O Primeiro Aviso



N/A: Dois avisinhos antes de vocês começarem a ler...

Se você não gosta de palavras fortes, não leia este capitulo, pois existem certos comentários que podem ofendê-lo.

Nota numero dois: Acho que por causa da semana de provas e mais provas, simplesmente achei que esse capitulo ficou um lixo. Agora que estou tranquila, vou trabalhar bem no capitulo oito.

Boa leitura ^^



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Inspirou profundamente, passando a mão pelos braços nus, tentando conter o frio que serpenteava pelo seu corpo.

Sentou-se no belo sofá azul marinho, enquanto subia a alça de sua camisola de seda branca. Não entendia por que aquele frio repentino e aperto em seu coração estava cada vez mais aumentando.

Acabara de acordar de um pesadelo onde Rony não saíra nada bem com aquilo tudo. Mordeu o lábio ao lembrar-se dos gritos do noivo.

Encolheu-se no sofá, enquanto os olhos corriam pelo apartamento, à procura de seu roupão, para poder esquentar-se.

Sem resultado, bufou, olhando pela sacada a chuva que castigava as janelas sem dó alguma. Aquilo lembrava muito os filmes trouxas que ela assistia quando criança, na casa de seus pais.

Era sempre assim. Sempre que Rony tinha alguma missão importante, ela ficava remoída de noite com medo que acontecesse algo a ele. Suspirou.

E então estava ali. Em plena madrugada, sem nada para fazer, sentada no sofá com uma chuva incrível lá fora a cair. Preferia realmente estar de plantão no Hospital.

Deixou que o corpo caísse no sofá, de forma que ela ficasse deitada nele, pensando no noivo. E pensar que faltavam apenas duas semanas para o dia que uniriam suas vidas para sempre. Não pode deixar de sorrir com aquilo. Duas semanas. Só torcia para que aquilo não virasse uma eternidade em sua mente.

Suspirou, encarando o teto com um sorriso bobo.

_Hermione Granger Weasley. – ela riu docemente ao pronunciar o nome que receberia em breve. – E muitas cabecinhas ruivas novas na família. – agora ela ria abertamente por estar falando sozinha. Como uma adolescente idiota.

Deu um leve sobressalto ao ouvir um trovão, armando um enorme clarão. Ela pousou a mão no peito suspirando. Mas novamente deu outro sobressalto, ao ouvir o telefone – quase nunca usado. – tocar.

Foi aí que seu coração começou a acelerar.

Madrugada. Chuva. Sozinha. Rony.

Colocou uma mecha encaracolada atrás da orelha, deixando que a respiração passasse pelos lábios entreabertos; e trêmulos.

Retirou o telefone no gancho e, até levá-lo a orelha pareceu levar uma eternidade. Como se soubesse o que viria a partir dali. O que parecia ser impossível.

_A-alô?

_Mione?

Voz masculina. E conhecida.

_Harry?

Ela o ouviu pigarrear. E ele só fazia isso quando estava nervoso com algo, preocupado demais. Mas não disse nada. Seu coração começou a acelerar novamente e ela sabia que passava dos cento e dez.

_Harry? – chamou-o novamente.

_Mi... Acho bom você sentar, e se manter calma.

A coisa que ela mais odiava em Harry Potter é que ele era lerdo demais para dizer algo. E dizia sempre as coisas erradas, fazendo-a ficar em desespero.

_Fala logo. –mesmo não querendo, seu tom saiu ríspido, mas ao mesmo tempo trêmulo.

Ele suspirou do outro lado da linha. Ela tinha certeza que naquele momento ele estava passando a mão pelos cabelos.

Se for algo realmente desesperador, ela tinha que admitir: ele com certeza era o único que, externamente, deveria estar mantendo a calma por ali, mostrando apenas um semblante consolador e calmo, sem sentimentos.

_Mione, creio eu que você vai querer vir para os Estados Unidos agora e tomar o caso.

Aquilo tudo já a fez soltar a pergunta que sua mente processou na hora.

_O que aconteceu com o Rony, Harry?

Ela sentiu os olhos começarem a embargar. Merda, não queria começar a chorar sem ao menos saber o que.

Respire, disse a si mesma. Hoje você é uma curandeira conhecida, você tem fibra e agüenta o tranco que acontecer. Pelo menos se ele ainda estiver vivo.

Pensar aquilo foi a mesma coisa que uma estaca no peito.

_Ele não está nada bem Mione – suspirou. – Não é nada grave... Para um coma.

Ela não ouviu mais nada depois disso. Só que sentiu seu mundo parar, enquanto para ela, demorava-se uma eternidade para o telefone cair num baque surdo, ao chão.





_Não.

Passou a pontinha da língua sobre os lábios, que tremiam de pura raiva. Mas seu coração mantinha a única coisa em questão: medo.

As palavras no corpo de Snape. Cortadas à pele do homem velho de forma brutal.

Apressou seu passo, a procura daquele verme desgraçado.

_Você precisa de cuidados, não pode ficar com essa perna sangrando e...

Ela deixou de ouvir a enfermeira atrás de si, tentando acompanha-la. O incrível de Cecília era que, se sua ira fosse muito grande, ninguém podia ultrapassá-la até aquele acesso todo passar. E naqueles momentos, nem mesmo a dor externa podia fazê-la parar. Não enquanto não achasse o verme desgraçado que botou a única pessoa que realmente se importa com ela atrás das grades.

Fechou um punho com força, lembrando-se mais uma vez daquelas palavras. Ele tinha que sair daquele lugar... Ele tinha que ficar perto dela para um proteger o outro. Ele não podia ser morto por comensais ali. Não podia.

_... Mas você não entende essas coisas que podem gerar infecções e...

Era agora que ele sairia dali, como ela havia prometido. Era agora que as coisas realmente iam feder para o lado de Ivon se ele ousasse se intrometer.

_... Vai ser realmente horrível se tivermos que amputar a sua perna e...

Ela parou de chofre, virando-se de frente com a enfermeira. Seus olhos estavam vidrados em tal fúria que era realmente inexplicável. Passou a mão pelos cabelos castanhos completamente bagunçados, e bombeando veneno, sibilou:

_Some.

A mulher arregalou os olhos, e antes que começasse a falar novamente, ela girou nos calcanhares e se dirigiu até o saguão, onde pegou um novo rumo em busca da sala de reuniões, onde os médicos se reuniam para bater um papo e relaxar.

E era exatamente ali onde ele estava.

Pelo vidro, foi ver a sombra do irmão que a fez bombar mais raiva ainda. Seu coração acelerou mais uma vez, enquanto suas mãos tremiam.

_É agora que eu vou acabar com você se tentar contestar, Lowrdasky. – sibilou, abrindo a porta num estrondo.

Duarte também estava ali. Ambos estavam discutindo sobre os comensais da morte, onde também precisavam da documentação certa para o atestado de Snape. Precisariam de um legista para assinalar todos os detalhes. Ou um especialista em perícia.

Ivon arregalou os olhos, olhando-a como se fosse uma louca.

_Quem você pensa que é para ir entrando assim e-.

Foi tudo muito rápido. Ela o empurrou, jogando-o contra a parede, de modo que o imobilizasse tão perfeitamente que ele mal conseguia se mover. Os lábios estavam tão finos e os olhos estavam frios que chegava a ser algo realmente cortante.

Ele pensou novamente em falar, mas ela fora mais rápida:

_Acho bom você calar essa sua maldita boca imprestável e me ouvir. –ele arqueou uma sobrancelha, em gesto de desafio.

_Fedelha, me solta agora! – aquele tom autoritário não a assustou. Ao invés disso, um sorriso sádico se espalhou pelo seu semblante.

_O que foi, maninho? Não consegue se soltar por si só? – ela riu amargamente, fazendo um arrepio percorrer pela espinha de todos ali presentes. Duarte levantou-se finalmente da cadeira, mas apenas um olhar dela o fez parar no meio do caminho. – Nem se atreva a fazer algo, Duarte. Você-não-tem-nada-a-ver-com-isso. –soletrou.

