Saint Mungus



N/A: Galera, aki quem fala é Alana.

A parte da Bia chegoooouuuu!!!!

Espero q gostem, bjuuus e até logo!!!

:)LANA:)


N/A2:

Bem pesoal.. eu nem tenho mais jeito de pedir desculpas.. e dessa vez a culpa foi exclusivamente minha, mas tenho uma explicação.

Eu sou organista da minha igreja, não sei se já disse. Toco orgão (sem duplo sentido... =p) desde os 12 anos, e dia 06/06 será o meu teste. Estou estudando como louca, não faço mais nada. Até essa data pelo menos eu estarei muito ocupada estudando música até ter notas musicais saindo pelo meu nariz! hahahah

Nas minhas horas vagas, que são escassas eu tentarei escrever um pouco, mas não prometo nada por esse periodo tão conturbado da minha vida.

Conto muito com a compreensão de vcs. Orem, Rezem ou coisa do tipo por mim, pq eu preciso muito passar no teste.

Muito obrigada por tudo, gente, eu voltarei em breve!

Bia!



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CAP. 23 - SAINT MUNGUS



Mais uma das muitas poções preparadas só naquele dia estava em sua mão. As ervas que usara dessa vez eram diferentes, mais fortes.

Dessa vez iria funcionar.

Ele se aproximou da cama onde o enfermo se encontrava deitado. Com muita dificuldade ele levantou-lhe cabeça, fazendo-o tomar até a ultima gota. Seria imediato, se desse certo era questão de segundos até o resultado. Mas não deu nem tempo de ter esperança, como das outras vezes, numa única golfada toda poção foi posta para fora.

Draco se sentou na cadeira próxima a cama onde seu filho se encontrava. Com um floreio da varinha fez com que toda poção derramada secasse. Enfiou pela milésima vez a mão no bolso e retirou a carta. Aquela maldita carta, aquela maldita organização.

Logo que avisaram que mais uma vitima da organização tinha chegado ao hospital, chegou em sua sala uma pequena carta com os simples dizeres: “Eu avisei”. Enterrou o rosto nas mão respirando profundamente. Depois de tudo que passou na vida, depois de ter que lutar muito para conseguir a aceitação da comunidade bruxa, acabou aprendendo a não desistir, sempre ir em frente. Aprendeu a ser forte e arriscar.

Draco olhou para o filho novamente e segurou sua mão. Estava muito gelada. Apontou a varinha para a janela e a fechou, convocou um cobertor mais grosso e o cobriu, apertou a carta em sua mão e se dirigiu para fora do quarto.

- E então?

A recepção do Saint Mungus estava lotada. Aurores, repórteres do Profeta e outros jornais do mundo bruxo e curiosos se aglomeravam próximos ao corredor onde Scorpius Malfoy havia sido internado.

- Nada mudou. – Ele falou desanimado – Mais uma vez ele repeliu a poção. Ele tem sinal de magia mas não acorda de jeito nenhum. Tenho que continuar as pesquisas mas não estou muito otimista. Levei o caso a alguns curandeiros da Bulgária para uma pesquisa mais aprofundada.

- Vamos para outro lugar. – Ron sugeriu – tem gente demais aqui.

Draco guiou os bruxos do ministério para sua sala e trancou a porta.

- Tinha que ser obra daqueles desgraçados. Atacar um garoto e ainda mandar uma carta. Isso é um absurdo! – Bradou Otani, um auror com traços orientais. – E como entraram em Hogwarts? Ninguém entra em Hogwarts sem ser notado.

- Segundo o departamento de Execuções de Leis e Magia não há como rastrear o feitiço uma vez que não parece ilegal, nem tem registro e quem o executou o fez de um ponto neutro, onde vários feitiços são feitos o tempo todo. Foi verificado se houve alguma maldição imperdoável ou algum outro tipo de magia das trevas, mas nada foi encontrado. – Ron falou

- Além de Potter, colocamos mais alguns aurores de prontidão na escola a registrar cada entrada e saída de lá. Por falar em Potter onde ele está? – Otani perguntou.

- O senhor Potter é professor, tem obrigações com Hogwarts. – Uma bruxa baixinha falou prontamente. – Mas passarei um relatório de tudo a ele.

- Temos que colocar também aurores na casa do Dr Malfoy. O senhor concorda?

Draco parecia não ter ouvido sequer uma palavra daquela reunião. Permaneceu olhando a carta em sua mão desde que entrara na sala.

- Você ouviu alguma coisa do que dissemos, Malfoy? – Ron perguntou

- Para mim chega. – Ele jogou a carta na mesa.

- Do que você está falando?

- Eu estou oficialmente entregando o caso de Victoire Weasley.

Todos ficaram sem fala. Malfoy procurou não encara-los.

- Isso é algum tipo de brincadeira, Malfoy? – Mas o olhar que Draco o lançou mostrou que isso estava longe de ser uma brincadeira. Ron pareceu indignado – Você não pode fazer isso!

- Sinto muito, Weasley, mas está feito.

- Você está perto de soltar o que aconteceu da memória dela, não pode parar agora!

- Já está feito, Weasley. – Draco repetiu – Posso indicar alguns curandeiros muito bons para dar continuidade ao caso...

- Você é o curandeiro chefe do saint Mungus. Embora eu não goste de admitir não existe outro curandeiro no seu nível. Você sabe que é o único que pode. - Ron tentou argumentar

- Sr Malfoy, reconsidere por favor... – a auror baixinha pediu.

Draco não respondeu, nem encarou a bruxa.

- Não insista, Mellanie. Ele é um covarde. – Ron provocou.

- Você me chamou de quê? – Draco se levantou.

- Um covarde! – Ron repetiu mais exaltado – Você está quase resolvando o caso, Vicky está quase soltando informações cruciais para pegarmos aqueles desgraçados que estão criando toda essa confusão e você abandona o barco. Você é um covarde.

- Veja como você fala comigo, Weasley! – Draco levantou a voz.

- Achei que depois de tudo que você fez, depois de tudo que você passou você tinha mudado, mas vejo que você continua sendo a mesma doninha desprezível de sempre!

- Não é seu filho que está em uma cama de hospital sem acordar e ninguém sabe o motivo, não é sua esposa que está chorando sentada na recepção e você não tem nada de reconfortante para dizer a ela. Se tem uma coisa que eu aprendi com o meu passado é a dar valor a tudo que tenho. Você também tem uma família Weasley. Tenta por um momento usar a pouca inteligência que tem e entenda o meu lado.

