Ressaca E Despedidas



“Nossa, como o colchão está duro! O travesseiro também está diferente... E o que é toda essa luz na minha cara?”, pensou Hermione.
Abriu os olhos e ficou chocada: o colchão era o chão, o travesseiro era o ombro de Harry e a luz era o Sol, pois estavam na torre mais alta de Hogwarts.
-Ah, meu Deus!Harry!Harry! –chamou desesperada, cutucando o amigo.
-Hã?O quê?- perguntou desorientado, mas olhou ao redor e sofreu um choque de realidade – Oh, Merlin!
-Nós precisamos voltar para os dormitórios urgente.
-Claro.
Os dois se levantaram, sentiram a cabeça girar e se apoiaram um no outro.
Harry pegou sua vassoura e Hermione começou apreensiva:
-Harry, não sei se é uma boa...
-Qual é?Eu consigo voar até o dormitório!
Contrariada, Hermione montou na Firebolt atrás de Harry, que voou o mais rápido possível até a Torre da Grifinória.
Parou em frente à janela do dormitório feminino e Hermione sussurrou:
-Alohomora!
Ouviu-se um clique com o destrancar da janela, Hermione abriu-a cuidadosamente e pulou para dentro do quarto, fazendo o máximo de silêncio para não acordar as colegas.
-Até mais tarde – disse Harry e saiu voando em direção ao próprio dormitório.

*** *** *** *** *** ***

Depois de um longo banho, Hermione sentiu-se mais desperta, porém com uma terrível enxaqueca e um sentimento de culpa que começava a dominá-la.
O que tinha na cabeça?Dormir com Harry no alto da Torre de Astronomia?O que Rony e Gina diriam se soubessem?Tinham apenas dormido, nada acontecera... mas mesmo assim, aquilo fora errado!E como poderia encarar Harry?Estaria ele se sentindo do mesmo jeito?
Perdida em suas preocupações, Hermione desceu as escadas e deu de cara com Rony e Gina no salão comunal.
-Bom dia – murmurou.
-Bom dia – responderam os ruivos com um quê de frieza.
Não conseguia encará-los, tinha de sair dali com urgência.
-Olhem, minha cabeça está explodindo – o que não era necessariamente uma mentira – Vou procurar Madame Pomfrey e vejo vocês no café.
-Estranho – atropelou Gina – O Harry fez a mesma coisa.
-E ele estava com uma aparência péssima igual à sua – disse Rony.
-Ficamos conversando até muito tarde – justificou Hermione e saiu praticamente correndo da sala.
Andava distraída, sem perceber para onde seus pés a levavam. Parou apenas ao colidir com alguém.
Era Harry.
-O que houve, Mione?
-Preciso ver Madame Pomfrey – respondeu a garota, tentando se desvencilhar.
-Mas o que você tem? –insistiu o moreno, segurando em seu braço.
-Dor de cabeça.
-Foi o que eu imaginei. Ela me deu esta poção aqui – e tirou um vidrinho do bolso – que é tiro é queda. Tome, vai te fazer bem.
-Não confia em mim, não, Mione?Não está envenenada não, sabe?
-Não é isso, eu só...
-Sem contar que vai ser muito estranho aparecerem dois alunos com cara de ressaca lá. Bebendo o resto da minha poção, você evitará um questionário desagradável.
-Como o de Rony e Gina? –retrucou impetuosamente, fazendo o amigo empalidecer.
-O-o q-que você disse a eles?
-Que nós conversamos até tarde.
Sem dizer nada, Harry empurrou o vidrinho de poção púrpura na mão de Hermione, que deu um murmúrio em agradecimento e cada um seguiu para um lado do corredor.

