Começos e Fins



Capítulo IX – Começos e Fins


 


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O mundo é uma coisa engraçada, crianças.


Ele dá milhões e milhões de voltas (Vulgo: Karma).


O movimento de rotação é uma coisa mágica e é a favor de uns e contra outros.


 


(Nanny D. – Nossa História é Tão Clichê)


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Nicole Carrew


 


- Hey, Nicole! – essa voz está se tornando conhecida demais.


 


Estava indo para as minhas primeiras aulas quando ele me chamou.


 


- E aí, Josh, tudo bem? – perguntei sorrindo ao me virar e esperar que ele chegasse até mim.


- John. – ele me corrigiu pela enésima vez – Escuta, nós temos mesmo que nos reunir esta semana pra fazer aquele bendito trabalho, estamos super atrasados.


- Eu sei, estava pensando nisso mais cedo... Que tal nos reunirmos na biblioteca hoje depois do jantar? Você vai estar livre?


- Sim. Às oito?


- Combinado. Até mais, Josh. Quer dizer, John! – me apressei em corrigir.


- Um dia você acerta. – ele disse bem humorado, eu ri.


- Um dia, quem sabe. Tchau.


 


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Jéssica Buttler


 


 


No dia seguinte me sentia um pouco melhor, mas, como ainda estava resfriada, tive de permanecer na enfermaria. Lily e Nick vieram me ver durante o almoço e me trouxeram uns livros, mas não puderam ficar muito tempo, então passei a tarde toda lendo.


 


É claro que Lily deu um jeito de dar uma olhada em James antes de voltar às aulas e, de novo, antes de jantar, quando o horário de visitas acabava. O que foi muita sorte, porque decidiram levá-lo para o St. Mungus esta noite e Lily teria enlouquecido antes da hora se soubesse disso. Mas, pelo que ouvi, é só uma precaução, parece que querem a opinião de outros curandeiros. Espero que seja verdade, pois estou começado a me preocupar também.


 


De qualquer maneira, não penso nisso depois, tenho uma dúzia de dever de casa para fazer agora. Acho que preferia quando não tinha nada...


 


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Nicole Carrew


 


 


Saí do dormitório já sem aguentar mais a voz de Kathy Butcher. Ela tinha que ser da minha casa? Do meu ano? Garota irritante! Não sei como a Nani ainda se junta com ela...


 


Hum... Acho que tinha alguma coisa pra fazer agora, mas não consigo lembrar o que era... Pensei enquanto vagava pelos corredores. Já deixei os deveres de Jéssica com ela na enfermaria, Lily está na torre da Grifinória, não lembro de ter marcado nada com David... Ou será que marquei?É bom ir conferir. Já pensou se marquei e não apareço? Ele ia ficar muito irritado.


 


Peguei, então, o caminho que leva à cozinha. Sempre tem alguém da Lufa-lufa por aquele corredor.


 


 


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Jéssica Buttler


 


 


- Ele não está aqui. – falei ao ouvir o som de passos na enfermaria tarde da noite.


- O quê? Como assim? – Sirius se materializou já sentado aos pés de minha cama com o semblante sério. Fechei o livro que estava lendo e olhei para ele.


- Por favor, não espalhe isso por aí, mas levaram James para passar a noite no St. Mungus. – respondi.


- Por quê? – ele exigiu.


- Eu não sei, mas, pelo que ouvi, só queriam a opinião de outros curandeiros. Acho que ele estará de volta amanhã.


- Entendo...


- Bem, é melhor que esteja ou Lily vai ter um ataque... – Oops, não devia ter dito isso.


- Já que você mencionou, que história é essa da Evans se preocupando com o Pontas? –subentendi que “Pontas” era o James.


- Olha, acho que a única coisa que posso te contar é que Lily mudou de idéia. – achei que ele fosse insistir, mas apenas ficou quieto por alguns segundos.


- Então... O que é isso que está lendo? – perguntou apontando o livro que eu havia posto de lado quando ele chegou.


- Orgulho e Preconceito. – respondi mostrando-lhe a capa – Sou fã da Jane Austen.


