Culpa



O frio da nevoa que rodeava a casa do lado de fora entrou dentro do dormitório imundo em que Gina se encontrava, vestida apenas com as partes intimas. Mas ela já estava tremendo quando seu corpo percebeu o frio que serpenteava o local. Seu corpo todo tremia de desespero a cada momento em que Malfoy entrava no aposento.
Quando ele entrou pela terceira vez, Gina estava tentando inutilmente se soltar das cordas, murmurando feitiços que não necessitassem o uso da varinha.
Ele enlouquecera. Com um agito furioso com a varinha, Gina sentiu um corte percorrer desde a ponta dos pés até a raiz de seus cabelos, ensangüentando-a.
Ela até mesmo chegou a cuspir sangue no chão ao tossir. Malfoy apertou seu rosto entre os dedos brancos e horríveis até que o local ficasse esbranquiçado.
- Seu amorzinho nojento usou este feitiço contra mim no meu sexto ano. – ele sussurrou para ela, com a voz tremendo de fúria. – Como será que ele vai reagir ao saber que usei o mesmo contra você?
Ela não se lembrava de sentir tanta humilhação na vida. Relembrou-se dos tempos de colégio, em que ela havia sido possuída por Tom Riddle, e aquilo se passou como se fosse uma coisa fácil de ser resolvida. O que se passava no momento, no entanto, estava longe de ser fácil.
Reunindo o pouco de força e coragem que lhe restava, ela cerrou os olhos para Malfoy e rebateu:
- Vá para o inferno.
Malfoy apertou seu rosto com ainda mais força, antes de gritar algo que Gina não entendeu e lhe dar um murro no estomago. Ela se contorceu como pode, e gritou de dor. O homem estava enlouquecido.
Fechou os olhos com força para evitar as lagrimas: lagrimas de dor, humilhação e principalmente ódio; ódio por saber que não conseguiria escapar dali, pelo simples fato de estar fraca ao extremo.
O homem deixara do plano de ser considerado um criminoso ‘normal’. Estava louco, insano, com sérios distúrbios mentais, era possível ver isso. Draco Malfoy estava com todas as características de um psicopata. Não que os outros comensais não o fossem, mas no nível de frieza para se maltratar uma pessoa deixavam isso mais acentuado que qualquer um. Ele parecia apenas se importar com uma única coisa: vingança. E, para isso, ele queria fazer Gina sentir o maior número de dor possível... Ou quem sabe o impossível?
- Será que você ainda não entendeu que sua vida depende da minha compaixão? – ele se aproximou dela. Sua respiração era profunda e a enojava. – Será que você não entende que não se existe escapatória? Para que tentar se libertar?
Ela não respondeu e virou o rosto. Malfoy apertou novamente seu rosto e forçou-a a encará-lo.
- Você sabe que eu vou matá-la da pior forma possível, não sabe, Virginia?
Ela não agüentava mais tudo aquilo. Sua mente estava a mil, mas mesmo assim sabia que não poderia fazer nada. Pensou em Harry, e seu peito encheu-se de dor. Imaginou-o angustiado em algum canto, sabendo que ela estava desaparecida...
Gina não queria que ele viesse buscá-la, mas sendo ele sua única esperança, então ela sabia que não sobreviveria.
- Acabe logo com tudo isso, então. – ela murmurou com os dentes cerrados, o olhar fatigado. Sua raiva não conseguia mais sobressair-se a sua dor. Ela apenas queria que tudo acabasse não importava a maneira. Apenas não queria mais dor ou humilhação em sua vida.
Malfoy balançou a cabeça.
- Oh, não. Não vou acabar com meu deleite tão rápido. – ele se afastou e ficou de costas. – Você não sabe o quanto eu esperei, ansiei por este momento. Não quero terminá-lo assim, tão rápido.
Ele se aproximou e colou seu nariz em seu pescoço, aspirando seu cheiro. Gina arregalou os olhos e começou a tentar se debater.
- Ele fazia isso com você, eu vi. – ele se afastou. Malfoy exibia um sorriso maligno. Gina tinha os olhos brilhantes das lagrimas que começariam a cair em breve. – Você suspirava, você gemia com satisfação... Qual o problema então?
- Insano... Doente... Maldito... – ela gritava em meio às lagrimas. – Você quer vingar a morte de seu pai, então ande logo com isso! Acabe com minha vida como acabei com a de seu pai! Vingue-se! – o rosto da ruiva estava completamente vermelho e manchado com o sangue do corte em seu rosto. – Acabe logo com isso!
Malfoy gargalhou.
- Eu não quero apenas vingar a morte de meu pai, Virginia. – as íris cinzentas brilhavam em malicia. – Você é minha perdição, sempre foi.
Ela tornou a gritar desesperada, debatendo-se.
- Que merda toda é essa? Mate-me logo e acabe com tudo isso!
- Não. Eu vou deixar bem claro porque vou te matar...
- Então diga logo!
- Vou exigir o que é meu de direito, o que sempre foi.
Ela parou de gritar e arregalou os olhos para ele. Depois, tudo recomeçou.
- Você vai morrer por ter destruído minha vida, Gina. Por jamais ter sido minha.




