vou. – garanti.
- Bem... É que tem esse cara e eu queria que ele me convidasse para o baile de sexta. – falou ainda tímida – Eu recusei sete convites esperando por ele, mas já é segunda! Eu não quero ser a única idiota a ir sozinha.


Eu fiquei mudo. A garota que eu sempre quis estava me contando que precisava desesperadamente de um par para o baile de sexta. Você pode pensar que o termo “desesperadamente” incluído na frase anterior deixa a situação com aspecto digamos que... Lamentável. Mas, pense bem, em que outras condições eu teria alguma chance?


 - Bem, isso... Isso... Eu... Quer dizer... – é, momento perfeito para gaguejar. Respirei fundo, o momento havia chegado e isso não podia estar mais claro – Alice, você quer...
- Hey, aí está você! – Charles Stark achou de aparecer exatamente agora – Estive te procurando por todo o castelo, linda!
- Olá, Charles. – disse Alice com um pequeno sorriso – Por que estava me procurando?
- Bem, eu preciso da garota mais bonita de Hogwarts para me acompanhar no baile de sexta. – disse ignorando completamente minha presença – Se ela me dar a honra, é claro. – concluiu depositando um beijo em sua mão. Alice abriu um sorriso maior.
- Achei que jamais fosse perguntar! – respondeu.
- E então, o que acha de darmos uma volta por aí?
- Ah... Pode ser daqui a meia hora? Frank está me ajudando com Herbologia. – ela respondeu apontando para mim.
- Huh... – “disse” Stark me lançando um olhar de desdém – Ok. Te encontro no grande salão?
- Tudo bem.
- Então até mais. – e saiu sem esperar resposta.


Alice se voltou para mim um pouco vermelha.


- Me desculpe pelo comportamento dele... Ele é meio tímido com estranhos.
- É, eu percebi. – respondi irritado.
- Mas você ia me perguntar se eu queria...? – quis saber. Fiquei surpreso que ela ainda lembrasse. Merda.
- Eu só ia sugerir... Uma pequena pausa, pra você descansar um pouco. – falei em tom monótono, mas ela sorriu docemente.
- Você é tão atencioso! – elogiou – Mas prefiro que acabemos logo com isso, se você não se importar.
- Não, eu não importo.


E voltamos a estudar. Eu pretendia sair dali o mais rápido possível. Alice não parava de sorrir, parecia que tinham lhe enfiado um cabide na boca e isto me irritava muito mais do que eu queria admitir.


Encerrei com Alice vinte minutos depois e voltei para a torre quase fazendo buracos no chão com os pés enquanto ela saía na direção oposta tentando desafiar a gravidade com seus pulinhos felizes. No caminho para o dormitório eu me perguntava se me jogar de uma das torres do castelo faria a frustração por ser tão estúpido passar.


 


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Lily Evans



Depois que Frank fugiu de nós no jantar, percebemos que ele talvez quisesse uma folga de tanta feminilidade por perto e saímos do caminho até vermos Alice deixar o dormitório. Fiz menção de ignorar minha consciência que me dizia para cair de cara nos deveres (que se multiplicavam mais rápido que coelhos) e me esparramar na cama para tentar relaxar. Eu merecia depois de um fim de semana tão... Desagradável. A parte chata é que sempre que você não está nem um pouco a fim de se mover, a vida dá um jeito de estragar a sua felicidade.


Começou aguda e quase insignificante, mas logo minha cabeça começou a latejar como se alguém a tivesse pressionado contra uma pedra durante a tarde inteira e, é claro, não haviam poções para isso no dormitório. Para completar o quadro, achei de constatar isso justo na hora em que Jéssica estava no banho. É, algumas vezes eu acho que cometi algum pecado muito sério nas vidas passadas, se é que isso existe. Em todo caso, eu não estava morrendo (ainda) e a enfermaria nem fica tão longe, acho que sobrevivo.


 


XxXxXxXxXxXxXxX


 


Dois segundos depois da poção tomada, eu estava nova em folha. Honestamente, magia foi a melhor coisa que já me aconteceu.


Enfim, saí da enfermaria e, como se para me lembrar as más implicações que a magia trás, topei com ele no corredor. Ele mesmo, nem preciso falar, né?


Eu podia ter explodido sua cabeça com um feitiço, mas, pensando melhor, seria nojento e me trazia alguns problemas... O que fazer? Eu também poderia bater com a cabeça dele na parede até ele cair e depois apagar sua memória, ninguém ia desconfiar com a amnésia que ele já tem... Mas isso ia mostrar que eu me importo. E, agora que pensei nisso, vou apenas ignorá-lo. É simples. Não há nada que incomode mais alguém do que ser completamente ignorado. Indiferença é algo difícil de suportar.


Segui com meu “plano” e fingi que não o vi quando passou por mim sorrindo. E deu certo, ouvi seus passos pararem logo depois.


- Lily? – chamou, mas continuei sem lhe dar atenção – Hey, Lily! – disse mais alto.


Virei-me para ele fingindo surpresa.


- Oh, hey, James, não te vi aí. – menti. Ia dar muito na cara se eu não falasse com ele.
- Sério?
- É, eu ando tão distraída... Problemas pessoais, essas chatices. – tagarelei.
- Ahh... Escuta, eu tava mesmo querendo falar com você... Er... Eu só não sei como. – disse sem jeito.


Com a boca seria uma boa maneira – não, eu não disse isso, mas foi por muito pouco.


- Estou ouvindo. – respondi o mais simpática que consegui – Mas agradeceria se não demorasse muito, preciso encontrar alguém. – achei legal acrescentar.
- Ah, tudo bem... Eu só queria... Eu não sei bem, me desculpar pela outra noite. Acho que fui grosso ou injusto ou dois, quem sabe! Eu só não queria ficar mal com você. – disse em tom triste e me desarmou completamente por uns poucos segundos.
- Bem... Isso é muito... Muito legal da sua parte, James. Obrigada. – eu não tinha mais o que falar pra parecer superior. Precisava de uma idéia rápido.
- Está tudo bem, então? – perguntou.
- Está, claro. Por que não estaria? – respondi – Aliás, acho mesmo que tudo não passou de um mal entendido, eu é que te devo desculpas. – uma luz acabara de se acender em minha mente.
- Você!? – ele estava muito surpreso – Mas por quê?
- Bem, é uma história um pouco grande... Você tem tempo? – perguntei sorrindo por ser tão brilhante.


XxXxXxXxXxXxXxX


 Cheguei ao dormitório com um enorme sorriso no rosto. Jéssica enxugava seu cabelo sentada na cama e me olhou espantada quando entrei e sentei em minha própria cama olhando para ela.


- Você está bem? – perguntou desconfiada.
- Não podia estar melhor. – respondi.


Então ela ficou realmente preocupada. E eu não a culpava, poucas coisas me faziam ficar de bom humor repentinamente quando eu estava com raiva.


- Será que eu fiquei tanto tempo assim no chuveiro? – perguntou a si mesma – O natal é mais cedo esse ano?
- Não que eu esteja sabendo.
- Você andou bebendo?
- Nops.
- Então quer me dizer o que aconteceu antes que a curiosidade me consuma, por favor! – implorou. Jéssica é uma das pessoas mais curiosas que já conheci.
- Eu estou sorrindo porque você é um gênio. – respondi sorrindo ainda mais.
- Aaah, ok, você andou exagerando com poções de relaxamento, né? Lily, você sabe como é perigoso...
- Não é nada disso, Jéssica, é que, sem você e sua mente brilhante, eu jamais teria conseguido sair por cima hoje.
- Humm... Certo. Obrigada pelo elogio, mas você ainda não está dizendo coisa com coisa.
- Eu encontrei James há poucos minutos, quando saí da enfermaria e...
- Ah meu Merlin, Lily! Você devia ter me esperado, eu...
- Eu estava morrendo de dor de cabeça, quer me escutar? – odeio quando me interrompem – Enfim, eu ia ignorar ele e tal, mas ele falou comigo e, pasme, pediu desculpas pela outra noite, quando disse que gosta da Ariane.
- Mentira!
- Verdade. – garanti – Mas eu não caí nessa, não senhora! Eu sei que ele só quer bancar o bonzinho.
- Será, Lily?
- Claro que é! Em todo caso, eu disse que tudo bem e que eu é que devia desculpas a ele, que, é claro, ficou mais abismado que você.
- Mas... Mas você...
- Me deixa contar tudo! – pedi meio sem paciência – Olha, eu não ia deixar ele sair por cima nessa história, não mesmo! Disse a ele que fiz confusão com meus sentimentos, que achava que gostava dele, mas que foi só porque eu estava magoada com ninguém mais ninguém menos que Edward Ferrars. – fiz uma pausa para ver a reação dela, seu queixo caiu tanto que podia ter deslocado a mandíbula.
- Você NÃO fez isso!
- Aaah, fiz sim! Pode apostar que fiz. Contei a ele toda aquela história que você “inventou”, disse que ele havia me mandado uma carta falando que estava em dúvida sobre seus sentimentos por causa de outra garota e que eu tinha ficado muito triste e confusa e resultou naquela noite, mas que eu não sei se foi tudo verdade porque tinha bebido um pouco. – falei – Pedi segredo, óbvio. Você precisava ter visto a cara dele, estava mais engraçada que a sua. – concluí rindo.


Jéssica não disse nada por um bom tempo. Só ficava mudando as expressões no rosto como se tentasse decidir qual delas usar para falar comigo.


- VOCÊ PERDEU A CABEÇA!?! – gritou. É... Acho que ela exagerou um pouquinho.
- Claro que não, foi a melhor idéia que já tive. – respondi calmamente.
- Lily, cedo ou tarde alguém vai descobrir...
- Ninguém lê livros trouxas por aqui, Jéssica, relaxa.
- Mentira tem pernas curtas, Lily!
- Mesmo assim ela vai longe. – tranquilizei-a – E que mal pode fazer, afinal?
- Eu não sei... Mas não tem jeito disso acabar bem.
- Pára com a paranóia! James não vai dizer a ninguém e, mesmo que disser, será só mais uma fofoca, não vai fazer diferença entre as tantas que rolam nestes corredores.


Ela me olhou apreensiva antes de responder.


- Torço pra que esteja certa... – disse em voz baixa – Eu vou dormir, boa noite.
- Boa. – respondi sorrindo mais uma vez.


Era bom sentir que havia ganho, ao menos, um ponto. Logo as coisas melhorariam.


XxXxXxXxXxXxXxX


 


Na manhã seguinte, contei a Nicole o que havia feito e a reação dela não podia ter sido mais previsível.


