PRÓLOGO




- Prólogo -
INTRODUÇÃO AO GOLPE


FAZIA UMA NOITE FRIA para a primavera. Do lado de fora o vento soprava forte, uivando fantasmagoricamente, fazendo as vidraças das altas e grandes janelas balançarem. Dentro do escritório a precária luz iluminava a única ocupante do lugar. A mulher parecia não notar a formação de nuvens pesadas sobre o lugar, denunciando que uma forte tempestade estava a caminho.

O barulho da pena que riscava o papel e a respiração dela eram os únicos sons do lugar. A mulher levantou o olhar, analisando sem muito interesse a sala que conhecia bem. Livros antigos cobriam as altas estantes, tapetes forravam o chão de madeira escura, altas cortinas escondiam as janelas, uma lareira crepitava miseravelmente. As quatro escrivaninhas estavam dispostas ao redor do grande escritório. Ela prendeu o olhar na maior delas, a mais imponente; pareceu estar hipnotizada.

Os olhos muito claros saíram da escrivaninha para mirar-se no próprio reflexo na vidraça. O rosto tinha belos traços finos, e algumas mechas dos cachos vermelhos caíam sobre ele. Um trovão incidiu no horizonte no mesmo instante em que a porta do lugar se abriu violentamente, despertando-a para fitar a figura alva, de aparência ofídia e olhos vermelhos parada a porta.

Voldemort a encarou ameaçadoramente antes de acenar para a porta fechar-se com a mesma violência que foi aberta. Ele avançou lentamente pela sala, os olhos ainda pregados na mulher sentada atrás da escrivaninha. Ela não desviou o olhar.

– Venho tentando matar Harry Potter – começou Voldemort, a voz baixa e fria – desde que soube da profecia sobre um menino nascido em meados de julho. E eu nunca, nunca estive tão próximo de fazer isso quanto essa noite, Laure. Mas você frustrou os meus planos...

– Eu posso expli...

– E então eu me pergunto, você, que julguei ser a minha mais fiel e leal Comensal, me golpeou de modo tão baixo e descarado, por qual motivo? Me pergunto se seria inveja, talvez ambição? Diga-me Laure, responda por que me traiu!

Laure manteve-se em silêncio. Tinha se levantado da cadeira enquanto Voldemort falava, e parado ao lado da escrivaninha. Nenhum dos dois falou por um longo tempo, apenas se encaravam.

–– Está enganado – disse ela, com a voz calma e contida. – Frustrei seus planos, sei disso, mas foi preciso... Para a sua segurança, pelo seu bem...

A risada fria e aguda de Voldemort espalhou-se pelas paredes de pedra.

– Lord Voldemort não precisa de proteção! – sibilou ele, acariciando a varinha em suas mãos, e tornando a caminhar na direção de Laure. – A morte não pode me atingir, mas não posso dizer o mesmo de você, minha tola menina.

– Novamente enganado – afirmou Laure, duramente. – Você não pode me matar, necessita de mim mais do que a qualquer ser vivo. E também está errado quando fala que não pode ser morto.

– Eu garanti a minha imortalidade...

– E agora está preste a perdê-la!

Ele parou. Estava a dois palmos de Laure, a varinha pressionando o centro do peito dela, exatamente na altura do coração. Contudo ela continuava o olhando, desafiadora.

Você se atreve a me ameaçar! – sussurrou Voldemort rispidamente.

– Não é uma ameaça – disse rápido. – Está me vendo com a varinha apontada para seu coração?

– Você ousa...

Voldemort pressionou mais a varinha contra Laure, que agora sentia a pele ser queimada pela ponta dela. Fitou os olhos vermelhos: havia uma cólera e um ódio irreprimíveis neles.

Você terá a morte mais dolorosa que eu puder proporcionar...

Laure sentiu a dor de mil ganchos e facas entrarem em seu corpo, quando a Cruciatus a atingiu. Pensou que morreria, mas então, passou. Encontrou-se encolhida no chão, encostada a escrivaninha. Havia um sorriso cruel plantado no rosto de Voldemort.

– Eu sei... – murmurou Laure com a voz falha. – Eu sei do seu segredo...

As feições de Lord Voldemort endureceram-se. Laure viu, por um curto instante, o temor espalhar-se pelo rosto de Voldemort, desaparecendo para tornar-se impassível.

– Do que está falando?

– Das Horcruxes... – respondeu ela, arfando. – Das suas Horcruxes.

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