Enigmas




CAPÍTULO 20 - ENIGMAS



- Oi, posso entrar?

- Desde quando você precisa da minha permissão para isso?

- Nós não estamos em casa, Ron. – Hermione entrou na sala, indo para a mesa do marido – Você está trabalhando, tinha que mostrar algum respeito pelo chefe dos aurores...

Ron deu uma risadinha.

- Qual é, Mione. Até parece...

- Tá, tá. Não vim falar disso. – Ela o cortou, sentando-se na mesa dele – Quero saber como foi na casa daquela mulher.

Ele suspirou.

- Não conseguimos nada. Ela está limpa. Revistamos a casa inteira e não tinha nada de suspeito. A não ser que tenha um esconderijo ultra-secreto protegido com novos tipos de magia negra que não tenhamos visto, mas isso é impossível.

- Que estranho...

- Muito estranho!

- Então por que Vicky iria se lembrar de algo apenas de olhar para ela? – Hermione perguntou pensativa – Não faz sentido... Ela não despertou lembranças com nenhuma outra pessoa...

- É o que todos estão se perguntando, mas não temos como incriminá-la. Talvez ela se pareça com algum dos seqüestradores... – Mas ele parou de falar, dando um sorriso malicioso. – Mione, você sentada nessa mesa está me desconcentrando...

- Se você quiser eu desço... – Ela fez menção de descer, mas Ron a segurou.

- Não... – Ele falou, se aproximando perigosamente dela – Pelo contrário, quero que você fique aí por mais tempo...

- Ron, estamos no trabalho... – Mione falou, quando a mão dele tomava um caminho perigoso. – Você não consegue pensar em outra coisa?

- Comida? – Ele riu – Mas nesse momento eu só penso nisso mesmo. – Ele a puxou, se unindo a ela em um beijo avassalador.

Mas o barulho da porta se abrindo interrompeu os dois, onde um rapaz loiro e de nariz empinado entrou depressa.

- Desculpa, senhor. Não sabia que sua esposa estava aqui... – Ele falou sem graça mirando o chão – Mas é que é urgente...

- Você deveria ter batido na porta... – Ron falou, com as orelhas muito vermelhas, tentando ajeitar os cabelos. - Aconteceu alguma coisa?

- Acharam o homem, senhor. O tal da lembrança da menina. Encontraram ele!

Ron deu um pulo da cadeira de onde estava.

- Então vamos falar com ele.

- Não vai ser possível, senhor... – O rapaz hesitou – O homem foi encontrado morto...


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- Hugo, eu definitivamente não agüento mais ouvir você reclamar! – Rose exclamou.

Hugo estava reclamando com a irmã desde que ela anunciou o namoro com Devon. Aliás, aquela manhã estava sendo bem interessante. Lily estava muito mais feliz que o normal. Ela, que seria a primeira a mandar Hugo parar com aquele discurso chato estava rindo a toa, lançando olhares furtivos a mesa da sonserina. Fato que passou despercebido por todos, ou melhor, quase todos. James foi o único que percebeu, porém ficou quieto.

O que não passou despercebido mesmo foi o fato de queValeria Wood e Scorpius Malfoy não apareceram para o café da manhã naquele dia, mas infelizmente as meninas não podiam comentar nada a respeito, já que Hugo não deixava.

- Ele nem sequer veio falar comigo, como seu irmão eu deveria...

- Não! – Rose cortou – Por Merlin você não é o papai! Eu nem sei o que te deu, você nunca se preocupa comigo ou com o que eu faço, o que houve agora? Não importa, não quero saber, só quero que você fique quieto.

Hugo emburrou a cara.

- Esses dois não dão uma trégua, não é? – Mary comentou com Lily, mas a menina mão demonstrou reação – Lily, falei com você.

- Oi? – Ela respondeu vagamente, lançando mais um olhar para a mesa da sonserina – Desculpa, Mary, depois a gente se fala, ok? – E se levantou, saindo sem dizer mais nada.

- O que deu nessa menina?

- Eu sei o que deu... – James falou exasperado, se levantando – E eu vou acabar com isso agora.

- James, espera! – Alvo se levantou também – Que cara é essa?

- Tenho que acabar com uma coisa antes que comece... – Ele disse andando em direção a porta.

- Seja lá o que houve, é melhor irmos porque vai ter confusão. – Alvo falou aos outros.

Todos se levantaram e foram atrás de James, que já tirava o mapa do maroto do bolso e o consultava freneticamente enquanto andava, sem falar nada, sendo seguido de perto pelos outros.

Ao virar mais um corredor eles avistaram o que James procurava.

Lily encontrava-se envolvida em um grande beijo com Ephram. Estavam tão distraídos que nem perceberam a chegada dos outros. Bufando, James adentrou no corredor.

- Que palhaçada é essa?

Lily e Ephram se separaram rapidamente com o grito de James. Lily deu uma risadinha sarcástica ao ver a cara de raiva do irmão. Sabia que ele não iria gostar nada dessa história.

- Isso não se chama palhaçada, se chama beijo – Ela falou irônica – Eu esqueci de contar para vocês, não é? Eu e Ephram estamos namorando.

- Uma ova que estão, eu não vou permitir!

- E desde quando eu preciso da sua permissão para alguma coisa?

- Você está muito animadinha para o meu gosto. Foi a Hogsmead com outro garoto, agora te encontro aos beijos com esse imbecil. Você está se comportando feito uma...

- NÃO SE ATREVA! – ela avançou no irmão com a varinha em punho – Eu não vou permitir que você me ofenda dessa maneira.

James sequer fez menção de mudar de lugar, além de dar uma risada desdenhosa. Ninguém se atrevia a se meter na briga dos dois, estavam muito assustados. James podia ser o rebelde que fosse, mas nunca foi visto levantando a voz para nenhum de seus irmãos.

- Acorda, pirralha. Você não me mete medo. E vê se não muda de assunto, esse babaca não é para você!

- Só porque você não gosta dele? Eu tenho uma notícia para você, maninho. Não é você quem tem que gostar do meu namorado!

- O problema é que só eu enxergo quem ele realmente é!

- E quem é ele? Me diz! - ela forçou.

James ficou calado. Na verdade não sabia explicar exatamente o porquê da implicância que ele tinha com Ephram. Isso foi desde a primeira vez que eles se viram. Algo nele não inspirava confiança. E poderiam falar o que fosse, ele continuaria pensando o mesmo.

- Você é um idiota... - Lily exclamou guardando a varinha – Você só quer chamar a atenção. Bem típico de você fazer uma coisa dessas.

As orelhas de James ficaram vermelhas instantaneamente. Lily também notou, e sorrindo maliciosamente continuou.

- Cansou de encher a cara de bebida e resolveu pegar no pé das pessoas? Não sei se foi uma boa escolha, mas se você quiser eu chamo o papai para poder avaliar sua nova tática...

Sem aviso, James avançou para cima da irmã. Do jeito que estava, ele iria, no mínimo, aleijar a garota. Todos gritaram ao mesmo tempo tentando conter o acesso de fúria dele, mas foi Ephram, que estivera calado até aquele momento, que se colocou na frente de Lily e sem pensar, sem ter tempo de pegar a varinha, deu um murro bem dado na boca de James. O garoto não pensou duas vezes quando sentiu o gosto de sangue na boca, segurou Ephram pelo colarinho da camisa e o atirou contra a parede, já com a varinha apontada para seu pescoço. Sua raiva era tanta que saíam faíscas da ponta da varinha, que deixavam marcas de queimaduras no pescoço de Ephram.

- Eu só queria um motivo. – James falou alucinado – Só queria um motivo para te mandar para a ala hospitalar e você acaba de me dar dois.

- Então aproveita, Potter – Ephram falou calmamente. – Aproveita enquanto você pode.

Antes que James pudesse lançar algum feitiço, um par de mãos o afastaram do sonserino. O pescoço de Ephram ficou com uma feia queimadura no lugar onde a varinha encostou.

