DANDO O TROCO



Há quase vinte anos atrás, se você olhasse aquela pequena figura de cabelos louros andando pelos corredores de Hogwarts, certamente falaria que a semelhança de Draco com Lucius era enorme, desde o jeito de andar até a pronúncia das palavras.

Porém, não se pode dizer que o pequeno Scorpius era uma cópia do pai. Comparado à Draco ele era um estudante bem quieto e não participava muito dessas implicâncias entre as casas, porém, um Malfoy sempre será um Malfoy. E isso basta para ter suas doses genéticas de arrogância e prepotência que geram uma busca incessante por reconhecimento. Scorpius realmente não estava nem aí para as brigas dos sonserinos e dos grifinórios, mas ele sabia que seria bem mais respeitado se tivesse o apoio de Craig Zabini e seus três comparsas: Roger Fletcher, Landon Johnson e Brian McArthur. Essa era uma oportunidade única e o garoto estava disposto a fazê-la dar certo, era só avisar Zabini da trama do Potter, esperar o decorrer dos fatos e depois cantar vitória junto com ele como se fosse submisso. Ou na pior das hipóteses lamentar com o segundanista e dar um falso apoio moral para elevar a auto-estima dele. Impressionado com sua própria genialidade, Scorpius dirigiu-se até onde Zabini estava para deixá-lo a par dos planos de James.

O menino louro encontrou quem procurava bem rapidamente, afinal, Zabini gostava muito de fazer demonstrações públicas de sarcasmo e faltar com respeito com qualquer um que fosse mais novo que ele e de uma casa diferente. Estava comendo um sapo de chocolate que acabara de tirar de uma garotinha da Corvinal, aproveitando a deixa para se gabar com seus capangas.

Diferentemente de Crabbe e Goyle, os três andavam com Zabini por terem o mesmo objetivo, e não por serem alguma espécie de servos ou algo do gênero. Apesar de serem vistos como meros guarda-costas, se você observasse mais atentamente – nem que fosse por um breve instante – perceberia que as decisões não partiam somente de Zabini. De fato quase nunca eram dele, mas ele levava o crédito de “líder” do grupo. Os outros também apresentavam características bem diferentes, formando um quarteto bem interessante.

Roger Fletcher era a principal fonte de idéias, a maioria delas era grandiosa demais pra ser realizada, mas se você conseguisse entender a idéia central e eliminar as coisas mais mirabolantes, teria um plano exemplar e digno de admiração por muita gente. Porém, nenhum dos outros conseguia convencê-lo a retirar alguma parte do projeto que já tivesse sido elaborada e ás vezes ele não era escutado por seus amigos, mesmo tendo as melhores opiniões. Roger era um estrategista por excelência, mas fora isso era a pessoa mais neutra do grupo, não se posicionando contra nem a favor de ninguém.

Landon Johnson tinha uma inteligência comparável à de Hermione em seus tempos de escola. Sim, o garoto nasceu gênio e simplesmente aprendia as coisas com a maior facilidade, mesmo que aparentasse não estar prestando atenção. Apesar de sua mente genial ele tinha um grande problema em se expressar e não falava com quase ninguém além de seus amigos próximos, por conta disso desenvolveu precocemente a habilidade de conjurar feitiços silenciosos. Porém, freqüentar o fonoaudiólogo nunca tinha sido suficiente pra Landon superar sua gagueira e logo que entrou em Hogwarts procurou um jeito de se livrar com isso por mágica, mas os resultados de suas pesquisas ainda não tinham o deixado satisfeito e nem curado o fato dele ser gago, mas fizeram dele o aluno modelo no primeiro ano da Sonserina.

Brian McArthur e Quadribol são duas palavras praticamente inseparáveis. Brian era o típico garoto esportista beneficiado pelo porte físico, mas desfavorecido de esperteza. Como conseqüência, era o mais dependente dos outros, mas por muitas ocasiões ele que mantinha aquele quarteto unido. Acostumado a agir impulsivamente, com freqüência deixava Landon furioso, mas era defendido por Craig Zabini, que também desprezava o fato de pensar demais antes de agir.

Após desfrutar do último pedaço de seu sapo de chocolate roubado, Zabini olhou preguiçosamente para Scorpius com uma cara de poucos amigos, e acrescentou em tom de sarcasmo:

- A que devemos sua ilustre presença Malfoyzinho?

- Hum-hum – pigarreou Scorpius para esconder sua raiva daquele apelido idiota – É sobre o Potter.

- Aquele imbecil? Porque eu me importaria com ele?

- Talvez porque ele quer dar o troco por causa das escrofulárias que você usou no Expresso Hogwarts? Ou simplesmente por vocês dois serem rivais escolares? Ou então por ele ser mais popular que você entre os segundanistas? Ou...

- Entendi! Quer bancar uma de espertalhão comigo Malfoyzinho? Fala logo o que o Potter está aprontando para mim dessa vez. Vou provar que os planos dele são mais bobos que as idéias de um trasgo.

- Dois primeiranistas da Grifinória vão tentar trocar suas varinhas, acredito que eles vão substituí-las por Varinhas falsas das Gemialidades Weasley. O irmão mais novo dele também está envolvido no plano. Foi o que escutei.

- E não é que você tem alguma utilidade? Pensei que fosse apenas um grande panaca. Vamos ficar atentos, se for realmente verdade vou pensar na possibilidade de você entrar par o nosso grupo. Se não acontecer nada, vou fingir que você não existe. Combinado?

- Combinado. – respondeu Scorpius, irritado com o tratamento que Zabini estava lhe dispensando, e por isso torcendo para ele não conseguir evitar o plano que com certeza iria desabar na cabeça dele.