- Mas quem é Edmund Fernan!? E por que eu sou sempre a última a saber de tudo por aqui? – perguntou revoltada cruzando os braços e fazendo bico.
- Edward Ferrars, Nick, pelo amor de Merlin! – Jeh a repreendeu – Essa foi... – ela baixou o tom de voz antes de continuar – Essa foi a história que inventei para Alice naquela festa do pijama, não lembra? Lily está usando para fazer ciúmes a James.


Entrei numa mini-discussão com Jéssica sobre essa história de “fazer ciúmes” enquanto Nick, com sua melhor cara de concentração, tentava se lembrar da noite em questão, o que só aconteceu no meio da aula de Feitiços, cerca de noventa minutos depois. É, a Nicole é assim mesmo, acho que seria a pessoa mais inteligente (e absurdamente chata) do mundo se tivesse uma memória decente.


 
- Ainda não entendi porque fez isso. – disse Nick na hora do almoço.
- Simples, ele me fez sentir um lixo, estou retribuindo o favor. – respondi sorridente – Sabe, fazendo o mal pra variar um pouco...
- Achei que você pensasse que vingança não compensa. – Jéssica disse irritada, ela ainda não gostava nada da idéia.
- Isso foi até o dia em que precisei usar. – rebati – É uma sensação bem legal, na verdade... Acho que compensa sim. – completei, o que só serviu para fazê-la mais irritada.


Em todo caso, não ouvi nada parecido com a história que havia contado a James nos corredores, era um bom começo. Melhor mesmo era lembrar da cara dele quando ouviu, indiretamente, que estava servindo de substituto. Eu sentia um felicidade estranha, ácida, quando pensava nisso.


Nossa, isso soou tão maldoso da minha parte... Mas quem liga? Acho que é bom ser má as vezes, quando você é boazinha todo mundo só quer pisar em cima como o próprio James havia feito. Talvez fosse exatamente do que eu estava precisando, um pouco de maldade pra me virar sozinha.


 


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Nicole Carrew


 


O tempo estava correndo e, se eu quisesse ir ao baile com David como fiz em todos dos quais já participei em Hogwarts, teria que me apressar, já era quarta-feira! Não me preocupava se ele, por acaso, tivesse outro par, tinha certeza que desistiria assim que me ouvisse. Por isso eu estava procurando Remus pelo castelo, estava na hora de agir.


- Pare aí mesmo, Lupin, não estou a fim de correr atrás de você. – disse alto quando, finalmente, o encontrei uns quinze metros a minha frente no corredor de terceiro andar.


Ele se virou com um sorriso no canto dos lábios, eu sempre fazia isso. Não só com ele, quero dizer. E nem sempre, claro, mas frequentemente. Enfim, andei calmamente até ele, que me cumprimentou educadamente.


- Em que posso ajudá-la, Srtª. Carrew? – perguntou.
- Primeiro, não me chame de “Srtª. Carrew”, você sabe que não gosto, é tão impessoal... – respondi.
- Você que começou me chamando de “Lupin”. – rebateu.
- Ok, minha culpa. – admiti – Mas não achei que você tivesse problemas com isso.
- Não tenho, faço só pra te irritar. – concluiu sorrindo cinicamente para mim, respondi com uma careta.
- Aah sim, eu te chamei pra perguntar se pode me ajudar com David hoje. – lembrei.
- Aaaah é... Você tinha me pedido isso... – respondeu desanimado.
- Você está estranho, o que aconteceu?
- Nada, nada... Acho que não to me sentindo muito bem. – fiquei imediatamente preocupada ao lembrar da noite perto da torre da Corvinal.
- Está doente? – perguntei preocupada.
- Talvez. – olhou para mim só depois de um tempo – Ah, não precisa botar essa cara, não é como se eu estivesse morrendo. – brincou. Fechei a cara – Sério, não há nada com que se preocupar... Devo melhorar depois de descansar um pouco.
- Ah... Deixa pra lá então, falamos com ele depois.
- Obrigado. – sorriu fracamente, sorri de volta.
- Nos vemos amanhã. Melhoras, lobinho. – brinquei com seu nome outra vez, dando-lhe um beijo no rosto.
- É, até mais. – respondeu, mas estava pálido e esquisito.
- Tem certeza que não é nada demais? Parece que você viu um fantasma...
- Eu... O quê!? Eu vejo fantasmas o tempo todo, o que há de errado nisso?
- Foi mal, expressão trouxa... Quer dizer que você está pálido e tenso, como se estivesse muito assustado.
- Aah... Eu to meio enjoado... Olha, eu vou logo pra o dormitório, tá? Até depois, tchau! – disse enquanto ia embora apressado.
- Tchau. – respondi mesmo sabendo que ele não ouviria.


Remus as vezes é tão esquisito... Bem, só espero que fique bom logo, não gosto quando meus amigos adoecem, fico preocupada com eles, sabe?


É, eu sei que é meio cedo para chamá-lo de amigo, mas é que eu gosto dele. Não como gosto de David, mas realmente gosto.


Tá, também sei que há pouco tempo pensava super mal dele e que, no começo, o achava insuportável, mas as coisas mudam, ok? Descobri que é uma companhia bem agradável, ele é inteligente, educado quando está de bom humor... Pensando bem, talvez tenha sido isso que me desagradou a princípio... Na verdade, nem sei porque estou tentando me explicar, pouco me importa o motivo, só fui com a cara dele e ponto.


 


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Remus Lupin


 


Ok, eu admito que sou um hipócrita nojento por xingar tanto Tremllet por mentir para Nicole e fazer a mesma coisa. E não adianta dizer em defesa que meus atos são justificáveis porque continua sendo mentira. Bem, eu não tinha tempo para pensar naquilo no momento, estava mais preocupado com as piadinhas enigmáticas que ela vive soltando, não dá pra saber se é só brincadeira ou se realmente sabe de alguma coisa...


De qualquer maneira, não me preocupei por muito tempo, vi Kathy num raro momento de andar sozinha e resolvi convidá-la para o baile de sexta. Sei que está um pouco em cima da hora, mas não custa nada tentar.


- Hey, Kathy! – corri um pouco para alcançá-la.
- Olá, Remus. – sorriu.
- Tem andado ocupada? Não tenho te visto pelos corredores...
- É, um pouco. Sabe como é, estudar nunca é demais. – respondeu corando.
- Talvez esteja certa. – sorri – Mas é preciso se divertir um pouco também e por isso eu estava pensando... Bem, se você não gostaria de ir ao baile de sexta comigo.


Ela parou de andar e me olhou surpresa. Por que eu não acho que isso é um bom sinal? Ah, eu não devia ter vindo falar com ela.


- Nossa... Eu fico lisonjeada, Remus...
- Mas já tem outro par? – arrisquei.
- Não exatamente. – ela corou mais – Eu adoraria ir com você, sério! Mas é que não vou ao baile. – sorriu sem graça.
- O quê? Por quê?
- Uma prima minha achou que seria legal se casar no dia das bruxas... – revirou os olhos – Eu nem gosto muito dela, mas, sabe como é, minha mãe me estrangula se eu não for... Vai ser uma chatice só.
- Ah... Eu entendo... É uma pena que não possa ir. – eu estava sem graça.
- Me desculpe. – disse baixo.
- Que é isso, não precisa se desculpar. – me apressei em responder.
- Obrigada, você é tão gentil, Remus... – respondeu sorrindo – E obrigada por me convidar.... Quer saber? Nós podíamos sair um outro dia.
- É mesmo? – quase não acreditei em meus ouvidos.
- É... Você tem algo pra fazer hoje?
- Hoje? Mas pra onde iríamos hoje?


É, eu sei que estava bancando o idiota, mas eu estava surpreso! Kathy estava me convidando pra sair, eu não conseguia pensar direito.


- Só andar por aí, conversar... – respondeu sorrindo docemente.
- Então tudo bem, te encontro depois do jantar?
- Marcado. Nos vemos mais tarde, Remus, não me deixa esperando, heim? – disse antes de sair.


Fiquei parado por um bom tempo me perguntando se tudo aquilo tinha mesmo acontecido. Eu ia sair com Kathy aquela noite! Era mesmo difícil de acreditar.


 


XxXxXxXxXxXxXxX


 


- Os anjos dizem “Aleluia!”! Não acredito que você finalmente deixou de ser passivo! – disse Sirius com um sorriso irritante nos lábios quando lhes contei sobre o encontro mais tarde naquele dia.
- Não sei não, Almofadas, me parece que a tal garota é que o convidou. – Peter respondeu.
- Hey, eu convidei primeiro! – reclamei – Eu sou ativo!
- Mas ela recusou. – Sirius rebateu. – Passivo.
- Olha, vamos declarar empate e deixá-lo como reflexivo. – James decidiu a questão.
- Desde quando você sabe tanto de inglês, Pontas? – Sirius se interessou.
- Minha mãe achava isso importante. – respondeu rolando os olhos para cima – Eu não gostava, mas tente dizer não à Sra. Potter e vai descobrir que a McGonagall na verdade é uma doce mulher... Ainda sinto os cascudos... – completou passando a mão nos cabelos.
- Sua mãe é rigorosa? – Peter perguntou.
- Muito.
- E como você acabou um malfeitor!? – perguntou mais impressionado.
- Culpa dele. – James respondeu apontando para Sirius – Ele é má influência.
- Não sou má influência! – Sirius protestou – Sou um professor de maus hábitos. E sua mãe me adora, o que significa que não posso ser ruim. – se gabou.
- Claro que ela te ama, achou o Panqueca com seu faro de cachorro! Ela gosta mais daquele gato do que qualquer outra coisa. – James reclamou parecendo uma criança mimada – E você é má-influência sim.
- É melhor ser má influência do que o idiota que é mal influenciado. – Sirius entoou como se fosse um sábio provérbio antigo – E não fique com ciúmes, Jimmy, eu também amo você. – acrescentou em tom paternal.
- Pro inferno, Almofadas! – James disse mal-humorado.


Explodimos em risadas. Assistir as discussões, se é que se pode chamar assim, de James e Sirius era uma das coisas mais divertidas a se fazer em Hogwarts.


- Vamos, eu sei que você me ama! – Sirius insistiu cutucando James, que olhava para o outro lado com os braços cruzados – Confesse, Pontas, sua vida seria uma merda sem mim.


James se virou lentamente e olhou para Sirius com uma expressão complacente.


- Não posso me casar com você, cara, eu tenho namorada. – disse pondo a mão em seu ombro. Todos riram, exceto Sirius, é claro – E, falando nisso, ela deve estar me esperando. Até mais, caras. Remus, manda ver!