_Cecília, você não está em perfeito juízo, está variando.

_O único que está variando aqui é você, Duarte. A ponto de não se tocar de que você não tem nada a ver com o que está acontecendo aqui. –ela nem sequer olhava para ele. Seu olhar se mantinha no irmão, que a observava nos olhos, enquanto ela ia gesticulando rasteiramente, como uma cobra.

_Cecília, eu -.

_Some. – mais uma vez ela disse aquilo, espumando fúria. Ele arregalou os olhos.

_Você está desrespeitando um superior seu, no caso, dois deles.

_Arranquem a porra do meu titulo como auror então!

_Vou lhe dar um afastamento então, e atreva-se a –.

O corpo de Duarte fora de alguma forma, empurrado até a porta de forma que fora jogado para fora e a porta fechada com exatidão. A ponto dela usar magia sem varinha, mostrava que ela poderia matar Ivon com um único olhar.

Molhou os lábios com a pontinha da língua, olhando o irmão friamente.

_Você viu o que os queridos comensais escreveram no Snape, Lowrdasky?

Ele deu os ombros.

_Não importa, ele iria morrer de qualquer forma, aquele velho caduco, agora faça o favor de -.

_Tanto eu como você sabemos da inocência do Lucas.

Ele parou de chofre.

_Do que você está falando, sua louca?

Ele tentou levar as duas mãos ao pescoço, como se sentisse que estava sendo estrangulado. Ele estava sendo estrangulado pela magia dela, que apenas havia cerrado os olhos de forma assassina.

_Vou ter que te matar para você tentar refrescar sua memória? – ela riu sarcasticamente. – Saiba que eu não estou nem um pouco preocupada de ir para a prisão caso você morra em minhas mãos, mano.

_Cecília, você está ficando -.

_Chega de mentiras Ivon - ela o cortou secamente. – Existe um inocente na prisão e você sabe disso. Você sabe que Lucas está na prisão quando na verdade quem deveria estar é você mesmo!

Ela o soltou, fazendo-o cair no chão. As mãos espalmadas e o peito, que subia e descia a procura de ar. Mas ela sabia que seus olhos estavam arregalados ao que ela dizia.

_Ele era um comensal.

_Será que não é ao contrario? – ela virou-se de encontro a ele, com as íris brilhando em pura ironia. –Será que o comensal aqui, maninho, não é você?

_Você está louca. – foi tudo o que ele pode dizer.

_Você vai solta-lo. – ele riu sarcasticamente aquela afirmação dela.

_Eu vou contestar.

_Tente, meu bem. –ela sorriu - Você não vai conseguir.

_Como pode ter tanta certeza? – Seu corpo se ergueu no ar, fazendo com que os rostos ficassem próximos.

_Muito simples, Ivon. – ela sorriu vitoriosa. –Será sua palavra contra a de um júri inteiro.

_Você -.

_Eu tenho um pedido de soltura dele, e tenho provas de que ele é inocente. – lembrou-se de que teria que agradecer a Thamires por aquilo. – Em compensação, se você não ceder o meu pedido e tentar contestar, querido, eu vou ter o prazer de te colocar em cana por mentira e abuso de autoridade, ao colocar um inocente na cadeia. Em prisão perpétua.

Ela se virou, observando o relógio. Ivon se descontrolou.

_SUA PUTA!

Foi quando, pela primeira vez, sentiu o peso da mão dela contra sua face, num murro muito bem dado.

Ele cambaleou, fazendo-a aproximar-se perigosamente.

_Nunca mais se atreva a dirigir a palavra a mim que me desrespeite ou se abuse da pouca autoridade que tem Lowrdasky. – sibilou, perigosamente. – Ou você não vai para prisão... Eu vou é te matar com as próprias mãos.

Ele tentou erguer as mãos, para enforcá-la, mas simplesmente viu que o movimento de seu corpo era quase que impossível. Ela estava ali ainda, sorrindo em puro sarcasmo, como se ele fosse uma criança débil que não se tocava de que não conseguiria se soltar. Passou a mão pelos cabelos, como quem procurava se acalmar para não fazer burrada alguma. Ele ainda encarava com a expressão de descontrole total.

_VOCÊ VAI ME PAGAR CECILIA, AINDA VOU VER VOCÊ MORTA, SUA FEDELHA ESTUPIDA, SUA -.

Era a segunda vez que o rosto de Ivon virava para o lado. Mas desta vez sua cabeça bateu contra a parede. E ele finalmente se tocou que, ela não estava mais para brincadeiras.

Ela aproximou-se dele e, sussurrando em seu ouvido, ele sentiu o perigo que ela demonstraria futuramente.

_O que será dito aqui agora, Ivon, será dito apenas esta vez. Então acho bom guardar todas as minhas palavras com muito cuidado. –afastou-se, olhando-o nos olhos. Ele nunca tivera contato com a irmã, sempre a odiara, mas era a primeira vez que não entendia aquela fúria toda. – Eu tentei por todos esses malditos anos aturar você e essa sua ladainha, todos esses anos tendo que engolir minha raiva por você, mas tenha certeza que você ultrapassou todos os limites ao mandar Preston para prisão. Você é a criatura mais nojenta e digna de pena que uma pessoa pode conhecer em toda sua jornada aqui na Terra. Tenha absoluta certeza de que, o que eu estou fazendo com você não é nem ao menos um terço do que eu sofro toda noite ao saber que existe um assassino solto e um inocente preso. Que a única pessoa que deveria estar realmente presa, mora debaixo do meu teto. MEU teto – enfatizou. – E tenho que sofrer o desgosto de levar o mesmo sobrenome que você, o desgosto de lembrar que um dia, eu tentei mostrar que te amava como um irmão, que tinha carinho por você, e que fui pisada menos que um verme até. Pode ter certeza que isso que você está passando, é somente o inicio da sua vida de sofrimento Ivon, por que todos nós plantamos o que colhemos, e está na hora de você pagar por tudo o que fez, seu grande cretino. – ficou de costas, mas virou-se novamente, apoiando uma mão na parede. Seus olhos agora brilhavam – Tudo o que você fizer contra o Lucas, fará contra mim. E se acontecer algo a ele... Você vai sofrer uma morte lenta, dolorosa, onde você vai perder sua dignidade, sua honra e vai me implorar em agonia por uma morte rápida. E eu vou sentir gosto de passar a eternidade na prisão por ter feito acabar com a existência de um ser tão imprestável e miserável como você. –sorriu satisfeita, vendo-o continuar em silencio. Afastou-se, dirigindo-se até a porta. Agora sim, que estava calma, sentia sua perna arder em brasa. Mas, mantendo a mesma pose, continuou sorrindo e disse: - Você VAI solta-lo hoje.

E sem dizer mais nada, saiu.





A verdade era que ele não queria mostrá-la o que estava escrito no cadáver. Ela não estava em condições de ver algo como aquilo, definitivamente. Primeiro, o irmão que entra em coma, depois, uma escrita no corpo de um ex-comensal marcada brutalmente em sua pele. Algo dito para ela, com certeza.

_Não.

Ela o encarou, indignada.

_Eu tenho o direito de ver, droga. Eu estou no caso assim como você.

Sentou-se numa poltrona, com uma caneca de chocolate quente em mãos. O paletó de Harry estava sobre seus ombros e ela encarava o chão, refletindo algo que ele não sabia.

Ele suspirou, olhando para a chuva que caia de encontro à janela, às vezes com alguns trovões.

_Eu sei que você tem esse direito de ver, Gi. – ela ainda não o encarava. – Mas...

Foi quando ela ergueu o rosto, e ele pode ver o quanto aquilo tudo estava a desgastando. Foi quando teve a absoluta certeza que realmente não a permitiria entrar ali e ver algo como aquilo.