O vento batia contra as duas pessoas que corriam na beira da praia com uma força monstruosa. A mulher teve que abaixar-se duas vezes e tampar o rosto com as mãos para limpar-se da areia. O homem agachou-se à sua frente, para impedir um pouco o vento.
- Podemos sair da praia agora. – ela comentou com a voz alta, graças aos barulhos que o vento fazia de tão forte. – Já consigo avistar a vegetação um pouco mais alta, e pelas coordenadas não estamos muito longes da casa.
Ela estava fechando o casaco negro para proteger-se do frio repentino. O homem balançou a cabeça negativamente.
- Ainda não. Não sei quantos comensais estão metidos nisso, não é? Poderíamos estar correndo na vegetação e receber uma maldição a qualquer momento. Não é seguro.
- E você acha mesmo que estando em campo aberto estamos mais seguros? – Cecília perguntou admirada.
- De certo modo. Comensais jamais andam muito longe do local de origem. E, como pesquisado, a casa fica pelo menos dez quilômetros da praia. – ele balançou a cabeça. – Se soubéssemos quantos estão nisso... Ou se pelo menos essa maldita casa não estivesse protegida com feitiços para que não aparatássemos.
- Acalme-se. – Cecília pediu. – Isso é remediável. O único problema é... – ela inspirou profundamente. – Saber muito bem que isso pode ser uma armadilha para pegar você, não acha?
Ambos se encararam por um tempo.
- Eu sei. – ele disse por fim. – Mas eu arrisco o que for para salvar a Gina.
Novamente silêncio. Cecília assentiu.
- Eu também.
Ele olhou para o céu. Nuvens negras começavam a se formar.
- Nada bom. Vai formar um temporal.
Cecília levantou-se.
- Então não vamos mais perder tempo. Com chuva, tudo fica mais complicado de se realizar.
Eles tornaram a correr pela praia, atentos ao sentido e com os corações palpitando para chegar ao local o mais rápido possível, e da forma mais segura. Nicholas e Lucas iam por um outro caminho que eles acharam mais conveniente, mas ainda sim se mantinham em contato graças ao celular de Cecília e ao de Lucas.
Harry tomava a dianteira, com Cecília logo atrás. Eles haviam combinado assim. Caso algo os atacasse pela frente, Harry cuidaria, e assim com a parte traseira para Cecília.
Cecília estava tendo péssimos problemas com a mistura de vento e areia. Vários momentos ela corria com os olhos fechados e esfregava os olhos com as costas das mãos, mas isso não a fazia diminuir o ritmo. Apenas resmungava uma coisa ou outra em francês. Harry, entretanto parecia ser inabalável. A francesa esperou que ele continuasse assim, porque não sabia o que iria fazer se ele desabasse.
Harry estava concentrado em seu destino e no momento, no tempo. Sua mente se perdeu na lembrança do dia que reencontrara Gina. Chovia torrencialmente, e ele tivera que resgata-la naquele dia, mesmo com certo pensamento de rancor em seu coração.
No momento, estava para cair uma nova tempestade e ele teria que resgata-la mais uma vez. A única diferença, era que se ele não a resgatasse e algo acontecesse com ela... Não existiria mais algo que lhe interessasse na vida.
Lembrou de Gina, com aquela camiseta longa e branca, completamente molhada e fraca em seus braços. Naquele dia, ele se preocupou, mas não tanto, já que ainda guardava rancor em seu coração. Mas, e agora? Ele podia sentir cada partícula de seu corpo estremecer só de imaginar algo acontecendo com ela. Balançou a cabeça. Não, ainda existia tempo. Tinha que haver.
Ele ia matar quem quer que fosse que estivesse com ela, e o filho da puta ia morrer de modo cruel, pensou com ferocidade.
Lembrou-se dos momentos que passou com ela. Todos os momentos. Lembrou-se daquele sorriso reconfortante, das provocações, do carinho... Simplesmente de tudo. Isso o fez sentir o desespero se avolumar em sua garganta.
Estava tão absorto que não ouviu o celular de Cecília tocar. Fora obrigado a parar quando ela o segurou pela jaqueta.
- O que foi? – perguntou enérgico. Ela ficava branca a medida que escutava as coisas no telefone.
- Muito bem, não saia daí. Ele está desacordado? – ela ficou mais uma vez quieta, para logo depois assentir. – Estamos indo para aí.
E desligou. Harry arqueou uma sobrancelha.
- Mas que está -.
- Nicholas. – ela arfou. As maças do rosto ficaram furiosamente vermelhas e os olhos cerraram. – Como não pudemos perceber?
Ela deu as costas e começou a correr em direção à vegetação. Harry correu atrás dela e a obrigou a parar.
- Cecília, pelo amor de Deus, temos que continuar o plano!
Ela se voltou para ele e sorriu irônica.
- Tenho certeza que quando souber o que aconteceu, vai ficar louco em querer ir até lá.
- Maldição, então diga logo! – ele berrou. Ela deu dois passos para trás e tornou a correr.
- Nicholas é um agente duplo. Comensal da Morte.