Ron ficou encarando Malfoy por alguns instantes sem saber bem o que dizer. Nenhum dos presentes faziam questão de se meter.

- Nós vamos fazer a escolta de toda sua família durante 24 horas por dia. – Ron falou parecendo constrangido com a discussão. – Vocês estarão seguros.

- Meu filho foi atacado no lugar mais seguro que existe. Eu sinto muito, Weasley, eu pensei muito em tudo, e minha decisão está tomada.

- Certo. – Ron fechou a cara novamente – Se prepara para ter o Saint Mungus lotado de pessoas desacordadas ou sem magia até localizarmos algum curandeiro do seu nível. – E saiu abrindo a porta com violência, sendo seguido pelos outros aurores.




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O bom de ter o mapa dos marotos era que você podia estar em qualquer lugar que quisesse, e sem ninguém para te incomodar.

Isso era exatamente o que James queria naquele momento, ficar sozinho e refletir.
Uma sala vazia no meio de um corredor foi o melhor que ele encontrou. Deitado em uma mesa, com os braços sob a cabeça e as pernas largadas, ele se perdia em pensamentos.

O que Bianca quis dizer com esperar uma semana afinal?

Desde que ele bateu os olhos naquela menina ele sabia que ela era diferente das outras. Mesmo tendo algum sentimento pela garota, nunca quis tentar algo a mais, dizer o que sentia de verdade. Só levava na brincadeira, como com todas as outras.

Talvez esse fosse o problema. Saber o que ele sentia. Poderia ser apenas orgulho ferido por ela ser a única menina de Hogwarts a dizer não para o “famoso James Potter”.

E por sinal, ele vivia muito bem na sua vida de garanhão. Tinha a garota que queria na hora que queria, mas desde o dia do seu aniversário isso já não o animava como antes. Na verdade, nem com outra garota ele ficara depois daquele dia.

James deu um suspiro profundo e fechou os olhos. A imagem do rosto decidido da menina vindo em sua direção, não saía de sua cabeça. Ele sorriu. “O que você fez comigo Bianca Carter? Será que finalmente alguém conseguiu colocar uma coleira no “cachorro” aqui?

- O que faz aqui sozinho?

Tudo aconteceu muito rápido. James levantou de um salto, sem se dar conta de que a pessoa estava com o rosto logo acima do seu, resultando em uma forte cabeçada.

- Você é louca garota? – James perguntou emburrado esfregando a testa.

- Que cabeça dura, hein... – Daniele também esfregava a testa – O que você faz aqui sozinho?

- Nada demais. Estava apenas pensando. E como você me achou aqui?

- Gosto de passar por lugares onde ninguém passa, então te achei nessa sala. E eu posso saber no que, ou em quem você estava pensando? – Ela lançou um olhar sedutor, mas ele pareceu não notar

- Por que mulheres são tão curiosas? – Ele se deitou novamente na mesa e fechou os olhos.

- Então eu vou tentar adivinhar... – Ela se sentou ao lado dele na mesa onde ele deitou e colocou seu rosto bem próximo ao dele. – Deve ser coisa boa.

James não esperava a proximidade da menina, mas dessa vez conseguiu controlar o impulso de se levantar rápido. Limitou-se olhar para o outro lado e levantar.

- Você está me desafiando... – Daniele continuava as investidas. – Você não espera que eu insista muito, né?

- Dani... – James a olhou sério – Por que você está fazendo isso?

Ela ficou confusa.

- Quero dizer, por que você está aqui agora? Por que se insinua para mim, se é do meu irmão que você gosta?

- Não sei... – Ela pareceu pensar – Eu realmente gosto do seu irmão, ele é uma pessoa muito especial, uma pessoa para ter algo sério, sabe... Eu gosto dele de verdade.

- Então por que você está aqui?

- Não faço idéia, apenas gosto da sua companhia, você é meio que sinônimo de diversão.

- Você está dando o troco porque eu falei issode você uma vez – Ele riu – Bem... – Ele hesitou – então você não acha que eu sou uma pessoa boa para se ter algo sério?

- Você não está querendo ter algo sério comigo, está? – Ela perguntou assustada

- Claro que não! – Ele apressou-se em corrigir – Estou dizendo de um modo geral.

- Bem... – ela sentou ao lado dele – Seu histórico não é muito bom, sabe.Você já saiu com quase todas as garotas de Hogwarts, não vai encontrar muitas que estejam dispostas a correr o risco de ficar com um garoto assim, por mais charmoso que ele seja.

James voltou a se deitar na mesa. Então era esse o problema, ela jamais confiaria nele, por mais que o quisesse como namorado. Como seu pai diria, mas cada um colhe o que planta. Mas agora já era tarde demais. Talvez fosse por isso que ela pediu esse tempo, para ele perceber que com este passado negro ele não tinha chance.

- Quer saber, James? – Daniele, de repente, rolou para cima dele, interrompendo seus pensamentos – Chega de enrolação. – falou juntando seus lábios nos dele.

James não conseguiu pensar. Automaticamente levou sua mão aos cabelos da menina e a outra levou as suas costas juntando ainda mais seus corpos. Algo dentro dele dizia para ele parar com aquilo, mas outras partes do seu corpo insistiam para ele continuar. Os dois continuaram nisso por uns instantes, até que um barulho vindo do corredor despertou a atenção dos dois que se separaram rapidamente.

- Pirraça idiota! – Daniele exclamou, mas sem perder tempo puxou James de volta para ela.

Os dois continuaram a se agarrar como se não tivesse havido interrupção. James, sem desgrudar seus lábios, colocou a menina ao seu lado, onde suas mãos teriam mais liberdade de explorar.

Embora ele estivesse realmente se divertindo, algo ainda estava estranho. Ficar daquele jeito com a “morena sonserina” era uma coisa que ele já queria ter feito a muito tempo, não era de hoje que ela vinha o provocando, mas ainda assim tinha algo errado. Contudo o fato da garota estar mordendo seu pescoço não ajudava em nada a descobrir o que tinha de errado.

Somente quando a mão de Daniele resolveu tomar um rumo mais perigoso foi que pareceu que tivessem ligado um sinal de alerta na cabeça de James. Rapidamente e antes que chegasse ao seu destino ele segurou a mão da menina.

- Não posso. – ele falou ofegante.

- Como assim? – Ela parecia perdida.

- Não posso fazer isso. – Ele se levantou atordoado.- Não posso, preciso ir, preciso sair daqui.

