Garotos... u.u



Capítulo XI – Garotos... u.u


 


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“O amor não enxerga com os olhos, e sim com a mente, e por isso pinta-se cego o Cupido alado. Tampouco a mente do Amor tem faro para qualquer discernimento”


(W. Shakespeare – Sonho de Uma Noite de Verão)


 


 


Nicole Carrew


Consegui encontrar David quase no salão comunal da Lufa-lufa, por muita sorte, ele caminhava sozinho. Eu, que estava tão tranqüila até o momento, senti as mãos começarem a suar e as pernas tremerem me impedindo de andar direito. Ele estava de costas e ainda não tinha me visto, então me encostei-me à parede, fechei os olhos e respirei fundo até me acalmar. Não levou muito tempo, mas o suficiente para fazê-lo se afastar bastante, por isso, tive que correr um pouco ou precisaria gritar, e chamar atenção pra nós dois ali era exatamente o tipo de coisa que eu pretendia evitar.


 


- David. – chamei o mais discretamente que pude quando já estava próximo o suficiente.


 


Ele se virou surpreso, mas logo mudou sua expressão para algo como fria indiferença. Doeu um pouco.


 


- Será que eu posso falar com você uns minutos? – pedi parando a sua frente.


- Achei que tivesse deixado claro que não havia mais nada para conversarmos. – respondeu mal-humorado.


- Mas nós nem mesmo conversamos, você só gritou comigo na frente de metade da escola, o que, devo comentar, foi uma atitude completamente ridícula da sua parte. – rebati – Então, será que podemos falar com calma sobre isso agora?


- Ok, vamos logo com isso. – concordou com um suspiro de impaciência – O que você tem a dizer?


- Que a sua acusação foi completamente injusta apesar de eu reconhecer toda a improbabilidade de uma situação como aquela ser inocente, mas era! O caso é que eu estava passando pelo corredor e...


- Aaaah, vai dizer que ele te arrastou pra lá à força?


- Mas foi isso que aconteceu! E ainda assim...


- Mas você estava tirando a camisa dele!


- É, eu sei, mas...


- E ainda quer dar uma explicação razoável pra ISSO?


- Quer me ouvir? – pedi com vontade de gritar, porém, controlando-me para não chamar atenção – Que saco! Fica me interrompendo... Enfim, é que o Lupin me puxou pra dentro da sala pra me obrigar a fazer o trabalho de Poções e... – contei, resumidamente, toda a história a ele, que não parava de me olhar cético – E foi isso.


 


Ele me lançou um demorado olhar irritado e deu outro suspiro antes de responder.


 


- É nisso que espera que eu acredite?


- Mas foi o que aconteceu! – insisti.


- Olha, Nick, sempre confiei em você e achei que era sincera e tudo mais, se queria ficar com o cara me dizia, a gente acabava e pronto, mas, sinceramente, não esperava isso de você. E eu via como ele ficava sempre atrás de você meses antes.


- Mas eu não fiz nada!


- Pára de insistir nisso, Nicole, é pior pra você. Olha, talvez possamos ser colegas quando as coisas esfriarem, mas agora não dá mesmo, não vou esquecer isso tão fácil. Eu gostava muito de você, sabe... – ele mordeu o lábio olhando para o chão e depois voltou a me encarar – Não pense que não doeu em mim terminar, mas o que você fez não tem volta.


- Mas... David, eu... – comecei sentir os olhos enchendo de lágrima e, com muito custo, consegui contê-las.


- Chega, Nick. É melhor a gente se afastar por uns tempos, ok? A gente se esbarra por aí. – e com esta deixa, virou as costas e continuou caminhando para o salão caminhando.


 


Eu continuei parada exatamente onde ele me deixou, respirava com força para obrigar a ficarem onde estavam as lágrimas que insistiam em se formar.


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Jéssica Buttler


 


Após guardar minhas coisas e tomar um banho para ir jantar, combinei com Lily de nos encontrarmos para conversar mais tarde (se ela e Nick estivessem livre, é claro), pois ela agora estava muito afobada em ver James para prestar atenção em qualquer outra coisa, e, segundo a mesma, a minha história era algo que queria ouvir com muita atenção.


Nos despedimos com um “até logo” no terceiro andar, onde ficava a enfermaria, e eu segui sozinha para o grande salão, onde não esperava encontrar Nicole.


 


- Nicole? – perguntei surpresa.


- Não, Papai Noel. – respondeu de mau humor.


 


Tá, eu sei que foi uma pergunta idiota e, na verdade, nem foi uma pergunta, já que eu já sabia que era ela foi apenas a surpresa, mas fui só eu quem achou a resposta muito rude?


 


- Não deu certo com David. – tive o cuidado de afirmar minha dedução desta vez enquanto me sentava ao lado dela na mesa da Corvinal.


- Não vamos falar sobre isso agora, ok? Já foi difícil demais conter o choro pra vir comer. – disse triste – E desculpe pela resposta, não está sendo um dia legal...


- Eu sei. – falei passando o braço por cima de seu ombro e puxando-a para perto – Não tem problemas.


- É só tão... Frustrante! – começou. Achei que ela não quisesse falar – Como ele pode vir com essa conversa de “eu confiava em você, mas não dá mais” ou “podemos ser colegas mais tarde”?


