Emboscada



Madrugada do dia 23 de julho, sexta feita.

O ronco alto do trovão acordou Harry. Seus olhos abriram-se rapidamente e ele virou-se na cama, encarando o tempo o suficiente para observar raios cortando o céu.
Suspirou, enquanto relaxava os ombros e encarava a figura ruiva que dormia encolhida em seus braços. Sorriu ao observá-la dormir como um anjo. E segura.
Ele não conseguia entender por que, mas algo dentro dele parecia explodir de preocupação sobre a ruiva e, que alguma coisa estava por vir. E não seria nada boa.
A noite estava terrivelmente quente e para ajudar, a droga do ar condicionado não estava funcionando. Bufou. Com aquele tempo, ele não duvidava nem um pouco da tempestade que estaria por vir.
Gina resmungou alguma coisa e aproximou-se mais dele, apoiando uma mão sobre o peito nu do homem. Ele sorriu e houve um desejo enorme de acordá-la para que fizessem amor, mas controlou-se pensando no quanto ela estava cansada, e no tanto de coisas que teriam que fazer ao amanhecer.
Ele beijou o topo da cabeça da mulher e ficou distraído, pensando nos momentos que tiveram juntos. Era incrível que, depois de tanto tempo eles estivessem ali, juntos e compartilhando momentos na cama.
Mas, para ele, o mais incrível era o amor que ele sentia por ela. Ele a amava tanto que não sabia o que seria dele agora sem ela. Era algo tão forte que ele ignorava o passado do colégio quase que completamente.
Ambos eram mulher e homem já feitos, e ambos sabiam o que cada um queria para a própria vida: ficar juntos.
Ele sorriu enquanto fechava os olhos, pronto para um novo descanso.
Depois de dois minutos, ele levantara resmungando do calor.
Rolara Gina para o lado gentilmente, enquanto esta se esparramava de bruços na cama. Ele riu baixinho; Uma coisa que ele descobrira nela, era o sono pesado que ela tinha.
Caminhou até a janela e deteve-se no meio do caminho quando mais um raio cortou o céu, clareando quase que a rua inteira.
Dessa vez Gina acordou.
_Harry? – ela murmurou sonolenta. – Onde você está indo?
_Abrir a janela por causa do calor, Gin. – ele sorriu para ela. – Volte a dormir.
Ela assentiu e jogou o lençol sobre o corpo, suspirando. Em poucos segundos, ela já dormia profundamente. Ele a encarou um tempo indignado, antes de rir e ir abrir a janela.
Mas outro raio cortou o céu, e Harry franziu o cenho ao ver a sombra de alguém escondido atrás de uma árvore do outro lado da rua.
Aquilo o deixou alarmado; Tudo bem, ele sabia que podia ser mais um bêbado, já que era o que mais tinha por ali, mas algo dizia a ele que continuasse ali. Ele colocou uma das mãos no trinco da janela e continuou encarando o ponto que vira a sombra, na esperança de que outro clarão iluminasse o céu.
Mas isso demorou a acontecer e, quando aconteceu, Harry contou três pessoas encapuzadas correndo em direção a sua casa.
Mas a sombra que ele vira anteriormente continuava no mesmo lugar.
Ele continuou olhando a janela, tateando a cadeira em busca do jeans. Ao achá-lo, retirou a varinha e segurou-a firmemente.
Outro clarão. E dessa vez Harry viu a sombra mover-se e deixar a mostra um poderoso rifle.
_Ah, puta que o pariu! – ele praguejou e quando viu o vulto encapuzado mirar para a janela, ele jogou-se.
Pela segunda vez, a janela de seu quarto era estraçalhada. E dessa vez, vinha de uma arma. Harry abaixou a cabeça e protegeu o rosto com os braços, mas um deles doía como diabo. Era só o que faltava: ele ter sido atingido.
O som do tiro havia acordado a ruiva, que estava na cama com os olhos arregalados.
_Harry? – ela perguntou. – Harry, o que é que está acontecen -.