 E saiu do dormitório deixando eu e Peter risonhos e Sirius de cara fechada.


 - Você podia ser menos ciumento com o Pontas, sabe? Vou começar a achar que você o ama de verdade. – comentei já sabendo o que vinha em seguida: “Não tenho ciúmes, tá? Só não gosto desta garota, acho que ela não presta.”
- Não tenho ciúmes, ok? Só não gosto desta garota, acho que ela não presta. – respondeu emburrado.
- Como todas as outras também não prestavam. – disse Rabicho.
- Não é verdade. – retrucou – Vocês é que ficam exagerando.
- Claro. Rabicho, ele gostava da Susan?
- Não. Nem da Margarett.
- Nem da Victorie.
- Ou da Caroline.
- E definitivamente, odeia Lily até hoje. E olha que eles nem chegaram a ficar.
- Eu gostava da Rachel! – protestou. Silêncio.
- Perdoe-me... Quem? – perguntei confuso.
- Ah, vocês sabem! Ruiva, olhos azuis, engraçada...


Olhei para Peter, ele parecia tão confuso quanto eu. Mas logo depois me veio uma memória.


- Está falando daquela garota que roubou nosso dinheiro naquelas férias do quarto ano e tivemos que andar quase 16km pra casa? – perguntei incrédulo.
- Essa mesma! Ela era muito bonita. E divertida também. – respondeu sorrindo.
- Você é inacreditável. – comentei.
- Eu sei. – seu sorriso se abriu ainda mais.
- Mas qual o problema com a Nani, afinal? – Rabicho perguntou – Ela também é bonita e divertida.
- Não. Ela é tediosa, grudenta e boba. Até a Evans era melhor que ela!
- Dez galeões como ele só acha isso porque ela nunca quis James. – falei para Peter.
- Ah, pro inferno vocês dois. – resmungou irritado, pegou algo no malão e saiu do dormitório.
- Vai entender... – disse Peter balançando cabeça negativamente – Hey, preciso devolver isso na biblioteca, quer vir?
- Não... – respondi consultando o relógio – Preciso tomar um banho antes do jantar. A gente se vê mais tarde.


 


XxXxXxXxXxXxXxX


Roubei comida da cozinha para jantar, não queria correr o risco de ser visto por Nicole, ela certamente faria perguntas. Por um lado eu me sentia como um verdadeiro criminoso, um daqueles caras que você vê no jornal, xinga e diz que merecia passar o resto da vida preso; por outro, eu já tinha feito tanta coisa pior com James, Sirius e Peter que contar uma mentira inocente a uma amiga era... Bem, nada.


Acho que estava me preocupando demais com pouca coisa, mas logo esqueci o assunto quando encontrei Kathy me esperando na porta do salão.


(N/A: Lembrete a todos: esta estória se passa nos anos 70, na época que as pessoas mais decentes costumavam se encontrar várias vezes, ir bem devagar, antes de acontecer alguma coisa)


- Espero não tê-la feito esperar. – disse quando cheguei perto já que ela olhava para o outro lado.
- Acabei de chegar... Mas não te vi no salão, achei que ia me dar um bolo! – respondeu sorrindo.
- Eu nunca faria isso. Então, o que quer fazer?
- Eu pensei em darmos uma volta nos jardins... A noite está realmente linda.
- Vamos lá. – ofereci meu braço a ela, que riu e aceitou.


Não andamos muito, na verdade, apenas o suficiente para achar um lugar onde desse para sentar e conversar em paz. Estava um pouco nervoso apesar de estar disfarçando muito bem, ou era isso que eu pensava, ao menos.


Conversamos sobre várias coisas. Kathy era muito inteligente e educada e eu me via cada minuto mais interessado por ela. Os assuntos foram de opiniões políticas à vida pessoal. Só fiquei surpreso dela ter se interessado num assunto que parece me perseguir por todos os lados ultimamente.


- Mas então... Eu tenho te visto com a Carrew pelo castelo... Vocês não estão saindo nem nada do gênero, né? Porque, você sabe, somos colegas de quarto e eu me sentiria péssima se...
- O quê? Não! – me apressei em responder – Eu e Nicole... Que idéia! Quer dizer, nunca daria certo.
- Você parece já ter pensado no assunto.
- Por que eu disse que não daria certo? Ah, isso é só lógica. – garanti – Nicole é uma garota legal e tudo mais, mas somos diferentes demais. Isso sem falar que ela ainda é louca pelo tal Tremllet e eu... – consegui me segurar por pouco antes de falar demais – Bem, vamos só falar de outra coisa.


Ela corou e me perguntou sobre onde eu morava ou onde passava as férias, depois me falou sobre sua família e uma vez que tinha ido à Suíça e assim, entre vários outros assuntos e histórias, se passaram três horas.


Começamos nossa caminhada de volta ao castelo pois já estava perto da hora de recolher e ela segurava minha mão enquanto caminhávamos. Eu podia sentir meus dedos suando e me odiava por isso, mas ela parecia não se importar, continuava a falar alegremente sobre algumas coisas curiosas que ouvira falar do mundo trouxa. Eu estava me perguntando se devia ou não tentar beijá-la (eu certamente queria, mas não sabia como ela ia reagir) quando a famosa Lei de Murphy entrou em ação para acabar com a noite que estava boa demais para ser verdade.


Tínhamos acabado de entrar no castelo e eu estava rindo de um comentário que Kathy tinha feito sobre Filch, o zelador, quando vi duas figuras subindo as escadas que davam para as masmorras. Uma delas era o professor Horácio Slughorn e a outra era ninguém menos que Nicole Carrew, que parecia prestar muita atenção ao que o homem dizia, mas encontrou meu olhar e seu rosto passou de interessado para incrédulo e então para extremamente sério em menos de dois segundos.


- Agora é melhor você ir, Srt. Carrew, tem pouco tempo para chegar a sua sala comunal. – disse Slughorn carinhosamente e lembrei que ela era do “clube do Slugh”.
- Claro, professor. Muito obrigada pela explicação e boa noite. – respondeu sem tirar os olhos de mim e Kathy, que não havia percebido nada.


Quando ela deixou Slughorn e veio em nossa direção com uma expressão tão séria que parecia impossível de desfazer eu estava me preparando para morrer. Para a minha surpresa, no entanto, ela passou como se não fosse capaz de nos ver, subiu as escadas para o primeiro andar e sumiu de vista. É, eu ainda estava vivo, mas tinha quase certeza que isso não era melhor.


 
- Remus? – Kathy me chamou de volta para a realidade.
- Hã? Desculpe, eu não te ouvi. – falei ainda meio atordoado.
- Eu estava dizendo que é melhor nos despirmos e ir logo para o dormitório, está ficando tarde. – repetiu.
- Ah é, é... Eu te acompanho até a Corvinal. Sou monitor, ninguém vai me repreender por estar fora da cama depois da hora. – sorri, ela retribuiu.


Por alguma graça de Merlin Nicole andava rápido demais então já devia estar a quilômetros de distância quando tomamos o caminho para a torre da Corvinal. Digo isso porque tenho certeza que não conseguiria me concentrar com ela andando a frente e imaginando que ia se virar e tentar me estrangular a qualquer momento... Enfim.


O caminho para a sala comunal de Kathy foi silencioso. Eu ficava mais nervoso sobre o que fazer a cada passo que dava e ela... Talvez só tivesse acabado o assunto. Não era um silêncio constrangedor, entretanto, não havia aquele sentimento de obrigação de falar, era bom estar andando com ela.


E finalmente havia chegado a hora. Chegamos, ela disse a senha, a porta se abriu, nos despedimos...  E tudo que eu consegui foi lhe dar um beijo no rosto. Ela sorriu antes de entrar, mas não parecia ser o que ela estava esperando. A porta se fechou, tive vontade de cometer suicídio. Sirius ia rir disso pelo resto da minha vida.


 


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Lily Evans


 


A manhã do baile havia finalmente chegado e vou contar uma coisa: não há nada pior do que ser monitora de Hogwarts num dia de festa. Sério, as pessoas enlouquecem! Os terceiranistas para baixo ficam fazendo brincadeiras idiotas “em protesto” por não poderem ir ao baile (eles só podem participar do jantar), os garotos mais velhos ficam implicando uns com os outros por causa de quem vai com quem ao baile e as garotas ficam prestes a ter ataques nervosos de ansiedade como fosse o evento de suas vidas. Então eu tenho que ficar colocando todos eles para dentro das salas e, principalmente, tentando impedir Potter e seus amigos de gerar o caos nos corredores por pura diversão.


- BLACK, SE EU O VER DISPARANDO MAIS UMA AZARRAÇÃO HOJE JURO QUE... – mas ele já tinha sumido de vista – Odeio seus amigos! – comentei estressada com Remus que acabara de aparecer ao meu lado.
- Desculpe... Vou tentar fazê-los parar. – respondeu desaminado.
- Ela não te ouviu de novo?
- Por pouco não estou com uma marca de sapato no rosto... Graças a Merlin ela é péssima em duelos. – disse com um sorriso amarelo.
- É... Nicole não gosta de mentiras...  BERRY, NEM PENSE EM FAZER ISSO! – gritei com um segundanista que estava prestes a enfeitiçar um colega pelas costas – Como eu dizia, ela detesta, odeia, não suporta mentiras. É até melhor você dizer que não quer contar a ela do que mentir. Então te aconselho a arrumar um meio dela saber que você está arrependido de verdade, pedir sinceras desculpas e muito antes de você esperar ela terá esquecido tudo. – completei.
- Sei... Obrigada, Lily.
- Não há de quê. – respondi sorrindo encorajadora, estava me sentindo tão bem aquela tarde apesar do estress – E aí, arrumou alguma outra garota para ir ao baile?
- Não. E nem queria, na verdade, já que não posso ir com Kathy... Não quero correr o risco dela interpretar errado, sabe?
- Entendo. – eu teria achado mais fofo da parte dele se não fosse pela garota que escolheu – Mas é triste ir só. – comentei fazendo uma meia careta.
- Ninguém te convidou!? – perguntou com espanto claro em sua voz.
- Até convidou, mas... Não queria ir com alguém só por ir...  – respondi me odiando por pensar em James.
- É, parece que sobramos. – disse soltando uma risada nasal.


Então nos olhamos com expressões idênticas de quem acaba de ter uma ideia. E eu tinha quase certeza que era a mesma. Remus não queria outra garota que não Kathy, eu, mesmo me odiando por isso, não queria outro garoto que não James. Sabíamos exatamente o que queríamos e nada podia ser confundido aqui. Jéssica vai com Will, então...