- Idiota. – concordei.


 


Merlin sabe que uma das coisas que mais ajuda a animar uma amiga que acabou com o namorado é xingando o infeliz com toda a convicção que puder. E dá tão certo que, ao fim do jantar, Nick já estava bem mais animada, comia e me contava detalhes da conversa. Pra falar a verdade, ela ficava mais repetindo com comentários de diferentes perspectivas, já que a conversa não foi longa o suficiente para ser assunto de um jantar inteiro.


Quando finalmente estávamos saindo do salão (e já não falávamos mais de David e sim do enorme dever de Transfiguração), avistei Lily comendo sozinha na mesa da Grifinória. Puxei Nicole para comigo e concordamos que o fato era, no mínimo, esquisito.


 


- Lily, que está fazendo aí sozinha? – Nick perguntou quando nos aproximamos.


- Ah, oi meninas. – respondeu após um leve sobressalto – Nada, só comendo... Por quê?


- Porque você devia estar com James? – sugeri.


- Ah é, isso... Bem, eu não sei onde ele está. – disse dando de ombros – Já havia saído da enfermaria quando cheguei lá, acho que com Black, Remus e Pettigrew, já que também não estão aqui, e também não o encontrei na torre, então... Achei mais lucrativo vir jantar a procurá-los pelo castelo, afinal, quando aqueles quatro resolvem sumir não há quem os ache.


- E por que não nos procurou? – perguntei.


- Eu procurei, mas não as encontrei aqui, achei que Nick estava com David e você já tinha comido e ido fazer qualquer coisa.


- Ah... Bem, o que vamos fazer agora? – perguntou Nick enquanto Lily levantava-se da mesa.


- Hum... Acredito que a senhorita Buttler tenha algo muito interessante a relatar, não tem? – Lily perguntou animadamente a mim. Revirei os olhos antes de responder.


- É, tenho. Vamos pra lá.


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Lily Evans


Apesar de estar um pouco decepcionada com o fato de James não estar mais na enfermaria quando cheguei, este sentimento logo passou com a chegada de Nick e Jéssica. Até mesmo porque era bom que ele passasse um tempo com os amigos, deviam fazê-lo lembrar de muita coisa e talvez, quem sabe, até lembrasse de mim.


Fomos até o nosso lugar favorito para fofocas, o banheiro da Murta-que-geme. Não que fosse um lugar muito agradável ou confortável, mas era fato que raramente apareciam almas vivas por lá e, por isso mesmo, era excelente. Claro que sendo um banheiro abandonado era meio sujo, mas nada que uns floreios de varinha e algumas palavras mágicas não resolvessem em poucos segundos. Amo ser bruxa. E pensar que achava isso um xingamento sete anos atrás...


Após darmos uma geral no lugar e Nick conjurar três puffes de cores berrantes e muito confortáveis, nos sentamos para pôr a conversa em dia. É incrível a quantidade de coisas que pode acontecer em tão pouco tempo, nos vemos todos os dias e, ainda assim, as vezes precisamos parar para conversar.


A primeira foi Nicole, uma vez que sua história era a mais curta e Jéssica já havia escutado. Fiquei, é claro, indignada com David, e dei-lhe os devidos xingamentos como toda boa amiga deve fazer, não importa se sua amiga está mais que errada, só se diz isso a ela depois de xingar seu ex.


Então Jéssica começou sua história detalhadamente. Percebi que ela só queria manter a história em segredo para evitar nossos comentários, pois, no fundo, estava louca por uma segunda opinião. O que é muito comum, três cabeças pensam melhor que uma, afinal.


 


- E então ele apareceu na noite seguinte e na outra. Sempre a mesma coisa, chegava, perguntava por James e... Bem, eu o pedia para ficar mais, – disse corando e abaixou a cabeça para disfarçar – sabem que eu quase não consigo dormir na enfermaria... Mas a parte estranha é que ele não precisava fazer aquilo, entendem? Ele podia simplesmente dizer que não tinha nada a ver comigo e virar as costas, mas não, dizia “não tenho nada pra fazer mesmo” e já ia sentando ao meu lado.


- Muito estranho – concordei.


- Não acho, não... – disse Nick olhando distraidamente para o teto.


- Nick, você ouviu tudo o que falamos sobre o Black antes da Jeh começar a história?


- Claro que sim, mas não acho que isso seja assim tão impossível. – disse virando o olhar para nós – Entendam, cada pessoa age de forma diferente com cada pessoa, é normal.


 


Ficamos um tempo em silêncio refletindo sobre o que Nick disse. Eu concordava com ela, mas aquele caso parecia tão especial que não achava possível que se encaixasse.


 


- Enfim, – Jéssica encerrou o silêncio – então noite passada... – ela terminou de contar a história com todos os detalhes que conseguia se lembrar – O que vocês acham?


- Eu mantenho minha opinião. – disse Nicole que, a estas alturas, á estava completamente deitada no puffe e com a cabeça jogada para trás.


 


Jéssica olhou para mim esperando. Por que eu não dei imediatamente a resposta que eu achava aprovável? Porque, apesar de provável, não era certa, e eu não queria ser a que ilude as amigas. Sim, eu achava que havia uma grande chance de Sirius gostar dela, mas com que base eu posso afirmar isso? O Black é um cara estranho, fechado e eu absolutamente não o conheço, já pensou se ela acredita no que eu digo e depois quebra a cara? Não, sem chance de eu fazer isso.