- Hum... Eu devo parar de te interromper, então. – falou se levantando.


- Não! – disse depressa segurando seu braço – Eu adoro de ler, mas é insuportável ficar aqui a noite inteira sozinha. Pode ficar só mais um pouco?


 


Ele ponderou por um momento e sentou-se outra vez.


 


- Eu não tenho mesmo os dois primeiros tempos amanhã...


 


 


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Nicole Carrew


 


Bom, David ficou surpreso ao me ver ontem, o que significa que não era com ele que eu havia marcado... Será que era algo importante? Ainda pensava na manhã seguinte.


 


Estava andando tranqüila por um corredor do terceiro andar indo para o meu dormitório descansar um pouco antes do almoço quando um par de mãos agarrou meu braço e me puxou pra dentro de uma sala.


 


- O que você acha que está fazendo!? – perguntei quando ele soltou meu braço.


- Obrigando você a ter alguma responsabilidade! – respondeu irritado.


- Pro seu governo, eu sou muito responsável! – retruquei sentando numa mesa próxima.


- Ah é? Deve ser por isso que estamos tão atrasados pra o maldito trabalho de poções. Ou por que, também, eu fiquei plantado por uma hora na biblioteca ontem! – gritou.


 


Aaah merda. Era isso que eu tinha que fazer! Pensei. Mas ele não precisa saber que eu esqueci...


 


- Eu tive um imprevisto. – menti descaradamente. Devo comentar que sou uma mentirosa bem convincente.


- Ah, claro, foi procurar algum coelho pra arrancar o pé e ver se dá sorte? Ou, quem sabe, procurar potes de ouro de gnomos? E, mesmo assim, por que diabos não avisou?


- Relaxa aí, cara, eu esqueci desse detalhe...


- Quer saber? Pra mim chega! Mudei de idéia, vou fazer isso sozinho. Vai, pode sair. – e se sentou numa mesa onde havia vários livros.


- Pára de ser ridículo, garoto. – falei levantando e indo até ele já irritada.


- Sai.


- Não.


- Sai agora.


- Não.


- Vou ter que te colocar pra fora? – perguntou se levantando também.


- Eu gostaria de te ver tentar! – desafiei tirando a varinha do bolso.


 


Mas, antes que eu pudesse pensar em algum feitiço, ele tomou a varinha da minha mão.


 


- Vai fazer o quê agora? – perguntou em tom de deboche.


- Me devolve a varinha. – pedi forçadamente calma, estava a ponto de explodir.


- Não.


- Você já mostrou o quanto é rápido, agora devolve a varinha. – minha voz começava a tremer de raiva.


- Não. – repetiu e enfiou a varinha dentro da camisa – Vai ficar bem guardada, não se preocupe.


- Não me force a pegar por conta própria, Joey, eu não tenho medo de meter a mão aí.


- Ah é? Eu gostaria de...


 


Não deixei que ele terminasse a frase. Pulei em cima dele derrubando-o no chão e começamos a brigar. Ele tentava segurar minhas mãos enquanto eu tentava puxar a camisa dele pra fora da calça. Isso tudo embolando pra lá e pra cá no chão. Ele conseguiu imobilizar meus braços e, estava quase conseguindo me tirar de cima dele quando decidi usar algo que raramente faço, dei-lhe uma mordida no ombro.


 


Ele soltou um gemido de dor, mas não me soltou. Apertei o mais que pude, mas ele estava resistindo, embora eu soubesse que estava doendo pelos barulhos que ele fazia.


 


- O que exatamente está acontecendo aqui!? – paramos de brigar e olhamos para a porta.


 


Meu estômago foi parar perto do centro da Terra e senti o sangue congelar quando vi a expressão de David parado à porta. Só então me dei conta da nossa posição. Eu estava ajoelhada por cima de Joey e ainda inclinada sobre ele como fiz para dar a mordida. As mãos de Joey, por sua vez, desapareciam dentro da minha capa prendendo meus braços à lateral do meu corpo. Isso sem contar o quanto estávamos descabelados, vermelhos e suados pelo esforço e o notável progresso que eu havia feito tentando tirar sua camisa.