Lucas estava encostado em uma pedra grande, com os braços sujos e machucado. A roupa estava rasgada e havia um corte feio em sua testa, perto dos cabelos. Cecília soltou um barulho com a boca e correu em direção a ele, lançando-se na terra e colocando a mão em seu rosto.
- Maldição, o que ele fez com você?
Lucas suspirou e afastou a mão dela.
- Estou bem. – arfou. Pura mentira. Harry agachou-se ao lado da francesa e fitou o colega.
- Consegue andar?
- Não. O bastardo quebrou minha perna. Vou precisar de uma enfermeira. – murmurou pesaroso, mas lançou um olhar malicioso para Cecília. Esta se ruborizou e disparou.
- Pare de brincadeiras, Preston. – ela repreendeu.
- Não estou brincando. Realmente preciso de uma enfermeira, a menos que alguém aqui saiba como curar magicamente uma fratura exposta.
Cecília passou a mão pelos cabelos.
- Não trouxemos poções. – ela se inclinou para mais perto dele e passou a mão sobre a testa. – Deus do céu, isso aqui está profundo. Como você descobriu que ele era um comensal?
- Quando ele começou a rir alucinado, é claro. – ele balançou a cabeça ao ver os olhares bravos de Cecília e principalmente, de Harry. – Tudo bem, eu percebi quando ele tentou me desacordar e quebrou minha perna. – bufou. – Era uma sorte que eu estava com a varinha ao alcance.
- Ele fugiu? – quis saber Cecília.
- Não. Ele está ali. – e apontou para a arvore em sua frente.
Nicholas estava sentado de costas para uma árvore completamente amarrado. Havia sangue em suas vestes e sua cabeça estava pendurada ao lado do ombro, desacordado.
- Ele...
- Não está morto, Lia. Bem que eu queria que estivesse. – resmungou Lucas. Harry estava furioso.
- Por que diabos não conseguimos perceber? Maldição, ele pode ter avisado os outros comensais.
- Para sua alegria. – Lucas sorriu, com mescla de satisfação e dor. – Eu consegui arrancar respostas dele.
Cecília virou-se para ele com a velocidade da luz.
- Como diabos você conseguiu isso?
Ele enfiou a mão nas vestes e sacudiu um frasquinho para ambos. Um líquido transparente moveu-se.
- Vocês podem esquecer poções para me ajudar. Mas eu jamais esqueceria um Veritaserum.
Cecília começou a rir.
- Ah, que maravilha. E o que você descobriu?
- Nada de alegrias ainda. – Harry comentou com um tom de voz mortal. Ele virou-se para Lucas. – E então?
- Não existe mais do que dois Comensais ali dentro daquela casa. Um está com Gina no dormitório no segundo andar. O outro está vigiando o local pela janela. É bom que vocês saibam – ele ressaltou. – O comensal que está vigiando é Bárbara Cross.
- Cross? – surpreendeu-se a morena. – Aquela vadia! – fechou um punho.
- Lucas, ligue para Duarte, peça ajuda e diga para acionar os curandeiros para irem até a casa. – Harry avisou em tom baixo. – Não saia daqui e faça de tudo para manter o idiota desacordado. Duas pessoas – ele balançou a cabeça. Ia dizer mais alguma coisa, mas silenciou-se. Deu as costas e começou a correr pela vegetação. Chamou por Cecília.
Ela virou-se para Lucas.
- Fique bem, sim?
- Espere! Você precisa saber...
- O que? Vamos, Preston, não tenho o dia todo, tenho que correr atrás de Potter ainda.
- Malfoy é quem está por trás de tudo isso.