Mas ele não deixou que ela continuasse. Harry arrastou-se rapidamente até ela e a derrubou da cama. Ela caiu de costas e soltou um muxoxo.
_Tem alguém tentando invadir aqui. – ele murmurou enérgico. – Três comensais correram até aqui, mas parece que até agora não tentaram entrar.
Ela olhava pela janela.
_Isso não pode ter sido causado por um feitiço. – ela murmurou a si mesma. – Desde quando comensais usam armas -.
_Vista uma capa por cima – Harry agachou-se e a segurou pelos ombros. – Eu não sei se estamos cercados, mas vamos ter de achar um jeito de sair daqui.
Ela levantou-se, mas ele a puxou de volta ao chão.
_Fique agachada até ir para o banheiro, Gina. Não levante! - ele a alertou. – Onde está a sua arma?
Ela arqueou uma sobrancelha.
_E desde quando você sabe usar uma arma?
_Vou saber hoje se eu sei. – ele murmurou. – Onde está?
_Na gaveta no quarto de hospedes.
Ele grunhiu.
_Ah, maldição. Esqueça de colocar uma capa, Gi. Vem comigo.
Ela pegou sua varinha e eles foram agachados até entrarem no corredor. Harry tinha uma agilidade incrível, que até então Gina não tinha visto. Ele levantou-se e puxou-a pelo braço, em passos rápidos.
Ela ouviu um barulho de feitiço sendo proferido primeiro na porta principal, tentando abri-la. Depois, escutou o mesmo som na porta dos fundos.
_Estão tentando nos cercar! – ela murmurou desesperada enquanto Harry abria a gaveta num estrondo. Ele retirou a arma e jogou para a ruiva, enquanto colocava uma calça jeans.
Ela caminhou apressada até onde o moreno estava e começou a procurar seu celular, sem sucesso. Foi até o telefone que o moreno tinha ali, na esperança de conseguir avisar alguém, mas este estava mudo.
_Cortaram a linha. – ela avisou. Estava atônita.
Harry tirou a arma da ruiva das mãos dela e o prendeu no cós. Olhou pela janela do quarto de hospedes, torcendo para que outro raio cortasse o céu, a fim de poder ver se estavam realmente cercados. Mas dessa vez pareceu que os Céus não estavam a seu favor. Grunhiu.
_Gina, vamos ter que tentar a sorte para conseguirmos sair daqui.
_Aparatando? – ela ironizou.
_Sem chance. Isso aqui é um bairro trouxa. E daqui de dentro não dá. Eu e Dumbledore enfeitiçamos o local.
_Mas que ótimo. – ela suspirou. Ela caminhou até a janela. – E se tentássemos nos pendurar na arvore?
Ela havia sugerido aquela idéia como absurda, mas Harry não encarou daquela maneira.
_Você consegue?
_Harry... Eu estava -.
_Você consegue? – ele repetiu a pergunta.
Ela abriu a janela, observando o vento bater forte contra seu rosto.
_Acho que consigo.
No andar de baixo, Harry escutou ambas as portas sendo destruídas.
_Que seja logo, Gina! – ele murmurou frenético.
Ela se apoiou no parapeito da janela e ficou indecisa sobre se seria seguro fazer aquilo. Harry olhava a cada dois segundos para a porta de hospedes que ele havia fechado.
Engolindo em seco em puro desespero, a ruiva tomou impulso e se jogou contra um galho grosso. Escorregou e ficou pendurada apenas com os braços. Ela tomou força para tentar erguer-se novamente, mas não conseguiu. Então Harry segurou um de seus braços e a puxou.
Ele a encarou e com o olhar indicou para que fossem para o outro galho, para que não fossem vistos. Ela assentiu e com cuidado, passou para o outro lado com Harry logo atrás.
Logo depois, ele entreabriu as pernas, sentou-se e grudou Gina contra ele, apertando-a e observando de soslaio o quarto. Ele retirou a varinha e murmurou alguma coisa, fazendo Gina sentir um arrepio na espinha. Logo depois, murmurou “Abaffiato” .
_Eu lancei o feitiço do camaleão. – Harry sussurrou ao ouvido dela e ela suspirou aliviada. Aprendera aquele feitiço na Academia. – Eles não vão conseguir nos enxergar.
_Não vamos precisar fugir então?