 


Não sei quanto tempo se passou até que alguém se mexesse outra vez, mas foi David quem o fez, dando-nos as costas e indo embora da sala. Fiquei congelada ainda por alguns segundos olhando para a porta com um único pensamento na cabeça.


 


Ok, agora ferrou.


 


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Lily Evans


 


 


- Então a gente faz esta pequena demonstração com um sapo e encerra a apresentação. – sorri para Frank sentado à minha frente.


- Cara, eu tenho muita sorte de ter ficado em dupla com você. – disse ele – Lily, você é um gênio! Sério, não fosse por sua causa eu estaria perdido!


- Que é isso, Frank... – falei me fazendo de modesta – Tem muita gente boa em Poções em Hogwarts.


- Não tão bons quanto você. – ele emendou.


- Ok, pode parar, eu não vou tirar seu nome do trabalho... – brinquei – Hum... Acho que dá tempo de dar uma passada na enfermaria antes do almoço se corrermos com isso aqui... – falei, desta vez séria, consultando meu relógio de pulso.


- Tudo bem, eu cuido da parte escrita. – disse Frank sorrindo – Vai lá.


- Não é justo, Frank, é muita coisa...


- Hey, você já fez a parte difícil, lembra? Me deixe ao menos escrever pra que eu não me sinta tão inútil.


- Obrigada. – disse sinceramente quando me levantei – Você é um amor! – e dei-lhe um beijo estalado na bochecha antes de me encaminhar para a saída da biblioteca.


 


 


Tenho de admitir: quem olha de fora não dá muita coisa por Frank Longbottom, mas ele é um cara e tanto.


 


Tinha acabado de sair da biblioteca quando alguém me chamou. Fiquei esperando que Alice Lafferty chegasse até mim para ver o que ela queria. Já falei que acho Alice muito simpática apesar de ser tão popular? È algo tão raro de se ver...


 


- Lily, eu... Quer dizer, posso te chamar assim, né? – perguntou meio incerta. Que educada!


- Pode sim. – sorri – Alice?


- Claro. Afinal, dormimos no mesmo quarto há sete anos... Faz até vergonha que a gente se conheça tão pouco... – disse e, no instante segundo, parecia estar realmente envergonhada com isso.


- Não se incomode, ainda temos tempo de consertar... – sorri amarelo.


- É...


 


Alguns segundos em silêncios constrangedor.


 


- Bem... Acho que não veio me procurar só pra isso, estou certa? – perguntei.


- É, acertou. – falou rindo ainda um pouco sem graça – O caso é que você é a melhor da nossa turma e... Eu queria que você me ajudasse com uma matéria. – falou mordendo o lábio e olhando pra mim. Rezei que isso não fosse urgente.


- Que matéria?


- Herbologia. – foi então que uma lâmpada se acendeu em minha mente.


- Hum... Na verdade, acho que posso fazer algo bem melhor que te dar aulas. – respondi sorrindo maliciosamente.


- E isso seria...?


- Vou te encaminhar a alguém super legal e até melhor que eu nesta matéria. – respondi simplesmente enquanto abria a mochila e tirava um caderno, uma pena e um tinteiro.


 


Tive um pouco de dificuldade em escrever o bilhete sem que ela visse o conteúdo, mas finalmente consegui e a entreguei dizendo:


 


- Conhece Frank Longbottom?


- De vista...


- Cara muito legal e é um gênio em Herbologia. – me apressei em comentar (e não estava mentindo) – Poderia entregar isso – disse lhe passando o bilhete – a ele quando for pedir?


- Hum... Ok. Valeu pela dica.


- Ele está lá dentro, perto da seção de Poções. – falei indicando a biblioteca – E, sabe, Alice, devíamos mesmo marcar alguma coisa um dia desses... Nem que seja jogar conversa fora no dormitório.


- É, faremos isso. Até mais, Lily. – disse já entrando na biblioteca.


 


Ri maliciosamente comigo mesma. Frank vai querer me matar, mas, um dia, ele vai me agradecer.