*** *** *** *** *** ***

A Poção realmente fizera bem à dor de cabeça de Hermione, mas sua dor na consciência parecia incurável.
Sentara-se isolada na ponta da mesa da Grifinória, bem longe de Harry, Rony e Gina (ambos pareciam ter esquecido o ocorrido com Harry e Hermione).
Não conseguia parar de pensar na noite anterior e, por mais que tentasse, não conseguia absorver uma palavra do discurso de despedida da atual diretora, Minerva McGonagall.
Sua consciência fora retomada graças ao alvoroço de alunos se levantando.
“Ah, meu Deus, é agora!”, pensou com um terrível nó na garganta.
Levantou-se e seguiu até a mesa dos professores junto aos alunos do último ano.
Enquanto abraçava os professores às lágrimas, Hermione ouvia de todos:
-Você foi a melhor aluna que eu já tive.
Ganhou um abraço gelado de Nick Quase Sem Cabeça (os fantasmas das casas também estavam por lá) e um trêmulo de (pasmem!) Trelawney e chegou em McGonagall, que disse:
-Granger, tenho uma coisa para você.
Curiosa, Hermione viu a diretora puxar de dentro da capa um cordão de ouro contendo um medalhão com o brasão do Ministério da Magia e atrás se lia “Honra ao Mérito”.
Hermione arregalou os olhos brilhantes de lágrimas; Minerva sorriu, entregou-lhe o medalhão e disse:
-Por ter sido uma aluna tão brilhante durante todos esses anos.
A garota tentou agradecer, mas a voz não saía. Apenas sorriu significativamente e foi cumprimentar Hagrid, que era o único que faltava.
Ao se aproximar do amigo meio-gigante, notou que ele falava com Harry. Tentou se afastar discretamente, mas...
-Mione!Não está pensando em ir embora sem se despedir, está? –berrou Hagrid.
-N-não, claro que não – respondeu e tratou de forçar um sorriso e ir abraçá-lo.
Hagrid deu-lhe um abraço esmagador e disse a ela e Harry:
-Vamos, eu acompanho vocês.
Os três se juntaram ao aglomerado de alunos que rumavam em direção ao saguão de entrada e Hagrid ia puxando assunto:
-Parabéns, Mione!Honra ao mérito, eh?
-Obrigada!
-O quê? –perguntou Harry, totalmente alheio à conversa.
-A Mione não te contou da medalha?
-Não, não contou – respondeu o garoto, perfurando a amiga com o olhar.
-É porque acabei de receber – sibilou a morena, lançando-lhe um olhar igualmente perfurante.
-Pois ela recebeu uma medalha de honra ao mérito – prosseguiu Hagrid, parecendo não notar o clima pesado entre os garotos – Ela merece não é mesmo, Harry?
-Merece isso e muito mais.
A garota sentiu as orelhas queimarem e abaixou a cabeça.
Seguiram em silêncio até a escadaria de pedra que levava aos jardins, então, Hagrid disparou:
-Sabem, eu sempre achei que vocês formam um belo casal.
Harry engasgou, Hermione ficou da cor de uma beterraba e ambos olharam perplexos para Hagrid.
-Bom, sei que não é algo apropriado a se dizer agora que estão com os Weasley, mas, logo quando bati os olhos em vocês, pensei “Iiihh, aí tem casamento” e a cada ano, minha certeza aumentava. Vocês têm uma relação tão bonita, daquelas que não se vê todo dia.
Quanto mais Hagrid falava, mais arroxeados os garotos ficavam.
-Droga, estou constrangendo vocês, não é?
Os dois o encararam pensando em algo apropriado a se dizer, quando chegaram às carruagens puxadas por testrálios, que os levariam até a estação de Hogsmeade.
-Bem... chegou a hora – disse Hagrid com a voz embargada e seus olhos negros e brilhantes pareciam prestes a lacrimejar –Venham me visitar sempre que puderem.
-Claro.
Os dois entraram numa carruagem com Rony e Gina e os testrálios partiram.
Com lágrimas nos olhos, Hermione deu uma última olhada no castelo de Hogwarts.