- O que está acontecendo?

- Eu entendi! – Ele sorriu debilmente. – Eu finalmente entendi o que ela quis dizer. Como ela sabia que eu iria descobrir logo eu não sei, mas eu finalmente sei exatamente o que era.

- Do que você está falando?

- Onde está minha varinha? – ele olhava em volta, em meio a gargalhadas – Devo ter deixado cair por aqui... ali está! – Ele correu para pegar do outro lado da sala. Daniele continuava a olhar atônita. – Me desculpa, Dani. Acho que a fase desse James Potter acabou. Agora preciso ir, ainda não sei para onde, mas preciso ir.

- Para o jardim. – Daniele sorriu. – é para lá que você vai.

James ficou sem entender, então a garota pegou o mapa aberto do chão, mostrando o pontinho “Bianca Carter” próximo a uma árvore.

- Me desculpe, Dani. – ele pediu novamente sem graça – me desculpa por parar do nada.

- Não esquenta, pelo menos eu fui a ultima a tirar proveito do velho James Potter. Agora vai antes que ela saia de lá.

- Malfeito feito! – Ele falou apontando a varinha para o mapa – Ah! – ele voltou-se para ela – aconselho você a mudar, Alvo é meio conservador, sabe. Não vai querer uma garota que já tenha ficado com o irmão dele. - e saiu em disparada em direção aos jardins.



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James correu pelo jardim sem se dar conta das muitas pessoas em que esbarrava, da sua blusa totalmente amassada e sua gravata torta.


Assim que a avistou de longe, lendo um livro, seus cabelos presos em um coque, com alguns fios soltos, não perdeu tempo e correu até ela.

- Eu entendi! – Ele exclamou assim que parou em sua frente.

- Desculpe? - ela olhou assustada para o desengonçado em pessoa a sua frente.

- Você tinha razão, eu tinha que sentir na pele que essa vida de ficar com uma garota a cada dia não me leva a lugar nenhum. Por que eu não preciso de várias, eu preciso de apenas uma, você. Ficar com você é o que eu realmente quero, eu percebi que você é diferente das outras garotas não só porque você é linda e doce, mas também porque você é a garota que desde a primeira vez que eu vi mexeu comigo, a única garota com que eu realmente me importei. – Ele respirou fundo – Você é a garota por quem eu me apaixonei!

Bianca não conseguiu pronunciar uma única palavra, James Potter assumindo que estava apaixonado? Era muita informação.

- Quer saber? – Ele segurou na mão da menina e a levou para o meio do jardim, onde estava aglomerada a maior parte das pessoas.

- O que você vai fazer? – Ela perguntou apavorada, ele apenas sorriu.

- Atenção! – James gritou e muitas pessoas olharam. Ele conjurou uma mesa de sala de aula e subiu em cima. – A partir de hoje o velho James Potter, aquele James garanhão não existe mais. Graças a esta menina linda aqui – ele apontou para uma Bianca extremamente vermelha e continuou– Graças a ela eu percebi que não é preciso ter muitas mulheres, apenas uma é o bastante. Como eu sei disso se eu nunca tive? Simples. Você sente isso bem aqui. – ele apontou para o coração. – É, galera... Eu definitivamente estou apaixonado!

Ele segurou a mão da menina que o admirava de baixo, estava gelada. Ele sorriu.

“Eu tive inúmeras chances desperdiçadas de ter você ao meu lado por estar dormindo. Agora que acordei, não quero mais deixá-las passar."

Então diante de pelo menos metade de Hogwarts, ele ajoelhou-se diante dela. O que não surtiu muito efeito, uma vez que ele estava no alto.

Bianca piscou abobada quando sentiu James forçando-a a subir na mesa junto com ele e se ajoelhando para ela.

- Você quer ser minha namorada?

Todos no jardim estavam parados na expectativa da resposta, sem sequer se mexer. Com exceção de Lily que insistia que seu irmão estava sob efeito da maldição imperius.

Bianca mal podia acreditar no que estava acontecendo. Ela sabia que iria ter alguma prova de que ele havia mudado. Mas jamais esperava essa reação, anunciar para Hogwarts em peso sua mudança, e além disso dizer a todos que ele estava apaixonado.

Todos estavam impacientes esperando o que Bianca diria. Aproveitando que ainda estavam de mãos dadas, ela o puxou para cima, ficando de frente para ele. Passou a mão de leve no rosto do garoto, que fechou os olhos ao sentir o toque.

- Você não precisava nem perguntar... – Ela disse e ele a puxou para um beijo, sob muitos aplausos, assobios, gritos e uma Lily desesperada querendo chamar a enfermeira para desfazer o feitiço.



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Fazia uma semana que Rose não sabia o que era dormir direito. Uma semana que seu estômago rejeitava a maior parte dos alimentos que lhe eram forçados goela abaixo pelo irmão, primos e amigos. Uma semana que sua mente teimava em prejudicar-lhe os estudos para os N.O.M.S. Uma semana que seu coração gritava de angústia e arrependimento.

Uma semana que Scorpius Malfoy não abria os olhos.


Hogwarts já não era mais a mesma. O desespero se instalara no meio dos estudantes e os professores tentavam, em vão, conter os boatos que corriam de boca em boca e teimavam em atrapalhar suas aulas.

- Professor Finnigan, é verdade que David Maguire está desaparecido?

- Srta. Ling, creio que não possa confirmar essa suspeita, uma vez que o Sr. e Sra. Maguire vieram pessoalmente solicitar a licença do filho por motivos particulares.

- Besteira! – gritou um garoto de olhos saltados do fundo da sala.

- Ele sumiu sim! E nós iremos também. É só uma questão de tempo!

- Não se exalte, Pianco. – Simas perdeu a paciência – E se continuar disseminando esse tipo de coisa por aí, esteja certo de que uma detenção lhe aguarda.

Ultimamente, alguns já atribuíam o fato de Scorpius ter sido atacado ao fato de ele ser um Malfoy.

- É isso mesmo! – dizia Hugo aos outros uma noite no salão comunal – Todos dizem por aí, é mal de Malfoy...

Nessas horas, Rose, de longe ouvia e ficava tão enojada das pessoas que acreditavam nisso, que preferia sair da sala à correr o risco de responder à altura.



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Há quase dois meses já, Rose evitava o dormitório e se trancafiava na biblioteca com a desculpa de que ainda precisava estudar muito para os N.O.M.S.

Bobagem.