_Mas o que? Harry, o que tem ali que eu não posso ver eim?

Ela era rápida mesmo cansada. Mas mesmo assim, não iria permitir que ela se desesperasse mais ainda.

_Você não vai e ponto final, Gina.

Ela se levantou, segurando a caneca em uma das mãos.

_E quem vai me impedir Potter? – ele viu a carranca que ela armara, mas não iria permitir que ela fosse mesmo assim.

Aproximou seu corpo do dela, olhando-a nos olhos.

_Eu vou.

_Tenta a sorte. –murmurou, seriamente. – Eu não sou uma criança que começaria a se descontrolar, o que quer que tenha ali. Você tem que aprender que eu não sou mais a Gininha de onze anos que foi possuída por Voldemort e que você conheceu droga.

Ele bufou. Criatura incrivelmente teimosa e cabeça dura!

Segurou seu rosto entre as mãos. Ela notou o brilho preocupado que havia em seus olhos. Como se ele mesmo estivesse assustado com algo que pudesse acontecer com ela. Ela não precisava de pena, droga. Não agora.

_Eu sei o quão forte e poderosa você é, meu bem. – ela estremeceu por algo que ele havia dito. Havia a afetado e não sabia com o que, mas resolveu continuar. – Mas o problema é que eu não acho que você esteja em condições de ver o que está escrito, e como está escrito no cadáver do Snape. Por que se eu estou com medo, não quero imaginar você.

_O que está escrito Harry? –sussurrou, colocando suas mãos delicadas sobre as dele, que estavam incrivelmente quentes. E as dela, geladas.

_É uma mensagem, e eu -.

_Você acha que é para mim. – ela completou por ele.

_Acho.

_E o que está escrito? – insistiu, mas ele não disse nada. Apenas ficou ali, a encarando. Era como se sua garganta estivesse completamente seca. Ela inspirou calmamente, colando seu corpo contra o dele. – Harry, se você me disser, eu não vou para lá ver até que você ache que eu estou bem mentalmente para isso, okay?

O moreno suspirou, envolvendo-a pela cintura. Sentiu o cheiro gostoso que vinha de seus cabelos rubros e o toque da pele dela contra a sua, quando a ela apoiou sua cabeça contra o peito dele.

_”Vingança contra os traidores” –ela não disse nada, mas ele sentiu perfeitamente seu corpo se enrijecer. – Havia escritas nos braços e pernas, algo como “A vingança está próxima” e “lenta e dolorosamente”. Havia duas palavras gregas ou hebraicas, sei lá... Era na testa. Talvez Duarte ou o irmão de Cecília devam saber, por naquela hora só estava eu e ela. Então do nada, ela derrubou um copo de vidro que estava na mão e marchou até um lugar que só Deus sabe.

_E depois você foi telefonar para Mione?

Ele surpreendeu-se ao não notar uma nota trêmula sequer em sua voz.

_Exatamente.

Gina afastou-se um pouco, retirando o paletó e entregando a ele.

_Acho que vou para sua casa. Preciso trocar de roupa.

_Você não vai sozinha. – ela lançou um olhar a ele de repreensão.

_E por que não, Potter?

_Pelo simples fato de que não vou deixar você ir sozinha para lá, aparatando. Dos Estados Unidos até Londres. Não mesmo.

Ela arqueou a sobrancelha, de modo desafiador.

_Você acha que um grupo de comensais vai estar ali me esperando para me esbofetear? –ela sorriu ironicamente. – Corta essa! Eu vou sozinha e ponto final. Aproveite e cancele a conta do Hotel nossa, de Rony e Cecília.

Ele aproximou-se, fazendo com que ela encostasse suas costas na parede. Inclinou-se até que seu rosto ficasse bem próximo ao dela e murmurou:

_Não abuse.

Não levou mais de cinco segundos para ele perceber que não conseguiria vencer aquilo. Ela não deixaria se intimidar, pelo menos não por ele. Manteve-se firme e o encarou. Por mais humilhante que fosse admitir, sabia que teria de ser ele a ceder. Era a primeira vez que isso acontecia a ele, e não foi agradável.

Ela soltou os cabelos ruivos do coque, soltando um suspiro. Depois, encarou-o com o queixo erguido.

_Você me fez não ir ver o corpo de Snape, agora você vai fazer sua parte e deixar que eu vá lá. De qualquer forma, mesmo de você não deixar, eu vou de qualquer forma. –ela ressaltou, fazendo-o bufar.

_Claro que você vai poder ir, meu bem – ela ia começar a andar quando ele terminou. – Comigo.

Mas antes que ele percebesse ou, que a segurasse, ela aparatou.





_Vai acabar tudo bem, eu prometo. –sussurrou, colocando uma madeixa encaracolada atrás da orelha, enquanto os olhos vermelhos mostravam que ela não estava certa no que dizia, mas que queria que estivesse.

Aquilo tudo não podia estar acontecendo. Ele não podia estar ali!

Sentou-se num pedaço da cama desocupado por ele, entrelaçando sua mão contra a dele. O lábio comprimido, e o coração doendo.

_Rony, por quê? – havia algo dentro dela que ela não sabia explicar. Sua garganta estava com algo entalado, toda essa informação rodavam em sua cabeça; Ela precisava gritar! Chorar... Algo que fizesse isso parar.

Era insuportável ver aquele ruivo que tanto amava, que sempre sorria, que sempre soltava alguma besteira, que a fazia rir daquela forma, sem movimentos, de olhos fechados e em silencio. Um silêncio que para ela, parecia eterno.

Ela achava que estava tudo acabado, toda aquela sua fé havia desaparecido, dando lugar a desespero. Era a primeira vez em toda a sua carreira de curandeira que via o caso de alguém como impossível para poções, operações ou magia.

“Não é grave... mas ainda sim é um coma”

As palavras de Harry ecoaram em sua mente, fazendo-a balançar a cabeça vagarosamente, com os olhos enchendo de água.

Ela não sabia se ele realmente sabia a verdade ou não, mas tinha certeza que ele havia dito aquilo à Gina para acalmá-la.

Mas essa não era a verdade. O caso de Rony era gravíssimo, e os médicos tinham na verdade era duvidas que ele sobrevivesse.

Apertou a mão dele contra a sua, sentindo as primeiras lágrimas rolarem pela pele macia. Aquilo tudo era injusto contra ela; contra eles dois.

_Mas que merda! – gritou, começando a chorar em voz alta, como uma criança sozinha sem saber o que fazer; e depois de muito tempo, ela realmente não sabia o que fazer.

Rony era seu suporte. Sua vida. Deus, como amava aquele homem, e agora ele estava ali, em coma, inerte, sem nada a fazer, nada a dizer, nada para reconfortá-la. Para dar uma gota de esperança de que, ele sobreviveria.

Deitou a cabeça no peito do ruivo, que subia e descia calmamente. Foi então que chorou mais ainda. Ele estava e não estava ali.

_Que ironia não. – ela disse, em meio à lagrimas. – Rony, por favor... Eu sei que é impossível você ouvir, mas... Volte para mim.





Inspirou profundamente, antes de se olhar no espelho.

_Certo – murmurou. – Pareço uma almôndega sueca, e com medo.

A chuva que açoitava as janelas dava um ar tenebroso à casa grande do moreno. E ela ali, sozinha à procura de uma muda de roupa decente.

Tinha que concordar com Harry. Não era bom ficar sozinha quando estava sendo ameaçada de morte.

Ao pensar naquilo seu coração gelou, fazendo um arrepio horrível percorrer pelo seu corpo.

Os desgraçados tiveram a audácia de mandar uma “bela” mensagem para ela, pelo corpo de um ex-comensal da morte. Mensagem na qual, fora marcado pelo corpo de seu ex-mestre de poções.

Inspirou, sentindo o ar, que parecia mais frio que o normal, passar pelas narinas, indo à direção aos pulmões. Abraçou a si mesma, olhando para a calça de moletom negra a sua frente, junto com uma blusinha de alcinha vermelho vivo.