A porta do quarto de hospedes se abriu numa explosão. Gina se encolheu e Harry apurou os ouvidos para tentar escutar alguma coisa.
_Eles não estão na casa! Eles não estão na maldita casa! Como aquele idiota pode ter errado novamente?!
_Acalme-se!
– um outro comensal agarrou seu companheiro pelos ombros, chacoalhando-o. -Eles não podem ter ido longe. Eu vi Potter observar pela janela enquanto um de nós estava com o Rifle!
_Vamos acabar logo com isso!
- um terceiro comensal apareceu e os outros dois concordaram.
Logo após, os comensais saíram da casa, com as varinhas em punho e, para o horror de Harry e Gina, atacaram fogo na casa.
_Maravilha! – Harry murmurou desesperado. – Tanto tempo pagando essa casa e agora eu não vou ter nem onde cair morto!
Mas Gina estava observando o fogo do feitiço, que invadia os cômodos com rapidez.
Maldição, ela pensou. Eles estavam numa arvore ao lado de uma casa em chamas.
Foi quando observou os comensais invadindo a casa vizinha. Gina não entendeu o porquê daquilo, mas aproveitou a situação. Jogou-se para a moita, levando Harry junto.
Ela caiu de mau jeito e quando se levantou, bateu a cabeça com a de Harry. Ambos gemeram de dor.
_Como a gente vai sair daqui? – ela murmurou desesperada, levantando-se frenética. Harry massageava a nuca, enquanto levantava-se e corria com a ruiva para o quintal dos fundos.
_Harry, o que em nome de Merlin você pensa que está fazendo? – ela teve vontade de gritar. O desespero perfurava-lhe a garganta.
_Indo para o outro quarteirão de um modo mais rápido. Passando pelo vizinho. – ele indicou a cerca. – O filho deles ganhou uma moto na terça feira e está na garagem. A gente a pega e foge.
_Harry, você tem certeza que é melhor não aparatarmos?
_Não aqui. Quando entrarmos em algum outro lugar mais seguro e sem movimento faremos isso. – ele indicou o numero de trouxas que estavam saindo nas janelas, ao ver a confusão que estava acontecendo.
Uma telha pegando fogo caiu ao lado deles, e Gina teria gritado se Harry não tivesse tampado sua boca.
_Vamos, eu ajudo você a pular o muro.
Ele ajudou Gina e logo em seguida ele saltou o muro, caindo agachado no gramado verde. Gina já estava de pé ao lado da garagem com a varinha em punhos. Murmurou alguma coisa e a fechadura automaticamente envelheceu e quebrou. Entrou apressada com Harry em seus calcanhares.
Ele achou a moto só de olhar para o local.
_Vamos. – murmurou.
Em menos de um minuto, ele havia enfeitiçado a máquina para que ela ligasse sem chave e após isso estava dando uma guinada com a moto e fugindo dali.
Gina olhou para trás o tempo suficiente de ver o homem do rifle apontando a arma para eles.
_Harry! – ela gritou, mas decidiu fazer as coisas por conta própria. Colocou a mão no jeans do moreno e tirou seu revolver, onde num gesto ousado virou o corpo e atirou contra o homem, que estava prestes a atirar.
E fora bem sucedida. O homem caíra para trás, com uma das mãos no ombro esquerdo.
Harry acelerou ainda mais e sumiu do quarteirão.
O comensal estava caído no chão, aos resmungos quando outros três comensais aparataram ao lado dele.
Um deles tirou a mascara, revelando o semblante furioso de Bárbara.
_Como diabos você não atirou logo, Ivon?! Você era o nosso trunfo!
Ivon levantou-se. Havia um sorriso diabólico em seus lábios.
_Eu não sabia que ia levar um tiro. Mas fizemos exatamente o que Malfoy queria que fizéssemos. O plano continua perfeito.
_Perfeito? – Bárbara vociferou. – Eles fugiram!
Ivon levantou-se e, com a mão no ombro sorriu para a comensal.
_Era exatamente o que Malfoy queria. Quando eles chegarem ao Ministério, não existirá mais volta para Virginia Weasley.