Isso era do que Rose tentava se convencer de que era a verdade.


O real motivo pelo qual a garota andara se isolando nos últimos meses, eram as perguntas indiscretas dos amigos a todo tempo.
"Rose, você está bem?", "Com está hoje, Rosie?", "Se sente melhorzinha hoje, amiga?"

Rose não aguentava mais disfarçar quando estava perto dos outros. Seu coração apertava cada vez que alguém a fazia lembrar-se dele.

Devon era quem mais lhe fazia companhia. Parecia que aquele garoto era um anjo da guarda mesmo. Não saía do lado da garota nem quando ela ia ao banheiro - momento em que ele pacientemente a aguardava do lado de fora, recostado na parede oposta.

Rose já cansara de dizer que estava bem. Que não era preciso que ele ficasse sempre com ela. Mas o garoto fazia questão de ampará-la. Incitava-a, inclusive, a chorar.

- Devon, pare com isso! - Rose teimava - Eu não vou chorar, não tenho motivos! Não quero! Não preciso! Não devo! - sem perceber, lágrimas já escorriam de seus olhos desesperados.

Devon a apertou em seus braços amigos e acariciou seus cabelos, tentando conter o tremor de seu corpo enquanto ela soluçava em seu peito.

- Shhhh... Ele vai ficar bom, Rosie. Ele vai ficar bom.

- Como sabe? - ela murmurou abafada pelo abraço.

- Eu apenas sei. - Devon deu de ombros - Sei que um cara como Scorpius Malfoy não ia se deixar pegar assim tão facilmente, não ia desistir da vida assim. - Ele suspirou e continuou - Principalmente sabendo ser dono de um amor tão puro e sincero quanto o seu.

Rose olhou em seus olhos.

- Devon, não gosto quando você fala assim, sabia? Faz eu me sentir um lixo! - sua voz estava trêmula, ameaçando um choro novamente. - Eu o mandei embora, Devon! Eu disse para ele me deixar em paz! Eu o fiz sofrer!

- Calma, Rose! - Devon suplicava num sussurro.

- Ele estava sofrendo, Devon! E nós não sabemos o que realmente aconteceu naquela noite! O que ele fez? Ou o que fizeram com ele? Nós não sabemos! - Rose estava histérica.

- O que eu sei, é que se você não se acalmar, vamos ter outra pessoa internada no Saint Mungus.

- Não seria uma má idéia... - ela murmurou chorosa. - Assim eu poderia vê-lo, ter notícias que não chegam aqui.

- Pois é, só que se manifestar desse jeito estragaria todo o seu esforço em ficar longe dele. Tudo o que você fez seria em vão. Seu pai viraria uma fera e duvido que a família Malfoy aja diferente.

- Você tem razão. Como sempre, Devon. Perdoe-me pelo colapso. Não acontecerá novamente. - Rose depositou um beijo na bochecha do rapaz e saiu. - Obrigada.

Devon observou a garota sair, cabisbaixa, já passava da meia noite. Ele foi se deitar também.



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- Rose, você não pode ficar assim por causa dos N.O.M.S. Já passa da meia noite! Você deveria estar dormindo e descansando para a aula da manhã. Levante-se!

Ela não se mexeu.

- Levante-se! – ordenou mais uma vez.

A garota permanecia imóvel, com o olhar distante.

- LEVANTE-SE AGORA!

Ela deu um salto e sussurrou para si mesma.

- Está bem, está bem. Já levantei.

Olhou para a biblioteca escura e vazia uma última vez e com um suspiro, saiu.


Ela rolava na cama há uma hora e meia. Não aguentou mais e se levantou. Olhou no relógio de cabeceira e viu que marcava vinte para as seis da manhã.

Mudou a roupa e penteou seus cabelos num gesto automático, com o olhar vago, o pensamento difuso.

Pegou sua mochila com seu material e desceu para o salão principal. Estava muito vazio. Ela sabia que era devido ao horário. Muito cedo ainda.

Saiu pelas portas do castelo e caminhou a esmo pelo gramado, dando voltas no lago, chutando gravetos. Ela se lembrou da noite em que se encontraram á beira do lago, de como havia se sentido quando se deixou envolver pelos braços de Scorpius, da sensação do beijo compartilhado, do calor que subiu por seu rosto.

- Ah, Deus! - Rose olhava para o alto, o sol começava a raiar no horizonte, colorindo o céu azul de riscados laranja e amarelo. - Como posso amá-lo tanto? Como posso sentir tanto a falta de alguém assim?

Ela caiu de joelhos no chão e esfregou o pescoço e o peito, sentia como se fosse sufocar com o choro preso na garganta.

- Scorpius! - chamou baixinho.

- Scorpius! Preciso de você... - falou um pouco mais alto.

O brilho do sol alcançava seus olhos lacrimosos agora.

- Scorpius! - ela chamou ainda mais alto. Nenhum movimento. Ninguém ouvia.

Ninguém presenciava o desespero da garota ajoelhada sozinha à margem do lago.

- SCORPIUS! - Rose gritava agora.

Um movimento vindo da floresta chamou-lhe a atenção.

- Scorpius? - ela perguntou insana.

Levantou-se devagar, cambaleou até onde pôde e apertou os olhos no pontinho magro que vinha se aproximando.

- É você? - Ela tentou mais uns passos, mas não enxergava direito devido à visão embaçada pelas lágrimas. - Senti tanto a sua falta...

A pessoa agora estava mais próxima quando Rose estendeu os braços e ameaçou mais um passo a frente.

Falhou na missão.

A garota, fraca, caiu por cima das pernas e rolou para o lado, caindo dentro do lago.

“Scorpius! Estou com frio... Você não é frio, meu amor... você é quente... por que me faz sentir frio?... E por que me faz sufocar? Foi porque eu te afastei de mim? Perdoe-me, meu amor!... Não me deixe ficar aqui. Está frio demais... Scorpius, por que está apertando meu pulmão? Não consigo respirar mais... desculpe-me, não pude ficar com você... não consigo mais... não... Scorpius...”




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- O que aconteceu? Onde está minha filha? - Ron parecia cera de vela de tão branco que estava quando chegou ao Saint Mungus.

- Sr. Weasley, se acalme. - pediu a enfermeira do andar - Sua filha já está bem e fora de perigo.

- Mas o que aconteceu? Harry? Cadê o Harry? - Hermione vinha correndo logo atrás do marido.