 


 


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Nicole Carrew


 


 


- David, espera! – gritei correndo atrás dele no corredor – Espera, por favor! – mas ele não queria parar, então tive de me esforçar mais um pouco até alcançá-lo – David, por favor...


- O quê, Nicole? Vai me dizer que não é nada do que eu estou pensando? – falou quase gritando e alguns transeuntes pararam para observar a cena.


- David, será que podemos conversar isso em outro lugar? – pedi baixando a voz.


- Não há nada a ser conversado aqui ou em lugar nenhum, pelo amor de Merlin! – falou mantendo o tom de voz alto – Eu vi você numa sala em cima do Lupin! – os presentes exclamaram surpresos e começaram a cochichar entre si.


- Não foi isso que aconteceu!


- Eu vi!


- Tá, mas existe uma boa expli...


- Acha mesmo que vou acreditar em alguma coisa? Olha o seu estado! – mais cochichos.


- David, por favor...


- Volta pra ele enquanto tiver chance, Carrew. – ele enfatizou meu sobrenome – Aqui acabou. – deu as costas e saiu abrindo caminho pela enorme platéia que havia se formado ao nosso redor.


 


Os cochichos, agora, não era mais cochichos, eram comentários descarados com direito a dedos apontando. Nestas horas, sou extremamente grata ao meu orgulho que inibe qualquer vontade que eu tenha de chorar quando estou em público. Com a face apenas vazia, saí na direção oposta.


 


Um andar abaixo, entrei no velho banheiro que ninguém usava, me tranquei no último do box e, só então, deixei que a realidade desabasse sobre mim.


 


 


 


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- Nick? – ouvi a voz de Lily não sei quanto tempo depois – Nick, você tá aí? Vim te procurar assim que soube.


- Aqui. – respondi, mas minha voz estava falha, então limpei a garganta e tentei outra vez – Eu to aqui.


 


Passos.


 


- Você está bem? – perguntou a ruiva quando abriu a porta do box.


- Já estive pior... – respondi encarando o teto – O pessoal daqui não perde tempo, não é mesmo?


- É... O que aconteceu, Nick? Está todo mundo falando de um caso que você escondia com o Remus...


 


E, naquela hora, a frieza que me envolvia foi substituída por um ódio crescente.


 


- Lupin.sussurrei.


 


A culpa era toda dele! Dele e de sua maldita idéia de me puxar pra dentro de salas e roubar varinhas! Não fosse por ele, nada disso estaria acontecendo. Eu não estaria aqui na maior fossa e perdendo aulas, ainda estaria com David...


 


- Imbecil! – exclamei de repente assustando Lily – Idiota! Cretino! Que ódio! – me pus de pé e comecei a caminhar pra lá e pra cá no banheiro – Ah, mas ele me paga! Ele. Me. Paga!


- Nick, o que aconteceu? Do que é que você tá falando? – Lily me olhava totalmente confusa.


- Aquele... Aquele... – eu não achava uma palavra ruim o suficiente – Aquele resto de aborto desgraçado e infeliz! Eu vou matar ele! Não, melhor, vou lançar sobre ele a azaração mais terrível que conseguir encontrar nesta biblioteca, juro que vou!


- Nick, espera, eu sei que você está com raiva do David, mas...


- David!? Não. Eu vou amaldiçoar o Lupin! – gritei – Isso tudo é culpa dele, Lily! TUDO CULPA DELE!


- Nick, olha, se acalma, por favor! – ela disse correndo atrás de mim, que continuava andando de lá pra cá – Senta aqui e me diz exatamente o que aconteceu, o que o Remus fez?


- Aquele biltre inútil e estúpido me puxou pra dentro duma sala e tomou minha varinha e não queria devolver e eu pulei em cima dele e começamos a brigar e o David viu e acabou comigo! – falei sem parar para respirar e comecei a chorar de novo sem saber se era raiva ou tristeza o motivo.


 


Lily me abraçou e continuei chorando no ombro dela. Sentamos no chão do banheiro e comecei a falar a ela tudo que me lembrava.


 


- E você acha mesmo que não tem volta? – perguntou baixinho.