*** *** *** *** *** ***

Já passava das três da tarde e Hermione mal tinha parado na cabine dos amigos. Não havia a menor necessidade de monitorar os vagões, já que as aulas haviam acabado, mas ela precisava de uma desculpa para manter-se longe de Harry.
Caminhava distraidamente pelo corredor, quando foi puxada pelo braço para dentro de uma cabine vazia exceto pro Harry.
-Harry, o que você...?
-Por que você está me evitando?
-Mas eu não...
-Está, sim, desde hoje de manhã!Foge de mim como o diabo da cruz e quando está comigo, sequer me olha nos olhos!
Hermione afundou-se no assento mais próximo e ficou contemplando os joelhos. De que adiantaria mentir?Não estava atuando muito bem naquele dia.
Harry ajoelhou-se defronte à amiga e ergueu seu rosto, forçando-a a olhá-lo.
-Você está brava comigo?Magoada?Eu fiz alguma coisa?
A garota suspirou profundamente e respondeu:
-Não, o problema é comigo.
-Eu notei que de uns dias pra cá, você não anda nada bem. Quer desabafar?
-Ainda não estou pronta para isso.
--Ok, mas você sabe que eu vou estar aqui sempre que precisar... e quando não precisar também.
Hermione abriu um largo sorriso, jogou-se nos braços do amigo e sussurrou:
-Mas eu vou precisar sempre.
Depois de um minuto de silêncio, Harry chamou:
-Mione?
-Sim?
-Quando eu disse que não queria estar com ninguém além de você ontem à noite...
-Harry, você estava bêbado...
-Mas essa parte foi verdadeira.
Hermione fitou-o com perplexidade e não conseguiu dizer nada.
As engrenagens do cérebro de Hermione trabalhavam rápido agora. “Se fosse verdade, você estaria ME namorando e não a Gina!”, pensou com raiva. Agora ela sabia por que se importava tanto. Era apaixonada por Harry. Sempre fora, desde que o conhecera, mas enganava a si mesma com Rony, pois tinha medo de amar seu melhor amigo, que, por sinal, era conhecido por todo o mundo bruxo.
A garota se levantou e disse desgostosa:
-Melhor voltarmos para a cabine. Gina deve estar te procurando.
-E o Rony procurando você – respondeu Harry com igual desgosto.
Os dois voltaram para a cabine ocupada por Rony, Gina, Luna e Neville.
-Onde vocês estavam? –perguntou Gina.
-Vocês têm andado tão juntos ultimamente – comentou Luna com seu jeito aéreo e recebeu um cutucão de Neville.
-Eu estava patrulhando os vagões – respondeu Hermione.
-E eu estava voltando do banheiro e trombei com ela – disse Harry.
A atenção de Hermione fora atraída por Rony, que era o único que não falava nada e não parecia estar bem.
-Rony, você está bem?
O ruivo assentiu com a cabeça.
-Quer dar uma volta? –convidou Hermione.
-Claro.
E os dois deixaram a cabine sob o duro olhar de Harry.
Depois de se afastarem um pouco da cabine, pararam no corredor. Os únicos sons que se ouviam eram do Expresso de Hogwarts, que cruzava aqueles terrenos verdes e desertos a toda velocidade e o vento, que fazia as vestes e os cabelos de Rony e Hermione tremularem.
Hermione respirou fundo, tomou coragem e perguntou:
-O que há de errado, Rony?
O garoto ergueu a cabeça, seus olhos azuis olharam fundo nos castanhos da namorada.
-É o que eu estou tentando descobrir.
-Como assim?
-As coisas não estão mais dando certo entre nós, Hermione. Todo mundo pode ver.
Os olhos da garota encheram de lágrimas. Que tipo de pessoa era ela, afinal? Tratar o namorado, aquele que realmente a ama, como lixo porque está apaixonada pelo namorado da melhor amiga?Não, aquilo não era certo.
Ao vê-la cair no choro, Rony arregalou os olhos e abraçou-a perplexo.
-Mione...
-Me perdoa, Rony. Me perdoa.
-Pelo quê?
-Por não ser a namorada que você merece. Mas eu prometo que isso vai mudar.
E, sem pensar duas vezes, o beijou.

*** *** *** *** *** ***

Às sete horas, o grande trem vermelho começou a diminuir a velocidade até parar completamente.
Ao tomar consciência de que nunca mais pisaria na tão querida Maria-Fumaça, Hermione caiu no choro. Harry se adiantou para abraçá-la, mas Rony fora mais rápido.
-Eu deixei o melhor para o final – disse Neville repentinamente – Tem uma coisa que quero lhes contar.
-Ora, então, conte logo! –exclamou Luna, os olhos brilhando de curiosidade.
-Bem, a Profª. Sprout resolveu se aposentar – disse com um largo sorriso que aumentava suas bochechas rosadas.
-E o que tem de tão bom nisso? –perguntou Gina.
-Adivinhem quem foi nomeado professor de Herbologia?
-Você? –chutou Harry.
-Isso mesmo!
-Ah, Neville, isso é maravilhoso! –disse Hermione empolgada – Parabéns!
-Obrigado – agradeceu enquanto Rony lhe dava palmadinhas nas costas.
Os seis passaram pela barreira para King´s Cross, se despediram de Neville e sua avó, Luna e seu pai e foram ao encontro dos Weasley e dos Granger.
-Harry, querido, quer passar esta noite lá n´A Toca? –convidou a Sra. Weasley.
-Não, obrigado, Sra. Weasley. Preciso arrumar as coisas no Largo Grimmauld.
-Está bem, querido. Qualquer coisa é só gritar.
-Tchau, Harry – disseram os Weasley e desaparataram.
Os pais de Hermione se despediram de Harry e pediram que a filha aguardasse enquanto buscavam o carro.
-Você tem certeza de que vai ficar bem sozinho? –perguntou Hermione.
-Ah, eu tenho o Monstro.
A garota sorriu e abraçou o amigo. Ficaram abraçados um bom tempo. Hermione deitou a cabeça no ombro de Harry enquanto ele afagava seus espessos cabelos castanhos.
A buzina do carro dos Granger pareceu despertá-los de um transe. Harry beijou o topo da cabeça de Hermione antes de soltá-la e disse:
-Se cuida, bruxinha.
-Você também – respondeu e foi se juntar aos pais no carro.


N/A:Não reparem nos erros, não revisei o capítulo muito bem!
E mil perdões pelo sumiço.
E, por favor, comentem, savvy?

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