Um aviso. Céus! Eles eram psicopatas, loucos, doentes! Em busca de carne, sangue e vingança.

Seu coração começou acelerar, e seu pulso começou a tremer. Mas ela não estava com medo de ser pega, longe disso.

Estava medo que envolvesse ele.

Deixou o corpo cair na cama, fechando os olhos, escutando a chuva cair. Pensou assustada se, quando abrisse os olhos, daria de cara com Malfoy olhando-a com aqueles olhos cinzentos cheios de malicia de desejo.

_Porco desgraçado. – sua voz saiu tremula, mas era claro o tom de ódio que saiu dela.

Era algo que crescia dentro de si e ela não podia negar; ódio. Como odiava aquela criatura cuja consciência havia ido pro espaço há muito tempo, ou talvez nunca houvesse existido uma.

E aquele nojo por si mesma ainda existia. Por ter sido marcada por alguém tão imundo como Malfoy.

Deixou uma lágrima escorrer pela face, indo a direção aos lábios entreabertos, dando aquela sensação de salgado. Sentiu o corpo arder, como se estivesse revivendo aquela tragédia toda novamente.

_Deus nunca dá um fardo maior do que uma pessoa pode carregar. –murmurou, repetindo as palavras do moreno. – Mas sinceramente eu acho que você está dando mais fardo do que eu agüento. E – inspirou. – Eu sei que ainda não acabou principalmente agora.

Olhou para o quarto que estava hospedada, e lembrava-se perfeitamente do primeiro dia em que chegara ali. Entrara direto no chuveiro, tomando uma ducha tão fria, esfregando seu corpo inteiro, tentando se livrar daquela humilhação toda, daquele temor todo. Deixava as lágrimas correrem livremente pela face, como uma criança medrosa, sem ninguém a recorrer.

_E aquele babaca idiota ainda acha que eu traí ele com esse monstro. – apoiou a cabeça entre as pernas, fechando um punho.

_O que você disse Gina?

Ela levantou a cabeça tão depressa e se ergueu tão rápido que bateu a cabeça numa gaveta aberta do armário.

_Puta que pariu!

Ela abaixou o rosto, apoiando uma mão na nuca. Gemeu baixinho, xingando tudo o que vinha à sua mente.

A risada de Harry ecoou em seus ouvidos, assim como as duas mãos quentes dele pousadas sobre sua cabeça também.

_Machucou? – perguntou.

_Oh, não imagina. – ironizou. – Estou gemendo por que sou masoquista e tenho orgasmos ao apanhar ou me machucar.

_Masoquista? Gi, eu não conhecia esse seu lado.

_Seu babaca. – disse com a voz a fio.

Ao sentir a dor passar, ergueu o rosto, dando de cara com ele a encarando; sério.

_O que é? –arqueou uma sobrancelha, enquanto ele cruzava os braços sobre o peito nu.

Oh Deus. Ele estava pronto para ir pra cama. Espera... Eles não iam voltar pro Hospital?

_Nós não vamos voltar?

_Não tem motivo. Duarte achou melhor irmos descansar e amanhã de tarde resolver tudo.

_E ele acha que a gente vai conseguir dormir, é?

_Não importa. Ordens são ordens.

Ela deu os ombros. A forma séria dele encará-la estava a deixando meio assustada.

_Que monstro, Gina?

Ela arregalou os olhos, dando um passo pra trás.

_Que?

_Com que monstro eu acho que você me traiu?

Ele sabia com que monstro ela supostamente o havia traído, por que diabos então tava perguntando isso?

_Você sabe, você acha isso, não é? – sussurrou, dando mais um passo para trás. Havia certo brilho nos olhos dele que a assustava. Como se ele soubesse de algo.

Ele se aproximou dela, fazendo-a recuar mais um passo, batendo contra a cama e caindo sentada nela, com o olhar arregalado.

_Acho, mas não é isso que vem ao caso – ela engoliu em seco quando colocou as duas mãos sobre seus ombros e a encarou nos olhos, como se a obrigasse a não mentir. – Queria saber se você o viu esses tempos, depois de Hogwarts.

Do que ele estava falando?

_Não. – mentiu. –Não o vi, e nem me encontrei com ele depois de Hogwarts, caso seja isso que você queira saber Harry.

Ele suspirou, aproximando seu rosto do dela.

_Não é isso que eu quero saber Gina. –a respiração dela começou a acelerar. – Quero saber se ele estava naquele dia.

_Que dia? –ela xingou-se eternamente por sua voz ter saído tremula.

Ele não ia dizer aquilo com todas as palavras.

_Você sabe que dia, Virginia. –ela gelou. Certo, agora ela entendia o efeito que fazia ele falar o nome dela e não o apelido. Fazia a gelar.

Ela ergueu o queixo, mesmo que seu coração começasse a queimar. Não ia chorar. Já havia chorado até demais esses últimos dias, e ela não era uma manteiga derretida.

Mas ela também não conseguiu dizer “não”.

O que ela diria? Que tudo o que ele não fez com ela, Malfoy a brutalizou, a fez se sentir a criatura mais nojenta da Terra, onde sua maior vontade era morrer? Ou diria que nunca mais o tinha visto em sua vida, onde isso era uma grande mentira.

Suspirou. Usou então usar outro tipo de metodologia.

_Adiantaria eu dizer alguma coisa, sendo que você não acreditaria em mim?

Bufou. Aquela ruiva podia irritar quando queria.

_Vou te deixar uma coisa bem clara, Gina. – ela prendeu a respiração, quando ele começou a falar. O brilho nos olhos dele demonstrava muito bem que ele já tirara suas próprias conclusões, mas que queria ouvir da boca dela. Droga, por que homens sempre eram assim? Bando de grandes idiotas. – Eu não vou fazer os erros do passado, indiferente que tenham sido meus ou seus, atrapalhar o que está acontecendo entre nós agora. E uma das coisas que eu preciso que você tenha em mim nesse momento, é confiança. E eu preciso saber disso, Gi – ela armou uma carranca e ele não entendeu, mas continuou. – Por que eu não agüento mais ver você remoída desse jeito, você se achando cada vez mais humilhada. E eu sei que você não é de se abalar com muita coisa, sempre foi assim. E isso deve ter te marcado. – ela riu sem humor.

_Você acha que ser estuprada não é algo que marca, Potter?

O tom de voz dela não o abalou, nem aquela fisionomia fria que marcava sua face o olhar daquelas íris esverdeadas.

_Acho. Tanto que pode ter certeza que eu vou matar o filho duma puta que fez isso com você.

Ela ficou em silencio. Ele deixou o ar escapar pela boca, mostrando que estava realmente nervoso.

_E então?

_O quer que eu diga? –murmurou.

_Se aquele verme participou disso, Virginia.

Ela retirou delicadamente as mãos dele de perto de si, levantando-se. Em silêncio, caminhou até a porta. Parou no batente da porta, e, encarando-o respondeu sem emoção. Ou pelo menos fingiu não ter:

_Você já tem sua resposta, Harry.







_Não posso solta-lo. Está na lei de execução dele. Prisão perpétua. –disse rispidamente.

Ela procurou manter-se calma, mas o olhar de Thamires mostrou que não estava ali, em plena quatro e meia da manhã para aturar uma velha charlatã e gagá.

A loira, com uma carranca nada feliz, suspirou e, colocando as duas mãos sobre a mesa da mulher, começou a dizer num tom de voz rasteiro, perigoso:

_Eu simplesmente não acordei quatro horas da manhã para soltar uma pessoa caso ela não fosse inocente. –a velha ia falar quando ela interrompeu. – Sua função aqui não é decidir qual preso sai, e qual preso fica. Isso é função dos encarregados da justiça, no caso, eu e pessoas superiores a mim, que no caso não é você. – ela arregalou os olhos, agora mostrando que estava realmente ofendida, enquanto Thamires apenas sorria pelo canto do lábio agora. –Sua função é apenas controlar o numero de pessoas na qual visitam os presos, somente isso. E não intrometer-se em assuntos que não-são-da-sua-conta.