- Eu não sei, Lily, nunca o vi assim... Ele sempre me ouvia, sabe? E agora... O jeito como fez isso, no meio da escola inteira. – fiz uma pausa antes de continuar – Ele estava realmente furioso.


- Hey, você não pode desistir assim, certo? – disse sorrindo fracamente – Deve falar com ele, se é isso que você quer.


- Eu não sei...


- Nada disso. – ela elevou a voz um oitavo – Você não me deixou desistir do James, lembra? Não vou deixar você desistir assim também.


- Obrigada, Lily. – falei dando um longo suspiro e um fraco sorriso depois.


- Agora vem cá. – disse se levantando e me oferecendo uma mão – Vamos lavar este rosto, a senhorita vai comer alguma coisa, descansar, arejar a cabeça e, só depois, vai falar com ele, combinado?


- Não sei o que eu faria sem você. – confessei me levantando com a ajuda dela.


- Provavelmente ficaria sentada aqui por mais tempo. – disse Lily dando de ombros.


- Que horas são?


- Sete e trinta. Quer que eu pegue alguma comida pra você? Isso evitaria muita coisa.


- Caramba... Não percebi que tinha passado tanto tempo assim. – falei encarando meu reflexo num espelho próximo – Eu estou a desgraça em forma de gente. – suspirei.


- Você tem o direito de estar. Me espera aqui que eu já volto com o seu jantar, ok? Aí você vai direto pra a torre da Corvinal e fingindo que não está vendo nem ouvindo ninguém.


- Vou tentar. – prometi enquanto ela me dava um beijo na bochecha e saía do banheiro.


 


Fiquei tentando melhorar minha aparência ao mesmo tempo em que mantinha meus pensamentos longe do problema até Lily voltar. Depois fui direto para a torre, fiquei feliz de encontrar pouquíssimas pessoas pelo caminho, mas não pude dizer o mesmo do meu dormitório.


 


- Ah, não precisam parar de falar só porque eu cheguei. – disse mal-humorada ao fechar a porta – Não vou demorar muito tempo por aqui, então vocês poderão continuar a comentar o mais novo escândalo do castelo. – completei enquanto procurava meu pijama, pantufas e toalha.


- Sentimos muito pelo que aconteceu, Nick. – disse Ariane. Sei que ela foi sincera, mas acho que devia falar só por ela.


- Obrigada, Nani. – respondi lançando-lhe um olhar rápido.


 


Pouco depois de fechar a porta do banheiro, ouvi a voz de Kathy Butcher dizer algo do tipo “Acho melhor continuarmos na sala comunal”. Idiotas. Pensei enquanto tirava as roupas.


 


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Lily Evans


 


 


- “Não precisa agradecer agora, Lily. P.S.: Se rejeitar azaro você.”


 


Ergui os olhos do livro que estava lendo sentada numa poltrona da sala comunal. Frank me olhava como se quisesse me estrangular ali mesmo.


 


- Bem... – falei me ajeitado na cadeira – Veio agradecer ou pegar a azaração? – perguntei sorrindo abertamente enquanto fechava o livro. Ele cerrou os olhos pra mim.


- Eu. Absolutamente. Quero. Matar você. Agora. Mesmo. – falou pausadamente.


- Ah, qual é, Frank? – repliquei.


- Qual é? – repetiu sarcasticamente – Qual é o seu problema!? – ele manteve a voz baixa, embora fosse visível que queria gritar. Isso me deu vontade de rir – Eu estava lá, sozinho e, de repente, Alice Lafferty aparece com esse bilhete – pôs o pedaço de pergaminho a dois centímetros dos meus olhos – me pedindo ajuda em Herbologia!


- Bem, veio agradecer ou pegar a azaração? – repeti ainda contendo a vontade de rir diante do desespero dele.


 


Ele não respondeu, apenas ficou me encarando irritado. Tão irritado que poderia haver a fumaça saindo pelo nariz. Com esse último pensamento, não resisti, comecei a rir da cara dele, mas parei quando percebi que ele ficaria realmente chateado.


