Final de um Romance



A Coruja e o Gato foram para o mar num belo barco esverdeado. Levaram dinheiro e bastante mel numa nota de cinco libras embrulhado... Jantaram carne picada e fatias de marmelada, que, com uma colher, comeram; e de mãos dadas, na beirada da areia, dançaram sob a luz da lua, da lua, da lua. Dançaram sob a luz da lua.

Edward Lear
A Coruja e o Gato





Hermione adiantou-se depressa pelo salão de baile, esperando conseguir sair sem ser interrompida. Enquanto se aproximava da grande passagem que dava para o vestíbulo e parava debaixo do arco de madeira entalhada, lembranças povoaram-lhe a mente. Menos de um ano antes, uma outra Hermione tinha parado naquele mesmo trecho, tentando escapulir de uma festa em que não estivera se divertindo.

Desejara escapar naquela noite. Mas o que quisera fora escapar de sua própria vida.

Agora, embora a cena fosse assustadoramente a mesma, sabia que estava ali para viver aquela vida. O espelho emoldurado reluzia no vestíbulo. A folhagem crescia, exuberante, no vaso de alabastro sobre o suporte de ferro. Ela o destruíra da vez anterior. Como se o incidente nunca tivesse acontecido, o vaso de planta fora substituído.

Bastava um passo e, depois, outro. Invisível. Era como se fosse invisível, podia voar como um pássaro, deslizar feito uma serpente. Embora tivesse sido desajeitada antes, agora era graciosa, os pés leves, não causando mais agitação do que uma brisa enquanto desaparecia no nada, mergulhava na liberdade.

Mal notou quando a porta da frente se abriu abruptamente. Mas a comoção que se criou logo em seguida na entrada despertou-a dos pensamentos e virou-se a tempo de ver mais convidados chegando. Um pirata mascarado adentrou pela casa gargalhando.

- Céus - sussurrou, chocada com a aparência dele. Sua fixação por Harry pregava-lhe uma peça. Podia jurar que via um fantasma diante de si. Estava perdendo o juízo, sem dúvida.

O pirata havia prendido a ponta de sua echarpe em torno do suporte de ferro do vaso de planta. Rindo a valer, puxou a echarpe colorida com força.

O tempo pareceu ficar lento, e Hermione viu toda a cena como se fosse através de uma cortina de água. A echarpe ficou esticada, virando a grande planta. O vaso de alabastro espatifou-se no chão de mármore.

O movimento brusco e a explosão de barulho fez com que todos gelassem no lugar exatamente por três segundos. Então, o pirata mascarado virou-se para os curiosos e disse:

- Opa!

Céus, ele não era nenhum fantasma. Era real!

Um bando de piratas barulhentos surgiu no vestíbulo, fingindo ameaçar as pessoas com sabres e pistolas antigas, mas, para Hermione, o mundo ficara em suspenso.

Não via nada exceto o homem alto que usava a echarpe esverdeada. Não ouvia nada a não ser o eco da risada familiar.

Harry.

Seu coração disse o nome dele quando seus lábios estavam perplexos demais para emitir um som.

Harry.

Vivo, ele estava vivo, uma vibrante e sorridente contradição aos relatos sombrios de sua morte.

Uma onda de pura alegria quase fez os joelhos dela fraquejarem. Levou a mão aos lábios, empenhando-se ao máximo para conter os soluços enquanto as lágrimas rolavam por suas faces. Vagamente, deu-se conta de sua família se reunindo à sua volta, observando-a com preocupação enquanto os piratas mascarados e jubilosos abriam caminho alegremente pela multidão.

Ela reconheceu a cabeça calva de Gerald, a figura esbelta de Timothy, além de Izard, o Doutor, Chips, Luigi e até mesmo o rabugento Click, todos exclamando em euforia enquanto cometiam assalto. Os convidados, pensando que aquilo fazia parte do entretenimento, entregavam seus pertences sem hesitar.

Hermione notou tudo aquilo através das lágrimas, notou mesmo não tirando os olhos de Harry, que ele jogou a cabeça para trás e soltou uma sonora gargalhada. E, então, enquanto os outros convidados entravam no espírito do “ataque”, ele se aproximou dela.

Mais rapidamente do que o próprio vento, atravessou o vestíbulo e ergueu-a em seus braços fortes.

- Aqui estou, garota! Pensou que podia escapar de mim? - Abrindo caminho pela multidão, ele carregou-a para fora da casa, onde um vento fresco, com cheiro de mar, soprava do porto de Boston.