A velha começou a falar. Começou a xingar a loira em português.

Cecília entendia o que ela falava, e certamente Thamires também, por que sua cara não era uma das melhores. Mas aquilo já não entrava mais na sua cabeça, não processava mais.

Era como se sua vida toda passasse ali, naquele momento, em flashs. Desde o momento que conheceu Lucas até agora.

E todas as intromissões de Ivon.

Ela voltou a sentir-se viva, fazendo aquela raiva incontrolável correr pelas veias. E então, num gesto rápido, pegou a mulher pela camisa fedorenta e cinza, e somente gesticulou os lábios:

_Você vai solta-lo, e vai solta-lo agora.

_Você não pode me segurar dessa forma! Isso pode te render um processo, sabia? E eu não vou temer em fazer isso contra as duas! Pode ter certeza disso e -.

_Certo, então todas as suas palavras contra a minha pessoa serão usadas em tribunal, certo, xuxuzinho? - Thamires inspirou profundamente, ainda olhando para Cecília, que segurava a mulher pela camiseta. Passou a mão calmamente pelos cabelos e continuou. - Eu tenho a droga de um mandato na qual é para solta-lo hoje, e se me permite, eu quero ir para minha casa e dormir, por que já passou da minha hora e eu tenho um marido em casa me esperando.

Ela soltou algo lembrado como um xingamento, e, girando nos calcanhares, sumiu em direção a uma das torres.

Cecília sentiu o coração acelerar.

Em poucos minutos, todo aquele seu pesadelo estaria terminando, aos poucos. Não existiriam comensais a procura dele para se vingar. Eles estariam juntos, e morreriam juntos se necessário.

Olhou para a melhor amiga, e ia dizer algo, quando ela apenas lhe retribuiu um sorriso.

_De nada, Lia.

A outra abriu um belo sorriso, a abraçando.

_Ta, obrigada.

A amiga apenas sorriu, cúmplice.

“Vingança aos traidores”. Não. Não iriam fazer nada contra ele, por que eles estariam juntos. Juntos.







Deixou que o ar escapasse pela sua boca, mostrando que estava nervoso. Muito nervoso.

Passou uma mão pelos cabelos, resmungando todo o tipo de coisa. Xingando tudo e todos.

”Você já tem sua resposta”. Não podia acreditar, não podia ser isso que estava pensando. Ele simplesmente não podia ter feito tamanha maldade com ela.

_Filho duma égua!

Como um homem podia ser tão imundo, tão nojento, tão cruel a ponto de fazer aquilo com uma mulher?

Fazer aquilo com Gina. Sua Gina! Ah sim, ele realmente estava nervoso.

Sua maior vontade era se levantar dali, e com a mesma raiva que sentia ir atrás daquele desgraçado, faze-lo implorar por perdão de joelhos a ela, e depois, esquarteja-lo vivo de preferência.

Fechou os olhos, sentindo o sangue ferver. As cenas que projetavam em sua mente eram como um teatro imaginário do que poderia ter acontecido a ela.

A face toda molhada dela, chorando silenciosamente. O pensamento humilhado, encolhendo-se em busca de inutilmente fugir daquele desgraçado.

Depois, viu nitidamente também naquele curto teatro, o homem a puxando violentamente contra seu corpo, obrigando-a, machucando-a, xingando-a de nomes que talvez nem ele usaria com um inimigo.

Bateu o punho contra o braço do sofá, fazendo um barulho enorme correr pela casa. Pensou em gritar um palavrão bem alto, mas preferiu se controlar. Talvez ela já estivesse dormindo e ele não iria atrapalhá-la.

Sentiu algo afundar no sofá, mas ele não ergueu os olhos. Dane-se o que fosse.

Apoiou a cabeça com as mãos, apoiando o cotovelo na perna. Bufou.

Sentiu algo encostar-se a seu ombro, massageando-o delicadamente. Ele ergueu o rosto, dando de cara com ela, sorrindo docemente para ele.

_Desde quando você toma cerveja?

Ele arqueou a sobrancelha, olhando para a caneca na mesinha em frente ao sofá, metade vazia. Deu os ombros, tentando esconder um sorriso ao vê-la observa-lo com um ar maroto.

_Desde que minha cabeça está cheia de preocupações.

Ora. Quem deveria estar preocupada ali era ela, não ele. Era ela quem estava sendo perseguida por comensais loucos em busca de carne humana.

”E Voldemort está atrás da carcaça dele desde que tinha um ano de idade, Gi”

Esse pensamento fez os ombros dela caírem, encolhendo as pernas nos sofá e olhando para ele, sem sorriso, mas de uma forma de quem estava começando a entender as mesmas circunstâncias dele.

_Preocupações sobre? – ele suspirou, soltando um sorrisinho de canto, cansado.

_Preocupações gerais, que eu sempre passei – deu os ombros. – E agora, mesmo você não querendo, estou levando as suas também.

Era tão bom tê-la ali por perto. O corpo delicado e pequeno encolhido no sofá, com uma calça de moletom surrada e uma blusinha de alças finas de dormir vermelha. Os cabelos vermelhos caiam sedosos pelo ombro, mesmo que algumas mechas caíssem em sua face, àquela pele macia, alva, onde faziam ressaltar as belas íris amêndoas.

_Mas – ela só voltou a falar até que ele a olhasse. Quando a olhou, ela sorria de forma reconfortante, com as mãos pequenas pousadas em seu braço forte. – Eu não quero que você se preocupe comigo.

Ele riu, colocando a mão sobre a dela.

_É a mesma coisa que pedir para que eu ignore o que eu sinto por você.

Ele abriu o braço, fazendo com que ela se aconchegasse em seu peito, em silêncio. Ficou passeando a mão em seu peito, que subia e descia pouco fora do controle.

Ela sorriu provocativa.

_É fácil ignorar isso.

_Ah, sim com certeza. – ironizou, fazendo-a rir.

_É fácil ignorar essa criatura ruiva aqui. – ela sorriu, erguendo o queixo para observá-lo.

Ele aproximou seu rosto do dela, sussurrando a letra de uma musica:

_E só de pensar em te perder por um segundo – ela suspirou. – Eu sei que isso é o fim do mundo.

A voz rouca e baixa em seu ouvido, combinado com o cheiro dele e a letra da musica lhe deu vontade de chorar ao lembrar-se dos momentos em que estiveram juntos antes de tudo aquilo acontecer. Agarrou-se a ele, suspirando.

_Você nunca vai me perder, seu idiota. – resmungou.

_Eu já ouvi isso uma vez. – ele comentou. Ela revirou os olhos.

_Mas se eu estou dizendo é por que não vai acontecer.

_Certo, você quem manda. – ele estava tirando uma da cara dela. Dava para ver pelo sorrisinho maroto nos lábios e os olhos verdes assumindo um ar divertido, largando o preocupante.

_Você está me zombando.

_Claro que não. – aquele tom não a convenceu. Bufou.

_Está sim, seu Zé mané.

Ele riu, beijando-lhe o topo da cabeça. Envolveu-a nos braços, de forma apertada, como quem não quisesse perdê-la.

_Ruiva, ruiva. Só você.

_Eu que o diga, seu sem graça.

Ele fingiu uma careta ofendida.

_Não gostei.

_Não me importo.

_Hei! Você está muito arisca, sua...

_Sim? – ela ergueu o rosto, encarando-o nos olhos com um bico. Era se controlar para não rir.

_Sua...

_Sim?

_Sua... Baixinha folgada!

Ela entreabriu os lábios, fingindo que estava incrédula. Deu um soco fraco em seu braço, exclamando:

_Mas você não é dois, Potter!