Harry sabia que já estava longe de sua casa, mas isso não o acalmava, nem o impedia de acelerar cada vez mais. Seu coração ainda parecia que ia saltar do peito. Puta merda, ele pensou. Puta merda.
Gina também estava desesperada, ele notou. Ela segurava-se nele e ele podia sentir suas mãos tremendo.
_Gi? Gi você está bem? – ela encostou a cabeça em suas costas, suspirando e fechando os olhos. Ainda não conseguia acreditar o que havia acontecido.
_Precisamos de ajuda. – ela disse. – Precisamos achar ajuda. Precisamos ligar para alguém, não podemos ficar rodando assim.
Ele assentiu. Ela notou a rua em que estavam e fez um barulhinho com a boca.
_Gina, que que foi? – ele perguntou desesperado pensando que ela podia estar machucada.
_Harry, vire a esquerda!
Ela falara isso quase em cima da hora. Harry fizera uma virada brusca com a moto. Logo em seguida entrou numa rua sem saída, com um luxuoso Hotel.
_Que diabos você pensa que -.
_Cecília está aqui. – ela arfou. – É o lugar mais rápido que podemos ir antes de procurarmos alguém da seção de Aurores no Ministério.
Ele assentiu.
_Okay. E como você acha que vão nos receber na entrada comigo sem camisa e você de camisola? Aparatando? – fora a vez dele ironizar.
Ela olhou para o próprio corpo e depois deu de ombros.
_Dane-se. Prezo minha vida antes de tudo.
Ela desceu da moto e arrastou Harry pelo braço.
O Hotel era luxuoso, fazendo com que dentro de poucos segundos eles virassem a atração principal.
Um dos atendentes veio medindo-os da cabeça aos pés, com certo olhar de desdém.
_Desculpe, senhores. O que pensam que estão fazendo entrando num Hotel como o nosso nessas condições? – ele apontou com o dedo mindinho para Gina e depois para Harry.
Ah, sim. Cecília havia mencionado sobre aquele homem. O gay.
Ela girou os olhos.
_Preciso ver Cecília Renard, quarto 516.
O homem parecia horrorizado.
_Com toda a certeza que Mademoiselle Renard não receberia hospedes tão oportunos como vocês.
Harry bufou.
_Gina, eu disse para você que era melhor aparatar. – ele sussurrou para ela. Ela por sua vez não respondeu e continuou encarando o atendente com os olhos faiscando.
_Acho que não é da sua conta quem ela recebe e quem deixa de receber, huh?
O homem resmungou alguma coisa em outra língua, mas apesar de Harry não ter entendido, a ruiva mostrou ter entendido perfeitamente.
_E acho bom tomar cuidado ao xingar as pessoas de pés rapados em espanhol, senhor, porque eu consigo entender muito bem, obrigada.
Ele pareceu vermelho por um momento de pura raiva.
_Vou ligar para Mademoiselle, mas se ela disser que não os conhece vocês terão de acompanhar a segurança!
Harry suspirou entediado.
_Fala sério. – murmurou.
Cecília demorou um minuto para atender.
_Mademoiselle Renard? Sim, existe duas pessoas aqui dizendo que precisam vê-la imediatamente. Não, eu não perguntei os nomes. – ele falou enjoado. – É uma mulher ruiva e um homem moreno ao seu lado.
Ele ficou parado, escutando o que a morena gritava ao outro lado da linha. Empalicideu.
_Sim, sim, claro. Perdoe-me... Não, eu não pretendia...
Mas Cecília desligara o telefone na cara.
_Subam. – o homem resmungou e Gina não pensou duas vezes. Arrastando Harry pelo braço ela marchou até o elevador.