 


- Sinceramente, não tenho como te dizer, Jeh. Você o conhece melhor do que eu, pelo que percebi, ele é um cara esquisito. Parece gente boa e tal, mas ainda assim bem esquisito. – disse por fim.


- Foi o que pensei. – ela respondeu, mas acho estava mentindo.


 


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Jéssica Buttler


 


Percebemos, após voltar para a torre, que Pettigrew, Sirius e Lupin também haviam “desaparecido”, então era óbvio que haviam se juntado para dar as boas vindas a James, afinal, ele era quase um calouro. É claro que Lily não ficou muito feliz com isso, mas disse que não devia ter esperado algo diferente e que seria bom para ele.


Foi uma noite sem surpresas, assim que nos acomodamos na sala comunal, Lily sumiu atrás de seus relatórios de monitoria (ela agradecia até hoje não ter sido escolhida para chefe) e eu, de Macbeth.


 


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James Potter


 


Eu já conseguia lembrar de bastante coisa. A idéia de Rabicho, Aluado e Almofadinhas de me guiar pelo castelo comentando o que costumávamos fazer estava funcionado perfeitamente, as lembranças iam fluindo normalmente e, alguma vezes, eu até terminava as frases deles.


Entretanto, após sairmos de uma passagem secreta, me perdi dos três e não tinha idéia de por onde haviam ido e, então, essa garota apareceu. Eu me lembrava vagamente de seu rosto, mas o nome ainda estava perdido. Ela se aproximou com um sorriso doce e surpreso.


 


- Oi, James, o que faz por aqui?


- Oi... Você. Eu estou procurando Sirius, Remus e Peter. Você não os viu por aí, viu?


- Não, não vi... Mas posso te ajudar, se quiser.


- Com certeza eu quero. – era perfeito, afinal, eu não sabia onde procurar – Mas se importa de me dizer o seu nome? É que eu...


- Ah, claro! Teve amnésia, ouvi dizer... Bem, sou Ariane Lensher. – disse me estendendo a mão.


- James Potter, embora você já saiba. – respondi apertando sua mão – Prazer em conhecê-la. De novo.


- Alguma idéia de por onde começar? – perguntou olhando em volta.


- Na verdade, esperava que você me dissesse. – ela riu.


- Vamos ver... Não acredito que vá fazer diferença, achar alguém num castelo deste tamanho é mais uma questão de sorte, então... Começamos pela direita. – concluiu e começou a andar.


- Por que direita? – perguntei enquanto a seguia. Ela apenas deu de ombros.


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Sirius Black



- Mas onde aquele cabeça oca se meteu!? – exclamei procurando James no mapa.


- Ele estava bem atrás de nós e, de repente, sumiu. – disse Peter.


- Ele deve ter seguido por outro caminho... Procure perto das saídas, Sirius. – pediu Remus encostando-se à parede para descansar.


 


Segui o conselho de Remus, mas o lugar onde encontrei James não era exatamente perto de uma das saídas. E ele não estava, como eu esperava, sozinho.


 


- O que James faz com Ariane Lensher? E quem é ela!? – perguntei meio irritado.


 


Remus se desencostou da parede e veio olhar o mapa por cima de meu ombro. Peter o seguiu e os dois passara alguns segundos observando os dois pontos no mapa andando lado a lado uma andar abaixo da saída mais próxima.


 


- Corvinal, sétimo ano e temos algumas aulas juntos. – disse Remus.


- Loira, olhos azuis, não muito alta, magra... E acho que James tem alguma intimidade com ela, lembro dele comentando ter ajudado ela e as amigas com qualquer coisas algumas semanas atrás.


- Pensei que ele ainda quisesse a Evans... – comentei.


- E quer, mas isso não o impede de falar com outras garotas. – Remus argumentou – Além do mais, ele finalmente amadureceu o suficiente pra ver que içar insistindo nunca deu certo e nunca daria.


 


Não respondi, por algum motivo esse amor (platônico, diga-se de passagem) de James pela Evans sempre me irritava, apesar do próprio James ignorar este fato e continuar me falando sobre isso o tempo todo. Eu nunca reclamei explicitamente porque, bem, sou o melhor amigo dele, não? É uma das minhas funções.


 


- Será que eles estavam tendo alguma coisa? – sugeriu Peter.


- É possível. – respondi me lembrando se seu sumiço noite passada – Que tal irmos atrás deles?


- Isso é espionar, invasão completa de privacidade. – protestou Remus.


- Remus, só o fato deste mapa existir já extingue 60% da privacidade de qualquer pessoa que ande por este castelo. – rebati – Agora vamos logo, eu preciso saber o que está acontecendo.


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Fomos seguindo os dois pontos pelo mapa, eles desciam cada vez mais e eu começava a desconfiar onde eles estavam indo.


 


- Acho que vão para a cozinha. – disse Peter – Sabe que não é má idéia dar uma passada lá...


- Não seja tolo, Rabicho, não podemos deixar que nos vejam. – o repreendi – Quero ver o que estão fazendo, não me juntar a eles.