- Você está louco? – Alvo soltou o irmão na parede oposta. – Se você atacar, ele vai acabar causando problemas, você é muito mais forte. Vai acabar matando ele!

- Isso seria um bem para a humanidade. – Ele falou retomando o caminho em direção a Ephram, mas dessa vez outra pessoa impediu a briga.


- O que está havendo aqui? – Harry perguntou assustado vendo a queimadura no pescoço de Ephram e o sangue na boca de James.

- Esse imbecil do James acha que pode se meter na minha vida! – Lily bradou.

- Sua filha estava se agarrando no corredor com esse idiota!

A frase “sua filha estava se agarrando” paralisou temporariamente o cérebro de Harry. A idéia de sua filha estar se agarrando com alguém não era nada engraçada. Por um segundo ele teve o impulso de soltar James e deixar que o filho acabasse com Ephram. Mas teve de afastar esse pensamento, que por hora parecia bom, da cabeça e falar com a voz da razão.

- Ele está exagerando. – Lily falou extremamente corada – É que Ephram e eu... bem... nós começamos a namorar. Nós íamos te contar, mas James resolver dar esse showzinho antes...

- Olha filho... – Harry se virou para James – Você não deve se meter nisso. Sua irmã é quem tem que decidir com que ela deve namorar, e se tem alguém que deve dar permissão, sou eu. – Era realmente doloroso falar aquilo, mas ela não seria sua filhinha para sempre.

- Mas papai...

- Nada de mas, Jay. Ephram é um bom garoto e eles têm sim a minha permissão para namorar. – Harry finalizou o assunto. – Cinco pontos a menos para a Grifinória e para a Sonserina pela briga.

Nenhum dos dois fez objeções quanto a perder pontos. Mas James continuava inconformado.

- Rose, leve os dois para a ala hospitalar para cuidar dos ferimentos. – Harry pediu. – E se os dois brigarem, azare-os. Tem minha permissão.

- Depois não digam que eu não avisei. – James falou saindo na frente de Rose e Ephram.

- Vocês, - chamou - Vão para a aula agora. – Harry ordenou e todos, ainda assustados pela confusão, o seguiram.






O caminho até agora estava silencioso. Rose mantinha a mão fechada na varinha por via das dúvidas, já que os dois trocavam olhares furiosos a todo o tempo. A boca de James continuava sangrando e agora estava inchada (quem diria que Ephram teria tanta força). A queimadura no pescoço de Ephram parecia estar criando pequenas bolhas.

- Vai ficar me encarando? – Ephram perguntou após lançar James mais um olhar torto.

- Eu te vi na travessa do tranco há um ano mais ou menos... – Ele falou de súbito, assustando o garoto e chamando a atenção de Rose – Vi você e sua mãe em uma loja de ervas perigosas lá. Uma pessoa de bem não estaria comprando aquelas coisas...

- Você está viajando... – Ele pareceu um pouco desconsertado – Aliás, o que você estaria fazendo lá?

- Fui lá apenas para ver como era, não que isso seja da sua conta. O que importa é que você é estranho e pelo jeito um bruxo das trevas. – Os olhos de James faiscavam – Não quero você perto da minha irmã. Eu vou te afastar dela a qualquer custo ou eu não me chamo James Potter.

- Acho melhor vocês pararem essa discussão por aqui ou eu azaro os dois. Não pensem que eu não tenho coragem porque eu tenho. – Rose ameaçou, nervosa.


- Olha aqui, seu imbecil de quatro olhos, eu e a Lily nos gostamos e vamos ficar juntos quer você queira ou não! – Ephram não deu atenção a Rose.

- Quem você pensa que é para me chamar assim, seu seboso irritante?

Mas antes que Ephram respondesse a provocação, um clarão e uma força brutal jogou os dois contra a parede. Eles se levantaram com dificuldade, ainda podendo ver Rose com a varinha apontada na direção deles, uma expressão assassina no rosto.

- E da próxima vez, eu deixo os dois desacordados, entendido?

Os dois apenas se ajeitaram e não falaram mais nada. Ao retomarem o caminho para a enfermaria, toparam com Amanda Kurt, a professora de estudo dos trouxas.

- Senhor Barrow, a professora McGonagall está chamando você na sala dela. Parece que sua mãe está aí...

- Minha mãe? – Ele pareceu muito surpreso

- Sim, sua mãe...

Ephram nem respondeu, saiu em disparada na direção da sala da diretora, ignorando os chamados de Rose, que insistia que ele fosse a enfermaria primeiro. Aquilo só poderia ser um engano, sua mãe jamais iria a Hogwarts, jamais.

Ele adentrou na sala sem bater e para sua surpresa sua mãe estava realmente lá.

- Mamãe?

- Ah, Ephram! – A mulher correu na direção do filho e o abraçou.

Maggie nunca tinha ido a Hogwarts antes. Quando jovem ela havia estudado em uma escola de magia e bruxaria da Bélgica. Na verdade ela nem gostava daquele lugar. Nem mesmo quando sua irmã estudou lá ela foi à escola. Para ela, Hogwarts era um dos culpados de tudo de ruim que acontecia em sua vida. Então de repente ela aparece, com aquela cara de desespero e, para maior surpresa de Ephram, ela o abraçou. Maggie nunca foi uma mãe carinhosa, talvez por ser tão obcecada nos planos ela nunca mostrou seu lado carinhoso para nenhum dos filhos. Então o que ela estava fazendo ali?

- Aconteceu um desastre!

Ephram continuou olhando confuso. Maggie olhou para os lados, para ter certeza de quem ninguém escutava.

- Os aurores foram em casa hoje. Aquela garota está se recordando, Ephram. Ela lembrou do Julius, ela lembrou dele e por pouco não lembrou de mim! Por sorte ele não estava lá quando eles foram revistar a casa.

- Então eles descobriram alguma coisa? – Ele perguntou - Quero dizer, os planos...

- Não, claro que não. Mas infelizmente a garota lembrou do Julius, então eu falei com Chris e infelizmente... tivemos que nos livrar dele.

- Vocês o quê? – Ephram se exaltou – Mamãe, estamos falando de uma vida! Vocês não podiam ter feito isso, você sabe que não! Você era contra perder vidas, lembra?

Ela suspirou e depositou uma mão no ombro de Ephram.

- Chris estava certo, não tem como fazer descobertas e por o plano em prática sem sacrifícios. Tenho certeza que Julius ficou feliz em ser sacrificado pelo bem da organização.

Ephram não estava acreditando. Tudo aquilo estava passando dos limites. Ele não conseguia proferir uma palavra sequer. Maggie largou o ombro do garoto e se dirigiu ao outro canto da sala, onde, só agora ele percebeu, estava sua irmã Delia. As duas trocaram uma ou duas palavras e voltaram para junto do garoto.

Maggie ia começar a falar, mas alguém bateu na porta e entrou. A fisionomia de Maggie mudou instantaneamente quando ela o viu. O ódio ficou evidente no rosto tanto dela quanto no da irmã.

- Posso entrar? Quis vir conhecer à senhora assim que soube que estava aqui. – Ela não esboçou reação - Que grosseria a minha, sou Harry Potter.

Harry esticou a mão para Maggie. Ela olhou a mão dele como se fosse algo repugnante, e só após alguns segundos (e de um cutucão de Ephram) ela esticou a mão na direção da dele.

- Maggie Barrow. – Ela falou simplesmente.

- Achei que deveria conhecê-la, - Ele percebeu que ela não queria falar muito – afinal, você é a mãe do namorado da minha filhinha...

Maggie olhou pra Ephram estupefata. Se ela pudesse fuzilar o filho só com o olhar com certeza ela o faria. Harry pareceu um pouco sem graça ao perceber que ela não sabia.

- Eu... – Ephram falou sem graça – Acho que esqueci de comentar...

Maggie olhou para a filha, que estava tão surpresa quanto ela e, para a surpresa de Ephram, ela sorriu.