Ele olhou por entre os arbustos para a casa pela vigésima vez.
- Muito bem, faremos o seguinte. – ele começou. – Faça Bárbara sair da casa e apanhe-a. Enquanto isso eu entro e resgato Gina.
- Vai existir um comensal ali dentro, ainda. – ela ponderou. – Você consegue lidar com ele?
Harry assentiu.
- Sempre ganhei as melhores notas na academia por sempre conseguir invadir lugares sem fazer um ruído sequer. Eu me garanto. E você?
- Ainda não sei como chamar a atenção de Cross sem que ela avise o outro comensal que sairá da casa. – ela assumiu. – Ficará bem mais fácil para você se você o pegar desprevenido.
Um ruído alto cortou o céu, sobressaltando ambos. Em menos de cinco segundos, começou a chover, e dez segundos mais tarde a chuva estava torrencial.
- Isso só vai piorar as coisas. – Cecília lamentou. A franja do moreno estava toda grudada em sua testa, mas suas íris verdes brilhavam.
- Não, não vai. Vai ser bem complicado Bárbara lançar algum feitiço em você no meio dessa chuva toda.
- E então ela vai ser obrigada a sair. – Cecília terminou o pensamento por ele. – É claro. Muito bem, eu tenho um plano então. Fique atento, quando eu estiver com Bárbara perto daquela arvore ali, há dez metros da casa - ela apontou para a arvore - você pode correr em segurança.
Ele assentiu e ela levantou-se. Mas não correu.
- Você precisa saber qual é o comensal ali dentro.
- Sim? – ele perguntou com os olhos fixos na casa.
- Draco Malfoy.
Dizendo isso, andou para longe de Harry entre a vegetação antes de finalmente sair para o campo, para chamar a atenção de Bárbara.
Harry não percebeu como exatamente Cecília chamara a atenção de Bárbara o suficiente para ela cair na armadilha de sair da casa, porque sua mente estava a mil. Draco Malfoy era quem planejara tudo aquilo...


_O quer que eu diga? –murmurou.
_Se aquele verme participou disso, Virginia.
Ela retirou delicadamente as mãos dele de perto de si, levantando-se. Em silêncio, caminhou até a porta. Parou no batente da porta, e, encarando-o respondeu sem emoção. Ou pelo menos fingiu não ter:
_Você já tem sua resposta, Harry.



Ele sentiu o sangue parar de correr por alguns minutos. Todo o pensamento se extinguiu de sua mente e até mesmo parecia que ele havia parado de respirar.
Logo depois, como se algo muito quente estivesse inundando todo seu corpo, ele percebeu que Bárbara já estava com Cecília no local combinado, e então saiu correndo em direção a casa.
Toda aquela força estava motivada a ódio.