Foi tudo bem rápido. Um minuto ele estava do seu lado, onde ela estava por cima dele deitada, e no minuto seguinte se viu deitada completamente no sofá, enquanto ele a prendia nos braços e o corpo com o próprio.

Ela tentou se soltar, mas droga, ele era mais forte, era mais alto. Ele era o Harry e ela era a Gina. Ela sabia que poderia usar magia, mas, iria simplesmente acabar com o momento incrivelmente prazeroso para ambos.

Os corpos colados e quentes, misturado com o aroma próprio que eles tinham era só mais uma arma para ficarem entorpecidos. Harry era o que parecia mais embriagado com aquilo tudo, admirando cada detalhe que compunha aquela ruiva. A cascata ruiva espalhada no sofá azul e os olhos amêndoas brilhando de forma divertida e incrivelmente inocente. O peito subia e descia em descompasse com o seu e os lábios entreabertos só mostravam-se mais tentadores para serem saboreados.

Ela riu divertida, ao vê-lo viajando em pensamentos. Pigarreou, declarando em voz alta:

_Se você não me soltar, vai se arrepender amargamente, Harry. –ele balançou a cabeça rapidamente, acordando. Pareciam duas crianças.

_Ah é? E o que você vai fazer?

Ela enlaçou os braços em torno de seu pescoço, o puxando de modo que não somente seus corpos, mas seus lábios ficassem completamente colados. O ato ousado e surpresa fizeram Harry estremecer ligeiramente quando uma mão dela deslizou pelas suas costas, indo parar no cós de sua calça jeans. Ele tentou se recuperar mentalmente, mas ela estava sendo mais rápida. Entreabriu os lábios, e com a pontinha da língua, pediu que ele desse passagem a ela explorasse a dele. Sem relutar, cedeu, fazendo ambos caírem em um terreno perigoso.

Era um fogo que percorria pelo corpo dos dois, como se voltassem a ser dois adolescentes que não se preocupava com os perigos que o mundo começava a lhes mostrar, e sim, preocupando-se em querer mais um do outro.

As mãos dela deslizavam pelo seu corpo, acariciavam, ousavam, fazia com que ele criasse inúmeras fantasias em sua mente, na qual envolvesse aquela mulher cheia de magia e sedução.

Tudo era um contraste perfeito. O sabor daqueles lábios, daquele beijo. O cheiro da pele feminina. O lugar. O momento.

Ergueu-se um pouco ao ver o corpo dela tentar se levantar um pouco, mas não foi por isso que pararam de se beijar. Pelo contrario. Eles o aprofundaram, deixando-o mais quente. Quando ela parou, ele começou a provocá-la, beijando e fazendo movimentos circulares com a pontinha da língua na curva de seu pescoço, onde ele sempre soube que era o ponto fraco da ruiva. Seu coração e desejo aumentaram ao ouvi-la soltar um gemido baixinho, quase inaudível.

Ele sorriu malicioso, enquanto continuava a provocá-la. Ele achou que estava tudo sob controle para ele comandar a situação dali em diante, mas ela mais uma vez o surpreendeu.

Empurrou de forma que era ela quem estava por cima dele. A respiração de ambos estava começando a ofegar, e isso o excitava. Ela passou a mão pelos ombros largos e foi descendo, até que começasse a se livrar da camiseta dele. Quando conseguiu, começou a provocá-lo com a ponta dos dedos, e um sorriso malicioso nos lábios, para logo depois voltar a beijá-lo.

Mas dessa vez não demorou muito; Pelo menos não o tanto que queria. Ela parou, dando-lhe um leve beijinho nos lábios, antes de se levantar e dizer num tom de voz provocativo:

_Boa noite.

Ela só podia estar louca. Harry entreabriu os lábios, incrédulo.

_Gina... O QUE?

_Eu disse que você iria agüentar as conseqüências de me manter presa, meu bem. –ela sorriu docemente, colocando-se ao pé da escada. Ele sentou-se no sofá endireitando-se. Mas aquela visão dele sem camisa... Senhor! A enlouquecia de modo que quisesse voltar lá e agarra-lo de vez!

Passou a mão pelos cabelos negros, arqueando a sobrancelha, com um sorrisinho de canto. Por que, Deus do céu Todo-Poderoso, essa almôndega tinha que ser tão perfeita?

_Isso era me fazer agüentar as conseqüências? –ele passou a mão pelo rosto, achando que já precisava fazer a barba. Porém, aquele jeito que ele estava agora –desleixado – estava magnífico para ela.

_Sim, era. – ele sorriu malicioso.

_Vou procurar fazer você ficar mais nervosa comigo para que eu tenha que aturar isso mais vezes, então.

_Vai demorar até você tentar tomar minha paciência. – ele deu os ombros.

_Quer apostar que eu consigo?

_Não, não consegue. – respondeu, rindo.

_Veremos. – ela achou que suas pernas haviam virado geléia quando ele se levantou e caminhou em direção a ela, só com a calça. – E veremos se você vai controlar a situação.

Ele aproximou seu rosto do dela... Os lábios voltaram a se aproximar. Colaram-se por um momento, sabendo que ela havia se arrepiado desde o momento em que levantara daquele sofá, sorriu maldoso e disse:

_Boa noite, Gi.

_O que?

_Eu disse boa noite.

_Ah, é mesmo. – e parecia um raio subindo aquelas escadas rapidamente.

Ele riu, subindo as escadas em direção ao banheiro.

_Eu já disse ruiva, esse jogo é para dois. – murmurou baixinho, a si mesmo.

Mas mesmo assim, decidiu ir ao banheiro e tomar uma ducha fria... Muito fria.





_Credo, você ta pálida.

Coração acelerado. Dedos tamborilando a cadeira. Pernas irrequietas. Não iria se surpreender se estivesse suando frio.

_Você quer o que? Que eu esteja toda sorridente? – ironizou. A loira sorriu.

_Claro, afinal, você vai rever o amor da sua vida, não é?

A garganta secou. Em seus braços. Sem grades. Deixou que um sorriso fraco escapasse por seus lábios.

_Tanto tempo sem um abraço descente... Um tempo para nós dois...

_Um beijo apaixonado?

Ela pegou-se sorrindo abertamente pela alternativa que Thamires lhe lembrara. Perder-se naquele mar negro que eram suas íris, o gosto daqueles lábios...

Colocou uma mecha atrás da orelha, sorridente.

_É – arqueou uma sobrancelha, divertida. – Não sou que nem você, Tami sua safada. Eu quero um beijo, e se fosse com você já ia querer que -.

-Como você tira conclusões precipitadas de mim, Lia. – resmungou, cortando a amiga. Cecília riu, estalando os dedos.

_Não são conclusões precipitadas, loira, são reais.

_Sei. Estamos falando de você então né? – resmungou novamente, colocando as mãos no bolso, sem graça. O divertido era que se ela estivesse em algum tipo de relação com alguém, a loira sempre ficava sem graça quando faziam brincadeiras desse tipo.

_Não Tami, a pessoa é você. – A loira bufou, mas quando seu olhar caiu na porta, ela apenas sorriu doce, dizendo:

_Bom, eu preciso voltar para casa por que tem alguém me esperando e prefiro estar lá a como castiçal.

E sem dizer mais nada, aparatou. E Cecília logo entendeu o porquê.

Ela quis se levantar e suas pernas pareceram moles demais para tal ato. Continuou ali sentada, encarando-o na porta, onde tinha a mesma reação. Seus olhos perdidos no mar verde acinzentado que eram os olhos dela. Ele estava com as roupas todas rasgadas, sujas, o cabelo negro bagunçado, fazendo a franja negra cair sobre as íris da mesma cor, mas ainda sim estava perfeito sob os olhos dela. Ele pertencia a ela, assim como ela a ele e isso era a única coisa que importava.