- Por que você não me contou, filho? – Maggie abriu um sorriso que convenceria qualquer um – É uma notícia muito boa!

- É mesmo, maninho. É uma notícia maravilhosa! – Delia falou em um tom demasiado irônico

- Eu só queria vir conhecê-la. Sabe como é, ele é o primeiro namorado da minha filha e...

- Então você tem companhia para passar o natal, não é? – Maggie cortou Harry e olhou para Ephram – Porque você se lembra que você não poderá voltar para casa nessas férias, não é?

- Eu não vou voltar? – Ephram perguntou surpreso – Você não me disse nada...

- Estou dizendo agora! – Ela disse seca – Eu vim aqui dizer isso... – Ela se corrigiu falando mais brando, vendo Harry olhar assustado com sua reação.

- Eu posso ficar em Hogwarts, não tem problema.

- Você pode ir pra Toca com a gente. – Harry sugeriu – Alvo vai levar a namorada dele, então por que Lily também não pode levá-lo?

- Então está resolvido. – Maggie finalizou o assunto. – Agora se o senhor puder me dar licença para conversar com meu filho...

- Ah, claro... – Harry respondeu sem graça.

Assim que ele saiu da sala, Maggie agarrou o braço de Ephram com tanta violência que mesmo com a manga comprida do uniforme ele sentiu as unhas dela o arranhar.

- Explique-se! – Maggie ordenou

- Eu falei, mamãe! – Delia exclamou – Eu disse que não podíamos confiar nele. Eu falei que esse idiota colocaria tudo a perder!

- Eu não coloquei nada a perder! Você acha que eu namoraria com a pirralha Potter a troco de nada? Eu a pedi em namoro para ela confiar cegamente em mim e eu poder ganhar maior confiança dos parentes dela também. Afinal, não é qualquer um que pode namorar uma garota Potter. – Ephram falou, conseguindo impressionar a mãe, que largou seu braço. – E eu percebi sua jogada com Harry Potter. Isso já estava nos planos, eu acabaria indo para lá no natal, não precisava da sua intervenção. Como você vê, mamãe, eu consigo ser mais bem sucedido, quando se trata disso, do que meu avô...

- Mais respeito com ele, moleque! – Maggie bradou – Mas faz sentido... - comentou pensativa.

- Eu não acredito! – Delia exclamou – Não acredito em nenhuma palavra que esse pirralho disse. Mamãe, você não acredita nele, acredita?

- Chega, Delia – Maggie ordenou – Você está mesmo falando a verdade, não está, Ephram?

Ele assentiu.

- É o bastante. – Ela finalizou o assunto – Eu te mandarei por coruja as instruções do Natal nos Potter... mas o que é isso no seu pescoço? – Maggie perguntou se referindo a queimadura.

- Não foi nada... – Ele respondeu, colocando a mão em cima do machucado.

Ela continuou olhando desconfiada, mas não falou nada.

- Mamãe... – Ephram chamou assim que ela se virou em direção à porta – O que acontecerá com Victoire Weasley?

- Você saberá em breve.



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A primeira aula do dia seria de história da magia com a sonserina. Todos os alunos aguardavam na porta da sala, já que a sala estava trancada e com um aviso de que o professor Binns estava em um congresso de professores de história da magia da Europa.

Não que os alunos não estivessem gostando. História da magia era uma das disciplinas mais monótonas que eles tinham. Ter aulas com um fantasma era uma idéia realmente estranha. Mas o professor dava aulas lá há séculos e mesmo depois de morto continuou disposto a dar aulas... Por falar nisso, o que um fantasma estaria fazendo em um congresso de professores?

O que importa, é que os alunos tinham que aguardar pacientemente na porta da sala até o professor chegar, já que era previsto que ele chegasse naquela manhã a tempo de dar aula.

- Oi, Al! – Uma voz estranhamente familiar sussurrou em seu ouvido.

Depois disso foi tudo muito rápido. Alvo pegou no braço da dona da voz e a atirou para trás de uma das armaduras que estavam próximas a porta da sala, indo para lá rapidamente em seguida.

- O que foi isso, AL? – Daniele perguntou assustada.

- N-nada... – Alvo respondeu, olhando para onde estava os outros – O que você quer?

Daniele cruzou os braços emburrada.

- Você fez isso só para sua namoradinha não ver você falando comigo, não é?

- Bem... – Ele murmurou sem graça – Não quero brigas com ela.

- Por isso a gente vai ter que ficar se vendo escondido? Isso é ridículo, nós somos só amigos... infelizmente – Ela acrescentou mais baixo.

- Vocês duas não se dão bem, nunca se deram. Eu só quero evitar brigas, só isso.

- Mentiroso! – Ela acusou – Você tem é medo dela, faz tudo que ela quer sem reclamar...

- Isso não tem nada a ver! – As orelhas de Alvo ficaram muito vermelhas, sinal claro dos Weasleys quando estavam nervosos. – Diz logo o que você quer.

- Não precisa ficar com raiva... – Ela passou a mão no rosto do garoto, mas ele se afastou – vim só jogar papo fora mesmo, e perguntar do bigi que você ia me emprestar...

- É gibi! Você não aprende mesmo. Está aqui. – Ele tirou a revistinha da mochila – Quanto ao papo vou ficar te devendo. – Disse olhando para trás – Tenho que voltar logo antes que sintam minha falta.

- Você sabe que esta situação é ridícula, não é?

- Não quero brigar com ela, mas quero ser seu amigo. Esse é o único jeito...

- Na verdade assim é pior... Mas que seja, vai ser melhor para mim se isso acabar dando errado.

- Eu não entendi. – Ele pareceu confuso. – Não importa, eu vou sair daqui agora. Espera eu chegar lá para você sair, por segurança.

Daniele deu uma risadinha sarcástica e cruzou os braços. – Vai lá antes que sua “dona” perceba que você não está pertinho dela.

Alvo não respondeu a provocação de Daniele e voltou rapidamente para onde estava antes da garota chegar. Mas não passou totalmente despercebido, pois tanto Alana como Mary e Rose, que já havia voltado da enfermaria, viraram para ele.

- Onde você estava? – Alana perguntou.

- E-eu estava... Estava aqui, ué! – Ele pareceu nervoso.

- Não estava não! – Ela falou simplesmente. – Eu vim falar com você antes e você não estava aí...

- É que eu...

- Quinto ano! – A professora Mcgonagall chamou e todos se calaram na hora, para alívio de Alvo – O professor Binns não voltou até agora de... seja lá onde ele foi. Então vocês não terão aulas de História da Magia hoje.

A reação foi imediata. Todos gritaram, jogaram mochilas para o alto e fizeram dancinhas esquisitas. Todos com exceção de Rose, a única que preferia aula, pois iriam entrar em uma parte muito interessante da matéria.

- Eu aprecio esse interesse pela aula de história da magia.... – Mcgonagall falou ironicamente – Mas como eu sei que vocês não querem ficar a toa descansando, lendo algum livro ou conversando com os companheiros, o professor Hagrid aceitou começar o expediente dele mais cedo e dar uma aula extra para vocês.

A comemoração parou abruptamente. Com exceção mais uma vez de Rose, a única que deu uns pulinhos de alegria, mas parou sem graça quando viu que foi a única.



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Scorpius sabia que a relação entre ele e Val não estava muito boa. E mesmo assim, não conseguia achar ânimo para melhorar as coisas. Parecia que quanto mais passava o tempo, mais complicado ficava de tirar de uma vez por todas a Weasley de seus pensamentos.

Qualquer assunto, qualquer coisa, por mais boba que fosse, o fazia lembrar dela. As aulas em conjunto eram um tormento. Como essa. Mais uma vez haviam brigado por direito de resposta na aula de DCAT e Harry continuava com sua filosofia de parem-de-discutir-trabalhando-juntos.

Já era a quinta vez que se via obrigado a aturar a Weasley durante dois tempos seguidos.