 
- Acabou de pensar na mesma coisa que eu? – perguntou desconfiado.
- Se é sobre não parecer um idiota sozinho hoje a noite então sim. – respondi prontamente.
- Te encontro às nove na sala comunal?
- Pode apostar. – sorrimos um para o outro.


É tão bom ter amigos para quebrar galhos desse tipo as vezes. 


XxXxXxXxXxXxXxX


Quando finalmente cheguei ao dormitório no final da tarde (tinha passado as últimas horas tentando pôr ordem nos corredores e ajudando na decoração), estava tão cansada que me joguei na cama e comecei a cogitar a idéia de ficar dormindo ao invés de ir à festa. A lembrança de que eu meio que tinha um par, entretanto, me obrigou a mudar de idéia.


Estava tentando me forçar a levantar quando ouvi alguém entrar no quarto e largar as coisas na cama ao lado da minha. Jéssica.


 
- Tenho boas notícias pra você. – falou.
- Humm. – gruni para sinalizar que estava ouvindo.
- Will está doente, vou te fazer compania no baile de hoje! – disse animada – Estou triste que Will esteja doente, claro! Mas estava preocupada em te deixar... Bem, sozinha.
- Humhummumuh. – gruni de novo com preguiça de falar direito. Sou só eu que sinto isso.
- Ô Lily, dá pra parar de bancar a ogra e falar feito gente? Eu to tentando manter uma conversa aqui.
- Eu disse que arrumei um par para o baile. – “repeti”.
- Ah tah... VOCÊ O QUÊ!? – gritou.


Suspirei alto e esfreguei os olhos antes de sentar o olhar para ela.


 
- Ok, eu vou fingir que não fiquei ofendida com a sua surpresa. – respondi com humor.
- Isso é sério mesmo?
- Ok, tá começando a irritar. Eu não sou assim tão incapaz de ter um encontro!
- Você tem um encontro?
- Bem... Tecnicamente.


Ela ainda me olhava assombrada, então resolvi explicar antes que seus olhos saltassem das órbitas. Confesso que não pude deixar de me sentir ofendida com a surpresa dela. Eu não saio com ninguém porque não quero, tá? Não sou nenhuma encalhada e nem tenho vocação pra titia.


- Então, como você ia com Will... Aceitei. Mas ele vai entender se eu cancelar. – disse quando acabei de explicar a curta história.
- Você esqueceu que a Nick também está sozinha...
- Nick não se importa em ir sozinha desde que não a deixemos de lado a noite inteira. E já que não pretendo nada além de ficar ao lado de Remus isso não vai ser um problema. – argumentei – Aliás, você podia seguir meu exemplo e chamar o Frank. Assim ele não parece tão nerd.


Jéssica, que a estas alturas estava esparramada em sua cama, levantou a cabeça e me olhou com uma expressão pensativa no rosto. Ficou assim por alguns segundos antes de soltar uma frase muito esclarecedora:


- Tenho uma idéia muito melhor. – e saiu do quarto antes mesmo que eu pudesse perguntar.


E, ainda por cima, teve a ousadia de não me contar nada enquanto nos arrumávamos minutos mais tarde. Você também não odeia quando suas amigas fazem isso?


Em todo caso, descemos as escadas do dormitório às nove e quinze (o atraso é para dar o charme) e encontramos apenas Remus esperando. Digo “apenas” porque os outros garotos que nos interessam saber (leia-se: Potter, Black, Pettigrew e Frank) não estavam presentes. Tirando eles, é claro, o salão comunal estava lotado de garotos esperando e alunos mais novos (principalmente garotas) admirando os pares que saíam.


Remus, muito cavalheiro, elogiou nosso visual (N/A: Não encontrei looks que me agradassem o suficiente para fazer uma descrição, então apenas lembram-se, mais uma vez, que “estamos” nos anos 70, a época da moda disco/hippie) e perguntou a Jéssica se queria que esperássemos, mas ela negou, então saímos pelo buraco do retrato em direção ao salão principal onde a festa já deveria começar logo.


 


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Frank Longbottom



A princípio eu pensei que não havia benefício nenhum na idéia de Jéssica de irmos juntos ao baile, mas então ela me contou a segunda parte de seu plano e disse uns dois ou três bons argumentos e fui obrigado a concordar que era genial.


Fomos ao encontro de Nicole no local combinado. Ela nos esperava com um pequeno objeto nas mãos que não consegui identificar de imediato, mas logo foi posto em minhas mãos.


- Ponha isso, vai ter dar... Certo poder adicional. – garantiu.
- Eu não tenho problemas de vista... E que óculos esquisitos! Que tipo de idiota faria óculos com lentes pretas? A idéia do óculos não é melhorar a visão?
- Aaaah, puros-sangue! – Jéssica exclamou impaciente, tomou os óculos da minha mão e colocou em meu rosto.
- Olha... Você ficou bem gatinho. – disse Nick. Senti meu rosto esquentar.
- Pra que isso, afinal? Não consigo enxergar direito.
- Você se acostuma. – disse Jéssica – A gora vamos andando, se a banda já tiver começado nossa entrada não será tão percebida.


Nicole me explicou no caminho para o salão que os trouxas chamam isto de óculos escuros ou óculos de sol (para serem usados de dia, o que me deixou meio confuso), mas que também, segundo a pi... pici... Bem, alguma palavra estranha que ela, disse. Segundo isso, bloqueia a intimidade com os outros e quem usa é considerado “legal e descolado”. Mais uma vez fui obrigado a concordar com elas depois que vi meu reflexo no espelho do primeiro andar, eram óculos muito legais.


Dois corredores antes de descer as escadas que davam acesso ao salão principal demos início ao plano: passei um braço envolta da cintura de cada uma e descemos as escadas juntos. A idéia era chamar atenção e fazer parecer que enquanto os cara de Hogwarts tinham cada um seu par, eu tinha dois.


Eu ainda tinha medo do que isso pudesse causar mas, por incrível que pareça, estava dando certo. As pessoas paravam de conversar e ficavam nos olhando quando passávamos. Tratamos de sorrir como se tivéssemos dormido com um cabide na boca e seguimos em frente à procura de alguém conhecido para conversar.


 
- Isso foi in-crí-vel! – Lily exclamou quando nos juntamos a ela e Remus – Todo mundo está comentando sobre você, Frank! Bem, sobre todos vocês, mas principalmente Frank.
- Eu sei! To me sentindo um astro! – respondi empolgado.
- Óculos legais, cara. – disse Remus com um sorriso de aprovação.
- Foi ideia da Nick. – disse Jéssica – Também adorei.
- Oi, Nick. – Remus tentou.
- Vou dar um volta por aí. – Nicole respondeu sem olhar pra ele e saiu de perto de nós.
- Eu disse. – falou Lily.


Então não deu mais pra conversar direito porque a banda começou. Eu procurava por Alice no meio do tumulto, ainda não a tinha visto desde que entramos. Espera, contudo, que ela tivesse me visto. A música agitada não ajudava minha busca, Nicole ainda não havia voltado, dei a desculpa de ir atrás dela para dar uma volta no salão.


 


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Lily Evans


 


A festa estava super animada e Remus, Jéssica e eu estávamos conversando e nos balançando (ainda não estava com muita vontade de dançar) perto da pista de dança. Nicole ainda não tinha voltado e Frank saiu sob o pretexto de procurá-la, mas sabemos que ele quer ver Alice. Bem, Jéss e eu sabemos, ao menos.


Uns trinta minutos e algumas bebidas depois nós já dançávamos desajeitadamente (principalmente pela parte de Remus) rindo uns dos outros. A animação era contagiante e eu estava realmente impressionada que a noite estivesse sendo tão boa. É claro que não durou por muito tempo.


Black apareceu do nada e puxou Remus pelo ombro para “sussurrar” (entre aspas porque todos ouvimos muito bem e tenho certeza que esta era a intenção) algo. Ele disse:


- Você não vai acreditar nisso! Aquele imbecil pediu ela em namoro. Eles estão namorado! Pontas está, oficialmente, com aquela...
- Sirius! – Remus o repreendeu antes que ele xingasse a garota.


“Por que alguém faria isso?”, pensei irritada, “Ele tem o direito de xingar a quem bem entender, não interrompa, Remus!”.

- Hey, eu xingo quem eu quiser! – Black respondeu. Apoiado.
- Você não veio até aqui só pra dizer isso, veio? – Remus perguntou franzindo a testa.
- Claro que sim, eu tinha que expressar minha revolta pra alguém!
- Ah, você não tem jeito. – Remus balançou negativamente a cabeça – Volto em um segundo, meninas. – nos disse e saiu arrastando Sirius para longe.


Por mais que eu tentasse ignorar, tinha doído. Olhei para os lados tentando achar algo com que me distrair, Jéssica olhava na direção oposta e entendi que ela estava respeitando meu momento. Queria ser capaz de me recompor em velocidade suficiente para não precisar deixá-la, mas eu sabia que precisava de alguns (muitos) minutos a mais.


- Vou pegar uma bebida. – falei antes de sair. Ela apenas me lançou um olhar compreensivo e acenou com a cabeça.


Realmente fui atrás de uma bebida. Havia cervejas amanteigadas e outras bebidas leves para os estudantes, mas o que eu gostaria de verdade era de algo mais forte. Talvez, se eu pudesse usar um feitiço para furtar uma daquelas garrafas de whisky de fogo na mesa dos professores. Estava pensando na melhor maneira de fazer isso quando alguém me interrompeu.


- Se está pensando em roubar uma daquelas garrafas, é melhor desistir. – James disse próximo ao meu ouvido me fazendo saltar de susto.
- Oh meu Merlin, James! Não faço isso! – falei ainda assustada e logo me lembrei que estava irritada/triste com ele – O que faz aqui? Pensei que estivesse com sua namorada. – fiz questão de frisar a última palavra.
- Uau! Isto já chegou em você? – perguntou surpreso – Almofadinhas não perde tempo... Bem, respondendo a sua pergunta: sim, eu deveria estar com minha namorada – ele deu um sorriso bobo e tive vontade de socá-lo – mas ela disse que precisava pegar... Alguma coisa, não lembro o que, no dormitório e me disse para ficar por aqui.
- Ah.
- Mas voltando ao assunto: eu não me arriscaria a pegar uma daquelas, você seria pega, eles colocam feitiços em volta para evitar este tipo de coisa.
- Eu já tinha chegado a esta conclusão. – respondi um tanto irritada. E não era mentira. Ele apenas sorriu.
- Entretanto, se você realmente deseja... Te aconselharia a pegar esta. – ele tirou uma garrafa contendo  líquido âmbar de dentro da capa.
- Como conseguiu isso? – perguntei impressionada.
- Não é difícil. – se gabou – Divido com você se ficar comigo até Nani voltar. – propôs.