- Ah...


 


Estávamos sempre cerca de um corredor de distância dos dois, assim podíamos andar sem precisar nos esconder ou falar baixo. Eu acreditava que eles só conversariam direito quando chegassem a seu destino final, então, não me importei de perder uns poucos minutos de conversa.


O que eu queria mesmo era ver o rosto desta garota, afinal, “loira, olhos azuis e magra” se encaixa em, pelo menos, 75% das garotas de Hogwarts. O nome não me era estranho, mas não conseguia mesmo lembrar dela. Nunca prestei mesmo atenção nas garotas deste lugar, são todas iguais. Fúteis, interesseiras, algumas escondem isto atrás de inteligência, algumas abusam da simpatia, mas no fundo são todas iguais.


XxXxXxXxXxXxXxX


Quando chegamos mais próximo a cozinha finalmente fizemos silêncio, os dois não conversavam nada de interessante, mas pareciam gostar de estar na companhia um do outro.


 


- E acabou que não fomos procurar seus amigos. – disse a garota.


- Ah, eles tem seus próprios meios de me encontrar, já teriam feito isso se quisessem. – James respondeu – E você é legal, não vou me importar de passar mais um tempo aqui conversando.


- Ah, pára, James! Sabe que me deixa sem graça.


- Eu sei, é divertido. – ouviu-se um pequeno tapa e duas pessoas rindo.


 


Remus nos arrastou para longe da porta, achei que ele quisesse falar alguma coisa, mas estranhei quando ele não parou de andar.


 


- Aluado, o que está fazendo, vamos perder a conversa... – reclamei.


- Não precisamos mais ficar aqui. – ele respondeu com simplicidade.


- O quê? Por quê? – Peter perguntou.


- Está claro que James quer ficar conversando com a Lensher, então, por que atrapalhar? Ele sabe muito bem o que quer. – Remus respondeu, como sempre, sensatamente e tivemos que concordar.


 


Ele nos soltou e fomos andando normalmente para a torre. O silêncio se instaurou entre nós, mas não era incômodo, apenas cada um tinha o que pensar. Eu pensava se seria complicada a transformação de Remus dali a três dias, afinal, era perigoso que James tentasse se transformar sem saber direito o que fazer eu sozinho para segurá-lo é imprudente demais até para Marotos. Era uma das coisas que iríamos tentar fazer dar certo hoje, mas parece que o Sr. Potter  esqueceu que já viu garotas antes...


 


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Remus Lupin


 


Já estávamos no quinto andar a caminho do dormitório, todos calados, pensando em que quer que fosse. Embora eu tentasse, justamente, não pensar. Não que se preocupar com a lua cheia chegasse ao ponto de ser demais, é só que era muito frustrante. Eu sabia o que era o certo a se fazer, mas parece impossível! Passar pela transformação sem eles é três vezes mais doloroso e insuportável, sem falar que até parece que os cabeças oca iam aceitar algo deste tipo.


 


- Hey, Sr. Responsável. – ouvi a voz de Carrew atrás de mim.


- O quê? – perguntei já meio irritado, sempre que ela aparece me acontece alguma coisa ruim, estou começando a achar que é algum tipo de agouro.


- Temos um trabalho para refazer, lembra? – perguntou assim que chegou mais perto – Olá, vocês. – completou olhando para Sirius e Peter.


- Claro. Quando?


- Eu estava pensando em, tipo, agora. Pode ser?


 


Eu estava um pouco cansado e sem um pingo de saco para fazer trabalhos complicados, mas isso só ia piorar e, quanto mais perto da lua cheia, mais longe gosto de ficar de estranhos e, principalmente, pessoas que me irritam.


 


- Ótimo. Vejo vocês mais tarde. – disse para os outros dois.


 


Fomos andando lado a lado para a biblioteca em silêncio desconfortável. Comecei a olhá-la o mais discretamente possível enquanto caminhávamos, nunca havia reparado bem nesta garota, o que é bem difícil pois ela tem cabelos roxos. Quer dizer, eu sabia quem ela era de nome e a fama de boas notas e até alguns boatos, mas... Nunca tinha notado o quanto é estranha. Ela caminhava olhando para o nada e mexendo a cabeça ritmadamente com a música que cantarolava , percebi que isto me incomodava.


 


- Será que dá pra tentar parecer normal? – perguntei quando o cantarolar realmente começou a irritar.


 


Carrew olhou para os lados e para trás antes de me encarar surpresa.


 


- Ta falando comigo?


- Com quem mais eu estaria falando? – perguntei revirando os olhos.


- Não sei, as linhas da sua mão indicam que você tem uma vida dupla, isto pode significar esquizofrenia. – respondeu num tom que poderia perfeitamente estar me avisando sobre um cadarço desamarrado.


 


A coisa que mais quis naquele momento foi um espelho. Ou uma câmera. Na verdade, qualquer coisa que me fizesse ver a minha cara serviria, porque eu parei onde estava e fiquei olhando para ela tão... Tão sei lá o quê com a resposta que havia recebido que daria tudo para ver minha expressão. Era simplesmente ridículo! Como alguém pode dizer algo deste tipo!?


 


- Como é que é!? – perguntei só pra ter certeza que tinha ouvido corretamente.