Aturar seus olhos azuis perfurantes, que invadiam seu ser com toda força e pareciam reduzir aos pedaços seu coração cada vez que cruzava com seu olhar. Aturar sua proximidade. O cheiro suave de rosas, que exalava da menina suada do esforço na prática de feitiços de ataque e defesa.

Os dois estavam sempre empatados. Quando Rose comemorava um ataque perfeito, em seguida era a vez de Scorpius. E assim por diante.

Conformados com o destino nas aulas de DCAT, eles já não perdiam mais tempo trocando 'elogios' na frente de toda a classe. Praticamente nem falavam mais, na verdade, eram os mais calados. A não ser quando estendiam suas mãos para o ar, pois não resistiam ao desejo de responder a qualquer pergunta que Harry fizesse. Corvinal e Grifinória eram as casa que estavam sempre na disputa acirrada de pontos, uma vez que os dois alunos mais brilhantes também se encontravam em constante disputa.

- Agora - Harry anunciou chamando atenção dos alunos que pararam de praticar para ouvi-lo - Para finalizar, vamos mudar o feitiço de ataque para o feitiço do corpo preso, que muitos já conhecem, mas poucos realmente usaram e que são realmente úteis para ganhar tempo contra o adversário. Agora repitam comigo: Petrificus Totalus!

Os alunos repetiram entusiasmados.

Com um floreio da varinha, Harry afastou a mobília para os cantos e encheu a sala de almofadas enormes que serviriam de aparo para os alunos atingidos.

- Não se esqueçam de se proteger! Tem que antecipar o movimento inimigo e ter firmeza, ou o escudo será fraco demais. - Ele ia explicando enquanto mais da metade da sala se enchia de corpos retesados espalhados pelo chão.

Rose se virou para Scorpius novamente.

- Eu começ...

- Petrificus totalus!

O feitiço pegou Rose tão desprevenida que antes de cair presa no chão, a garota voou alguns metros para trás e foi dar com a cabeça na ponta de uma cadeira afastada na parede sala.

O único esboço de dor que ela conseguiu exprimir foi com os olhos, que se encheram de lágrimas.

Scorpius olhou assustado em volta, mas ninguém parecia ter notado, já que Rose não era única caída na sala. Ele correu até a garota e se agachou para examinar-lhe a cabeça.

- Desculpe, Weasley. Não era minha intenção machucá-la. - O garoto apoiou a varinha ao lado dela e passou as mãos pelos cabelos de Rose, que parecia aborrecida.

"Como são macios..." pensou "Não. Pare já com isso! Ela é uma Weasley traidora e covarde"

Ele alisava a cabeça da menina a procura de algum ferimento. Não achou. Continuou com as mãos nos cachos que desprendiam do coque já praticamente desfeito. Parecia que um ímã o prendia ali, a ela.

Rose observava Malfoy tão perto, sentia suas mãos em seus cabelos, a ponta dos seus dedos que acariciavam despropositalmente - ou não - os cantos de seu rosto, sua orelha, sua nuca. Respirou fundo. Se pudesse estremecer, o teria feito, pois sentiu o arrepio que subia pela sua espinha. Há quanto tempo não entrava em contato com nenhuma parte sequer do corpo do Malfoy? Pareciam anos, séculos, eras...

Tudo isso não durou mais que alguns minutinhos. O feitiço se desfez.

A primeira coisa que Rose fez foi esfregar o lado direito da cabeça.

- Não está ferida. - explicou ao perceber Scorpius espiando - Só doída... Por que me atacou, eu disse que EU iria começar! - ela sentou-se.

- Não ouvi. - Scorpius disse simplesmente, continuando agachado. - Está melhor, Weasley? Ou quer sentir mais do meu toque em você?

- Como ousa? - Rose ficou vermelha de raiva - Acha mesmo que suas mãos seriam capaz de curar assim?

- Não. Mas acho que podem fazer esquecer a dor, não acha? - ele prosseguiu debochado - Eu ouvi um suspiro sabia?

- Você é irritante e arrogante. - A garota se levantou, catando sua varinha e apontando para ele. - Além disso, você se acha demais. E aquilo não foi um suspiro, foi uma respiração presa, um bufar. 'Tarantaleggra'! - gritou.

- Protego! - Harry apareceu veloz e entrou no meio dos dois. - Rose, por acaso é esse o feitiço que mandei praticarem?

Scorpius sorria vitorioso por trás de Harry.

- Não, senhor.

- Não quero correr o risco de ter que descontar pontos de minha própria casa de novo, senhorita Weasley. - Ele falou sério e lançando um olhar a Scorpius, se retirou para o centro da sala.

'Muito bem, a aula terminou. Espero que tenham aprendido bastante hoje e estejam preparados para suar mais na próxima vez que nos encontrarmos. Estão dispensados.'

Os alunos saíram com o barulho de sempre. Harry fez sinal para Rose, que se deixou ficar por último para falar com o tio.

- Nos vemos no almoço então, Rose! - exclamou Alvo da porta com Mary, Alana, emburrada, e Daniele, que insistia em andar devagar para acompanhar o trio nem que fosse a alguns metros de distância.

Harry se aproximou da sobrinha quando já estavam a sós.

- Rose, querida, você está bem?

- Sim, tio Harry. - ela disse num murmúrio - Obrigada por não ter tirado pontos da Grifinória por minha causa...

- Sabe, você é a minha aluna mais dedicada e inteligente por natureza, graças à Hermione - ele sorriu ao se lembrar da amiga com quinze anos - E assim também é o Scorpius.

A menina revirou os olhos. "Igualzinha a Hermione" pensou Harry.

'Penso que não vale a pena correr o risco de uma detenção, ou de um berrador de sua mãe. Se você pudesse aceitar que o fato de ele ser um Malfoy não quer dizer que ele mereça desprezo ou preconceito. Scorpius não tem culpa do avô e do pai terem sido quem foram. E nem tem culpa se Ron não consegue superar essa rivalidade antiga. Mas não é justo que você Rose, siga os exemplos de seu pai a respeito de Scorpius.' - Harry olhou atentamente para ver a reação da garota - 'Por que você não dá uma chance a ele?'

Rose tremeu com a pergunta. "Ele não pode estar falando do que eu acho que está falando. Não pode mesmo. Calma Rose!"

- Se desse à dianteira de uma pergunta a ele, veria que o garoto pode ficar mais à vontade e se tornar um pouco mais gentil, quem sabe. - ele suspirou.

Rose assentiu com a cabeça e se virou para deixar a sala. Harry a chamou da porta.

- Scorpius não é mal, Rose. E poderia ser um bom amigo.

- Sim, tio Harry. - Rose respondeu cabisbaixa - Obrigada pela conversa.



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- O que aconteceu, Alana? - Rose perguntou enquanto se servia e reparava a amiga tentando comer com a mão trocada, fazendo uma bagunça por isso.

- Nada - Alana bufou irritada e Alvo olhou de esguelha para a namorada.

- Se você me deixasse ajudar! - pediu o menino, suplicante.

- Por que você não vai ver se a Daniele precisa de ajuda, hein, amor? - Alana exclamou largando o garfo com estrépito na beira do prato.

Rose piscou assustada e olhou confusa para Mary que comia de cabeça baixa, quase entrando de rosto na torta de faisão.

- Alguém pode me explicar o que está havendo aqui? - Hugo se meteu de repente, arrastando-se no banco para o lado de Mary - Não se pode nem mais comer e conversar com os amigos em paz que, de repente, tem alguém gritando e batendo coisas? - Ele arregalou os olhos em direção a Alana que fingiu não ouvir.

- O pulso direito dela está contundido. - Mary falou de uma vez.

- E? - Rose perguntou.

- Isso não é motivo para... - Hugo começou a falar.

- Culpa do Alvo. - Mary completou.

- Foi sem querer! - Alvo se defendeu atrapalhado.