- Todas as vezes eu tentei demonstrar a você o quanto você me enlouquecia. – ele disse aos berros. – Mas você sempre apenas olhos para aquele maldito Potter. Mas você nunca foi uma menina inocente, não é mesmo, Gina? – riu alucinado. – Eu percebi isso quando você me encarou depois que eu venci a Grifinória naquele jogo de quadribol. Você me desejava, tanto quanto eu te desejava.
“Mas então, o que aconteceu? Você me deixou louco por você, deu sinal de que também queria algo, e, no entanto continuou com aquele maldito. Andavam juntos por todos os cantos do colégio, ele exibindo você por onde passava. Sempre chamei sua atenção, e você nunca reparou. Nunca!”
Gina não estava mais escutando muito bem o que ele estava dizendo. Sua cabeça estava pesada demais, havia perdido muito sangue. Era apenas uma mistura de palavras para ela, que não faziam o menor sentido.
Apenas acabe com tudo isso, ela pensou, acabe com minha vida e me dê descanso...
- Eu fiz tudo por você, tudo! – ele gritou em plenos pulmões. Estava insano. – Até mesmo me ajuntei aos Comensais da Morte, na esperança de que pelo menos assim você me notasse.
“Mas não. Você não fez isso, jamais. Nunca me notou. Nem mesmo quando fiz amizade com você, não é mesmo? Você me trocou, trocou nossa amizade e minha chance, mais uma vez pela vontade e desejo de Potter! Para você, ele era mais importante, não é mesmo? Já não bastava ter arruinado minha vida, me fazendo ingressar aos comensais da morte, não é mesmo?”
Ela o observou com dificuldade. Sua cabeça pesava, doía e ela achava que já não conseguia sentir mais seu corpo. Talvez fosse um sinal de que estava morrendo, pensou. Então o sentiu bater com força em seu rosto. Gina não gritou, não existiam mais forças para isso. Apenas fechou os olhos esperando que desmaiasse e não visse o momento de sua morte.
Mas não desmaiou. Abriu os olhos novamente e começou a fitar o chão. As lagrimas misturavam-se ao sangue e estes caiam no chão enquanto ela estava com a cabeça inclinada.
- Então, eu percebi. Você jamais seria minha. Mas se eu não podia ser feliz, você também jamais seria. Então, com todas as minhas forças, me empenhei para que você e Potter terminassem. Você consegue entender agora o motivo de meu plano, Virginia? – ele riu com gosto. – Se Potter realmente merecesse você, ele jamais teria armado aquele escândalo. Teria estado ao seu lado, acreditado em você. Mas você não compreendeu. Saiu do país e saiu da minha vida.
- Acabe logo com isso, Malfoy. – ela disse com dificuldade, cuspindo sangue. – Não me interessa saber seu desejo insano. Você é doente. – inspirou com dificuldade. – Nunca falei com você direito, nunca tivemos uma amizade que fosse forte o suficiente para que eu enfrentasse o motivo de minha alegria. Você precisa de tratamento, você é louco! – ela tentou gritar, mas não conseguiu. – Isso tudo é uma vingança infundada, isso tudo é uma loucura. Mas, se for para que eu continue nesse estado, acabe logo com a minha vida!
- Eu não lhe disse que a morte do meu pai também desencadeou nesta vingança? – ele riu debochado. – Você destruiu meu pai, e hoje, eu destruo você. Mas, veja que maravilha. Você vai me ser útil depois de morta. Com você, levarei Potter até o Lorde das Trevas.
- Harry não vai vir. – ela disse com os dentes cerrados de dor. – E não quero saber da sua historia insana. Acabe logo com isso. – repetiu pela enésima vez.
- Não, não, eu preciso terminar. Preciso lembrar você. Quero que você entenda por que vai morrer. Eu a humilhei naquele dia quando foi descoberta como agente dupla, eu arranquei sua inocência apenas para me satisfazer. Eu a desejava, e aquilo para mim foi a gloria. – ele gritou. – Sua alma pode não ser minha, mas aquilo me fez sentir vingado. Até você matar meu pai. Então... Você começou com morte, e eu vou terminá-la da mesma forma.
“Mas eu não vou terminá-la simplesmente com a sua morte, querida. Você é minha neste momento”.
Gina estremeceu de desespero quando sentiu a mão dele percorrer por sua barriga descoberta e alcançar a renda de sua parte intima. Ela arregalou os olhos e, com todos os sentimentos da ultima vez aflorando, ela conseguiu gritar uma ultima coisa antes de ser golpeada e perder os sentidos.
A única coisa que estava em sua cabeça desde o inicio. A única coisa que ela conseguiu pensar naquele momento de medo, de desespero. Ela gritou por Harry.