- Por aqui senhores, queiram me acompanhar. - a enfermeira baixinha saiu na frente e guiou-os até o quarto de Rose, ignorando o "Ah, se queremos acompanhar!" de Ron.

A porta se abriu e eles avistaram Harry e Gina ao lado da cabeceira da cama onde Rose dormia tranquilamente.

- Filha! - Ron correu para perto.

- Harry, por Deus, nos conte o que aconteceu! - Hermione pegou a mão fria da filha e a beijou.

- Eu estava saindo da floresta, depois de aparatar de volta em Hogsmead, quando avistei alguém perto do lago. - Harry apontou para a sobrinha adormecida - Não a reconheci, estava distante. Ela estava parada, de repente começou a vir em direção a mim, mas logo em seguida caiu e rolou para dentro do lago, afundando na hora, como se nem tentasse se salvar e sair dali.

Gina acariciou o ombro de Hermione que olhava petrificada para Harry.

- Como assim? Quer dizer que ela desmaiou antes de cair? - Ron tirou as palavras da boca da esposa.

- Parece que sim, Ron. Eu corri o máximo que pude depois que percebi a falta de reação da pessoa que havia caído. Pulei dentro do lago e a tirei de lá. Apesar do dia não estar gelado, ela tremia bastante e não recobrava a consciência por nada, mesmo depois de eu ter expelido a água de seus pulmões, pressionando-os. - Harry suspirou - Então aparatei com ela para cá e avisei vocês.

Hermione caminhou até o sofá na parede oposta à cama e olhou curiosa.

- Isso estava com ela?

- Sim. - disse Harry parecendo mais confuso ainda.

- O que ela fazia de mochila nas costas em pleno domingo de manhã? - Hermione olhou dentro da bolsa pesada da filha - E com todos os livros e acessórios de todas as matérias!

Ron deu um sorriso fraco para a esposa.

- Amor, ela é sua filha esqueceu... Vai ver ela só queria aproveitar o domingo para estudar para os N.O.M.S.

- Não... - Gina olhava carinhosamente para a sobrinha. - Não haveria necessidade de ela estar de uniforme, e muito menos de carregar todos os livros se fosse para a biblioteca... e ainda por cima, não descobrimos a questão mais importante aqui: O que ela estava fazendo seis horas da manhã de domingo rondando pelo lago com tudo isso nas costas e por que desmaiou antes de cair?

- Você tem razão, Gina. - Hermione caminhou de volta para o lado de Rose. - Mas vamos saber assim que ela acordar.

- Se não se importam, - Harry se moveu em direção à porta - Eu irei até o andar de cima saber do Scorpius.

Ron se mexeu inquieto e resmungou algo que parecia com "aquelezinho", "frescura" e "tinha que ser Malfoy". Hermione olhou feio para o marido.

- Diga ao Draco que mandamos melhoras.

Harry acenou e saiu.



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Ela abriu os olhos devagar. A claridade a incomodou um pouco. Ela reconheceu a figura da mãe debruçada em seu braço.

- Mamãe...

Hermione deu um pulo e abraçou a filha.

- Graças a Deus! Filha, você está bem?

- Sim... Ai... Sim mamãe... - Rose resmungou ao tentar se mexer.

- Não se esforce querida. Suas pernas não estão totalmente curadas ainda.

- Minhas pernas? - Rose se apavorou! - O que há com elas? - perguntou olhando para baixo e tentando alcançá-las com as mãos. Em vão. Sentia-se fraca demais para levar os braços até lá.

- Filha, você caiu por cima delas há dois dias. Seus joelhos se renderam sobre o seu peso e o da mochila que carregava nas costas. Estão magoados, mas já estão melhorando com as poções que você está ingerindo.

- Que dia é hoje? - Rose perguntou olhando em volta para o quarto do hospital.

- Terça feira.

- Faz dois dias que eu estou dormindo? - ela arregalou os olhos.

- Rose, querida, seu corpo estava muito debilitado. Pelo que o curandeiro nos disse, você parecia estar sem se alimentar há dias já, não tinha nada de sólido em seu corpo. E descanso, então... Nem se fala. Pelo jeito você não dormia há semanas. Suas horas de sono estavam muito acumuladas, por isso dormiu dois dias seguidos.

Rose fechou os olhos novamente e recostou na cama suspirando pesado.

- Filha, - Hermione começou, parecendo escolher as palavras corretas a serem usadas – Vai me contar o que realmente aconteceu?

Rose continuou de olhos fechados e não deu sinal de que havia escutado uma palavra da mãe.

- Sabe, eu tenho certeza de que os NOMS não são os causadores dessa perturbação pela qual você vem passando.

Rose abriu os olhos e mirou o teto.

- Se não quiser falar, eu respeito, meu amor. Mas quero que você saiba que, qualquer assunto sobre o qual precisa desabafar, eu te apoiarei e serei sua confidente.

Rose sentia que a mãe sabia do que estava falando.

- E não contarei a seu pai nada que você não queira.

Ela piscou para a filha docemente e acariciou-lhe a face.

Rose continuava observando o teto.

- Sabe quem está lá em cima? – Hermione continuou calmamente, como se estivesse falando com a filha de três anos. – Scorpius Malfoy. No andar de danos irreparáveis.

A menina não esboçou reação. Exceto um brilho que perpassou seu olho e Hermione não deixou despercebido.

- Ele já está aí faz três meses. – Hermione buscava mais traços de emoção na expressão vazia da filha. – Não estava curiosa para saber como vai a saúde de seu amigo de Hogwarts?

- Não somos amigos.

A garota fechou os olhos novamente e afundou a cabeça ainda mais no travesseiro.

Hermione suspirou e se levantou.

- Acho que seu pai vai gostar de ter notícias suas. Ele anda todo atrapalhado no ministério. Seu tio Harry tem até ajudado ele. Não demorarei a voltar, filha. E o curandeiro vai passar aqui hoje à noite. Ele sempre passa oito horas. Se precisar de algo, não deixe de chamar a enfermeira.

- Que horas são, mamãe?

- Seis e meia, querida. – ela se abaixou e depositou um beijo na cabeça de Rose. – Eu te amo, filha.

- Também te amo. – Rose falou fracamente e pareceu adormecer novamente.

Hermione saiu do quarto feliz por ter a filha de volta, e ao mesmo tempo triste, ao pensar nos Malfoy, sem o filho ainda, depois de três meses.



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- Boas notícias, Devon! – Hugo gritou o garoto assim que ele passou pelo buraco na noite daquela terça feira.