- Sem querer? - Alana exclamou mais alto que o necessário fazendo as pessoas olharem para eles. - Pobre Alvinho. Foi sem querer que ele estava distraído demais prestando atenção na Jackson para notar que eu havia tropeçado na almofada e não poderia receber o feitiço de corpo preso naquela posição estranha e muito menos ter me defendido sem uma varinha!

Rose pode ver a mão inchada da menina enquanto ela gesticulava pelos ares.

- Alana, você já foi ver Madame Pomfrey? - ela perguntou alarmada.

- Sim, ela já foi medicada e não quis esperar a poção fazer efeito na ala hospitalar. - Mary explicou mais uma vez.

Hugo não se conteve e soltou uma risada.

- Eu gostaria de ter visto essa tal posição estranha! Auch! Que foi? - fez uma careta massageando as costelas onde havia recebido uma cotovelada de Mary.

- Amor eu já pedi desculpas. - Alvo tentou se aproximar assustado - Não fique assim, eu não estava distraído, só estava mostrando a Dan... a Jackson o floreio da varinha que ela não conseguia produzir. Você sabe que eu te amo demais, não sabe? - Alana olhou para ele que baixou a voz - Você acha que é possível esquecer num piscar de olhos tudo o que já vivemos? Pode não parecer muito, Alana, mas para mim, é o suficiente para te ter aqui em meus braços para o resto da vida. Eu preciso de você, do seu cheiro dos seus beijos. Não posso agüentar muito tempo longe de você, eu quero que entenda isso, sua ciumentazinha linda...

"Perfeito" Alana pensou com um sorriso no canto dos lábios. "Pedido de desculpas perfeito! Como eu posso não ceder? Ai, ai!"

- Te amo. - Alvo acariciou o rosto da menina e depositou um beijo suave na mão machucada da namorada.

- Ai! - Alana sorriu - Ainda dói um pouquinho! - Alvo arregalou os olhos apavorado.

- Desculpa, desculpa! - pediu rapidamente.

Alana gargalhou feliz. No que todos que acompanhavam o desfecho da história suspiraram aliviados, percebendo que a garota não teria outro ataque de histeria.

- Está desculpado, amor. - e beijou-lhe a bochecha.

James observava distante, o desentendimento entre o irmão e a namorada. "Esses dois..." pensava ele "Não entendo o que Alana vê no meu irmãozinho, mas que ele é muito burro de arriscar a relação deles por causa da Daniele, isso é!" O garoto desviou o olhar para onde Daniele se encontrava, na mesa da sonserina, ainda comendo, mas com os olhos vidrados em direção à mesa da Grifinória. Captava tudo o que ocorrera com Alvo. "Morena danadinha" pensou James, malicioso.

- Snif-snif... eu adoro finais felizes! - Hugo fingiu enxugar os olhos - Agora me passa a batata!

- Você já repetiu três vezes, Hugo! - Mary exclamou.

- Novidade... - Rose revirou os olhos.

- Hei, a mesa fica cheia enquanto ainda houver um aluno com fome! - Hugo rebateu enquanto pegava as batatas das mãos de Alvo - E eu ainda tenho fome, não posso desperdiçar esta comida toda, ora!




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Ela reclinou a cabeça, ainda de olhos fechados e soltou um longo suspiro. Será? Não seria preciso se beliscar para ter certeza? Mexeu-se, confortável, e não teve dúvidas. Sorriu.

- Por que está sorrindo?

- Nada - ela respondeu devagar, sem abrir os olhos.

Não era que já não esperasse. Mas não acreditava muito na possibilidade de acontecer realmente. Às vezes se achava tão criança, tão pirralha e imatura para ele. Entretanto, certas coisas não têm explicação. Isso era um fato.

Sentiu-se observada. Sabia-se observada. Sempre tão gentil tão protetor, ele era. Demonstrava um carinho enorme, um amor suave, quase fraternal. Claro, ele poderia ser seu irmão. Mas não era. "Ainda bem" pensou. Um dedo macio encostou em seu nariz e percorreu a distância até seu queixo, passando levemente sobre os lábios. Estremeceu. Adorava aquilo. As sensações que ele despertava nela.

- Seus lábios são tão macios... - murmurou com voz rouca.

Sorriu de novo. E então sentiu uma leve pressão do lado direito de seu corpo, e percebeu que ele se inclinava sobre ela, ansiando por provar mais uma vez daqueles lábios que também o procuravam.

- Sabe do que? - ela falou sentando-se na frente dele - Você é meu melhor amigo! E ainda por cima é dois em um!

- Dois em um? - ele a mirou confuso.

- Pois é sabe... - ela sorriu marota - É meu amigo. E ainda posso te beijar!

Ele gargalhou das conclusões de sua menina.

- Ah é? - fingiu-se ofendido - Então quer dizer que é assim, não é? - levantou-se - Eu sou um pacote promocional 'leve dois pague um'?

Ela pôs-se de pé também, enquanto ele avançava em sua direção com os braços esticados para frente.

- O quê...

Mas não teve tempo de perguntar e nem de se defender. Ele a atacou com coceguinhas nas costelas, que lhe tiravam o ar e a faziam gargalhar desesperada.

- Pára! Pára!

- Você se rende? - perguntou já parando e a puxando para um abraço.

- Para você? - sorriu docemente - Já me rendi há algum tempo...

Beijaram-se suavemente. Provando o sabor da amizade conquistada e do amor descoberto.

- Ephram!

Separaram-se assustados.

Um garoto de ombros largos e cabeça pequena se aproximava pelos jardins. Tinha uma expressão estranha nos olhos. Ephram bufou.

- Hunter. - Ele cumprimentou o colega da Sonserina, que fingiu não notar a menina ruiva ao lado dele.

Lily percebeu o desconforto de Ephram e soltou sua mão recuando um passo atrás. Ephram não reagiu ao movimento dela.

- Acho que você se esqueceu de que tinha um compromisso hoje à tarde comigo e Hausman. - O garoto tinha uma voz marcante. Grave, vibrante.

- Acho que esqueci, sim. - Ephram concordou a contra gosto - Estarei na sala comunal em um instante. Me espere lá.

Hunter o encarou por alguns segundos e então desviou seu olhar para Lily, que sorriu sem graça, mas não recebeu nenhum tipo de cumprimento em troca.

- Tenho que ir. - Ephram virou-se para ela e depositou-lhe um beijo na testa.

Lily concordou com a cabeça e pensou em levantar os braços para um abraço de despedida. Mas Ephram foi mais rápido e em um piscar de olhos já estava na metade do caminho em direção ao castelo.

A menina suspirou irritada. Agora era sempre assim. Esses novos amigos do Ephram causavam essa reação nele, ficava sério e saía rápido de perto dela. Não gostava deles.

De longe, James a observava. Ela fez que não viu e sentou-se no gramado úmido novamente.

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- Você está aproveitando a sorte não é Barrow?

Ephram largou-se em uma poltrona da sala comunal da Sonserina e fechou os olhos, cansado.

- É cara, você tirou a sorte grande com aquela ruivinha fogosa!

Num segundo ele estava de pé a menos de três centímetros do rosto de Ruddins.

- Não ouse falar dela assim de novo. - disse numa voz calma.

- Hei, Barrow - Hunter se aproximou - Não se empolgue muito. Mais cedo ou mais tarde, você vai tirar suas garras dela de qualquer jeito, não é?

Ephram voltou a sentar e encarou Hunter.

- Pensa que me engana? - O garoto continuou sério - Eu não sou um dos seus amiguinhos cabelos de fogo. Eu sei o que você está fazendo com a garotinha. E não me importa. Não mesmo. Desde que o plano dê certo no fim.

- O plano flui de maneira perfeita, Hunter. E se realmente não se importa com a pirralha, não preciso ficar discutindo com você o que eu faço com ela ou deixo de fazer. - Ephram foi grosso.

- Ruddins acha que ela vai acabar atrapalhando na hora agá. - Hunter continuava de pé encarando Ephram.