Não gostei muito da idéia, mas eu não via como conseguir uma bebida forte e, sejamos realistas, eu já estava mesmo no inferno.


- Feito. Mas você vai deixar a garrafa quando sair. – exigi. Ele sorriu e indicou as mesas nas bordas do salão.


Conjurei dois copos quando nos sentamos, ele nos serviu. Virei o primeiro copo, que desceu queimando minha garganta, mas me fez sentir bem melhor, em silêncio sem olhar pra ele. Eu definitivamente não ia facilitar as coisas.


 
- Então... O que tem feito nos últimos dias? – puxou assunto enquanto reabastecia meu copo.
- Nada. – respondi observando sem muito interesse um casal que dançava próximo e começa a beber, agora com mais calma, meu segundo copo.
- Hum... E sua história com... Como é mesmo o nome dele?


Eu revirei os olhos, não acreditava que ela estava me perguntando sobre aquilo.


- Ferrars. Edward Ferrars. – respondi e finalmente olhei para ele – Também sem novidades. – virei o resto do conteúdo – E você? – perguntei. Eu realmente não queria saber, mas não pude me refrear.
- Ah, bem, você sabe das últimas novidades. Nani é uma garota realmente incrível e muito bonita e eu...
- Oh, pare, por favor. Eu realmente não quero saber. – disse rudemente. Mas o que é que estava acontecendo comigo?


Ele franziu o cenho confuso.


 
- Desculpe... Eu não queria incomodar você. – falou cauteloso.
- Tenho certeza que não. – respondi com meu melhor tom irônico – Hey, o que está esperando para encher isto aqui outra vez? – perguntei, de repente, animada.
- Ah... Lily, talvez você não devesse...
- Sou grandinha o suficiente para saber o que faço, Potter, agora encha logo este copo. – ordenei. Ele me olhou apreensivo.
- Não está acostumada com whisky de fogo, está?
- Nunca vou estar se você continuar fazendo cera. – disse começando a ficar impaciente – E pára de fingir preocupação comigo, não vai funcionar!


Ele parecia cada vez mais perplexo, mas eu sabia que era mentira. “Não, senhor”, tive vontade de dizer, “eu não vou cair nessa, não mesmo”.


 
- Lily, por Merlin, do que é que você está falando? – seu tom era quase desesperado – Parece que enlouqueceu de repente... Quantas cervejas você já tinha tomado antes disso?
- Não é da sua conta, Potter, agora encha logo o maldito copo! – discuti e bati o copo na mesa ao fim da frase.


Não teve o efeito que eu queria, entretanto. Bati com força demais e o copo se despedaçou fazendo com que os cacos entrassem em meus dedos.


- Oh, olhe só isso... – falei olhando atônita para o sangue saindo de meus dedos.
- Lily! – ele se levantou de sua cadeira e se ajoelhou a minha frente para examinar minha mão de perto – Isso parece sério...
- Certamente que é, este sangue vai levar séculos pra sair da minha saia! – reclamei olhando para baixo. Foi a vez dele revirar os olhos. Eu estava totalmente fora de mim.
- Me dá isso aqui.


Ele pegou minha mão (ignorando meu “AI!”) e começou a tirar os cacos, não eram muitos. Depois murmurou um feitiço que me era levemente familiar e os cortes de fecharam dando lugar a finas cicatrizes. Ele fez uma careta.


 
- Desculpe. – disse – Não sou muito bom com esse tipo de feitiços... Não deveria deixar marcas.
- Está tudo bem. – respondi observando as novas linhas de minha mão – Cicatrizes as vezes são boas lembranças... – ele sorriu.
- Tem razão... – ele colocou sua outra mão por cima da minha, havia uma cicatriz perto do polegar – Lembro que você me deu esta quando... – sua voz murchou e ele parecia confuso outra vez – Nas masmorras... – ele apertava minha mão entre as suas.


Eu sabia que cicatriz era aquela, me lembrava perfeitamente daquele dia! Sexto ano. Eu estava concentrada demais na aula de poções e ele perguntou se eu tinha uma adaga extra. Mas... Bem, ele perguntou ao seu próprio modo (leia-se: aos gritos) e eu me assustei e acabei cortando ele sem querer. Fiquei com tanto remorso que cuidei do ferimento eu mesma e fui legal com ele o resto do dia.


- Foi a primeira vez que você... – ele ainda balbuciava olhando pra mim. Eu via em seus olhos que ele estava tentando lembrar daquilo – Você pareceu...
- James? – olhamos para o lado ao mesmo tempo.


Ariane estava parada  diante de nós com uma expressão, no mínimo, estranha, o que me deixou confusa por um momento, mas então me dei conta de que estava num canto meio vazio do salão de mãos dadas com o namorado dela, que aliás, estava ajoelhado a minha frente.


- Nani! – ele exclamou tratando de se levantar – Oi, nós só estávamos... Bem, eu te explico num segundo, vamos lá pra fora...


E os dois saíram. Não antes, é claro, de Ariane me lançar um olhar fulminante por cima do ombro. Mas eu acho que não podia culpá-la.


 


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Frank Longbottom


 


Quando finalmente achei Alice, percebi que preferiria continuar procurando. Música lenta estava tocando e eu a encontrei dançando com Stark, suas testas estavam coladas e eles ocasionalmente se beijavam. Mas isso não foi o pior da noite. Claro que não, estava bom demais para ser verdade.


- Eles formam um casal tão lindo, você não acha? – uma garota que eu sabia ser da Lufa-lufa perguntou a amiga.
- Acho, os dois só podiam acabar namorando. – a outra garantiu.
- Sério? – perguntou a primeira.
- Seríssimo! Eu mesma ouvi quando ele pediu, deixa eu te contar em detalhes...


Mas não quis ouvir esta parte. Saí para procurar um lugar para sentar longe daquela multidão, fiquei surpreso ao encontrar Lily sentada numa mesa no fundo do salão com cara de louca “brincando” com um copo quebrado.


- Er... Oi? – tentei. Ela me olhou por alguns segundos antes de responder.
- Oi.
- Hã... Tá tudo bem? Você pode acabar se cortando com esse copo...
- Eu sei. – sua voz saiu tão fria que resolvi mudar de assunto.
- Isso é whisky? – perguntei surpreso ao reparar na garrafa em cima da mesa. Já tinha visto James e seus amigos com elas várias vezes no dormitório.
- É.
- Onde você...
- Sem perguntas. – disse com a voz fria outra vez.
- Ok, nada sobre whisky... Se importa? – perguntei indicando que queria me sentar com ela. 


Ela apenas balançou a cabeça negativamente. Sentei-me ao seu lado e ficamos em silêncio, cada um com seus próprios pensamento e cara de desânimo.


 


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Nicole Carrew


 


Fiz uma varredura completa no salão, mas David definitivamente não estava lá. Onde será que havia ido? Desisti de procurar depois que meu humor foi embora. Sei que não deveria ficar assim numa festa mais... Ah, que se dane! Os sentimentos são meus e eu os libero quando quiser.


Fui para o canto onde as mesas estavam procurando um lugar para sentar e me deparei com Frank e Lily com expressões que representavam meu estado de espírito, me sentei junto a eles em silêncio, eles apenas me lançaram um olhar breve antes de voltarem a seus próprios pensamentos. Estava tudo errado, esta festa devia estar sendo ótima e olha só pra nós aqui!


Abri a boca para dizer isso a Lily e Frank, mas meu estado de espírito não estava para protestos, dei um suspiro longo, me encostei na cadeira e fiquei olhando para o teto encantado.


 


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Remus Lupin


 
- Qual é o seu problema, Sirius? – perguntei quando o afastei das garotas.
- Aquela garota é o meu problema, ela é uma...
- Ah, pelo amor de Merlin, você não pode estar fazendo todo este escândalo porque o Pontas arrumou uma namorada. – falei – Eu não vou cair nessa.
- Não é uma namorada, é uma tratante! – ele rebateu.
- Não fale assim da garota, Almofadas. Se você ao menos desse uma chance a ela...
- Eu dei uma chance a ela, se você não se lembra. – me interrompeu – Você não percebe como James age quando ela está por perto? Eu podia jurar que ele está enfeitiçado se não soubesse que ele é capaz de resistir a imperius!
- Não diga bobagens, Sirius, ele só está confuso e, quem sabe, ap...
- Não ouse dizer uma coisa dessas! – a maneira como ele falou isso até me assustou. Rolei os olhos com impaciência.
- Quer saber, Almofadinhas, pra mim chega. Vai procurar o Rabicho pra reclamar da “traição” do Pontas, eu estou cheio disso.
- Hey, não me faça parecer gay.
- Você mesmo faz isso! – respondi – Não dá pra apenas aceitar que pessoas normais procuram relacionamentos, namoram e se casam? O que você vai fazer quando isso acontecer com James, se matar? Ou vai dar uma de canalha egoísta e destruir todos os namoros dele só pra não ficar sozinho?


Percebi pela expressão assassina em seu rosto que ele ficou irritado, e isso não era nada bom.


- É melhor ser sozinho do que ser feito de otário pela mesma garota por dois anos. – respondeu e foi embora como se nada tivesse acontecido.


Suspirei alto. Sirius as vezes parece uma mulher de TPM. Voltei para o lugar onde tinha deixado o pessoal, mas nenhum deles estava lá. Resolvi ir buscar algo pra beber, o salão estava quente e as últimas palavras de Sirius me incomodavam por menos que eu acreditasse nelas. Não é que eu ache que Kathy está me enganando, entende? É que esperar por dois anos pela mesma garota é um tanto frustrante.


Em todo caso, encontrei meus amigos depois de pegar um enorme copo de cerveja amanteigada e avistei a cabeleira vermelha de Lily numa mesa próxima com mais duas pessoas que imaginei serem Nick e Frank, tive certeza quando me aproximei.


- Hey, o que estão fazendo aqui? – perguntei a ninguém em específico.


Lily não se mexeu, Frank apontou para uma garrafa no centro da mesa e Nicole me olhou para mim, mas logo voltou a olhar pra cima. Sentei ao lado de Nick, que se mexeu desconfortável em sua cadeira, conjurei um copo limpo para mim e enchi de whisky.


- Ainda se recusa a falar comigo? – perguntei a Nick, ela não respondeu – Eu bem queria te entender, mas sinceramente, com a sua atitude, vejo que não vai dar.