- Rose? – os olhos dele brilharam em expectativa.

- Acordada! – Hugo sorria abertamente.

Devon não conseguiu se conter e sorriu aliviado, dando um abraço no garoto.

- Ei, eu não sou a Rose! Não me confunda com sua namoradinha, ok? – ele brincou empurrando o cunhado para longe.

Mary e Alana tinham os olhos cheios de lágrimas e sorriam também. Alvo e James tinham nas mãos os pedaços de pergaminho que ainda restavam depois terem sido atacados por cinco mãos desesperadas por lerem a carta que chegava de Gina, contando como Rose estava.


- Quando podemos vê-la? – Devon perguntou animado.

- Não sei. Mas parece que ela ainda deve ficar por lá mais uns dias, em observação. E os joelhos dela ainda estão debilitados demais, sabe... – Hugo relatou tristemente. – Aquela doida... Tudo por causa de umas provas ridículas. – ele se jogou no sofá e foi imitado pelos outros – Acreditam que ela tinha todos os livros nas costas em pleno domingo? Tinha que ser a Rose mesmo.

Os outros concordaram que os NOMS não eram para tanto.

Somente Devon conhecia o real motivo de a garota estar tão perturbada. E guardou seu segredo.



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- Rose, querida?

A garota acordou lentamente.

- Tem gente aqui querendo te ver, amor. – Ron depositou um beijo na testa da filha e fez sinal para eles entrarem.

Hugo, James, Alvo, Alana, Mary e Devon adentraram o quarto.

- Rosie! – exclamaram quando viram a menina olhando para todos eles com um sorriso no rosto.

- Pessoal! Que saudade!

Eles se revezaram para abraçar e cumprimentar a garota.

- Como está, maninha? – perguntou Hugo se sentando no sofazinho e dando o lugar na cabeceira da cama para Devon, que não largou a mão da namorada nem por um segundo.

- Bem melhor! – Rose tinha a voz alegre. – Já consigo me mover até o banheiro, se querem saber! – brincou.

- Você vai andar normalmente de novo, amiga, nós sabemos que sim! – Mary afirmou sendo acompanhada por várias cabeças acenando.

- Você já é minha cunhada, Dona Mary? – Rose perguntou, notando como Hugo sentava tão próximo da amiga.

A garota ficou roxa de vergonha, enquanto Hugo sorria galante e passava um braço envolta dela.

- Que idéia é essa, Rose? Bateu com a cabeça também além das pernas? – falou sem graça e, indo olhar pela janela encantada, afastou-se de um Hugo meio triste, meio divertido.

Depois de botarem o papo em dia, de fofocarem sobre o estado de Scorpius Malfoy – sem perceberem como Rose mudara a fisionomia durante essa parte da conversa – de falarem sobre os NOMS e desejarem melhoras, eles se despediram e tiveram que voltar a Hogwarts.

Menos um.

- Rose, seu pai não acreditou muito nessa história de que eu não estava agüentando de saudade e precisava ficar com você aqui, sendo que você deve receber alta dentro de quatro dias no máximo.

- Devon, obrigada por ter feito isso por mim. Eu só podia contar com você e sabe disso. – Rose estava ansiosa agora. – eu não aguentava mais, estou aqui há cinco dias e a única coisa que sei é o que ouço tio Harry contando para tia Gina e mamãe. E não me atrevo a perguntar nada, não tenho coragem. Eu tentei me conter, esquecer, deixar passar. Mas não dá. Vou ficar doente da mente se não vê-lo, se não souber por mim mesma como ele está. Me ajuda, Devon?

- Estou aqui, não estou? – o garoto piscou para ela e tomou sua mãozinha entre as suas. – Qual é o plano?

Rose sorriu aliviada e apertou as mãos do amigo num gesto de agradecimento.



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O corredor estava escuro, exceto por uma luzinha que iluminava fracamente o balcão onde deveria estar a enfermeira de plantão e o hall dos elevadores. O silêncio reinava.

- Não acho uma boa idéia usar os elevadores, Rose! E se eles tiverem algum sensor de uso, ou um olho vigilante como no ministério?

- Não se preocupe, Devon. Esses não têm.

Rose fazia força na cadeira de rodas para que Devon a empurrasse mais rápido até os elevadores.

Eles entraram e subiram.

- É esse! – exclamou Rose quase eufórica. – Andar de danos irreparáveis causados por magia.

Devon rolou a cadeira para fora.

- Qual o quarto?

- Quinta porta à direita. Ouvi tio Harry dizer à tia Gina.

O coração da menina parecia que ia saltar da boca para fora a qualquer instante. Depois de três meses sem vê-lo, sem falar com ele, sem ouvir sua voz, sem saber notícias, era como se ela caminhasse para o evento mais importante de toda sua vida.

“Scorpius, estou chegando. Estou chegando, meu amor.”

Ela pensava com todas as forças de seu corpinho frágil.

A energia que corria por sua espinha aumentava a medida que ela se aproximava da porta onde, por trás, se escondia a verdadeira razão de seu viver.

- Chegamos. – anunciou Devon e abriu lentamente a porta.

Rose parecia em estado de choque. Não sabia o que ia ver. Não sabia como ele estava.

Mas se houvesse alguma coisa tão terrível acontecendo, tinha certeza de que já teria ouvido comentários entre os tios e a mãe. Não com o pai, disso estava certa. Ron não dizia uma palavra sequer sobre ele.

Entraram.

Estavam numa penumbra. Havia apenas um abajur aceso no canto do quarto, nem grande, nem pequeno.

A luz era suficiente para iluminar o corpo pálido de um garoto de quase dezesseis anos, dormindo profundamente na cama de lençóis brancos e macios. Lembrava um anjo. Tão sereno. Tão indefeso.

Devon olhou para Scorpius com a mesma assombração que Rose. Depois de alguns segundos, ele empurrou a cadeira da garota para perto da cama e saiu do quarto, sussurrando para ela que voltaria dali a alguns minutos, ou se alguém se aproximasse.

Rose assentiu absorta na imagem de Scorpius. Ela não saberia dizer quando foi exatamente que as lágrimas que escorriam por seu rosto começaram a ensopar parte do lençol que caía para fora da cama embaixo do braço de Scorpius.

“Scorpius.” Ela chamou baixinho.

“Estou aqui. Estou aqui. Senti muito a sua falta, sabe?”

Ela seguiu conversando com o garoto adormecido. Sabia que seria um monólogo, e não um diálogo como queria que fosse. Mas tinha tanto para dizer, tanto para se desculpar, para desabafar.