- Ruddins não sabe de nada. - ele retrucou - A garota Potter só me serve enquanto me passar informações importantes. Assim que não precisar mais dela, será um peso morto pronto para ser dispensado.

- Vai dar um chute nela? - Ruddins perguntou ansioso.

- Prefiro dizer que vou liberá-la. E isso não quer dizer que ela estará disponível para você.

Hunter o observava, tentando perceber algum traço de emoção que o ligasse mais ainda à menina, mas a única coisa que notou foi desprezo e frieza. Suspirou aliviado. Não queria que uma pirralha metida à gostosa estragasse a fase final dos planos da organização.

Ruddins deu de ombros.

- Mas que ela é bonita, isso é! E aposto que essa missão não te causa nenhum esforço não é?

- Mais do que vocês possam imaginar. - Ephram murmurou mais para si mesmo - Mais do que eu poderia imaginar...

- Bom, eu só te chamei aqui para checar seu relatório. Uma vez que não há nada de novo, está liberado, Barrow. - Hunter deu as costas e seguiu para a entrada da masmorra.

- Quem você pensa que é para me "liberar", Hunter. - Ephram estava de pé e parecia realmente nervoso - Eu não preciso de suas ordens, e muito menos de sua supervisão. Não pense que só por que seu pai é influente no grupo você tenha o direito de mandar e desmandar aqui. - o garoto baixou a voz quando Hunter se aproximou novamente - Ele era meu avô. É minha mãe que está à frente de todos. Se você se acha muito importante por ter sido designado numa missãozinha de segunda como ficar me dando suporte junto com Ruddins, pode ir baixando a crista. - terminou num sussurro e, passando pela cara espantada de Ruddins, deixou a sala.

Hunter apenas sorriu, malicioso.


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- Hugo, come alguma coisa!

Devia ser a milésima vez que Rose pedia para o irmão comer. Faltava pouco para começar o primeiro jogo de quadribol da temporada. Lufa-lufa x Grifinória. E desde que Rose e o restante da turma chegaram para o café da manhã Hugo estava sentado na mesma posição, com a mesma cara de medo e num tom esverdeado.

- É verdade, Hugo! Preciso de todos os jogadores bem no jogo! – James falou, embora também não estivesse comendo.

- E-eu... – Hugo começou, a voz fraca – Eu acho que não vou jogar... não posso jogar, não vou conseguir jogar bem...

- Você não pode desistir agora, você vai jogar nem que eu tenha que te amarrar nas balisas! – James ameaçou

Hugo se levantou murmurando um “vejo vocês no campo” e saindo do salão principal.

- Ele só está nervoso assim porque é o primeiro jogo dele, logo passa... – Rose afirmou – Espero... – disse para ela mesma.

Lily parecia estar menos nervosa, mas mesmo assim ainda estava. Se bem que com Ephram ao seu lado ela se sentia melhor. Preferiu tomar o café na mesa da sonserina junto com ele, mesmo que agora tivesse começando a desistir de ficar ali. Primeiro que ele a estava obrigando a comer e segundo que os dois amigos dele, mesmo que de longe, não paravam de olhar.

- Se você ficar de pirraça para comer vai ficar fraca e jogar mal. – Ele tentava levar mais uma torrada a boca da menina.

- Ephram, eu tirei o capitão do time do time! Eu preciso ir muito bem ou todos vão constatar que Paul fez uma burrada! Eu estou nervosa, poxa... – Ela falou desviando da torrada.

- Ele não fez uma burrada! – Ephram finalmente conseguiu enfiar a torrada na boca dela – Você provou que era capaz e ganhou a vaga. Não tem nada de errado nisso!

- Pode ser... – Ela falou, embora não estivesse convencida. Automaticamente, como vinha fazendo de cinco em cinco minutos, deu uma olhadela para os amigos de Ephram e voltou para o garoto emburrada – Por que eles não param de olhar?

Ephram virou para os garotos de cara feia e fez um quase que imperceptível sinal para que eles virassem para frente, no que eles entenderam na hora.

- Eles não estão olhando, amor. É impressão sua.

Lily não se convenceu com a resposta, mas ignorou, levantando. – Vou para a concentração com o restante do time.

- Boa sorte, minha apanhadora linda. – ele desejou – E vê se pega aquele pomo para mim.

Lily apenas lançou um beijinho para ele e foi ao encontro do restante do time. Assim que ela saiu Ephram se juntou aos dois amigos.

- Quem vê não acha que é apenas teatro. – Hunter comentou distraidamente.

-Acho que é essa a intenção, não? – perguntou sarcasticamente – Agora acho melhor irmos se ainda tivermos a intenção de assistir ao jogo. Todos já estão indo.

As arquibancadas já estavam lotadas enquanto todos esperavam o segundo jogo da temporada Grifinória x Lufa-lufa. No primeiro a Corvinal havia batido de longe a Sonserina por 190 x 30.

Na concentração Hugo estava sentado longe do time, muito quieto. Continuava muito nervoso, agora pior que antes, já que o jogo estava preste a começar.

Inseguro? Sim, Hugo sempre foi muito inseguro. Diferente da irmã, que sempre, ou quase sempre fazia tudo com muita certeza, Hugo sempre pensou duas vezes antes de fazer, principalmente quando isso envolve alguma coisa que todos vão ver.

Ele sempre quis entrar para o time de quadribol, mais pelo fato de que seu pai um dia foi do time do que por gostar mesmo. Não que ele não gostasse, pois era inevitável não gostar de quadribol com um fã fanático do Chudley Cannons em casa, até ele se rendeu as graças (ou desgraças) do time laranja.

Isso era uma coisa da qual ele sempre teve muito orgulho. Todos ressaltavam o fato dele parecer muito com o pai, talvez não tanto fisicamente, pois tirando o fato de ser ruivo, todos diziam que ele parecia muito com Hermione. Mas o jeito e até mesmo a própria insegurança eram heranças de Ron. Por isso estava tão nervoso, carregar o fardo do “rei” não era nada simples. A cobrança era muito grande. Quem sabe se no teste para o time não foi sorte? A situação era muito complicada, mas agora era tarde para desistir.

- Sozinho de novo.

- Às vezes eu preciso ficar só. – Ele respondeu com um sorriso fraco – Mas sua companhia é sempre bem vinda.

- Você não tem jeito mesmo. – Mary se sentou ao lado do garoto.

- Você sempre diz isso, que eu não tenho jeito... – Ele falou sério.

- Você está bem?

- Um pouco nervoso talvez... Onde estão os outros?

- Estão lá fora aguardando o jogo. – Ela pegou na mão dele – Mas eu vim aqui porque sabia que você estaria assim, mas eu não quero você assim, porque você é bom, você vai conseguir, como conseguiu no teste.

- Você mudou muito, sabia? – Ele enlaçou seus dedos nos dela

- Você acha? – Ela não ofereceu resistência.

- Você passou da menina desastrada e que fala muito para a sábia Mary.

- E isso é bom?

Ele se inclinou na direção da garota. – Isso é ótimo. – Ele passou a mão vagarosamente em seu rosto. Ela fechou os olhos com o toque suave da mão dele. Ela estava tão linda com os olhos fechados, tão próxima. A respiração lenta e um sorriso discreto começava a aparecer em seus lábios. E como pareciam macios...

Foi aí que ele não resistiu. Sem pressa ele uniu seus lábios aos dela, e assim permaneceram por alguns segundos. Mas antes que ele pudesse aprofundar o beijo, Mary se afastou.

- Hugo...

- Já sei. – Ele a cortou – Sou mais novo que você. Uma criança. Não daria certo. Você já falou isso.

- Desculpa... – Ela pediu

- Tudo bem, acho que estou me acostumando com a idéia. – Ele falou. – O time já está entrando em campo. Obrigado pela força, foi importante. – E saiu antes que ela pudesse dizer algo.




Todos os jogadores se reuniram no meio do campo enquanto a professora Chang não vinha para dar as mesmas instruções de sempre.

- Oi, ruivinha linda!