- É uma doença trouxa, sabe? Mexe com a cabeça das pessoas, faz elas acharem que são duas, ouvem vozes, vêem coisas... – sim, eu sabia o que era esquizofrenia, por isso mesmo estava tão abismado com o absurdo da situação – Querido, você está bem? – ela perguntou num tom doce – Você parece assustado ou muito surpreso com alguma coisa...


- Nada, você tinha razão. – respondi voltando a mim – Eu devo ser esquizofrênico. – completei para mim mesmo enquanto respirava fundo para me acalmar, ela sorriu ainda doce.


- Admitir é o primeiro passo. Vamos?


- Claro.


 


Voltamos a andar, ela cantarolando e mexendo a cabeça, eu pedindo paciência a Merlin para conseguir aturá-la pelas próximas horas.


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Escolhemos uma mesa no fim da biblioteca, eu fui pegar o monte de livros que havia usado para fazer o primeiro trabalho, disse a Carrew que fizesse o mesmo, porém, quando voltei, lá esta ela sentada e olhando para o teto sem nenhum livro por perto. Pus os livros na mesa com força para chamar sua atenção.


 


- Ah, você voltou. – ela disse com um pequeno sorriso, se desencostou da cadeira e começou a procurar algo em sua mochila.


- Pensei que íamos pegar livros para trabalhar. – alfinetei. Ela olhou para os livros e depois para mim antes de responder.


- Eu tentei te dizer. – respondeu finalmente tirando alguns rolos de pergaminho da mochila e conferindo antes de estender para mim – Não será necessário.


 


Peguei os papeis com curiosidade, era um trabalho de Poções pronto com nosso nome e tudo.


 


- Onde conseguiu isso? – perguntei olhando-a surpreso e até com um pouco de medo da resposta.


- Eu fiz hoje de manhã. – respondeu – Entreguei ao Slughorn, lembra?


- Você roubou isso de volta!?


- Claro que não. – disse revirando os olhos – De onde você tirou isso? Que idéia ridícula... Este é o trabalho original, fiz um feitiço de cópia e entreguei ao Slughorn. Agora, se bem o conheço, vai implicar conosco até onde puder, lei e veja o que podemos alterar aí.


Comecei a ler o trabalho só pra não arrumar confusão, tinha certeza que era uma cópia exata de um livro qualquer, porém, com muita surpresa, me deparei com uma dissertação perfeita que deixava simples até os pontos mais difíceis do assunto.


 


- Onde arrumou o texto? – perguntei realmente interessado. Ela pareceu confusa com a pergunta.


- Ah... Na minha cabeça? O que você quer dizer?


- Bem... Ah, vamos lá, você não escreveu isso tudo hoje de manhã.


- Que bom que você gostou, mas ainda não entendi o que você quer dizer com isso. Claro que fui eu que escrevi! Por que eu diria se não fosse?


- Sim, mas onde você achou este texto? Ele é muito bom, podemos tirar várias coisas dele para o trabalho.


- Eu já disse que escrevi esta manhã, quer parar de dar uma de maluco? Ok, talvez seja difícil sendo esquizofrênico, mas qual parte do “eu fiz isso” está tão difícil de entender?


Eu a olhei confuso. Era impossível que ela tivesse escrito aquilo em uma manhã, mas não parecia estar mentindo. Por outro lado, eu não a conhecia, ela podia ter inventado seu próprio jeito de mentir, era uma garota muito estranha, afinal.


- Você tem consciência de que, se formos pegos pelo Slguhorn com cópias, estaremos fritos, não é? – perguntei só para confirmar.


- É óbvio que sim. – respondeu revirando os olhos.


- Ok, então vamos ver o que pode ser modificado. – disse me sentando ao seu lado – Acho que tenho alguns rascunhos do meu aqui... Podemos juntar os dois.


- Pra mim parece perfeito, vamos começar, me dá o seu. – pediu sorrindo como se nada tivesse acontecido antes.


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Uma das maiores vantagens de ser monitor é que temos acesso a alguns arquivos da escola, o que significa que podemos bisbilhotar a vida dos alunos (ou parte dela) alegando conferir detenções e coisas do gênero.


Assim que saí da biblioteca fui à sala de Filch pesquisar sobre Carrew, havia algo muito estranho nela e eu precisava saber mais. Não levou muito tempo para que encontrasse sua pasta.


 


Nicole Marrie Carrew


Sexo: Feminino


Data de nascimento: 04.04.1961


 


Endereço, filiação, ficha hospitalar, uma foto de cada ano... Histórico escolar, era este que eu estava procurando. Procurei algo para me sentar e aproveitar a leitura.


E quanto mais eu lia, mais surpreso ficava, as notas dela estavam entre as melhores , não só do ano, mas dos últimos 40 anos (isto estava entre as anotações dos professores, é claro que eu não saberia sem este fato). Como alguém tão fora do mundo podia ser tão inteligente?


 


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Jéssica Buttler


 


Eu havia cansado de ler e já não tinha quase ninguém na sala comunal com quem conversar. Lily ainda estava absorta em seus trabalhos e eu não queria atrapalhá-la, então só me restava pensar na vida. Bem, mais precisamente em Sirius Black, ele estava me deixando louca. Não no sentido de apaixonada e tal, mas eu só não sei o que fazer. Fico nessa de: ajo. Não ajo. Ajo. Não ajo. Ajo. Não ajo... Ah, isso me cansa! Eu preciso de alguém pra me dizer o que fazer.