 


- Ok, desculpe. – pedi ainda risonha – Não. Sério, desculpe. – disse mais séria agora. Sua expressão se amenizou – Então, o que aconteceu?


 


- Acho que ela chegou perto e ficou esperando que eu a percebesse, mas isso não aconteceu, então ela pigarreou. Pensei que fosse Madame Pince ou qualquer outra pessoa, mas não ela, com certeza... – ele começou a contar – E o pior é que fiquei sem reação. Imagina a cena: eu olhando para Lafferty com cara de babaca e ela em pé na minha frente sorrindo como se perguntasse a si mesma qual problema mental eu tinha. Foi horrível! Mas então ela resolveu agir e disse “Oi... Você é Frank Longbottom, não é?” e eu respondi “Acho que sim”. Pelo amor de Merlin, Lily! Que tipo de pessoa “acha que é” ela própria!?


- Ah... Não foi tão ruim assim. – discordei.


- Não foi? Você esteve me ouvindo?


- Calma. Você está exagerando. Olha, quando você terminar, te conto algumas histórias minhas e você vai ver o que é ridículo. – falei ficando um pouco vermelha só de lembrar certas coisas – Agora continua.


- Ok. Ela estranhou um pouco quando ou viu “acho que sim”, mas foi direto ao assunto dizendo “Olha, eu sei que nem te conheço direito, mas queria te pedir um pequeno favor. Bem, pequeno pra você, seria enorme pra mim”. Eu fiquei calado, então ela continuou “É que eu preciso aumentar minhas notas de Herbologia e ouvi dizer que você é o melhor da classe... Então, o que você acha?”. “Quem te disse isso?” perguntei. Aliás, acho que fui um pouco grosso... Mas não adianta chorar pela poção derramada. Ela não pareceu se importar, só disse “A Evans me deu a dica. Ah, ela também me pediu pra dar isso” e me entregou o bilhete.


 


Eu ia começar a rir de novo, mas segurei com o olhar sério que Frank me lançou.


 


- E...? – encorajei-o.


- E eu disse “Claro, quando ficar melhor pra você”. – respondeu mal-humorado.


- Sério? – perguntei empolgada.


- Claro que não! – exasperou-se – Como se eu conseguisse não bancar o idiota na frente dela... – disse escondendo as mãos no rosto – Eu disse isso sim, mas gaguejando. – sua voz saiu abafada.


- Oh... E ela?


- Ela disse que eu não precisava aceitar se não quisesse. – respondeu ainda com o rosto nas mãos.


- Mas você consertou isso, não consertou? – perguntei rezando pra que ele me dissesse que isso não deu errado.


- Felizmente sim. Eu disse que não era aquilo e que estava surpreso etc. e tal. – disse finalmente levantando o rosto – Feliz?


- Muito! – falei sorrindo de orelha a orelha.


- Está mesmo feliz por eu ter bancado o imbecil na frente da Lafferty? – perguntou mal-humorado de novo.


- Isso foi só um começo, Frank. – expliquei – As coisas vão dar certo, você vai ver. Vou te ajudar.


- Vai assumir as aulas? – perguntou esperançoso. Cerrei os olhos pra ele.


- Claro que não, vou te ajudar a ficar calmo.


- Como se isso fosse possível.


- Pára de ser tão pessimista!


- Olha quem fala!


 


Passamos alguns segundos nos encarando até que cansei da brincadeira.


 


- Ok, eu vou me deitar. – disse me levantando – Boa noite, Frank.


- Noite, Lily.


 


Na verdade, queria apenas ficar sozinha. Estava um tanto incomodada por não ter tido tempo de ir ver James hoje, mas Nick precisava mais de mim do que ele, então não me arrependo.


 


Enquanto colocava o pijama, comecei a pensar no que estava fazendo a esta hora quatro noites atrás e sorri comigo mesma. Queria tanto que James acordasse logo. Sei que pode parecer bobo, mas já sentia tantas saudades daquele sorriso e de sua presença nos meus dias... Como será que ficarão as coisas entre nós quando ele se recuperar?


 


É uma pena que não tivemos mais tempo de conversar depois daquele encontro. Foi a última coisa que me lembro de ter pensado.