Então ela me olhou nos olhos, bem fundo, por uns cinco segundos e finalmente se pronunciou.


- Se meu silêncio não te diz nada minhas palavras serão inúteis contra sua medíocre compreensão. – disse num tom tão frio que deu até medo.


Me calei e afundei na cadeira olhando para o nada. Mas que droga de festa!


 


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Jéssica Buttler


 
E todo mundo me deixou sozinha. Fiquei observando Remus e Black conversarem por um breve momento, mas decidi ir procurar mais alguém pra conversar e me distrair enquanto o grupo original não se juntava outra vez.


Falei com alguns conhecidos, dancei um pouco, conversei de novo e... Cansei. O salão estava quente e eu estava louca por um enorme copo de suco de abóbora gelado. Fui até a mesa de “bebes”, cacei meu copo e ia me sentar quando vi meus amigos com cara de enterro numa mesa próxima. Fui até lá bebendo meu suco e, quando parei em frente a mesa, comecei a me perguntar se algo ruim não tinha realmente acontecido.


- Ah... Oi, gente. – comecei cuidadosa – Tá tudo bem com vocês?


Não obtive uma resposta imediata, mas depois de esperar um pouco eles começaram a reagir.


- James está namorando. – disse Lily.
- Alice também. – Frank completou.
- David não está aqui. – Nick disse em seu tom distraído.
- Esta festa tá um droga. – Remus concluiu.


Eu não conseguia acreditar no que estava vendo.


- Espera aí! Vocês todos estão assim por causa de outras pessoas? Estão despencando pelos cantos e enchendo a cara porque algum ou alguma idiota não nota que você existe? – disse indignada com suas atitudes – Ah, me poupem! Honestamente, estou tentando ter pena de vocês, mas tá bem difícil!
- Jéssica, dá um tempo. – disse Lily sem muito ânimo.
- Quer saber? Eu vou mesmo dar um tempo. Em outro lugar onde as pessoas têm auto-estima e amor próprio. – respondi e saí de perto deles.


Sim, eu estava realmente irritada com aquelas atitudes. Pelo amor de Merlin! Onde as pessoas que eu conheço tinham ido parar? Aqueles pareciam um grupo de zumbis sem cérebros... E por que diabos este salão está tão quente!? Não dá pra agüentar ficar aqui, vou dar uma volta lá fora. 


 


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Frank Longbottom


 


Assisti Jéssica se afastar em passos decididos e, logo depois, sair do salão.


- Ela é um tanto nervosa, não? – comentei.
- Não... Ela está certa. – Nicole disse lentamente – Completamente certa!
- Fale por você. – disse Lily.
- Não! Veja: estamos numa festa enorme com música boa e ficamos num canto remoendo mágoas por casa de pessoas que estão por aí curtindo? Isso não está certo e eu não vou persistir no erro. – ela falava cada vez mais animada – Vamos nos divertir.


Ela então se levantou sorrindo com o ânimo completamente renovado e fez a última coisa que eu queria e esperava que fizesse: me puxou pelo braço (e, Merlin, como ela tem força!) e saiu me arrastando para o meio da pista de dança. Eu até tentei fugir, mas desistia sempre que ela me lançava seus olhares assassinos.


Pouco tempo depois Lily e Remus vieram também. No começo nenhum de nós estava assim tão animado, mas acabamos nos divertindo a valer e só podíamos agradecer a Jéssica por nos acordar pra a vida. Aliás, ela não voltou mais para o salão, o que me deixou curioso, mas não naquele momento. 


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Jéssica Buttler


 


Fui andando com dificuldade até a beira do lago porque meu salto afundava na lama e estava muito frio para tirar a sandália. Os cascalhos na margem fizeram bem à minha caminhada, mas não continuei andando por muito tempo, cheguei à pedra onde Lily, Nick e eu costumamos vir quando está quente e me sentei tendo plena consciência de que a magia ia cuidar do meu vestido arruinado depois.


Olhei a lua crescente e admirei as estrelas ao redor, era o que eu mais gostava em Hogwarts, não dá pra ver as estrelas assim na cidade.


- Vou começar a achar que você está me seguindo. – fechei os olhos pedindo paciência a Merlin.
- Desculpe, eu não te vi aí. – falei levantando – Boa noite.


Ele estava encostado na árvore um pouco atrás da pedra e eu realmente não o tinha visto, mas agora que sabia, não ia ficar ali.


- Hey! Já está indo por quê? – perguntou bloqueando meu caminho quando tentei descer da pedra.
- Eu não vejo porque isso seria da sua conta. – respondi irritada.
- Ouch! Você está quase ficando boa nisso. – deu um sorriso sarcástico.
- Ah, cala essa boca, você é TÃO previsível.
- Aaah, não sou não. – abriu mais o sorriso.
- Aaah, é sim. – rebati.
- Quer apostar? – eu estava pedindo que ele fizesse isso.
- Você vai perder. – avisei.
- Veremos. – respondeu e chegou mais perto.


Fingi surpresa e ele caiu como um patinho. Ele fez mais um movimento rápido e estava prestes a me beijar, mas eu estava preparada: consegui me esquivar de seus braços e, uma vez atrás dele, o empurrei para dentro do lago.


Eu só não esperava que ele fosse conseguir me puxar junto.


E quer saber a melhor parte? Eu não sei nadar. Sério, eu sou uma lástima dentro d’água, então entrei em desespero e tentei gritar por ajuda, engoli litros de água enquanto me debatia e tentava nadar pra cima. Alguém estava gritando, mas parecia distante e eu não conseguia entender... Então os braços me envolveram pela cintura me puxaram para cima da água.


- Pelo amor de Merlin, mulher, a água deve estar batendo na sua cintura! – e eu percebi que era Sirius quem estava gritando antes – É só ficar de pé. – ele parecia irritado, mas havia algo a mais em sua voz.


Quando finalmente parei de tossir por causa da enorme quantidade de água que havia engolido, me acalmei o suficiente para ficar de pé. Ele me soltou quando achou que eu não ia mais cair (o que quer dizer umas três tentativas depois. E então percebi que a tosse era o menor dos meus problemas.


 - Oh. Meu. Merlin! Está congelando! – falei.


 Ou tentei falar, meu queixo estava batendo tanto que eu duvidava ter produzido algo inteligível. E então ele começou a rir, mas não estou falando de uma risada qualquer, ele estava gargalhando. E tão alto que as pessoas no castelo ouviriam se não tivesse uma banda lá dentro. Comecei a ficar meio irritada, quer dizer, ele quase me matou afogada e agora estava claramente rindo da minha cara.


 Fechei a cara e comecei a andar em direção à margem resmungando e batendo os dentes, mas enganchei o pé em alguma coisa e voltei a cair na água, o que provocou no Sr. Feliz uma nova avalanche de risos. Então eu fiz a única coisa racional que estava ao meu alcance: tentei afogá-lo também.


 Foi até fácil já que ele estava distraído demais rindo para perceber o que eu estava fazendo. Eu quase obtive sucesso, mas ele logo se recuperou e agora estava segurando minhas mãos com força o bastante para eu saber que nem adiantava tentar sair.


 - Ok... – ele começou ainda meio risonho – Eu não devia ter... rido. – completou e ia começar a rir de novo, mas conseguiu se conter, respirou fundo e continuou – Agora vamos sair daqui.


Ele me soltou e indicou com uma das mãos que eu fosse na frente, fiquei desconfiada, mas estava louca para sair da água, então não fiz objeções. Infelizmente a noite estava disposta a tomar toda a dignidade que ainda me restava e eu prendi o pé (de novo) caindo (de novo).


- Por Merlin, você é totalmente descoordenada? – a pergunta pode parecer rude (e vindo dele, normalmente seria), mas seu tom era apenas divertido. Puramente divertido como eu nunca o tinha visto usar antes.


Em todo caso, ele me ajudou a levantar e eu estava prestes a agradecer quando reparei que ele não ia parar por ali: me pegou no colo, acima da água, e saiu me carregando para fora do lago. Ok, as coisas estavam começando a ficar MUITO estranhas por ali. Que surto de gentileza era aquele?


Ele me colocou gentilmente (pasme) de pé na grama e (pasme geral) sorriu divertido de novo. E então se jogou sentado na grama ainda sorrindo. Eu não sabia o que fazer, estava totalmente perdida com suas ações! Mas em todo caso, achei que agradecer seria um bom começo.


 
- O-o-ob-bri-i-i-ga-ada. – falei ainda batendo os dentes.
- Hã? – ele me olhou confuso, mas logo a compreensão apareceu em seu rosto e com um – Ah. – ele puxou a varinha e nos deixou secos.
- Obrigada de novo. – achei justo, eu havia deixado a varinha no dormitório e ia acabar muito doente se não me secasse logo.


Ele apenas deu de ombros, o sorriso ainda brincava em seu rosto embora estivesse menor. Fiquei tanto tempo olhando pra ele que nem estava mais percebendo que fazia isso quando ele se virou pra mim e me pegou no flagra.


- Eu não sabia que não sabia nadar, desculpe ter te puxado para o lago – disse.
- Oh, er... Tudo bem. - respondi ocupada demais ficando vermelha para ficar pasma pelo fato dele ter se desculpado por algo que eu mesma havia começado.
- Mas foi divertido. – disse mais para si mesmo do que pra mim.
- É, foi. – confessei. Ele abriu o sorriso de novo – Bem... Eu deveria ir. – completei, era esquisitice suficiente para uma semana inteira, então me levantei e percebi que – Ah, que droga! Minha sandália deve ter ficado presa na lama! – comente irritada.
- Posso pegar pra você. – ofereceu indicando a varinha que ainda estava em sua mão – Mas só se você ficar mais um pouco.


Espera, eu ouvi direito!? Não, eu devo estar louca, definitivamente.


- O quê!?
- Gosto de companhia. – respondeu dando de ombros – E você é engraçada.


Eu ainda não acreditava naquilo, TINHA que ter alguma coisa errada.


- Er... Eu ficaria, sabe, mas ainda estou com frio, então se você pudesse, por favor, pegar a minha... – eu parei de falar pela incredulidade no que estava acontecendo.


Assim que disse que estava com frio ele começou a retirar o casaco e agora estava oferecendo a mim. Eu devia estar realmente cômica com a boca aberta e expressão de choque.


- Só alguns minutos. – argumentou – Você parece gostar da sandália.


Ponderei por alguns segundos o quão longe uma alucinação pode ir. Cogitei a idéia de comprar uma sandália nova, mas... Eu precisava saber quem era aquele cara, porque não era Sirius Black.