 


- Lily? – chamei ainda pensativa – O que você acha que devo fazer? – ela me olhou por um momento.


- Um bom começo seria me contar a que você se refere. – respondeu – Aí eu posso te ajudar.


- Me refiro a... – olhei em volta e baixei a voz – Black. Acha que eu deveria fazer alguma coisa ou deixá-lo vir até mim. Foi ele quem começou isso todo, afinal, se quer continuar ele que deveria procurar.


- Por que está perguntando pra mim? – devolveu o sussurro – Acabou de responder sua própria pergunta, já parece ter decido o que fazer. – considerei por um momento.


- É verdade... Bem, você concorda? – e começamos a conversar por sussurros.


- Não sou a melhor pessoa pra te dar conselhos amorosos, Jeh, você sabe do meu histórico. – respondeu com um sorriso amarelo.


- Tem razão de novo... Mas ninguém que eu conheça tem um histórico muito melhor que o seu e você está mais perto e, o mais importante, é uma das únicas que sabem do ocorrido.


- Agora que tocou no assunto... Por que fazer tanto segredo? – Lily se aproximou curiosa – Quero dizer, não é legal ter todo mundo aqui comentando, mas você parece ter um horror fora do comum a esta idéia.


- Lil, nunca houve boatos sobre Black ter se envolvido com alguém nesta escola, como você acham que esse pessoal ia reagir? – Lily pensou por um momento.


- Ponto pra você. Mas me diz só mais uma coisa... Por que tudo isso agora? Eu quero dizer, você já gostava dele, foi a detenção, foi o beijo...?


- Não sei onde você quer chegar com isso. – respondi – E eu não gosto dele.


- Oh, não, claro...


- Não gosto! – retruquei – É só curiosidade e, bem... Você tem que admitir que nenhum cara nesta escola chega perto dele.


- Sou obrigada a concordar. – disse Lily entre risos – É um desperdício alguém tão bonito ser tão fechado e não querer nada com ninguém. Hey, você acha que ele já...


- Lily Evans! Não ouse terminar esta frase! – falei o mais alto que um sussurro permitia. Então olhamos uma para a outra e caímos na gargalhada.


 


Bem, pelo menos agora eu sabia que não era a única a divagar sobre a vida sexual das pessoas. Minha atenção foi desviada para dois garotos que entravam pelo buraco do retrato conversando animadamente. Black e Pettigrew, meu coração acelerou.


 


- Vai falar com ele! – Lily disse aos sussurros outra vez.


- O quê?


- Anda, fala com ele! – encorajou.


- Pensei que tínhamos decidido deixá-lo vir até mim. – rebati.


- Não precisa ser sobre isso.


- E sobre o que mais seria? – perguntei tentada a seguir o conselho dela.


- Não sei, sobre o que vocês conversavam?


- Coisas muito superficiais pra puxar assunto do nada... Eu não vou, Lil, não tenho o que falar.


- Pergunte a ele sobre James. – disse Lily – Como está, essas coisas...


- Tem certeza que é boa idéia? – perguntei insegura – Quer dizer, perguntar pra um cara sobre o outro.


- Humm... Diga que eu estou quase morrendo pra saber. Não com tanto drama, é claro.


- Tá, assim Pode ser...


- Vai logo, ele está indo pro dormitório! – disse me empurrando.


 


Me levantei depressa e fui na direção dos dois garotos, não sabia exatamente o que estava fazendo ou o que ia falar, mas Lily me estrangularia se eu desistisse.


 


- Hey, Black. – chamei antes que ele chegasse a escada. Ele se virou e me olhou curioso.


- Sim? – perguntou depois de um tempo em que eu estava apenas parada tentando formular frases coerentes.


- Ah... Eu estava me perguntando se você sabe onde está o James. – ele arqueou uma sobrancelha.


- É, eu sei. – disse conclusivamente.


- E pode me dizer?


- Não vejo motivos para isso. Acabou? – respondeu/perguntou me deixando indignada com tamanha grosseria.


- É, acabei. – respondi com frieza.


- Ótimo, da próxima vez que quiser uma desculpa pra falar comigo, escolha algo mais sutil como o tempo. – disse num tom mais frio que o meu.


- Mas com quem você acha que está falando!? – elevei a voz irritada – Hã? Acha que eu sou algum tipo de idiota que você trata e fala como quer? Pois está muito enganado, eu...


- Boa noite. – falou antes de virar as costas e me deixar falando sozinha no meio da sala comunal.


 


O ódio que me invadiu com ondas de calor foi tão forte que eu me sentia possuída por alguma coisa e, quando olhei para Black, sentir essa coisa atingi-lo com fora no rosto e ele perder o equilíbrio caindo para trás perto de meus pés. Espera, eu fiz isso? Legal! A raiva passou e eu sorri satisfeita. Olhei para o moreno que segurava o olho xingando e balancei a cabeça negativamente.


 


- Oh, me desculpe, foi sem querer. – disse ironicamente, embora realmente não tenha sido intencional, e saí para me sentar perto de Lily que me olhava atônita.