 


 


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Jéssica Buttler


 


 


Maldito Stark. Qualquer pessoa decente procuraria o parceiro de trabalho para ajudá-lo a fazer tudo (principalmente se este parceiro está preso numa maldita enfermaria), mas aquele irresponsável não fez absolutamente nada, então eu tenho que fazer esse rascunho idiota às escondidas (porque se a Sra. Higgins me pega estudando a essa hora tem um ataque histérico) e depois passar tudo à limpo. Maldito Stark! Maldito resfriado! Maldita enfermaria!


 


Quase sem dormir por quatro dias inteiros, eu estou horrível e cansada, mas preciso terminar logo isso, a parte escrita é pra entregar em dois dias... Minhas pálpebras estavam pesadas. Que legal. Passo tanto tempo aqui tentando pelo menos cochilar e, quando tento ficar acordada, finalmente acho que vou conseguir dormir.


 


Resolvi descansar um pouco ao terminar de escrever a quarta página e me acomodei sobre os travesseiros suspirando. De olhos fechados, me perguntava que horas seriam e por que Lily e Nick não tinham aparecido (o que é mau, pois faz o tempo passar mais devagar). Bom, pelo menos terei alta amanhã de manhã, ou foi isso que me prometeram.


 


Será que meu visitante noturno aparecerá hoje? Ok, não é exatamente o “meu” visitante, já que ele vem pelo James, mas acaba se tornando “meu” de qualquer jeito, já que é comigo que ele conversa... Cara, odeio não ter um relógio, devia ter pedido pra a Lily trazer um antes...


 


Abri os olhos num sobressalto, a enfermaria estava completamente escura. Droga! Não era pra eu ter dormido... E, já que dormi, não era pra ter acordado. Pensei enquanto esfregava os olhos e me ajeitava nos travesseiros.


 


- Se eu ter acordado foi culpa sua, vou procurar meus sapatos pra jogar em você. – falei ao ouvir o som discreto de passos se afastando enquanto me sentava na cama – E é melhor aparecer, já me acordou, agora fique! – mandei cruzando os braços e olhando em volta à procura da figura alta.


- Isso foi uma ordem? – senti o sarcasmo em sua voz, ainda não conseguia vê-lo, mas um breve sorriso nasceu em meus lábios quando senti o colchão afundar perto dos meus joelhos.


- O que importa é que está dando certo. – respondi dando de ombros.


- Claro que está, quero saber se há novidades. – falou finalmente aparecendo.


- Não consegui ouvir nada, estavam falando muito baixo... Mas não pareciam preocupados, se serve de consolo.


- Serve. – respondeu – Não está lendo hoje?


- Não... Tenho aquele trabalho infame de Poções pra fazer. – disse mal-humorada.


- Então é melhor continuar. – falou se levantando.


- Aaaah, não! Você não vai embora agora, nem pensar! O que é que eu vou ficar fazendo até de manhã? – reclamei.


- Seu trabalho? – o tom de “óbvio” em sua voz era claro.


- Estou cansada de estudar! Não vou continuar isso agora. – retruquei fazendo beicinho.


- Que tal voltar a dormir? – sugeriu levantando uma sobrancelha.


- Como se eu fosse conseguir. Até parece que voc... – não consegui terminar a frase por causa da pane no meu cérebro.


 


Eu não conseguia pensar em nada naquele momento, só conseguia sentir os lábios dele exercendo uma leve e, ao mesmo tempo, forte pressão sobre os meus. Não me lembro de quando fechei os olhos, de quando ou como ele chegou tão perto e, muito menos, da última vez que um contato tão simples tenha me causado arrepios. Ele não aprofundou o beijo, mas tinha uma mão em minha nua e a outra segurava meu ombro.


 


Quando ele se afastou, eu estava simplesmente atônita demais pra esboçar alguma reação.


 


- Quem sabe você só não precisava de um beijinho de boa noite? – disse dando uma piscada antes de virar as costa – A gente se vê.