***

_Gina! Mas que diabos você está fazendo... Que que aconteceu com vocês?! – ela arregalou os olhos ao ver ambos sujos e machucados. – Minha nossa, já aconteceu a terceira guerra ou o que?
Ambos deram de ombros.
_Invadiram minha casa. – Harry comentou.
_Comensais. – Gina falou ao mesmo tempo. Cecília encarava os dois com o queixo caído.
_Puta merda. – ela murmurou. – Puta merda. – logo após ela olhou para o moreno. – Como vocês conseguiram fugir?
Os dois se entreolharam, antes de dizerem mais uma vez a mesma coisa:
_Sorte. Pura sorte.
Lucas apareceu na sala, também bastante surpreso.
_Cara, vocês parecem que passaram pelo inferno. – ele comentou. – O que aconteceu?
_Comensais. – Cecília disse. Depois virou para a ruiva. – Pois bem, Gi. Conte desde o inicio o que aconteceu.
Gina deu de ombros.
_Acordei com um barulho de tiro estraçalhando a janela. Logo depois disso, foi tudo um inferno. Eu não tinha acordado direito, e Harry me arrastou por tudo quanto foi canto da casa. Depois pulamos da janela para uma arvore e roubamos a moto do vizinho para fugir dali.
Harry foi ao auxilio dela.
_Foi uma sorte que eu tenha acordado. Se não fosse por isso, teríamos sido pegos facilmente.
Ele começou a explicar em detalhes para os aurores o que havia acontecido. Lucas franzia o cenho e Cecília parecia pensativa.
_Eu não entendo. – Lucas murmurou depois de um tempo. – Comensais nunca usaram armas trouxas. Voldemort repudia qualquer tipo de ligação com os trouxas.
A morena pensou em comentar alguma coisa, mas ficou em silêncio.
_Tem alguma coisa que estamos deixando passar por despercebido. – Harry comentou. – Eu nunca pensei que bruxos usavam armas trouxas, nem mesmo aurores. – ele ficou em silêncio antes de dizer a si mesmo. – Tem alguma coisa que estamos deixando passar.
Cecília arregalou os olhos para Harry.
_Nem todos os aurores aderiram a esse tipo de defesa. Apenas França e Itália. O Brasil e os Estados Unidos estavam averiguando a situação.
Gina encarou a amiga.
_Então pode ser que tem também comensais de outros paises ajudando a me matar? – ela perguntou surpresa.
_Não... é pouco provável. – ela passou os dedos pelos cabelos, sonhadora, depois molhou os lábios com a pontinha da língua. – A menos se... Ora essa, não seria tão difícil se...
_O quê? – Harry arqueou uma sobrancelha para ela. Lucas sorriu debochado.
_Nem tente perguntar, Harry. – ele sorriu. – Ela fez a mesma coisa um dia quando foi me ver em Azkaban.
Cecília se levantou bruscamente e começou a andar de um lado para o outro.
_Podem existir duplo espiões. – ela comentou depois de um tempo. Alguma coisa dizia a Gina que Cecília parecia saber exatamente quem, mas tinha medo de errar em seu julgamento. – Aurores franceses, mas que na verdade são Comensais da Morte.
_Podemos falar com Duarte. – Lucas sugeriu. Cecília interrompeu-se em seus pensamentos e o encarou.
_Eu não sei, Lucas. Isso está tão confuso que eu não sei em quem realmente podemos confiar.
_Do que você está desconfiando, Cecília? – Harry a encarou profundamente. A morena sentiu-se desarmada e abriu o jogo.
_Há um bom tempo que eu venho observando... Um de nós, aurores... Levantando suspeitas muito estranhas. Evidências que me deixaram perceber... Mas eu não tenho certeza – ela completou apressadamente. – Não quero fazer julgamentos errados.
Cecília suspirou. Gina encarou os três, antes de levantar-se.
_Não podemos ficar aqui parados e esperar que venham atrás de nós. – ela murmurou decidida. – Temos que tomar alguma atitude. Temos de avisar ao ministério.