- Me lembre de nunca mais te irritar. – disse Lily quando me sentei ao seu lado.


- Ah, cala a boca! – respondi rindo.


 


Neste momento, o buraco do retrato se abriu de novo e Remus entrou sozinho, parecia um pouco perturbado, mas veio falar conosco quando nos percebeu.


 


- Olá, Lily. – cumprimentou – Jéssica. Lily, o que há de errado com a sua amiga?


- Acredito que esteja se referindo a Nicole. – disse Lily e Remus confirmou com a cabeça – Andaram fazendo o trabalho de Poções? – ele confirmou outra vez – Ninguém sabe. – Lily deu de ombros – Ela é simplesmente genial quando quer.


- Ela é maluca! – ele exclamou – É estranha e... Maluca!


- Hey! Não pode falar assim da minha amiga na minha frente! – repreendi.


- É verdade, devagar com as palavras, Remus. – Lily apoiou.


- Ok, me desculpe. É só... Muito estranho, ela é tão... Tão... Parece ser de outro mundo.


- Ela é muito especial mesmo. – Lily disse com carinho.


- Você não vai encontrar outra pessoa igual no mundo. – completei.


- Ok... Obrigado pelas informações, por um momento achei que ela só queria me irritar... Bem, boa noite.


- Boa noite. – respondemos em coro.


- Hey, Remus! – Lily chamou antes dele se afastar muito – Achei que James estivesse com vocês... Onde ele se meteu?


- Ah... Está na cozinha. – respondeu e sumiu nas escadas do dormitório.


 


Lily cerrou os olhos para o local onde Remus estivera e ficou pensando por alguns segundos antes de falar.


 


- Aí tem coisa.


- Não se deixa um amigo com amnésia sozinho tão longe da torre. – concordei.


- Acha que ele está com alguém? – perguntou – Quero dizer, uma garota.


- Não... Ele deve estar confuso demais pra isso. – respondi embora a questão tivesse me deixado um pouco intrigada.


- A primeira coisa que ele fez foi me cantar, lembra?


- É, mas... Era você, Lily. A única maneira e James não te cantar é não sendo ele. – disse rindo. Lily riu também e se acomodou mais no sofá – Ainda vai demorar aí? – perguntei olhando para os relatórios que ela fazia.


- Um pouco... Não precisa me esperar, eu sei que está com sono.


- Tem certeza?


- Absoluta. Boa noite. – disse acenando um “tchau”.


- Boa noite, Lil.


 


 Fui para o dormitório pensando em como é legal se descontrolar as vezes e tendo pequenos acessos de riso ao lembrar de Black caindo da escada. Ok, foram só dois degraus, mas ainda valeu a pena ver.


... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...


 


Remus Lupin


 


- Maldita garota! – ouvi Sirius xingar quando abri a porta do dormitório.


Parei e observei antes de entrar para ter uma noção do que estava acontecendo. Sirius revirava o quarto com uma mão só, pois com a outra segurava um pano no olho, Frank estava sentado a um canto com um livro nas pernas mas olhando para Sirius e Peter tentava conter o riso sentado em sua cama.


 


- Ela me paga! Não sei como, mas paga! – Sirius exclamou de novo – E cadê a maldita poção?


 


Achei melhor não falar diretamente com ele, estava bastante alterado e ninguém merece o Almofadinhas com raiva.


 


- O que aconteceu por aqui, Rabicho?


- Aquela garota, Jéssica, veio perguntar a Sirius sobre James e ele foi super grosso. – pausa para acesso de risadas – Ela ficou irritada e, não sabemos se acidental ou não, ela fez alguma coisa socá-lo e ele caiu da escada.


- O quê? – perguntei já rindo também.


- E ele caiu bem aos pés dela! – completou.


 


Olhamos para Sirius com o olho meio inchado e roxo e não agüentamos mais prender o riso. Frank, que pelo jeito não havia perguntado antes, se juntou a nós, embora com risadas mais discretas. Sirius apenas nos olhou irritado e continuou procurando a poção de cura.


 


- Mas por que ela falou com você, afinal? E ainda mais para saber do James, Lily faria isso, mas Jéssica...


- E por que a Evans de repente ficou tão interessada no Pontas? – Sirius perguntou com raiva.


 


A preocupação que James acordasse e bolar um plano para se vingar do batedor da Sonserina tinha desviado a atenção de Sirius deste assunto, no entanto, a questão tinha voltado a tona e eu ainda não sabia o que dizer, afinal, não era algo sobre o qual eu devesse decidir.


 


- Talvez ainda seja o peso na consciência. – sugeriu Peter.


- Oh, por Merlin, Peter! Você ainda acredita que ela não nos encanou de propósito? – disse Sirius.


- Pega leve, Sirius. – intervim – Ela me disse que...


- Ela é sua amiguinha, Aluado, não me surpreende que você acredite. – Sirius contrapôs antes mesmo que eu acabasse de falar.


- Por que essa raiva toda da Lily, afinal, ela nunca te fez nada. – argumentei.


 


Sirius se resumiu a m lançar um olhar irritado e continuar procurando.


 


- Seria mais útil se você usasse um feitiço convocatório. – Frank disse enquanto folheava distraidamente o livro que tinha nas pernas, já não prestava mais atenção em nós.