_Ai meu Deus. – murmurou ainda incrédula com aquela cena. Tava perfeito demais para ser verdade. Tentou se levantar de novo, mas sem sucesso novamente. Então a única coisa que fez foi sorrir, enquanto sentia seus olhos começarem a marejar.

Ele retribuiu o sorriso, largando a pequena mala que tinha na mão direita no chão, abrindo os braços com um sorriso enorme na face.

Ela conseguiu finalmente se levantar, andando apressada até ele. Quando finalmente ficaram perto um do outro, ela se jogou em seus braços, abraçando-o com força. Com medo de perdê-lo outra vez. Soluçou.

_Ai meu Deus. – murmurou de novo. O calor daquele abraço, a pele quente. Céus, que saudades tivera daquele moreno. Quantas vezes se achara sozinha e desamparada pelo fato de ele não estar do seu lado. Fechou os olhos. – Fala que eu não to sonhando.

Mesmo de olhos fechados, ela tinha certeza que ele estava sorrindo quando murmurou com uma voz rouca em seu ouvido:

_Não é um sonho.

Ela achou que ia cair, pois tinha a absoluta certeza que suas pernas viraram tudo, menos sustento para seu peso. Apoiou-se nele, murmurando:

_Ai, ai, ai.

Lucas riu levemente, deslizando a mão pelas madeixas castanhas da morena, que se encolhia cada vez mais naquele abraço. Ele fechou os olhos, sentindo o perfume delicado dela, assim como ela toda era. Sua delicada Cecília. Somente sua e de ninguém mais.

_Estava com saudades. –murmurou.

_E você acha que eu não? - ela perguntou com a voz a um fio. Ele a afastou levemente, a fim de encarar a face da morena. Ela parecia uma criança manhosa, recusando se afastar. Quando conseguiu, ele segurou sua face com as duas mãos, fazendo um carinho nesta com os polegares.

_Mas agora estamos juntos não estamos? –ela balançou a cabeça. Ele podia notar os olhos brilhando por causa de algumas lágrimas que tentavam brotar, e ele tinha certeza de que ela estava as segurando. – então, é o que importa. O pesadelo acabou.

E seus lábios alcançaram os dela antes que ela pudesse falar alguma coisa. Sua cabeça girou e o corpo estremeceu inteiro, desde a planta dos pés a raiz dos cabelos. Enlaçou os braços em torno de seu pescoço, afogando-se naquelas sensações que percorriam em ambos.

Mas ainda havia uma pergunta em sua cabeça: O pesadelo havia acabado ou estava apenas começando?







“Você pode se hospedar em casa caso precisar Mione. Apareça a hora que puder, mas procure dormir, senão você e o Rony de cama não vão dar certo. Tem que ser forte para curá-lo logo.”

As palavras de Harry ecoaram em sua mente, enquanto ela passava a mão pelo rosto, enxugando mais uma vez, lágrimas.

Na verdade não estava com sono, nem ao menos queria ter saído do hospital. Mas Duarte, chefe de Rony, quase a matou quando disse que não descansaria um só minuto, e ele nervoso, retrucara que, se ela não saísse dali em cinco minutos, ele a mandaria para o xadrez, mesmo que fosse impossível.

Bufou, passando a mão pelos cabelos. Só esperava não acorda-lo.

Tocou a campainha, olhando para o lado. A luz do quarto do vizinho de Harry estava acesa, e dali dava-se para ver um casal se amassando, literalmente. Além da mulher gritando e pouco se importando com o barulho.

Seria engraçado se Rony tivesse visto aquilo.

Demorou uns vinte minutos até que Harry abrisse a porta, com uma aparência sonolenta.

Somente vestido num samba-canção preta, ele pareceu não ligar muito para isso, já que Hermione era sua melhor amiga. Bocejando, perguntou:

_Decidiu dormir então? –parecia meio impossível justificar o tom daquela voz com sono ou preocupada, ela admitiu, mas assentiu com a cabeça. Ele abriu a porta, dando espaço para entrar. – Como ele está? – perguntou, quando esfregou os olhos, acordando um pouco.

_No mesmo estado. –murmurou derrotada, entrando na casa. – Os outros curandeiros acham que houve algum problema na sua coluna em meio a tanto contorcimento. E dependendo do que for, estão pensando em operá-lo.

_Operá-lo? – ele arregalou os olhos. – Meu Deus, é tão grave assim?

Ela abraçou a si mesma, abaixando o rosto.

_Me desculpe. – murmurou. – Acordei você? – perguntou com a voz baixinha, mudando de assunto. Se para ele estava doendo saber sobre o estado de Rony, quem diria Hermione, que era noiva dele, que iria se casar em duas semanas, e agora podia ficar até mesmo viúva de uma hora para outra.

Sorriu, observando a melhor amiga com pena.

_Não Mione. Eu estava no quarto vigiando o sono da Gina.

_Gina está no seu quarto dormindo com você? Na sua cama? – indagou perplexa.

_Está – a morena arregalou os olhos. – Mas não aconteceu nada! Eu juro! – ele levantou as mãos ao se tocar do que a morena estava falando.

_Então por que ela -.

_Ela não conseguia ficar sozinha no quarto de hospedes. A coitada está com um peso enorme nas costas. Juros de morte, irmão em coma. Ela estava com medo de ficar ali sozinha e tomar um tiro. Então se escondeu debaixo das cobertas no meu quarto. Depois eu não consegui mais dormir. E lá está ela, comigo vigiando.

A morena deu os ombros, como quem tinha entendido.

_Então, você pode dormir no quarto de hospedes onde a Gina estava que ela dorme comigo.

Era bom saber que os dois estavam se entendendo. Deu para notar hoje que Harry estava muito mais carinhoso com Gina que parecia até mentira! Podia até jurar que eles haviam reatado tudo que tinham deixado para trás, o que parecia cientificamente e moralmente impossível, quando se tratava de duas mulas teimosas.

_Sem problemas, Harry. Agora descanse okay?

Ele sorriu, passando a mão pelos cabelos negros.

_Fique a vontade Mione, encare como sua casa. –murmurou, subindo as escadas.

Ela suspirou. Não dava como encarar ali como sua casa. A casa de Harry era bela e tudo o mais, mas não era seu cantinho com Rony.

Subiu as escadas, entrou no quarto e o fechou silenciosamente. Nele, escorregou as costas pela porta, até cair sentada e começar a chorar feito uma criança abandonada.

Queria uma vez na vida não ter dó das pessoas e ser auror, para poder ir atrás daqueles desgraçados e mata-los um por um.

Foi então que se tocou da ironia que estava dizendo. Ela batalhava para salvar vidas, e naquele momento, o que mais queria era matar os comensais desgraçados.

_Oh, Rony. – choramingou, abraçando a si mesma quando começou a sentir frio. – Por que auror? Por que não jogador de quadribol? Por que não jornaleiro?! Tinha que ser justo auror, seu morango teimoso.







Suspirou, fechando a porta atrás de si. Molhou os lábios com a pontinha da língua, procurando um meio de deitar naquela cama sem esmagar a ruiva e sem acordá-la.

Era incrível que, mesmo morando tanto tempo naquela casa, ainda não lembrava onde exatamente ficava cada móvel, principalmente do seu quarto.

Caminhou um pouco, trombando com a cadeira do computador, com o chinelo até bater a rótula no criado mudo.

_Merda! – gemeu, levando instantaneamente a mão a perna.

_Harry? – murmurou uma Gina sonolenta.

_Sim? – grunhiu.

_Por que você saiu da cama? – resmungou, mexendo-se na cama enquanto ele sentava na mesma.

_A Mione resolveu dormir aqui. Acho que você vai ter que dormir aqui no meu quarto essa noite.

_Tanto faz. – a voz carregada de sono dela mostrava que logo ela capotaria novamente. – Já to aqui mesmo.