Harry percebeu que compartilhava o mesmo sentimento de desconfiança que Cecília.
_Eu não sei, Gina. – ela suspirou. Sabia que a ruiva tinha uma confiança cega pelo departamento. E que era teimosa como uma porta.
_Cecília, precisamos ir. – ela pediu. Harry suspirou, esfregando as mãos no rosto, num gesto cansado. Olhou para o braço esquerdo, que havia parado de sangrar. Caco de vidro. Ele levantou-se.
_Preciso limpar isso antes que infeccione. – ele murmurou, indo até o banheiro.
_Posso te emprestar alguma camisa se quiser, Harry. – Lucas comentou, seguindo-o. – Eu te ajudo a achar as poções para corte. Cecília vive escondendo tudo...
_Eu não escondo nada! – ela ralhou. – Você é quem não sabe achar as coisas.
Lucas riu enquanto acompanhava o moreno até o banheiro. Logo que escutou os passos se afastando, Cecília debruçou-se sobre uma almofada e quase pulou em cima de Gina.
_Eu sei de seu amor platônico e sua confiança pelo Ministério, ruiva, mas se eu estiver certa, é melhor nem chegarmos perto.
Ela sabia que perderia aquela discussão, mas nunca custava nada tentar.
_Não. Temos que falar com Duarte e achar algum meio de ou pegar aqueles filhos da mãe ou me esconder antes... Que aconteça alguma tragédia! – Cecília notou que as mãos da ruiva tremiam. – Mas nem fodendo que eu vou deixar que eles me escondam. Eu vou acabar com a fuça daqueles idiotas, ah se eu vou!
A morena ergueu uma sobrancelha, antes de sorrir. Ao observar as reações de Harry quando chegaram, observando a tudo atentamente, ela duvidava que Gina precisasse fazer alguma coisa enquanto ele estivesse por perto.
E era obvio o fato de Gina estar nervosa e amedrontada; ela estava soltando palavrão direto, o que só acontecia em crises assim.
_Escute. – ela tentou mais uma investida. – Os Comensais são astutos: eles podem ter infiltrado comparsas dentro do Ministério para pegarem você.
_Não vão me pagar. – ela rebateu. – Eu vou matar o filho da puta que relar um dedo em mim.
Cecília bufou e girou os olhos.
_Você pode ser morta e colocar em risco a vida de Harry! – ela tentou mais uma vez, mas para sua infelicidade Lucas e Harry voltaram.
_Colocar em risco a vida de quem? – Lucas perguntou sentando-se ao lado da morena.
_Não interessa. – ela cortou. O homem mostrou a língua.
Gina se levantou e encarou Harry, que continuava de pé e encarava a parte do braço que fora atingido, enfaixado.
_Quero ir ao Ministério comunicar Duarte para que ele tome uma providencia.
O moreno a encarou por um tempo.
_Eles podem avisá-lo se quiser sair de circulação. –dizendo isso, indicou Cecília e Lucas com a cabeça, que confirmaram imediatamente. – Não precisamos nos expor a mais um risco.
_Aos diabos com o risco! – ela bufou e levantou-se. – Não quero me esconder enquanto fazem todo o resto. Quero ficar e enfrentar.
Harry caminhou até ela e a segurou pelos braços gentilmente.
_Querida, é um risco sairmos daqui e andarmos em qualquer lugar de Londres e você sabe disso. – eles se encararam por um momento em profundo silêncio. – Mas, a opção é sua.
Gina pareceu pensativa um momento.
_Ficaremos juntos. Pelo menos sabemos que nós quatro podemos nos apoiar em cada um aqui.
_Cabeça dura. – Cecília resmungou em francês.
_Eu escutei isso, Lia.
_Se ficarmos juntos – Lucas começou. – Talvez até tenhamos alguma chance. Cecília pode mais tarde tentar pedir ajuda ao departamento francês.
A morena confirmou silenciosamente, a contragosto.
Gina agora parecia enérgica e decidida.
_Então vamos.

