Relíquias



Hoje eu preciso te encontrar de qualquer jeito
Nem que seja só pra te levar para casa
Depois de um dia normal
Olhar seus olhos de promessas fáceis
E te beijar a boca de um jeito que te faça rir


Só hoje - Jota Quest

~

Acordou com a garota em seus braços. Sorriu e a puxou mais para si, ela piscou duas vezes e depois mirou seus olhos azuis para ele. E sorriu. Aquele sorriso. O sorriso com qual ele dormia todas as noites e acordava todos os dias, aquele sorriso que o dava forças para levantar de manhã, o sorriso que iluminava seu caminho quando só havia escuridão. O sorriso dela. O que ele já havia denominado seu.

“Bom dia, carinho” Harry beijou-lhe a testa “Dormiu bem?”

“Claro, bebê. Do seu lado eu encaro até uma aula tripla com o Snape.” Ela se espreguiçou na cama e depositou um beijo em seus lábios.

“Nossa, eu valho tanto assim?” Riu-se e levantou para se vestir.

“Você eu não sei, mas se nossos encontros forem como o da noite passada... Acho que posso pensar no seu caso.” Ginny piscou para Harry, que este já estava por demais embriagado pelo brilho de seus olhos. Em um momento, os dois estavam, assim, apenas se olhando e no outro estavam em cima da cama, com Harry deitado em Ginny, cutucando e apertando pontos estratégicos da garota, com a mesma se desdobrando de rir embaixo dele.

“Não! Harry... puf, que golpe baixo!” Ela tentava pegar fôlego.

“Não me provoque, ruiva.” Ameaçou com olhar duro, mas deixando o papel em seguida e se jogando do lado dela na cama. Os dois arfantes e risonhos.

“Acho melhor a gente ir logo, ou vamos perder o café” O moreno lembrou. Os dois se vestiram e puseram-se em frente à porta. “A barra ‘tá limpa.” Deu mais um beijo na namorada antes de jogar a capa sobre os dois.

“Eu ainda não sei como é que as pessoas ainda não descobriram que a gente têm se encontrado escondidos. Eu acho que nós damos realmente na cara.” Entrelaçou seus dedos com os de Harry e os dois saíram aos cochichos da Sala Precisa.

1 mês depois.

A batalha estava mais próxima do que nunca. Faltavam apenas duas Horcruxes para que o Lord das Trevas fosse derrotado.

Harry havia concordado em voltar para Hogwarts por insistência de Molly e Remus e algumas pressionadas de Olho-Tonto. Mas, Harry sabia que voltar para Hogwarts seria o mais prudente. Concluiria seus estudos e podia usar a biblioteca na hora que quisesse, além de ter total ajuda da Ordem se precisasse sair da escola.

Mas, com o aproximamento da batalha, vinha também seu medo em relação a Ginny. O medo de perde-la era mais do que podia suportar. Muitas vezes pensou em terminar seu relacionamento com a garota, mas era só vê-la andar pelo corredor no intervalo das aulas, ou rir com seus amigos no jantar, que ele mandava tudo às favas, o fato de perde-la para outro era ainda mais sufocante. Os dois se arriscavam juntos. Ela era o seu consolo em meio a todo aquele mar de destruição que estava esses dias.

Só Ron e Mione sabiam dos encontros dos dois, apesar do amigo ainda torcer no nariz quando os dois ficavam de sorrisinhos. Os dois também estavam namorando e sempre davam cobertura a Harry e Ginny.

Estava tudo bem.

Até aquele dia.

“Harry, a gente pode conversar?” Ginny veio ao encontro de Harry no Salão Comunal. A garota estava ruborizada do pé ao fio de cabelo e seus olhos pareciam um pouco inchados, Hermione vinha atrás, com um ar preocupado.

“Gin, o que foi? Está tudo bem com você?” Ele olhou assustado para as duas garotas. Hermione meramente sacudiu a cabeça. Ginny pegou sua mão e o levou para fora do Salão. “Ginny, o que aconteceu?”

A menina não respondeu, apenas abriu a porta de uma sala de aula vazia e entrou.

“Harry, pode se sentar?” Ela perguntou olhando para o chão. Harry assentiu e sentou em cima de uma mesa de frente para a namorada.

“Harry, você... se lembra daqueles enjôos que eu venho sentindo?”

“Sei. Por que? Está tudo bem? Você piorou, está passando mal? Vai ter que ir para o St. Mungus?” Ele pulou da mesa e começou a apertar os braços e pernas de Ginny “Dói se eu faço isso?”

“Ai, dói” A menina reclamou passando a mão pela perna. “Harry, senta, por favor. Não, eu não vou para o St. Mungus. Ou pelo menos, não agora.”

“Como assim?”

“Harry...Eu estou, eu estou grávida!” Ginny exclamou com lágrimas nos olhos “Eu comecei com aqueles enjôos e a Mione me disse para fazer o teste, eu fiz e deu positivo!” Agora a garota chorava abertamente com a cabeça abaixada até os joelhos. “Como nós podemos ter nos descuidado tanto? Como? O que eu vou fazer agora com um bebê?”

Harry sentiu seu estômago sendo tirado pela boca. Filho? Filho?! Não podia ter uma criança agora! Ele tinha de salvar o mundo e não trocar fraldas! Por Merlin, o que iria fazer?

Os Weasley. Os grandes, ruivos e fortes Weasley. Caracas, ia levar uma bela de uma surra.

Não, tinha que pensar em Ginny primeiro. A garota ainda chorava abertamente em cima da cadeira que estava sentada.

Ele levantou da mesa, foi até onde a ruiva estava e pôs seus braços ao redor da namorada. “Eu não sei ,Gin, eu não sei. Isso me pegou tão desprevenido, não acredito que está acontecendo!”

Ginny correspondeu ao abraço e colocou a cabeça em seu ombro ainda chorando. “Mas você não vai me deixar não é? Eu preciso de você, Harry.”

“Não, eu não vou te deixar! Nunca mais fale isso, está bem?” Ele a segurou pelo rosto, obrigando-a a encara-lo. Ela concordou com a cabeça e ele limpou suas lágrimas. “Nós vamos achar um jeito de criar essa criança. Confia em mim. Juntos, a gente vai superar essa.”

“Mas, Harry, a gente não pode ter esse filho! Não estamos prontos para isso. Você tem o seu destino traçado, se antes eu já te atrapalhava, imagina agora.”

O moreno sentou-se em uma cadeira e puxou Ginny para seu colo. “Você nunca me atrapalhou e nem nunca vai atrapalhar. Estar com você foi o que me deu coragem para fazer tudo o que eu fiz. Se eu luto do jeito que estou lutando, e vendo as coisas que vejo, é porque eu sei que por mais acabado que eu volte, você vai estar sempre aqui me esperando. Você e seu sorriso. Nós vamos, sim, ter esse filho, por mais difícil que possa ser. Essa vai ser a minha prova de amor.” Ele se inclinou e beijou-a.

Harry segurou seu rosto e começou um beijo terno e carinhoso. Diferente de todos que eles já tinham dado: o beijo era calmo e todo os sentimentos que um tinha pelo outro estava posto ali. Ginny abraçou-o forte e Harry levou sua mão para a barriga da garota. Ele se abaixou e beijou-a acima do umbigo. Levantou o rosto e uma lágrima da menina caiu em seu nariz.

“Eu te amo tanto” Ela sussurrou e limpou as lágrimas. “Me desculpa por parecer uma boba aqui, chorando desse jeito.”

“Eu também te amo, e não precisa se desculpar por nada, você está linda. Mamãe.”

FIM

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