A facilidade para entrar na casa fora imensa. Bárbara tivera a capacidade de ser estúpida ao ponto de deixar a porta aberta. Harry entrou com todo o cuidado, com a varinha em mãos.
A casa estava silenciosa e vazia. Por um instante fugaz, ele pensou que aquilo tudo fora uma armadilha e que não havia ninguém, mas afastou tais pensamentos, lembrando-se que Lucas havia usado o Veritaserum contra Nicholas.
No instante seguinte, avistou o revolver de Gina sobre o aparador da casa. Com o coração entalado na garganta, ele foi, em passos apressados, até o local e o pegou. Estava carregada. Harry a mirou por um tempo, decidindo-se se seria uma boa opção carrega-la junto consigo, por precaução.
”Às vezes a arma é muito melhor. Posso atirar enquanto eles estão pensando em proferir o feitiço”, lembrou-se da fala de Gina uma vez e suspirou. Destravou o revolver e seguiu até a escadaria.
Ele estava atento a qualquer coisa, mesmo que o ódio o consumisse de tal forma que sua única vontade era entrar no dormitório e atirar em Malfoy quantas vezes ele achasse necessário para suprir aquele sentimento. Olhava para todos os lados e apurava os ouvidos a procura de qualquer ruído. Escutou vozes. Era voz masculina. E estava aos berros.

“Mas então, o que aconteceu? Você me deixou louco por você, deu sinal de que também queria algo, e, no entanto continuou com aquele maldito. Andavam juntos por todos os cantos do colégio, ele exibindo você por onde passava. Sempre chamei sua atenção, e você nunca reparou. Nunca!”

Harry molhou os lábios com a pontinha da língua e vagarosamente subiu as escadas. Caminhou em passos extremamente silenciosos pelo corredor e grudou-se à parede com o revolver erguido. Ele não sabia se era propício o momento de espionar e ver se estava no momento certo de já sair abrindo fogo, então esperou.
Escutou o som de algo sendo socado e sentiu as mãos coçarem e a vontade de urrar fora imensa. Cerrou os olhos, mas continuou aguardando.

- Então, eu percebi. Você jamais seria minha. Mas se eu não podia ser feliz, você também jamais seria. Então, com todas as minhas forças, me empenhei para que você e Potter terminassem. Você consegue entender agora o motivo de meu plano, Virginia?

Harry sentiu mais uma vez o coração parar de bater. Lembrou-se da imagem de Malfoy beijando Gina... Gina dizendo-lhe que não era sua culpa... Ele tomando sua atitude estúpida e a dizendo que a repudiava.
Ele se sentiu o ser mais estúpido de toda a terra, e sentiu o peso da culpa que aquilo lhe trazia. Fora ele quem fizera Gina sair do país. Talvez, se tivesse acreditado nela, ela jamais teria aceitado a missão de se infiltrar nos Comensais da Morte... Talvez jamais tivesse acontecido aquilo com ela...
Escutou a voz de Gina, e seu coração de encheu de esperanças. Ela estava viva, Deus do céu obrigado, ela estava viva... Mas estava suplicando pela morte.
Seu pequeno fio de esperança dissipou-se na hora quando escutou outra vez a voz de Malfoy, seguida da de Gina.

- Eu não lhe disse que a morte do meu pai também desencadeou nesta vingança? – ele riu debochado. – Você destruiu meu pai, e hoje, eu destruo você. Mas, veja que maravilha. Você vai me ser útil depois de morta. Com você, levarei Potter até o Lorde das Trevas.
- Harry não vai vir. E não quero saber da sua historia insana. Acabe logo com isso.