“E então, Devon me ajudou a chegar até aqui. Eu não consigo andar muito bem ainda, dói um pouco. Mas eu precisava te ver. Ou acho que teria um ataque.”

Ela passou a mão no rosto mais branco que os lençóis e ajeitou uns fios de cabelo para cima da testa dele. Assim ficava melhor. Dava impressão de que o garoto havia acabado de sair do vento e se deitara para tirar um cochilo rápido.

“Já são três meses, Malfoy. Três meses que não te vejo, que não brigo com você, que não caio em tentação com você... já disse que sinto sua falta? Que preciso de você? Que eu te amo?”

“Olha para mim.” Ela pedia insana.

“Abra os olhos. Quero vê-los.” Rose se mexeu desconfortável na cadeira. Ficou de pé equilibrada na cama e se debruçou sobre Scorpius até chegar bem perto de seu rosto.

“Preciso de seus olhos em mim, meu amor.” Ela se abaixou mais e depositou um beijo em cada olho fechado do garoto. Deixando em cada pálpebra uma gota de lágrima que escorreu de seus próprios olhos. Ela permaneceu assim por uns segundos e acabou por não perceber o leve quase imperceptível movimento por debaixo do lençol que cobria os dedos da mão de Scorpius que estava do outro lado da cama.

“Será que pode me ouvir? Será que poderá saber que vim aqui? Que te pedi perdão, que te beijei os olhos, que segurei sua mão fria? Poderá me perdoar um dia?”

Rose sussurrava no ouvido do garoto.

- Rose! – uma voz a tirou do transe em que se encontrava e a sobressaltou.

Ela olhou em volta e viu Devon parado a porta gesticulando para ela. Rose entendeu que precisava ir. Olhou para Scorpius mais uma vez, com o coração apertado por ter que dizer adeus novamente.

“Malfoy, tenho que ir. Não quero, mas é preciso. Lembre-se de que eu te amo. Não agüento mais ficar sem você.”

Devon fez um “psiuuu” e acenou.

Rose abraçou o garoto com cuidado e depositou-lhe um beijo os lábios, se assustando em seguida com o gelo que sentiu ao tocar-lhe com os seus.

“Você tem um mês para acordar para mim, Malfoy. Está entendendo? Um mês. Eu não posso agüentar mais do que isso sem você.”

Ela sentou na cadeira novamente e Devon se aproximou para tirá-la dali. Pegou a mão dele uma última vez e apertou os dedos entre os seus.


“Um mês, querido...”


E saíram. Devon aliviado por não terem sido pegos. Rose confusa, sentindo em sua mão o calor que os dedos de Scorpius passaram para os seus no último instante.


/i/Goodbye my almost lover
Goodbye my hopeless dream
I’m trying not to think about you
Can’t you just let me be?
So long my luckless romance
My back is turned on you…/i/




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Uma mão buscou a outra mão de Scorpius, que há alguns minutos, havia se mexido levemente.

- Scorpius? – chamou hesitante. – Pode me ouvir?

O garoto permaneceu imóvel.

- Mexa a mão novamente, se puder! – pediu esperançoso.

Mas ele ainda dormia profundamente. A única diferença, era que agora sua respiração parecia mais calma e leve, como se sonhasse um sonho bom.

Draco Malfoy soltou a mão do filho e o admirou pensativo. Depois de algum tempo, sorriu para a porta por onde Rose havia saído e voltou para a cama onde dormia, atrás de um cortinado que divida o quarto de Scorpius.




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A menina suava. Seus cabelos claros estavam ecuros de úmidos, colados na testa e no pescoço. Apontaram a varinha mais uma vez em direção ao seu rosto e se prepararam para atacá-la de novo.

Teddy sofria só com a visão da garota descabelada, cansada, destruída, já ajoelhada em sua frente por não ter mais forças de se manter de pé.

Desde que Draco Malfoy renunciara o caso de Victoire e interrompera o tratamento, ele assumira a responsabilidade de trazer, de dentro da mente perdida da menina, a verdade sobre os dias em que esteve sumida.

Já se completavam mais de três meses. E o único progresso que havia conseguido era de distinguir superficialmente o local onde Vicky estivera.

Pela mente de Victoire, Ted "escutara" várias vezes, a contagem de dois vãos de escada de onze degraus cada um. Parece que Vicky subira por ali, após caminhar por um longo corredor. E como não extraira nenhuma imagem, supôs que a garota ou fechava os olhos por vontade própria ou era forçada a isso com uma venda.

- Chega! - ela pediu arrasada - Chega, por favor, Ted!

O rapaz estava ofegante, com as mãos apoiadas nos joelhos.

- Você estava numa casa de vários andares? - ele perguntou caminhando até Vicky e a suspendendo para deitá-la na cama do quarto, que ainda era o seu lar no Saint Mungus.

- Acho que sim. Me lembro mais claramente, agora que você conseguiu acessar essa memória... - ela suspirou e fechou os olhos.

Ted sentou-se na caderia ao lado da cabeceira da cama e fez o mesmo.

- Um corredor longo... dois vãos de escada... a sala com lareira e estante de livros... uma mulher branca de cabelos negros... - Ele murmurava para si mesmo, como se forçando a não perder nenhum detalhe do que a namorada já havia lembrado até então. - Um homem calvo... um homem morto... uma maca... poções... O que mais? O que mais? - Botou as mãos nas têmporas e massageou - Juntando tudo, o que temos? CM... Comensais da Morte? Não... Impossível. Tio Ron e Tio Harry garantem que não... Mas e se... - Ted sentiu um toque suave em seu braço e abriu os olhos.

- Obrigada... - agradeceu Vicky acariciando o braço do rapaz - Por me ajudar, por ser paciente...

Ted tomou a mãozinha dela entre as suas e a beijou.

- Sempre estarei aqui para você, meu anjo...

Vicky sorriu e o puxou para perto, beijando-o nos lábios.




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- Não são tão valiosas mas já é um começo! - Ron exclamou entusiasmado, lendo as anotações de Ted e passando-as para Harry, que leu e passou para Claire Thompson ao seu lado, que passou adiante, permitindo que todos os aurores presentes ao redor da mesa lessem as notas.

- E temos boas notícias sobre os três bruxos que não tinham traços de magia. - anunciou o bruxo com cicatriz. - Deram os primeiros sinais de bruxaria há dois dias.