***

O cabelo mel estava preso em um alto rabo de cavalo enquanto os olhos azuis observavam a cena. Lá estava: Potter e Weasley, acompanhados dos outros dois aurores, onde ela sabia que um deles era a irmã de Lowrdasky.
Ficou ainda mais encostada a parede, enquanto observava o quarteto entrar em uma cabine, logo depois sumindo.
Ela não evitou o sorriso diabólico que apareceu em sua face.
Levou a mão até o ouvido onde havia um pequeno fone e apertou-o.
_E então? – a voz masculina ecoou do outro lado.
_Pode preparar-se. Eles estão aqui.
O homem gargalhou.
_Assuma seu papel e mostre seu talento para atuação, Bárbara.
Bárbara sorriu e caminhou calmamente até a cabine, onde desapareceu em seguida.

***

Cecília estava ao lado de Gina, que torcia as mãos furiosamente em seu colo. Harry não conseguia desgrudar seus olhos nela e Lucas estava sentado na mesa de Duarte.
Ela sabia o quanto a ruiva estava desesperada. Era evidente no modo que torcia as mãos; ela não duvidou que em poucos minutos ela já estivesse arranhada ou roxa.
Em seguida, entrou Bárbara Cross. Vestia uma veste marrom e o cabelo estava preso.
_Acabei de receber o notificado. – ela disse. – Duarte acabou de me mandar. O que aconteceu exatamente?
_Comensais. – Cecília respondeu. – Já é bastante obvio, huh?
As duas se encaram por um tempo em silêncio e os olhos da francesa ficaram nebulosos por um tempo. Logo depois, ela desviou o olhar de Bárbara e lançou um rápido olhar para Harry, esperando que ele tivesse notado a mesma coisa que ela.
Ele a observou por um momento, mas não transpareceu nada em seu rosto.
Bárbara não disse nada e o ambiente ficou atolado em um silencio aterrorizante. Todos absortos em seus próprios pensamentos.
Dez minutos depois, Duarte, Nicholas e Ivon entraram no gabinete. Duarte lançou um olhar para sua mesa e logo em seguida para Lucas, que bufou e levantou-se do local.
O homem calvo e gorducho parecia enérgico demais para seu tamanho todo.
_Muito bem, existe uma casa em chamas em um bairro trouxa, dois aurores quase cremados e artefatos trouxas roubados. – o homem sentou-se e começou a mexer em uma pilha de papéis. – O que diabos vocês fizeram para ser a dupla perseguida deles? – ele olhou de Harry para Gina. O moreno cruzou os braços e murmurou irônico:
_Minha historia já é bastante clara para saber por que estão atrás de mim desde que eu tinha um ano de idade.
Gina molhou os lábios.
_O que eles querem dessa vez sou eu. É obvio. Dois avisos depois que descobriram minha identidade, atentado a um familiar meu e agora isso. – ela levantou-se. – É obvio e já discutimos isso mais de uma vez. O que temos que saber é o que vamos fazer.
Duarte ficou em silencio por um tempo.
_Primeiro de tudo temos que coloca-la em um lugar seguro.
Cecília assentiu. – Tentamos dizer isso a ela, mas ela disse que não vai se esconder e esperar que tudo se resolva.
_Porque não vai resolver, merda! Será que vocês não entendem? – ela bufou. – Eles não vão parar até que consigam acabar comigo.
_O que eu não entendo é que a maioria das ações parece não existir Voldemort no meio. – A voz de Harry se sobressaiu e Duarte se encolheu com o som do nome. Ivon também, mas de um modo que o olhar do moreno o estudou curiosamente. – Voldemort é idêntico às cobras: se move rasteiro e só faz seu show quando dá o bote. Em compensação, todos esses avisos e ataques... Isso não é do feitio dele.
_Então poderíamos estar apenas lidando com seus capangas? – Bárbara interpôs.
_Provavelmente. Ele primeiro tentaria matar a mim se estivesse Gina e eu parados em uma parede, esperando sua vontade ser feita. E está acontecendo justamente o contrario. E faz sentido sobre terem atacado o irmão dela.
Duarte levantou-se.
_Vocês vão sumir de Londres por um tempo. – disse a Harry e Gina. – Não é seguro... Nem para vocês nem para quem estiver ao redor de vocês.
_Não vou embora. – Gina retorquiu. Cecília bufou. Bárbara estava estranhamente em silencio e Nicholas observava meticulosamente cada um.
A conversa seguiu-se em tom calmo por até meia hora, antes que todos estivessem gritando. Duarte gritava com Gina quase que enlouquecido. A ruiva tinha os olhos faiscando e gritava com ele ao mesmo tempo, uma das mãos apontando para a face gorda e a outra encostada na varinha do cós.
Harry estava ao lado de Gina, observando cada reação dela para que pudesse segura-la se ela tentasse azarar o próprio chefe. Uma das mãos estava pousada sobre o ombro dela e puxava um passo para trás sempre que ela tentava avançar um.
Naquele alvoroço todo, Ivon aproximou-se da irmã. Lucas percebeu e colocou-se ao lado dela, medindo o homem com um olhar frio.
_Não vou fazer nada contra minha irmã, Preston, não precisa ficar ai a protegendo como quem protege algo precioso. – ele murmurou com desdém. Logo depois, ele voltou-se para a irmã. – Você tem que convencer Virginia de sair do país. Ela vai ameaçar sua segurança também se ficar.
A morena o mediu.
_E desde quando você se importa com isso?
Ele a segurou pelos ombros e aproximou seu rosto do dela. Apertava tanto que doía. Havia mechas de seu cabelo espalhados entre os dedos do homem, e ela podia sentir que havia alguns fios se soltando.
_Não me importo. E não quero me importar de ter que ficar correndo atrás de você caso seja perseguida pelos Comensais da Morte. Então é bom que convença ela.
Os fios de cabelo que se soltaram ficaram presos entre os dedos do irmão, quando ele a soltou e caminhou até Nicholas, quando finalmente Harry conseguira fazer o chefe e Gina pararem de gritar um com o outro.
_Vão para fora da minha sala. – o chefe resmungou. Seu tom de voz ainda era alto. – Vou falar com os outros chefes do departamento e vou pedir a opinião deles.
Gina abriu a boca para gritar outra coisa, mas Harry a segurou e a abraçou pelos ombros, antes de dizer: - Está certo, dentro de duas horas, voltaremos e decidiremos o que vamos fazer.
Sem dizer mais nada, saiu abraçado com a ruiva, que resmungava para ele. Bárbara e Nicholas saíram juntos, ambos conversando alguma coisa que Cecília não conseguiu ouvir. Por ultimo, saiu Ivon. Cecília encarou Lucas, que tinha o mesmo brilho no olhar que ela.
_Ele está envolvido. – ela sussurrou a ele, quando Ivon cortou o corredor, sentido oposto ao de Harry e Gina.
Lucas permaneceu em silêncio.
_Havia fios de cabelo em seus dedos. – ele disse, agarrando a mão da morena e seguindo o homem em passos frenéticos.
Ela parou de chofre. Ficou pensativa por um momento.
_Não pode ser. – ela sussurrou.
_Os filhos da puta estão muito bem organizados. – ele rosnou. – Tramaram um plano certo.
Ela parecia horrorizada.
_A poção polissuco. – ela começou a correr com o homem em seus calcanhares. - Vamos logo! Não podemos deixar que ele chegue perto da Gina no meu corpo. Ah, mas isso seria obvio. Ela confiaria em mim se eu tentasse arrasta-la em algum canto e iria sem pestanejar.
Eles se entreolharam. Havia um único sentimento em ambos; desespero.