- Isso é chantagem. – reclamei enquanto vestia o casaco e voltava a me sentar.
- Eu sei. – deu um sorriso maroto – Então... Bailes também te deixam enjoada?
- Não exatamente... Deixam você?
- Muito. Gente demais, música pop demais, conversa fiada, espaço de menos...  E a mediocridade da maioria das pessoas me deixa realmente doente. Prefiro ficar aqui fora olhando pra isso. – e apontou para o céu – Já viu algo parecido com isso em toda a sua vida?
- Não... Você é meio... Anti-social, não? – perguntei mesmo tendo quase certeza que isso acabaria com seu bom humor.
- Quem, eu? Ah... Eu não colocaria as coisas nestes termos. Veja bem: não é exatamente minha culpa se a maioria das pessoas são tão patéticas que é difícil até ter pena, é? Quer dizer, são pouquíssimas que valem a pena trocar palavras neste castelo.
- Hum... Bem, isso é um tanto boçal da sua parte. – comentei surpresa por ele ter usado quase as mesmas palavras que eu mais cedo.
- Você acha?
- Acho. – respondi começando a ficar aborrecida com tanto egocentrismo, lá estava ele de novo, eu sabia que era só uma questão de tempo.


Ele deu de ombros, passamos algum tempo em silêncio. Eu ainda estava muito confusa com toda aquela situação, mas ele parecia achar a coisa mais normal do mundo, era como se diariamente ele salvasse garotas de afogamentos ridículos, as pegasse no colo e tivesse conversas sobre as noites e as pessoas em Hogwarts.


- Eu nunca me importei com o que as pessoas pensam. – disse de repente.
- Eu não acho. – respondi, ele se virou imediatamente para mim.
- Como?
- Eu acho que você se importa e muito com o que pensam. Quer dizer, você anda por aí como se não ligasse pra nada nem pra ninguém mas não é verdade, você só quer que pensem isso. – expliquei – Mas talvez não seja sua culpa, talvez você só... Sofra de transtorno bipolar, quem sabe.
- Quem voc... Espera, transtorno o quê?
- Bi-po-lar. Acho que o nome é auto-explicativo. – suspirei – Olha só, mesmo agora você está tentando me convencer que é carrancudo, rabugento e totalmente independente de outras pessoas, mas disse a poucos minutos atrás que gostava de companhia e foi gentil mais cedo...
- Isso é besteira. – retrucou.
- Eu não sou estúpida, Sirius. Eu percebo coisas óbvias na minha frente e, sinceramente, você pensar o contrário até me ofende. – ele não respondeu, suspirei mais uma vez – Olha, vamos só fingir que nada disso aconteceu, que você ainda é um idiota e cada um vai pro seu lado com suas próprias opiniões. – disse me levantando – Se quer um conselho: procure ajuda profissional porque você tem sérios problemas. – dei bastante ênfase ao “sérios” – E procure conhecer as pessoas antes de julgá-las “medíocres”. E... É só, boa noite. – e saí andando. 


Devo dizer que minha saída não teve tanta classe quanto merecia porque eu estava mancando ainda sem uma das sandálias, mas ao menos estava aquecida.


 


XxXxXxXxXxXxXxX


 


Fui a primeira das garotas a chegar ao dormitório e dei graças a Merlin por estar vazio. Lavei meus pés com água quente e deitei na cama ainda completamente vestida só para descansar um pouco, a noite tinha sido cansativa. Sirius Black... Humf, idiota. Quem ele pensa que é? Bem, seja lá o que ele pense, cheira bem... E dormi com estes pensamentos.


 


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Nicole Carrew



Acordei no sábado de manhã com os olhos ainda pregados e um barulho irritante de vidro batendo. Quando recuperei consciência suficiente para raciocinar vi que uma coruja batia incessantemente na janela ao lado da minha cama. Estava com tanto sono que nem ao menos estranhei a correspondência sendo entregue no dormitório e não no salão principal, enfim, abri a janela, a coruja entrou, soltou o pequeno rolo de pergaminho e saiu. Fosse o que fosse podia esperar, não sabia que horas eram, mas sabia que ainda não havia dormido o suficiente.


Não dormi por muito mais tempo, no entanto, eu acho... Bem, não importa, o fato é que quase soltei um palavrão quando li o pergaminho deixado mais cedo.



Srtª. Carrew,

Sua detenção deve ser cumprida hoje (01/11/1977) às 13h, compareça à minha sala na hora indicada para instruções.


 Atenciosamente,


Profª. Minerva McGonagall – Vice-diretora


Já vi que meu sábado vai ser uma droga. E eu tenho exatamente quarenta minutos para chegar à sala da McGonagall, melhor correr.


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Remus Lupin


 


Fui acordado por volta das onze da manhã por uma coruja batendo na janela. Ela me trouxe um informativo de detenção que me fez suspirar alto. Uma tarde de sábado estragada na sala da McGonagall... Ninguém merece.


Olhei em volta do dormitório, a cama de Frank estava vazia, mas ele devia estar no banheiro, eu podia ouvir o chuveiro; Sirius brincava com um galeão entre os dedos olhando distraidamente para o teto, Peter babava no travesseiro e James esquecera de tirar os óculos para dormir.


- Bom dia. – falei para Sirius me jogando na cama outra vez.
- ‘Dia. – respondeu em tom monótono.
- Ressaca? – chutei.
- Não. Por mais incrível que possa parecer.
- Realmente incrível. – concordei surpreso.
- Planos pra hoje a tarde?- perguntou sem desgrudar os olhos do teto.
- Detenção. – respondi infeliz levantando o pergaminho.
- Boa sorte.
- Obrigado.


 Ficamos em silêncio por algum tempo. Eu procurava roupas limpas para trocar depois do banho e Sirius continuava encarando o teto. Algo parecia errado com ele, mas não me atrevi a perguntar.


 - Isso está ficando chato demais... – comentou de repente com a expressão aborrecida – Acorde, Rabicho! – e apontou a varinha para Peter.


 Peter gritou e caiu da cama, o que provocou uma pequena crise de risos em Sirius e acordou James, mas ainda estava atordoado demais para assimilar alguma coisa.


 - Almofadinhas! – Peter reclamou.
- Desculpe, nunca perde a graça. – Sirius riu mais, Peter o encarou aborrecido.
- Bom dia. – eu disse aos dois recém acordados.
- Que horas são? – James perguntou em meio a um bocejo.
- Onze e dezessete. – respondi.
- Legal... Dá pra dormir mais três horas antes de encontrar a Nani. – disse se deitando outra vez.
- Então... Ouvi dizer que baile foi bom pra vocês dois. – comentei.
- Ótimo. – James respondeu com um sorriso bobo no rosto.
- Foi bom pra você também, Aluado, te vi com a Evans. – disse Peter.
- Hey, Rabicho, não...
- O quê? – James quase pulou da cama.
- Vocês pareciam bem próximos ontem. – Peter completou – Vi os dois dançando juntos boa parte da noite.
- Sim, nós fomos juntos, m...
- Você o quê? – James perguntou de novo.
- Eu fui com a Lily ao baile, James, mas o Rab...
- Espera, juntos? Tipo um casal?


Achei a atitude dele estranha, mas devia ser só o sono que o tinha deixado lerdo. Ignorei.


- Mais ou menos, nós só...
- Como é que você pôde fazer isso!? – perguntou quase gritando.
- O quê? – foi minha vez de perguntar.
- Como pôde chamar Lily pra sair? É absurdo! E ficar esfregando na minha cara que dançaram juntinhos a noite inteira como um casal de pombinhos, seu traidor! – ele estava realmente com raiva, parecia prestes a atirar algo em mim.
- Pontas, o que diabos você está falando? – perguntei exasperado.
- Você sabe, Aluado, não se faça de imbecil! Há anos eu tento sair com ela e agora...
- E agora você tem uma namorada? – Sirius interveio. James se calou e encarou Sirius confuso. – Você estava falando da ótima noite que tiveram, tipo, há dois minutos atrás? Você ficou louco, Pontas?
- Eu... Ele saiu com Lily, você ouviu? – perguntou no mesmo tom confuso.
- Pensei que você tinha superado ela. – disse Peter com uma expressão ainda mais confusa que a de James – Você não disse que estava apaixonado pela Ariane?
- Eu disse... Eu... Não sei qual é o problema...


Por um momento fiquei realmente com pena de James, ele parecia tão perdido quando alguém poderia ficar. Resolvi tentar ajudar.


- Escute, James, deve ser algo com a sua memória. – comecei – Você costumava ser “arriado” pela Lily e agora isso deve estar voltando... Talvez você devesse ver a Sra. Higgins.
- Eu não sei o que aconteceu, eu...
- Bom dia. – disse Frank saindo do banheiro.


James se apressou em entrar pela porta que Frank deixara aberta atrás de si.


- Eu disse algo de errado? – Frank perguntou confuso.
- Ah, cara, eu ia tomar banho agora! – reclamei. Sirius revirou os olhos; Peter não se moveu. – Inferno, vou para o banheiro dos monitores. Vejo vocês depois da detenção.


  


XxXxXxXxXxXxXxX


 Mesmo já sendo hora do almoço o castelo parecia meio deserto com mais da metade das turmas ainda na cama de ressaca pela noite anterior. Almocei sozinho na mesa da Grifinória entreouvindo fragmentos de conversa dos outros, fofocas da festa. Não que eu estivesse interessado, mas não dava pra evitar ouvir, sem falar que nomes conhecidos sempre chamavam minha atenção. Escutei falarem e Lily, James e Nani, Frank, Alice e Charles, algumas garotas frustradas por não terem visto Sirius, Peter e alguém chamada Jenny, Tremllet com uma garota loura misteriosa nas masmorras... Nada de realmente interessante, apenas comentários sobre roupas ou suposições de novos casais. Faltavam vinte minutos para o início da detenção quando deixei o salão.


Precisei correr um pouco para não me atrasar, mas cheguei exatamente às treze horas na sala da McGonagall. Nicole já estava sentada em frente à mesa da professora e não olhou para mim quando entrei.


- Bem vindo, Sr. Lupin. – disse McGonagall – Sente-se. Como eu ia dizendo à Srta. Carrew, sua detenção consiste em trabalho em equipe. Prometi a uma amiga que tomaria conta de seus dois filhos enquanto ela está fora no fim de semana mas surgiram problemas que precisam ser resolvidos imediatamente, então vocês dois cuidarão de Carl e Matthew enquanto estou fora. Sem magia. – ela estendeu as mãos e entregamos nossas varinhas – Estarei de volta no fim da tarde. Tudo o que precisam saber está neste pergaminho, eles estão naquele quarto. – apontou para uma porta è esquerda que eu não havia reparado antes – Boa sorte. – se levantou e saiu da sala.