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Era por volta de três horas da tarde daquele domingo. O sol escondia-se por trás de nuvens bastante densas, deixando o céu constantemente nublado. A luz difusa que ele emanava refletia com grande beleza na superfície do lago de Hogwarts, provocando a admiração dos que passeavam por lá nesse momento. O vento não estava forte, deixando a temperatura bastante agradável.

Dentro do castelo, nos corredores do quarto andar, três amigos do primeiro ano da Grifinória conversavam enquanto faziam seu caminho entre os alunos de outras turmas que passavam por ali.

- Vocês entenderam? – Alvo falava com Phillip e Rose no Salão Comunal da Grifinória.

- Não sei Alvo, acho que não vou me envolver nisso não. – omitiu-se Phillip.

- Tem certeza que não vamos nos machucar? – Molly disse apreensiva.

- Certeza total só na hora mesmo não é? Mas as suposições são bem positivas para o nosso lado. – o pequeno Potter falou tentando acalmá-la.

- Concordo com Molly. Não quero que sobre nada para mim.

- James estava nos forçando a participar desse plano louco!

- Vamos lá vocês dois! Um pouco mais de emoção. – Alvo pediu, sem sucesso.

- Mais emoção? Contrate um profissional então! – retrucou Phillip, indignado.

- Estamos indo falar com Zabini. – Molly puxou Phillip pela camisa – Agora!

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Precavidos, os quatro sonserinos estavam andando com as varinhas em punho. Eles estavam andando em direção ao corredor proibido do terceiro andar, que era um dos poucos lugares em que tinham sossego para bolarem um contra-ataque potente para cima de James Potter. Tinham acabado de subir as escadas e já conversavam entre si sobre o que iriam fazer, quando de repente dois vultos se chocam violentamente com o quarteto, fazendo todos caírem no chão, derrubando as varinhas. Alvo Potter era o único que estava em pé, na beira da escada que ligava o terceiro e o quarto andares, ele olhava assustado para os dois colegas que iam delatá-lo.

- Não vai me obrigar a nada Alvo! – Phillip falava, histericamente. E de repente virou-se para Brian – Ele quer pegar vocês! Fez um plano com o irmão dele e agora quer nos forçar a participar! Eu disse que nós íamos contar tudo para vocês e ele começou a me ameaçar. Aí corremos para cá...

- Eles vão ver quem é que manda. – Brian levantou-se de um salto, fazendo Alvo sumir correndo escadaria acima.

- O menor deve ser só uma isca, onde está o James? – Roger disse, com astúcia.

- Esperam vocês na Sala de Armaduras! James não está sozinho, ele está com o seu companheiro de quarto, Douglas Kinkaid. – Molly disse apressadamente.

- O Kinkaid? Sinceramente... Ele é um bobalhão. Vamos massacrá-los como se fossem elfos domésticos. – Zabini dizia em tom de superioridade, e já liderando o quarteto em direção à Sala de Armaduras. – Dêem o fora daqui grifinórios medrosos! – Phillip e Molly saíram apressados, sem antes darem uma breve olhada para a Estátua da Bruxa Corcunda, que se situava em frente à porta que os sonserinos estavam entrando.

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Logo que entraram, a porta se fechou violentamente, e os quatro só conseguiram distinguir uma longínqua voz feminina do lado de fora. Rose tinha acabado de realizar seu papel no plano, e repetiu três vezes o feitiço para se certificar que a entrada estava realmente trancada. Já fazia algum tempo que ela estava esperando escondida atrás daquela estátua, e já estava ficando cansada quando os garotos apareceram.

As armaduras eram as espectadoras da batalha que estava prestes a começar, o clima estava bem tenso e os estudantes trocavam olhares de fúria. Parecia que o ar estava ficando mais pesado, e quem tomou a iniciativa foi Zabini, dando um discurso arrogante.

- Pensou que ia me pegar desprevenido? Usando esses golpes baixos você fica ainda mais ridículo Potter. Trocar as varinhas? Sinceramente... Confiar seu plano a pequenos covardes do primeiro ano, que ao menor sinal de perigo vem correndo confessar o que iam fazer? Essa foi digna de pena. – assim que ele acabou de falar, James riu gostosamente. Brian logo perdeu a paciência e apontou a varinha para o grifinório, gritando.

- PETRIFICUS TOTALUS! – em vez de sair um jorro de luz da ponta da varinha, ela se transformou num penico de metal, fazendo James e Douglas rirem ainda mais.

- Não, não, não! Isso é tolice! – James disse quando Zabini apontou a varinha para ele gritando a mesma azaração. Dessa vez, a varinha explodiu em milhares de confetes coloridos e brilhantes.

- De-de-desgraçados! Vo-vocês v-vão ver! – Landon disse furioso, mas em vez de tentar lançar magia, ele pegou o capacete de uma armadura e acertou em cheio na cabeça de James, que caiu desacordado.

- Que droga! – Douglas lançou faíscas vermelha com sua varinha, arrastando seu amigo para trás de um grande cavalo de metal que servia de montaria para uma bela armadura. Os sonserinos começaram a jogar várias partes das armaduras e o barulho estava ficando ensurdecedor, quando surgiram duas figuras passando em alta velocidade pela janela, e puxando os dois grifinórios pelas vestes. Neil havia puxado fortemente James, segurando o amigo à sua frente na vassoura. Douglas foi de carona com Alvo, tendo ainda que desviar de um pé metálico que vinha em sua direção. Escaparam ainda com bastante rapidez, sentindo a brisa refrescante do lado de fora do castelo.

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