***

_Eu não vou deixar que eles me mandem para fora do país, principalmente a mando daquele gordo maldito! – Gina sussurrou lívida a Harry, que bebia água.
_Não vamos contestar se ele nos mandar a fazer isso.
_Ah, nós vamos sim! – ela retrucou, cruzando os braços. Não iria fugir, não mesmo.
_Gina. – ele a encarou. Estava sério. – Se ele disser que vamos do país, se isso significar ter você viva e inteira, eu aceito até mesmo ir para a China. Não vou deixar que aqueles bastardos toquem em você, me entendeu? Não vou.
Ela cruzou os braços e pensou em replicar, mas ficou em silêncio. Não sabia o que responder.
_Você sempre enfrentou Voldemort cara-a-cara. Por que não me deixa fazer o mesmo quando seus seguidores estão no meu pé?
Ele aproximou-se da ruiva.
_Porque quando se fala de Voldemort e eu, estou falando de um contra um. No seu caso, nem ao menos sabemos quantos Comensais da Morte estão envolvidos. E eu não vou deixar que você morra na mão deles.
Ela bufou. Ele a abraçou. Ficaram em silêncios, sem dizer nada.
Em seguida, Nicholas Anderson apareceu no corredor em passos rápidos.
_Potter, Duarte quer vê-lo no departamento do sétimo andar. Diz que é urgente.
Harry encarou Gina por um momento. Beijou-lhe o topo da cabeça e sussurrou: - Não saia daqui por nada.
Dizendo isso saiu em passos apressados.
Não demorou cinco minutos, Cecília apareceu correndo. Seu rosto estava contorcido em lágrimas.
_Gina! Atacaram Lucas! Pelo amor de Deus, me ajuda a buscar ajuda!
Ela olhou o rosto desesperado da amiga. Sentiu seu coração fraquejar também. Assentiu e, já esquecida do que Harry que lhe dissera, saiu correndo junto com a amiga.
_Onde ele está? – ela perguntou enquanto corria com Cecília. Ela chorava enquanto falava.
_Na cabine, Ivon o atacou – ela parecia furiosa. – Aquele filho da puta, eu mato ele! Ele o atacou e ia matá-lo! Mas ele se assustou e aparatou quando eu apareci. Filho da puta maldito! – ela gritou. – Eu sabia que ele era um comensal da morte, eu sabia!
Elas correram até que foram para a cabine e ao sair, Gina deparou-se com o nada.
Ela observou a rua vazia e encarou Cecília.
_Onde está Lucas, Cecília? – ela virou-se e então percebeu o que acontecera.
Tarde demais. Cecília ria debochadamente para ela e, a ultima coisa que viu foi algo sendo colocado em suas narinas, a sufocando.
Seus sentidos começaram a sumir e tudo ficou mais lento. Ela tentou gritar, mas um murro voou contra sua boca e ela caiu com tudo no chão, desmaiando com o cheiro que exalava da coisa colocada em seu rosto.
O homem encapuzado encarou a mulher.
_Belo trabalho, Cecília.
Ela sorriu enquanto ele jogava o peso morto de Gina sobre suas costas.
Em seguida, aparataram.



continua...



N/A: Sim! Depois de decadas! Cap 12 =D
Sim, o cap estah horrivelmente confuso! lol
Mas nos capitulos seguintes as coisas vão começar a serem entendidas.
Sim, a fic está entrando na reta final! =D ALELUIA!


Desculpem a demora, mas se vocês estudassem no Etapa vocês entenderiam porque da demora. EU TENHO PROVA TODO SANTO DIA!
E ferias eu sempre uso pra viajar xD
Mas conegui terminar! Aleluia irmao!

Brigado a vocês que continuam acompanhando.
Beijão, porque eu já falei demais e tenho que ir para um casamento XD

Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.