Ficamos sentados em silêncio por um bom tempo digerindo o que havíamos escutado. Ela estava mesmo falando sério? Cuidar de crianças?


Nicole se moveu primeiro, ela pegou o pergaminho deixado pela professora, suspirou e se levantou da cadeira. 


- Vamos, eles tem que ser alimentados agora e estar limpos e dormindo quando ela chegar. – comentou – O que significa que teremos que cansá-los o suficiente para isso... Oh Merlin, que eles sejam uns anjinhos, por favor!


Concordei com ela em pensamento, mas duvidava muito que fossem.


 


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 James Potter


 


Eu estava realmente atordoado com o que aconteceu. Não sei de onde veio a onde de raiva que me percorreu quando soube que Lily poderia estar saindo com alguém. Mas era mais que raiva. Ciúmes talvez? Mas ciúmes de quê? Eu tenho acabo de pedir uma garota em namoro e tenho certeza que gosto dela. Eu gosto?


Perguntas demais, pensamentos demais e nenhuma conclusão. Eu precisava falar com Ariane e era naquele exato momento.


Saí do banheiro para o dormitório vazio, pelo jeito eu havia passado tempo demais. Desci as escadas depressa e segui para o salão principal, era hora do almoço e talvez Nani estivesse lá. Eu poderia, é claro, ter usado o Mapa do Maroto para encontrá-la, mas só pensei nisso quando estava a vários andares abaixo da torre da Grifinória.


Felizmente não precisei chegar tão longe para encontrá-la, Ariane estava descendo as escadas do segundo andar com sua amiga Kathy e as duas conversavam animadamente sobre qualquer coisa.


- Nani! – chamei correndo para alcançá-la – Olá, Kathy. Desculpe, mas pode nos dar um segundo?
- Oh... Tudo bem. Nos encontramos lá embaixo, Nani. – Kathy disse e continuou descendo.
- O que foi, James, você está bem? – Nani perguntou com preocupação evidente em sua voz – Você parece perturbado.
- É, eu estou mesmo meio confuso... Escute, sobre ontem, quando você me viu com Lily...
- Eu preferiria que não voltássemos a mencionar isto. – me interrompeu aborrecida.
- Eu sei, desculpe, mas é realmente necessário. Eu só queria ser totalmente honesto com você porque acho que você merece o melhor e hoje me aconteceu uma coisa estranha...
- James, você está nervoso demais, precisa se acalmar.
- E você precisa parar de me interromper, por favor. – pedi, mas ela apenas revirou os olhos.
- Vou te ouvir assim que você começar a falar algo que faça sentido. Aqui, - disse retirando algo de dentro da capa e pondo em minha mão – coma este chocolate enquanto organiza seus pensamentos e depois você fala.
- Eu não preciso me acalmar, preciso que vo...
- Eu não vou correr, James! – disse rindo – Só se acalme um pouco, respire, coma seu chocolate...
- Não quero chocolate, estava indo almoçar.
- Coma a droga do chocolate! – insistiu elevando a voz, mas estava sorrindo.
- Tá, tá. Você venceu. – respondi e enfiei o doce na boca – Mas fique sabendo que... – comecei a falar com a boca cheia, mas esqueci o que ia dizer no meio da frase.


Me desconcentrei ao reparar o quão bonita a garota a minha frente era. Pequenos detalhes como o sol batendo em seu cabelo cor de mel ou o jeito como ela sorria docemente para mim. Eu podia muito bem estar louco, mas não conseguia pensar em nada que não envolvesse ela. 


- Você estava dizendo...? – perguntou sorrindo.
- Eu estava pensando se... Se você não gostaria de passar a tarde inteira comigo lá fora. – respondi.
- Claro que quero. – seu sorriso se abriu ainda mais – Mas tenho que almoçar primeiro...
- Eu posso cuidar disso. – me apressei em dizer – Podemos fazer um piquenique no jardim, eu arrumo a comida e tudo mais que precisarmos.
- Assim eu fico mal acostumada...
- Essa é a ideia. – pisquei para ela.
- Ok, então vamos fazer assim: você pega a comida e eu vou rapidamente até o salão principal avisar a Kathy que vou almoçar com você. Nos encontramos na porta do jardim em... Vinte minutos?
- Fechado. Ganho um beijo pela genialidade?
- Claro que sim!


Então ela se aproximou e encostou seus lábios aos meus e foi como se eu estivesse flutuando. Era para ser um beijo breve, mas eu a puxava de volta sempre que ela tentava se afastar então durou um bocado de tempo. Quando finalmente nos separamos fui depressa para a cozinha pegar tudo o que podia. Conjurei uma cesta, uma toalha e algumas flores e fui para a entrada principal do castelo, aquela tarde seria perfeita.


 


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Lily Evans


 


Acordei com ótimo humor aquela manhã. Fiquei na cama sorrindo comigo mesma ao lembrar os momentos divertidos da noite anterior. A melhor parte certamente foi ver Frank empolgado para dançar. Simplesmente hilário, tivemos que pará-lo para seu próprio bem.


Quando levantei já estava quase na hora do almoço, mas não me importei, havia chegado no dormitório perto das quatro da manhã, eu merecia um descanso. Olhei em volta, Alice não estava mais no quarto e Jéssica ainda dormia completamente vestida e com uma jaqueta masculina que me era bastante familiar. Ela me devia várias explicações e eu esperava que ela acordasse logo.


Tomei um banho e, quando voltei ao quarto, encontrei a Srta. Buttler sentada em sua cama olhando para o nada.


- Bom dia? – arrisquei. Ela se virou lentamente para mim.
- Que horas são?
- Onze e quarenta.
- Primeiro de novembro?
- É. – confirmei – Você tá bem?
- Tô, tô... Só fico confusa quando durmo por tempo demais. – respondeu esfregando os olhos – Me espera pra descer?
- Claro. – respondi enquanto ela entrava no banheiro.


Até parece que eu ia deixá-la escapar das minhas perguntas. Em todo caso, ela não demorou muito, então saímos da torre pouco depois de meio dia. O castelo estava até vazio, as pessoas ainda deviam estar na cama. 


- Bonita jaqueta a que você arrumou pra dormir... Onde conseguiu? – perguntei quando passávamos pelo sexto andar. Ela ficou vermelha.
- Agora não, Lily. Ainda não digeri a história. – respondeu.
- E você realmente acha que esta resposta vai me ajudar a esperar? – eu disse incrédula.
- Desculpe. Sério, foi MUITO estranho.
- Olha se você não vai me contar agora é melhor parar de falar. – pedi. Ela riu.
- Está bem. Me diga: o que eu perdi ontem?
- Algumas cenas engraçadas. Frank dançando é uma comédia e você precisava ter visto Nicole meio bêbada... Bem, apenas imagine ela sendo dez vezes mais ela.
- Oh Merlin. Deve ser... Eu não tenho palavras para isso.
- Foi bem difícil, mas eu pensei que “psicodélico” se encaixa bem.
- Tem razão. Você é um gênio.
- Obrigada. – respondi sorrindo.
- Hey, Evans. – um garoto que sabia ser da Corvinal me chamou – Você tem uma boquinha linda! Deve ter um gostinho... Posso provar?


Parei de andar e fiquei olhando pra ele sem entender absolutamente nada. 


- Tipo... O quê? – perguntei.
- Fiquei sabendo que você anda solitária... É só procurar Andrew Macfadyen, na Corvinal, gata. – respondeu, piscou pra mim e saiu andando.
- Tipo... O quê? – repeti, mas para Jéssica.
- Ele ainda deve estar bêbado de ontem... – respondeu, mas sua expressão estava tão confusa quanto a minha.
- Vai entender...


O problema é que não parou por aí. Levei mais cinco cantadas (uma mais podre que a outra devo mencionar, a última realmente ofensiva de um sonserino) até chegar ao salão principal. E lá foi que a coisa ficou realmente feia.


Todos os rostos se viraram para mim quando entrei e os cochichos e dedos não eram discretos. 


- Jéssica. – disse só para ela ouvir – Acho que aconteceu alguma coisa.
- Você acha? – ela respondeu – Não vejo um escândalo desses desde que... Ora, nunca vi um escândalo destes!
- Tenho que descobrir o que aconteceu. – sussurrei quando nos sentamos na parte mais vazia da mesa da Grifinória.
- Vamos saber mais cedo ou mais tarde. Finja que não está vendo eles.
- Posso fazer isso, mas ainda posso ouvi-los! – disse irritada.
- Paciência, vamos saber logo. 


Comecei a comer e fiz de tudo para ignorar os outros, mas todos os garotos de Hogwarts estavam me olhando, piscando, rindo e assoviando pra mim! Era tão constrangedor que me tirava o apetite. Eu só queria sair dali o mais rápido possível.


 
- E então, Lily, – um garoto que eu não conhecia se sentou à minha frente com um enorme sorriso – eu estou disponível esta noite se você precisa tanto de uma companhia masculina.
- Mas quem disse que... – comecei, mas um outro chegou e começou a discutir com o primeiro.
- Cai fora, Lewis! A Lily vai sair comigo. Vai crescer, garotas precisam de uma diversão mais adulta. – e piscou pra mim.
- Que absurdo! – gritei e levantei – Em primeiro lugar: é Evans pra você. E quem você pensa que é pra...
- Se manda você também, Gubbler, você não tem ideia de como se agrada uma mulher. Ela vai sair comigo, não é?
- Hã? Espera, o que é...
- Saiam todos de cima dela, seus carniceiros! – um quarto garoto disse.


Ele não gritou, mas havia tanta autoridade em sua voz que os outros se afastaram um pouco. E este garoto era ninguém menos que Sirius Black. 


- E quem você pensa que é, Black? – disse o tal Gubbler – Todos temos direito de tentar uma chance com a Evans.
- Eu sou o namorado dela, seu asno insolente. – Black respondeu fazendo todos os queixos próximos caírem tanto quanto possível, inclusive o meu – E se você tem amor a sua vidinha medíocre é melhor começar a tratar a mim e a minha garota com mais respeito.


OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoO
N/A: Fiiim de capítulo!! Então, pessoal, este capítulo foi simplesmente gigantesco (tem 33 páginas na formatação que eu uso) e ele logo terá continuação. Espero que tenham gostado e que expressem isso :D


 Até o próximo capítulo, beijoooos!

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