Ele sorriu, deitando-se na cama, de barriga para cima. Procurou com o braço por Gina, enlaçando-a pela cintura. Ela não se importou em rolar na cama ficando perto dele. Estava com frio até o momento que ele fizera tal ato. Ele – ela até riria de tal pensamento, se não estivesse com tanto sono. – parecia um enorme cobertor elétrico. Mas nenhum cobertor elétrico era tão bom quanto o calor que aquele corpo emanava junto ao seu.

Em poucos segundos, Harry voltou a ouvir o ressonar fraco da ruiva, constatando que ela havia caído em sono profundo novamente. Desde que a conhecia, perguntava-se como alguém podia, em nome dos Céus, adormecer tão rápido.

Suspirou profundamente, tentando limpar sua mente de qualquer tipo de preocupação existencial. Permitiu sair dali por alguns minutos, recapitulando tudo que acontecera com ele em uma semana.

Havia recebido uma missão, que em poucos minutos fora trocada. Tinha que descobrir o plano dos comensais sem desmascarar o auror ali infiltrado. Em menos de quarenta e oito horas, sua missão mudara, fazendo com que sua nova missão fosse, na verdade, resgatar esse auror.

Tudo o que sabia sobre tal, era que ele estava mais de um mês com aquele disfarce, e agora, fora descoberto. Era o que precisava saber para ir salva-lo.

Então tentou aparatar, mas Duarte disse-lhe que não era muito bom aparatar diretamente ali, e que existia uma estrada trouxa perto, que levava ao matagal. Harry ligeiramente mexeu os ombros desconfortavelmente. Odiava matagais.

Como ordens eram ordens, fora obrigado a ir. Lembrava-se perfeitamente do desespero que começou a serpentear por suas veias ao sentir o congestionamento das ruas, e de cada minuto que se passava, pondo em risco a vida do auror.

Quando finalmente chegou à estrada, desligou o carro fora da tal, e encarou a chuva forte e tempestuosa que começara a se formar. Mesmo com dificuldade, não demorou muito a avistar aquela ruína que um dia pensaram em chamar de casa... Ou inicio de uma favela.

Primeiro analisou se ainda existia algum comensal, e para sua felicidade – ou infelicidade. – Nenhum movimento ou algo que pudesse chamar sua atenção, relacionado aos comensais. Entrou e saiu do barraco duas vezes, desesperado por nenhum sinal do auror desaparecido.

Só podiam ter o levado, pensou um momento, enquanto entreabria os lábios, começando a ficar furioso e desesperado. Se o auror morresse, seria sua culpa. Uma vida acabaria por sua culpa de ser um... Fracassado?

Bufou. Foi quando depois de algum tempo que começou a reparar, tristemente o pequeno rio a sua frente. Primeiro, um filete de sangue. Logo após, outro.

Não perdeu tempo. Correu até a roda d’água e começou a erguer, até que a imagem do auror revelasse a si, amarrado pelos pulsos, com a cabeça caída.

Exatamente oito anos que não via Gina. Lembrava-se do dia em que ela saíra da Toca, e fora diretamente para um país na qual nunca havia visto ou ido em toda sua vida.

Tinha que admitir que seu coração acelerou e ele teve vontade de gritar desesperado ao ver a situação da ruiva. Logo a soltou, deitando-a.

E ficou aliviado ao ouvir a bela frase “Mas que merda!” quando ela levantou, cuspindo água para todos os lados.

Tudo havia acontecido em uma semana. Cinco dias com ela em sua casa, dois dias viajando. Contando com esse, seria uma semana e um dia. Ou seis dias em sua casa e dois viajando.

Segurou-se para não bufar. Não importava. Importava é que até agora tanto ele quanto ela, ou até mesmo todos os aurores estavam agindo de forma inconseqüente. Principalmente eles dois. Ou ambos fingiram não notar que o perigo que rondam eles é muito maior do que eles imaginavam que fosse. Ou foi uma coisa perigosa que, se passou por despercebida.

Ou Voldemort estava metódico demais ou não era ele que estava por trás daqueles planos. Pelo que Harry sempre soube e presenciara Voldemort sempre quisera as coisas de forma rápida demais, já que tivera que esperar por onze anos para tentar mata-lo pela primeira vez, por mais que demorasse, nunca era tanto tempo e, se aquilo tudo estava sendo planejado por ele, então Voldemort decidira usar um método diferente.

Aquilo fez Harry ter vontade de rir, mas não o fez. Seria algo completamente irônico se fizesse.

Não era possível que aquele verme velho fosse ser metódico para tal coisa. Ele estava velho demais, além de que estava caindo aos pedaços, vivo! Não, aquilo não estava cheirando a carniça, mas sim a cemitério.

Comensais! ; Ele gemeu em frustração diante dessa idéia. Aquelas bestas deviam estar fazendo aquilo tudo para impressionar o velho.

Seriam coisas que teria de reconsiderar, além de que deveria sentar com Gina e conversar muito sério sobre aquilo. Talvez estivessem em um jogo onde, se o “comensal chefe” mexesse apenas uma peça, seria cheque-mate para os dois. E não existiria um tipo de revanche para aquilo. O preço seria suas vidas.

Colocou a mão livre no rosto, como quem o esfregando. Era informação demais, conclusões demais, e, preocupações que choviam mais e mais como loucas. Resmungou um palavrão, antes de sentir a ruiva murmurar algo, pousando a mão delicada em seu peito.

Aquilo o assustou e fez seu coração descompassar. Estava tão absorto em pensamentos que até havia se esquecido que Gina estava do seu lado, abraçada a si em um sono profundo e talvez até relaxante. Suspirou, sentindo o toque quente dela sobre sua pele.

Mas não parou por aí. Ou o sonho de Gina estava muito bom, ou ela era uma sonâmbula possessiva. Logo, ela passou uma das pernas em torno dele, deixando-a cair no meio das suas. Ótimo, o braço e a perna dela em cima de mim, pensou.

E aquilo estava realmente o deixando louco, só o fato de pensar que aquela perna, torneada, longa e perfeita estava ali, roçando com a sua, já provocava uma sensação que deixava claro que ele precisaria enfiar a cabeça num congelador e permanecer a noite toda em claro.

E também, a respiração calma batendo em seu pescoço estava ajudando menos ainda!

Vamos Harry, respire fundo e acalme-se, pensou, enquanto molhava os lábios com a pontinha da língua, tentando se distrair com qualquer coisa, que fizesse seus pensamentos saírem daquela perna.

Como se isso, por acaso, fosse possível!

Quando estava para realmente empurrar a ruiva para seu próprio bem, ouviu o telefone tocar. Gina acordou sobressalta, enquanto ele se levantava agilmente, descendo as escadas até a cozinha. Tudo, qualquer coisa para se livrar daquele momento.

Não que não estivesse gostando. Era só o fato que se aquilo continuasse ele deixaria de ser cavalheiro com o fato de respeitá-la e agarrá-la-ia ali mesmo.

Gina demorou um tempo até acordar totalmente. Sentou-se na cama, esfregando os olhos. Quando lembrou que ele havia descido as escadas em pulos, ela se levantou para ir ver o que acontecera.

Mas, quando encontrara Harry, ele estava voltando para a cama, mas ainda estava na sala. Seu olhar, mortificado e literalmente incrédulo.

_Harry?

Ela o segurou pelos braços, e ele a encarou. Os lábios entreabertos, apenas gesticularam como quem não acreditava naquilo:

_Chang fugiu.





Continua....





Notas: AH! tenho um agradecimento numero dos comentarios sobre a fic! Gente, isso me motiva tanto que vocês nem imaginam...

Ainda mais agora, que eu fiz uma pequena mudancinha no enredo... ^^ Espero que vocês gostem.

Agradeço muito a todos os comentarios, principalmente quem sempre tah passando por aqui, a cada capitulo atualizado, ou até mesmo para cobrar capitulos atualizados! \o/

Bjus gente... ^^

AMU VOCÊS ETERNAMENTE, POVINHU *-*

(Mesmo eu ainda achando que esse capitulo tah ridiculo x.x'''')

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