Ele estava distraído olhando para Gina, Harry concluiu, ou a ruiva teria lhe avisado alguma coisa caso o comensal tivesse percebido que ele estava ali. Segurou o revolver com mais firmeza e estava quase pronto para entrar quando escutou a ultima coisa, feita aos berros:

- Eu a humilhei naquele dia quando foi descoberta como agente dupla, eu arranquei sua inocência apenas para me satisfazer. Eu a desejava, e aquilo para mim foi a gloria. – ele gritou. – Sua alma pode não ser minha, mas aquilo me fez sentir vingado. Até você matar meu pai. Então... Você começou com morte, e eu vou terminá-la da mesma forma.
“Mas eu não vou terminá-la simplesmente com a sua morte, querida. Você é minha neste momento”.


Harry entreabriu os lábios. Fora Malfoy.
No instante seguinte, escutou o grito angustiado de Gina chamando seu nome.
Dane-se invadir com inteligência, Harry pensou com o surto de fúria nunca sentido invadindo todos os membros de seu corpo.
Invadiu o quarto urrando como um leão com a arma apontada para Malfoy. Este se virou com susto e sacou a varinha, mas não disse nada e não fez sequer um movimento.
Fora tudo muito rápido, mas pareceu uma eternidade.
O olhar de Harry desprendeu-se de Malfoy e avistou o estado de Gina. Malfoy, ao perceber seu descuido estava pronto para agitar a varinha e executar uma maldição não verbal quando o olhar do auror tornou-se para o comensal. Então, Harry atirou.
Fora uma morte rápida. O tiro atingiu o olho esquerdo de Malfoy e este cambaleou. Harry atirou mais uma vez e o tiro atingiu a testa do comensal. Malfoy permaneceu um breve segundo parado, antes de despencar no chão. Harry não parou. Ficou ao lado do corpo e deu ainda mais três tiros no rosto do homem antes de chutar-lhe a varinha para longe.
Após isso ele não sabia o que fazer. Seu ódio ainda o obrigava a atirar mais vezes em Malfoy, mas seu olhar caiu sobre Gina. Seu corpo inteiro começou a tremer descontroladamente. Sabia que não podia perder o controle, mas não podia evitar. A adrenalina ainda corria em suas veias assim como o desespero de passar pela possibilidade de perdê-la.
Cambaleou em direção a ela e fez um aceno com a varinha. As amarras que prendiam os pulsos e as pernas da ruiva se desfizeram e ele a amparou em seus braços. Não suportando sequer seu próprio peso, ele ajoelhou-se e a segurou em seus braços. As pernas dela estavam esticadas no chão e o tronco estava sendo apertado contra o peito de Harry.
Ele passou a mão pelo pescoço da ruiva e procurou sinal de batimentos. Quase soltou um grito de felicidade ao constatar que ela ainda estava viva.
Mas estava fraca demais. Os batimentos de seu coração estavam fracos.
Ela estava num estado decadente. Todo seu corpo estava encharcado de sangue e ela estava completamente suja, vestida apenas com a roupa intima.
Ele escutou gente subindo as escadas, gritando por seu nome. Não era apenas uma pessoa.
Ele tentou dizer onde estava, mas não conseguiu. Não conseguia dizer nada.
Observou a face da ruiva e limpou o sangue que escorria do profundo corte em sua bochecha com a manga da jaqueta. Ele a apertou contra si e tirou da face o cabelo ruivo, para logo depois enterrar o rosto no pescoço da mulher.
- Por favor, não me abandona... Não agora, por favor... Não você...
Quando Cecília finalmente os encontrou, Harry estava ajoelhado ao chão com Gina em seus braços. E chorava.


Continua...



Notas: Desculpem, desculpem, desculpem MESMO essa demora. Mas ninguém tem a noção do inferno que eu passei. Foi o fim das minhas provas diarias do ano inteiro, e eu acabei tendo uma semana em que era obrigada a fazer três provas a semana toda. Isso influenciou em um bloqueio mental, é claro.
Como agora me resta apenas mais uma prova de recuperação, a facilidade para escrever vai ser mais fácil. E vejam só, só falta um capitulo e o epílogo :D
Eu sei que é maldade terminar o capitulo aí, mas foi o que deu para fazer.
Espero que gostem.
Cap 15 vai sair mais cedo do que vocês esperam, porque ele não é nem um pouco comprido :D Quem sabe hoje...ou amanhã ;D

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