 


A porta da enfermaria abriu e se fechou “sozinha” e, então, eu me deixei cair nos travesseiros. Respirando devagar e com milhões de pensamentos invadindo minha mente tão rápido que nenhum fazia sentido, fiquei deitada olhando para o teto. Não que desse pra ver muita coisa no escuro, mas não importaria se desse, eu provavelmente não estaria enxergando.


O dia estava começando a nascer quando a consciência começou a me chamar para a realidade. Real... Será que noite passada havia sido um sonho? Não. Não podia ser. Eu ainda podia sentir seus lábios quentes nos meus em contraste com suas mão frias, o cheiro... Ok, melhor parar.


 


Abri os olhos e voltei a encarar o teto como algumas horas atrás, não havia percebido que estava sorrindo até que o desfiz.


 


- Oi? – disse alguém aparecendo repentinamente ao meu lado. O susto quase me derrubou da cama.


- James! – exclamei ao reparar quem era “a presença” – Você acordou! Graças a Merlin.


- Está falando comigo? – perguntou confuso e olhando para os lados.


- Dã? Claro que estou, com quem mais seria? – disse revirando os olhos.


- Ah, é... Me desculpa, mas...Que lugar é esse? – ele olhava em volta curioso.


- A Ala Hospitalar? – sugeri – Pára de brincadeira, James. Ah, Lily vai ficar tão feliz em saber que você acordou! Aliás, não só ela, Hogwarts inteira! Com exceção dos sonserinos, talvez.... – tagarelava, mas parei ao reparar no olhar perdido dele – James, você está bem?


- Eu estou, eu só... Não tenho a mínima idéia do que você está falando. – disse sorrindo sem graça.


 


Ah não. Eu o olhei séria, não havia nenhum traço de brincadeira. Oh, não. Oh, não!


 


- Sra. Higgins! – gritei na mesma hora – Sra. Higgins!


 


A enfermeira veio correndo na mesma hora e parou quase caindo ao lado da minha cama perguntando o que estava acontecendo. Apontei para a figura despenteada a minha frente.


 


- Acho que temos um grande problema. – disse num sussurro.


- Sr. Potter, que bom que acordou, mas não devia estar de pé... – ela começou, mas James não a deixou terminar.


- Espere, acho que já te vi antes. – disse me olhando com mais interesse e chegando mais perto. A Sra. Higgins levou as mãos à boca – Você é parente minha ou algo assim? Tenho a impressão de que te vejo com muita freqüência...


- Sra. Higgins? – chamei – Ele... Ele...? – deixei subentendido, as palavras não queriam sair.


- Eles avisaram no Saint Mungus que isso poderia acontecer... – ela falava baixo – Achávamos que não, mas... Bem é temporário, foi o que eu eles disseram, certo?


- Eu não sei, não estava lá. – respondi. Ela pareceu, então, despertar para a minha presença no local.


- Srta. Buttler, já está dispensada. Aconselho que troque as roupas e vá tomar seu café da manhã no salão principal. – disse pegando meu uniforme na gaveta da cômoda ao lado da cama e empurrando em minhas mãos.


- Mas, Sra. Higgins, ele...


- Seja rápida ou vai se atrasar! – ela me interrompeu e saiu me arrastando na direção da saída – E tome mais cuidado com a estação fria, já que sua saúde é sensível. – disse antes de fechar a porta na minha cara.


Que ignorante! Pensei enquanto virava as costas para a porta fechada. Mas esse pensamento foi logo substituído pela alarmante situação. James estava com amnésia!


- Ah meu Merlin... – disse batendo a mão livre na testa – Lilyyyy! – gritei, mesmo sabendo que ela não podia ouvir, antes de sair correndo, ainda de pijamas, em direção à torre da Grifinória.


 


OoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoOoO


 


N/A: Fiiiiiiiiiiiim do capítulo também. Quão séria é a aminésia de James? Nicole vai matar Remus? Qual será a reação de Lily? Que mico Frank vai pagar? O que há entre Sirius e Jéssica? Tudo isso você descobrirá no próximo episódio de "Forgetful Boy"! Não percam!


 


=x


 


 


 


Beijoooooooos,


 


Lizzie.

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