- Como? - Perguntou Ron curioso - Explique Rudolf!

- Todos foram condicionados ao mesmo tipo de situação envolvendo perigo familiar. E todos responderam com vestígios mágicos. Não foi grande coisa, mas prova a teoria dos curandeiros de que a magia não foi totalmente arrancada deles, e sim adormecida. - relatou o homem que respondeu por Rudolf.

- Exatamente como no caso de Vicky... - Harry murmurou pensativo. - Quando Ted se colocou em perigo, ela produziu um feitiço convocatório.

- Mas depois disso não realizou nenhum outro. - um rapaz de cabelos espetados comentou. - Parece que falta algo... Algo nesse quebra-cabeça. Não é possível que essas pessoas só produzam feitiços em situações de risco. Precisamos achar um meio de fazê-los voltar ao normal! - o rapaz se exaltava - Imaginem se aos poucos, acabarmos todos assim! Será o fim do mundo bruxo!

- Darrel, não exagere! - Ron se manifestou, parecendo concordar mais com o rapaz do que realmente gostaria, ou queria demonstrar. - Não vão acabar com o mundo bruxo! Para isso, precisariam atingir o ministério em peso!

- Ou não... - Claire disse mais para si do que para os outros. E mesmo assim conseguiu a atenção de todos, que a olhavam surpresos.

- O que quer dizer com isso? - Harry perguntou apreensivo.

- Não precisariam retirar a magia do ministério inteiro para subjulgarem o mundo bruxo... - ela respirou fundo e continuou - Basta que conseguissem atingir a fonte de força... O pilar que estrutura nosso governo. - ela levantou o olhar em direção a Harry, e foi imitada por todos, que começavam a entender o que ela queria dizer. Harry sacudiu a cabeça, sem aceitar essa possibilidade absurda.

- Eu não sou o ministro, Claire.

- Mas você acha que se o ministro fosse abatido nós não teríamos força e apoio para retomar o ministério? - argumentou Rudolf, concordando com Claire. - Por Deus, você ainda é Harry Potter! Aquele que derrotou você-sabe-quem. - o homem olhou para Ron e completou assustado - E você ainda é o braço direito de Potter, assim como sua esposa, Weasley! - Ron olhava boquiaberto para Harry.

- Claire tem razão. - completou Darrel - Se vocês fossem abatidos, o ministério não teria condições de resistir muito tempo, pois não teria o apoio das pessoas, deseperadas por não terem três dos mais conhecidos bruxos da história, lutando ao seu lado. Vocês formam a fonte de força e estrutura mental das pessoas. De nós.

- Então... - Harry se recusava a admitir - O que estão dizendo é que, se eles atacarem em larga escala, não será o ministério... e sim a mim e minha família?

Os outros concordaram apenas com um movimento de cabeça.

- Absurdo!

- Não é não cara. - Ron falava pela primeira vez - Eles tem razão e você sabe disso. - ele olhava firme para Harry. - Não seria a primeira vez que você seria ameaçado por ser especial. Sem ofensa, irmão.

- E não seria a primeira vez que eu arrastaria vocês para o buraco comigo, não é? - Harry sorriu amargo, pensando em Gina, Mione, os filhos, sobrinhos, amigos...

- Nunca arrastou ninguém, cara. Nós é que te seguimos. - Ron deu-lhe um tapinha nas costas. - E continuaremos a seguir.

- Potter, Weasley, não custa nada reforçar a segurança por enquanto. - Rudolf olhava de um para o outro e remexia uns papéis na mesa - Se já avançamos até aqui por suposição, pode ser que tenhamos uma vantagem em cima deles. Não estão esperando que estejamos um passo a frente no plano deles. E isso já nos coloca na dianteira.

- Esperamos pelo próximo movimento ou tentamos algo diferente? - uma bruxinha perguntou do fundo da sala.

- O que sugere, Mellanie? - Rudolf pareceu curioso.

- Podemos testar nossa teoria... Se alguém se propuser a colaborar... - ela parecia nervosa em se pronunciar - Não podemos nos esquecer das crianças Potter e Weasley em Hogwarts.

Um momento de silêncio correu entre os presentes, que se entreolharam.

- O que está insinuando, Mellanie? - Harry se levantou e olhou furioso para a bruxa, que se encolheu um pouco. - Não vamos oferecer nossos filhos como isca! E nem os de ninguém!

Ron pôs-se de pé num pulo quando se deu conta do que a mulher estava sugerindo.

- Ficou louca? Já não chega o que passamos e estamos passando com Vicky? E se algo der errado nesse seu plano brilhante -que eu prefiro nem ficar sabendo- meus filhos é que estarão na linha de fogo, não é?!


- De-desculpe. Foi apenas uma sugestão.

- Totalmente impensada e fora de cogitação, Mellanie. - Harry falou firme e olhou para todos, como se os intimando a se atreverem em concordar com a loucura de Mellanie.

- A única coisa que podemos fazer por hora, - continuou Ron - É tomar providências para que a segurança de nossas famílias esteja impenetrável e torcer para que a Victoire em breve possa nos fornecer algo mais concreto.

Naquele momento, a porta se escancarou e entrou por ela ventando, um bruxo afoito, sacudindo uma caixinha minúscula na mão.

- Sr. Weasley! Econtramos!

Ele ofegava com uma mão no peito e colocava sobre a mesa na frente de Ron, a caixinha de madeira.

- O que é isso, Patrick? - Ron se debruçava sobre a caixa diante do olhar surpreso de todos.

- Conseguimos tirar isso do balconista da Borgin&Burges depois de muito sacrifício e chantagens da parte dele. Não queria colaborar, então tivemos que azará-lo, Di Greene está cuidando dele nesse momento.


Ron tomou a caixinha em suas mãos e com cuidade abriu como se fosse uma caixinha onde se guarda um anel.

Dentro, havia uma almofadinha vermelha, e por cima, uma corrente finíssima que carregava um pingente comprido e fino.

Ron puxou a correntinha para fora e a deixou suspensa no ar, balançando devagar. Todos olhavam hipnotizados para o pingente.

- Julius Bradow. - Patrick disse mais calmo. - É o nome do homem que achamos morto. E é o mesmo que trocou essa jóia por um artigo da loja dois dias antes de ser encontrado sem vida.

Harry não conseguiu conter o frio que perpassou sua espinha quando conseguiu ler o que estava escrito no pingente.

- Cientistas da Magia. - sussurrou Ron aterrorizado. - C.M.!



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