- James, se você quer me chamar de Bianca tudo bem, mas de ruivinha é demais!

- Eu não te chamei de ruivinha, chamei de ruivinha linda. É diferente.

Ela revirou os olhos.

- Pronta para a primeira derrota da temporada? – Ele provocou.

- Sou eu quem deveria fazer essa pergunta. – Ela também provocou.

- Potter! – A professora Chang, que já tinha chegado, chamou – Venha logo.

James apertou a mão do capitão do time da Lufa-lufa e logo em seguida o time já estava no alto.

“E começa o segundo jogo da temporada. Grifinória x Lufa-lufa. O time vermelho e dourado agora está com muitas caras novas. Entre eles o capitão da equipe, James Potter!”

Houve muitos gritos de comemoração Quando Harllow falou o nome de James, principalmente do publico feminino. Bianca fechou a cara.

“Lufa-lufa com a posse da goles, o Cheese desvia do balaço lançado por Johansan e passa a goles para a Culler que nem segura a goles direito e arremessa e... Marca! 10x0 para a Lufa-lufa na bobeira do novo goleiro Weasley”

- HUGO! – James gritou – PRESTA ATENÇÃO, CARA!

- “Lufa-lufa novamente com a posse da goles.O Wright passa muito rápido em direção aos aros. O goleiro Weasley se posiciona no meio dos aros e... Um balaço lançado pelo Potter acerta o artilheiro em cheio, deixando a goles para Bercovich da Grifinória. A artilheira faz um grande lançamento de uma ponta a outra do campo. A artilheira Kristtyan pega a goles e lança direto para os aros e... O goleiro defende e a goles já coloca e em jogo. Culler passa para Wright, que passa para Skill que já estava adiantada, ela aproveita que Weasley está adiantado e... Marca de novo! 20 x 0 para a Lufa-lufa”

O dia realmente não estava bom para a grifinória. A Lufa-lufa armava as jogadas com muita facilidade e a grifinória estava desconsertada com isso. Outro grande problema era que Hugo parecia ter perdido totalmente a confiança no jogo e a Lufa –Lufa fazia gols como se não houvesse goleiro nos aros da Grifinória.

“210 x 40 para a Lufa-lufa. Parece que o jogo está realmente voltado para o time amarelo. A grifinória não está conseguindo reagir a essa atuação impressionante. E olhem só, enquanto eu comentava a Lufa-lufa marcou mais 10 pontos, agora são 220 x 40. E as duas apanhadoras continuam sobrevoando o campo a procura do pomo de ouro. Parece que a bolinha dourada quer colaborar com o bom jogo do time da tia Helga...”

- Harllows! – O professor Flitwick gritou – Mais respeito com os fundadores da escola.

“Foi mal, professor! Como eu dizia, as duas apanhadoras continuam sobrevoando o campo a procura do pomo de ouro. Essa é a estréia também de Lily Potter no time. Mais um colírio para os nossos olhos na hora do jogo... que menina bonita...”

- Harllows! – Dessa vez foi Harry quem gritou

“Desculpa, professor. É com todo respeito. Espera! Parece que a apanhadora Potter avistou alguma coisa.”

Lily de repente saiu a toda velocidade em direção ao chão. Assim que percebeu, Bianca também foi atrás, se equiparando rapidamente a menina. O chão ficava cada vez mais perto e nenhuma das duas parava. Lily aumentou a velocidade, sendo imitada por Bianca. Quando faltava cerca de dois metros para chegar ao chão, Lily deu um sorriso maroto para Bianca e deu uma freada brusca na vassoura. Por essa Bianca não esperava e não teve tempo de frear, indo de encontro ao chão.

Sem tomar nota do que houve, Lily subiu a toda velocidade em direção as balizas da Lufa-lufa, onde ela já tinha visto o pequeno pomo voando. Desviando de dois balaços lançados pela Lufa-lufa, Lily capturou o pomo.

“E acabou! Depois de executar maravilhosamente a finta de wronsky para cima da apanhadora Carter, Potter pega o pomo! Mas mesmo assim não foi o suficiente para dar a vitória para o time.”

Lily desceu para a muvuca aglomerada no lugar onde Bianca havia caído... Mas por que havia uma muvuca ali? A menina se aproximou do grupo, onde pode ver Bianca sentada com um rosto expressando muita dor, seu braço parecendo estar quebrado.

- Onde você aprendeu a fazer aquilo? – James perguntou perplexo

- Li no quadribol através dos séculos... ela está bem? – Perguntou observando Bianca sendo levada pela professora para a ala hospitalar.

- Acho que quebrou um braço... – Ele olhou para os lados – Lily, você viu o Hugo?

- Não...

- Depois eu falo com ele, tenho que resolver um assunto agora.

James apressou-se a entrar no castelo em direção a enfermaria, claro! Não adiantava, por mais que ele tentasse, não conseguia não pensar naquela ruivinha. Era meio que uma questão de honra pensava ele. Mas se perguntasse, ele não saberia responder com certeza se realmente ele só ficava atrás dela por questão de honra.

Ao chegar lá, ele a viu sozinha, sentada em uma das camas com o braço apoiado em uma tipóia, ainda com as roupas de quadribol, os cabelos rebeldes domados em um rabo-de-cavalo que já estava soltando. Aproximou-se vagarosamente da menina e inclinou-se ao seu ouvido.

- Doendo?

Bianca estava tão distraída que se assustou com James, dando no garoto uma grande cabeçada.

- Quanto carinho... – James ironizou esfregando a cabeça.

- Desculpa... – Bianca pediu também esfregando a cabeça – Também, você chega assim de repente...

- Fiquei preocupado com você... – Ele se sentou ao lado dela.

- Eu sou bem resistente... Sua irmã é bem esperta, pena que não foi o bastante para vencer o jogo. – Ela provocou

- Belo começo o meu... se não fosse a Lily teríamos tomado uma lavada. – Ele pareceu realmente chateado

- Nem vem! – Bianca exclamou – Você é um ótimo capitão, um jogo não quer dizer nada, você sabe disso!

Ele abriu um pequeno sorriso.

- É muito bom você me dar força, mas não adianta muito. De qualquer jeito obrigado. – Disse sinceramente – Agora que eu sei que você está bem vou voltar para a torre da Grifinória, tenho que conversar com meu primo, ele deve estar arrasado.

- Você veio aqui só para ver se eu estava bem mesmo?

Ele sorriu malicioso e se aproximou.

- Na verdade eu vim pensando em outra coisa, mas prometi que me comportaria... mas por mais que eu tente não consigo...

- É-é... eu não perguntei com essa intenção... – Ela falou com dificuldade, já que cada vez ele ficava mais próximo.

James nem tomou nota do que ela disse e chegou bem perto, quase tocando seus lábios nos dela, mas não tocou. Estava disposto a provocar bastante, provocar até ela não agüentar. E ele sabia muito bem como fazer isso, ter ficado com muitas meninas tem lá suas vantagens. Ele levou a mão até o pescoço da menina, acariciando de leve, provocando arrepios nela, que parecia entorpecida pela repentina atitude do garoto. James desviou seus lábios em direção ao rosto da menina, dando leves beijos em toda a extensão da bochecha, tendo o cuidado de esbarrar no canto da boca de vez em quando.

James levou sua mão ao cabelo de Bianca, puxando ele para trás, fazendo que sua cabeça viesse para trás, deixando o caminho livre para ele chegar até o pescoço dela. Estava saindo exatamente como ele queria. Quanto mais ela parecia estar gostando mais ele provocava. Ele se afastou um pouco, mas continuou bem próximo, voltando a ficar de frente para ela. Bianca estava com o rosto vermelho, os olhos fechados, seu cabelo agora totalmente solto. Era uma cena realmente linda.