 


Peter e eu voltamos a rir da cara de Sirius que, ainda mais irritado, sacou a varinha.



... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...


 


Lily Evans


 
 Desisti de fazer os relatórios uns dez minutos depois de Jéssica ter saído. Não era tarde, mas a sala comunal estava vazia exceto por um segundanista que dormia numa poltrona perto da janela. Iria acordá-lo assim que criasse coragem para levantar, estava frio demais para dormir sem agasalhos.


 Antes que eu pudesse sair da cadeira o retrato girou outra vez e James entrou distraído e com um sorriso meio bobo no rosto, porém, percebeu que eu estava lá e veio em minha direção.


 


- Hey, Lily, desculpe por sair da enfermaria antes de você chegar, os caras apareceram por lá e começaram a fazer a minha “re-iniciação” – ele fez as aspas com os dedos – então fui andar por aí com eles.


- Sem problemas, eu tinha mesmo esse monte de coisas pra fazer. – respondi indicando a pilha de pergaminhos a minha frente – Mas... Os garotos chegaram há algum tempo.


- É... Bem eu me perdi deles numa passagem secreta. – respondeu passando a mão nos cabelos.


- E eles voltaram para a torre sem você? – perguntei estranhando.


- Devem ter procurado, mas é um castelo grande... De qualquer forma, eles já tinham me mostrado onde era a torre, então também podem ter presumido que seria mais fácil me esperar voltar.


- Ah... Bem, como está se sentindo? – perguntei assumindo que a explicação dele era bem viável.


- Muito bem, já me lembro de um bocado de coisas. – falou sorridente – Infelizmente, sobre você ainda está bem confuso.


- Infelizmente? – quis saber.


- É. Sabe, eu gostei de você. – respondeu meio sem jeito – Não pense que estou dando em cima nem nada, é só que... Você parece ser muito legal, é gentil, muito bonita e, pelo jeito, muito inteligente. – disse apontando o amontoado de trabalhos – O tipo de pessoa que é bom ter por perto.


 Senti meu rosto esquentar diante de tantos elogios.


 


- Ah, James, pára! Me deixa sem jeito. – pedi totalmente vermelha, ele começou a rir da minha cara.


- Sério, você é adorável. – afirmou.


- Pensei que ia parar de me deixar encabulada. – falei. Ele riu outra vez.


- É a primeira garota que vejo que não gosta de elogios. – comentou – Eu acho, pelo menos. – acrescentou com humor.


- Não é que eu não goste de elogios, é só que... – argumentei, mas não consegui terminar a frase.


- É só que é encantadora demais para admitir. – sorriu. Fiquei ainda mais vermelha, se é que era possível.


- Ok, assim vai me deixar é mal-acostumada. – falei ainda bem sem jeito – Mas obrigada, de qualquer jeito.


- Ohh, vejo que já está se acostumando mesmo. – disse rindo e dei um tapa em seu ombro embora também estivesse rindo.


- James? – a voz de Sirius surgiu das escadas.


- Ah, oi Sirius. – James respondeu – Quer se juntar a nós?


- Não... Na verdade precisamos de você lá em cima. Temos de tratar do problema peludo do Remus. – Sirius respondeu com um olhar significativo a James e certo desprezo para mim.


- Ok. – disse James – Me desculpe, Lily, conversaremos mais amanhã. Prometo.


- Bem, já estava mesmo ficando tarde... Boa noite. – respondi.


- Boa noite. – disse acrescentando uma piscadela e um beijo na bochecha.


 Fiquei observando eles desaparecerem na escada e, só então, fui acordar o segundanista antes de ir para o meu próprio dormitório.


 


... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...


  


 James Potter


- Por acaso você virou algum tipo de devasso depois da pancada na cabeça? – Sirius perguntou num tom impaciente mas que, ao mesmo tempo, não era muito sério.


- Qual o problema? São garotas simpáticas. – respondi.


- É, te arrancarão a cueca pela cabeça na primeira oportunidade. – rebateu – E qual é a da Evans, afinal? Ela costumava te odiar.


- Não sei, Almofadas, as lembranças sobre ela estão muito misturadas, como se estivessem todas fragmentadas e misturadas... É estranho. – falei pensativo.


- Certo... Vamos deixar isso pra lá e nos concentrar em algo que preste agora, ok?


- Sabe, Sirius, você está mais rabugento que de costume hoje... Pegou pulgas de novo?


- Pro inferno, Pontas. – respondeu mal-humorado.


- Uhhh, deslcupa. – disse antes de entrar no quarto.


 


Começamos a discutir se eu iria ou não a transformação de Remus dali a dois dias. Eu achava que estaria pronto, Sirius e Peter concordava, Remus, como sempre, hesitando... Chegou a um ponto da discussão que eu quase não escutava mais, deixava meus pensamentos vagarem de Lily para Ariane. Eram parecidas em vários aspectos de personalidade, mas alguma coisa em Lily me fazia ficar confortável ao seu lado. Só omiti dela o encontro com Ariane porque a mesma me pediu, disse que é constantemente alvo de fofocas no castelo e que não precisava de mais um boato. Não que eu achasse que Lily ia sair espalhando, mas... Bem, apenas prometi a Nani que não diria a ninguém.


 


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