Bianca abriu os olhos lentamente. Ela nunca tinha visto o rosto dele tão de perto. As discretas sardinhas que ele tinha no nariz, ou que os olhos dele eram um castanho bem claro, quase verde. Ela realmente não estava disposta a esperar para ver onde aquele joguinho iria dar. Sem pensar ela puxou James pela nuca e ele, sem mostrar qualquer resistência, se deixou levar pelo impulso da menina.

- O que está acontecendo aqui?

James e Bianca se afastaram rapidamente, enquanto a enfermeira vinha depressa (pelo menos o mais depressa que ela podia) em direção a eles.

- A enfermaria não é lugar para isso! – a enfermeira bradou – Pode ir embora, mocinho. Você ainda está com o uniforme do jogo, vai logo, anda!

James se levantou lançando um olhar severo a enfermeira e foi em direção a porta. Antes de sair ele virou novamente para Bianca.

- Ainda temos um assunto pendente, viu ruivinha! – E dando um sorriso maroto para a menina ele desapareceu pela porta.


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- Ai meu Deus! Onde eu estava com a cabeça quando permiti que você seguisse com essa loucura?

- Ah, amor! Não reclame! Está ficando lindo, veja!

Ron apontou para a parede com um pincel pingando, sujando algumas almofadas jogadas num canto do chão.

- Pelo amor de Deus, Ron! - Hermione olhava exasperada - Olha aí a sujeira que está fazendo com meu chão! E minhas almofadas! E nossos móveis, e suas roupas!

- Sabe o que eu acho? - Ele sorria, feliz com a pintura - Que vou repintar a cozinha também!

- Não, não! E você sabe o que EU acho? - Hermione procurou pela varinha dentro dos bolsos do vestido. - Que você já se divertiu bastante nessa sua experiência trouxa! É hora de um toque feminino! - Ela apontou a varinha para a parede de onde escorria tinta branca para o chão. - E mágico! - completou sorrindo.

- Não, Mione! Não!

Ela não teve nem tempo de anotar a placa do hipogrifo que a atropelou. A próxima coisa que sabia é que estava jogada no meio de sete latas de tintas, com Ron atravessado por cima dela, e ambos ensopados com pelo menos cinco cores diferentes pingando das roupas. Mione fechou os olhos e respirou fundo.

- Um, dois, três, quatro, cinco, seis... É melhor correr, Roniquinho. - ela alertou entre os dentes.

- Uh-oh. - Ron levantou-se, destrambelhado, e começou afastar-se lentamente da esposa. - Sabe... hehe - tentou sorrir - acho que eu não me importo de usar magia agora... hehe - e disfarçadamente catou a varinha de Hermione, que agora era cor de salmon.

- Não se atreva, Roniquinho da mamãe! - Ela pôs-se de pé num salto, os cabelos colados no rosto melado, assim como o vestido azul, branco, salmon, amarelo, dentre outras cores.

Ron não se mexeu. Apenas olhava pasmo para a esposa.

- O quê? - Ela perguntou curiosa - Pirou de vez, é?

- É que você fica linda assim... - falou docemente - Sexy, descabelada, com esse vestidinho colado, assim sujinha...

- Sujinha?! Ron Weasley, está tentando não ser punido me chamando de 'sujinha'?! - Hermione variava entre a raiva e o riso.

- Não! - Ele sacudia a cabeça parecendo perdido - Nunca!

- Nunca mesmo! - E avançou para cima do marido tirando um pincel de trás das costas e dando uma boa pincelada de azul na cara assustada de Ron.

- Ah é? Sua traidorazinha de vestido sujo! - Ron corria para alcançar a lata de tinta mais próxima.

- Não! - Hermione correu para trás da estante, que estava fora do lugar, como todos os outros móveis da sala. - Você não sabe brincar, não, seu exagerado!

- Ah, amor! O que é? Você já está suja mesmo. - Ele ia se aproximando da estante, de onde dava para ver os olhos cor de mel da esposa por entre as prateleiras. - E essa estante não vai te proteger para sempre!


- Quem disse que eu preciso de proteção, Ronald? - Hermione brincou e saiu de repente do esconderijo passando outra pincelada na orelha dele.

- Ah, sua... - Ele largou a tinta no chão e puxou pela mão - Agora vem aqui!

Hermione gargalhava gostoso, por ter vencido a pequena batalha. Enquanto Ron olhava abobado para ela.

- Ron, eu não me divertia assim faz algum tempo.

- Eu te amo, minha sujinha. - Ele acariciou a bochecha amarela da esposa.

- E eu te amo minha coisa azul. - Hermione atravessou o caminho até os lábios convidativos do marido, namorado, amigo...

- Ugh!

Ron e Hermione se separaram e olharam em direção à porta da sala.

- Quando você disse que ele estava com essa idéia ridícula, eu achei que não aprovava, cunhadinha! - Gina olhava estarrecida, da bagunça pelo chão da sala, para o irmão e a cunhada coloridos no meio da bagunça, e finalmente para a parede mal-pintada.

- Oi, Gi! Você sabe como seu irmão pode ser persuasivo. - Ele caminhou para a irmã - Dá um abraço aqui vai!

- Longe de mim, coisa azul! - e o ameaçou com a bolsa.

- Tudo bem, Gina? Onde está o Harry? - Mione puxou Ron de perto da cunhada. - Pode se sentar.

- Onde, exatamente, você quer que eu sente? - Gina perguntou sarcástica apontando para o sofá sujo, assim como todo o resto.

- Oh, é verdade. Por que você não vai para cozinha enquanto eu me limpo e deixo o Ron cuidar da bagunça que ELE fez! - Hermione olhou acusadoramente para ele e, deixando Gina na cozinha, se dirigiu para o banheiro.

- Amorzinho! - Ron gritou atrás dela - Pode pelo menos me convocar minha varinha de cima da cama? - pediu carinhosamente - É que eu não quero correr o risco de sujar tudo pelo caminho e muito menos a cama que você arrumou toda limpinha com aquele lençol tão cheiroso aonde vamos nos deitar mais tarde, bem juntinhos e agarradinhos, e aconchegantes, para trocar uns beijinhos e...

- Não conte com o ovo dentro da coruja, querido. - ela o cortou com um sorriso provocante no canto dos lábios - E acho bom você deixar o sofá bem limpinho e cheirosinho, também... - convocou a varinha e o entregou - Para o caso de alguém precisar dormir nele hoje... - completou divertida.

- Ah não! - Ron arregalou os olhos para a porta que Hermione acabava de fechar na sua cara.

- Mione, sabe que eu acho que a sua cozinha também gostaria de ser pintada novamente... - a garota ainda ouviu Gina comentar da cozinha antes de abrir o chuveiro, e revirou os olhos para o teto.

- Eu mereço...




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n/a:

Pessoal, perdão!!!


Tipo q eu não consegui terminar tudo sabado como eu pretendia... e nem domingo... e nem segunda.... Tava ficando louca!!!! Depois p/ completar a Val não podia betar, mandei p/ alana mas ela tb não conseguiu...Daí eu corri p/ pedir a minha amiga CAROL! AMIGA MUITO OBRIGADA!!! ´

bem, pelo menos está aqui... espero q vcs tenham gostado, foi dificil mas saiu!! heheh..Estou muito feliz q alana tenha voltado a escrever, assim sai mais rapido o cap, é mais legal!! ^^.. Depois a alana vem colocar uma nota aki p/ vcs...

Bjus, obrigada por tudo e desculpa mesmo!!!

***BIA***



N/A²:

ihuuuuuuu! é isso aí! Lana de voltaaa!! espero q minha contribuição tenha ajudado! eu realmente adorei escrever de novo! e quero q saibam q eu e bia escrevemos em todo nosso tempo livre, quando não estamos ecrevendo, é pq não dá mesmo! eu sou professora de ingles, faço curso de LIBRAS, japonês e guia de turismo internacional! aí eu me pergunto qdo é q eu escrevo? nem sei!! :P :P

só sei q adoroooo!!!!!!!!

mil beijoos pra geral!!!!!

até o 21!!

ps. a gente se esbarra nos coments! hehe

:)LANA:)






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