Ele parou de caminhar e beijou-a sob a noite estrelada, um beijo sôfrego que a fez corresponder com paixão. E finalmente era real para ela, não um sonho, nem um fantasma, mas Harry... seu Harry.

Ainda abraçando-o pelo pescoço, deixou-se colocar no chão.

- Eu achei... Todos achamos que você havia morrido na tempestade. O que houve com Dino, Delilah e as crianças?

- Os dois estão trabalhando numa fazenda de maçãs no Canadá, onde vivem livres com as filhas. Tivemos que simular o acidente no mar para enganar nossos perseguidores.

- Por que você me fez pensar que estava morto? - sussurrou ela. - Por que me deixou sofrer tanto?

- Não quis lhe causar nenhum sofrimento, meu amor. Eu vim assim que pude.

Hermione fechou os olhos e abraçou-o com força, saboreando o milagre daquele retorno inesperado. Céus, mal podia acreditar que o tinha diante de si.

- Tenho algo a dizer a você - sussurrou-lhe.

- Oh, com mil diabos. Aquele patife o fez, não foi? Ronald Weasley pediu você em casamento.

- Na verdade, pediu, mas...

- Maldição. Maldição. Eu sabia que ia chegar tarde demais. Eu desafiarei o almofadinha a um duelo, partirei aquela cabeça oca com...

- Eu disse que ele me pediu em casamento. Não disse qual foi a minha resposta.

Harry fitou-a, uma alegria cautelosa começando a lhe iluminar o rosto.

- Você está querendo dizer que...

Hermione sentiu o vento de encontro às lágrimas em seu rosto.

- Que minha resposta foi não. Como eu poderia sequer pensar em me casar com ele quando sempre terei você no meu coração? Eu achei que encontraria tudo que precisasse saber em livros, mas aprendi o que é o amor com você. Eu amo você, Harry Potter.

Quando ele tornou a beijá-la, Hermione teve certeza de poder saborear-lhe a alegria, de poder vê-la naqueles olhos verdes quando ergueu a cabeça para fitá-la.

- Então, era isso que você queria me dizer.

- Sim. - Ela tomou-lhe a mão e cobriu-a com a sua, levando-a ao seu ventre. - Lembra-se de quando me disse que se eu descobrisse que estou esperando um filho, você acertaria as coisas entre nós?

Harry engoliu em seco, sua voz embargada pela emoção. Como o sol nascente, seu rosto se iluminou.

- Eu me lembro. Eu... prometi.

- Então, acho que agora você vai ter que cumprir sua promessa.

Com a confirmação, ele ficou imóvel durante um momento de completa incredulidade. Então, jogando a cabeça para trás, soltou um grito de triunfo e tornou a erguê-la em seus braços.

- Diga suas preces, garota - declarou em sua imitação de pirata, as longas passadas avançando pela rua de tijolos. - Você é minha agora, toda minha!

E enquanto Harry a carregava até o porto, Hermione pousou a cabeça no ombro dele, rindo e chorando ao mesmo tempo, tomada completamente pela grandeza de seu amor.

- Ah, Harry. Você não sabia? Eu sempre fui sua.


O Fim



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N/a: Isso ae, finalmente e (in)felizmente chegamos ao final... nhái muito deprimente quando uma história termina. Me diverti muito fazendo essa adaptação. Claro que vocês leitores e leitoras contribuiram muito para isso. Quanto a demora a atualizar esse imenso capítulo, nada melhor do que fazer um suspensizinho antes de chegar ao último ponto. Além de deixarem todos curiosos, parece que os comentários disparam em número.

Último comentário do último capítulo... bom, quase enganei vocês quando eu disse que o Harry tava mesmo morto, ahn? devo ter chegado pertinho. Se bem que são bastantes espertas pra se deixarem enganar. Mas alguém deve ter caido, aposto que sim. De qualquer forma, como tooodos os romances, o principe e a princesa viveram felizes para sempre. Por toda a eternidade. XD Eu vou dizer algo, queria muito que pelo menos um romance terminasse em final triste, eu já li mil, e todos eles terminam com final feliz. Enjoa. O Harry podia ter morrido, de verdade. E não só nessa história, como no sétimo livro de Jk Rowling também.

Então, vou pedindo perdão por qualquer coisa que eu tenha feito de errado, mais uma vez. Vou deixando meus agradecimentos para todos aqueles que acompanharam do inicio ao fim. Vou fazer uma pequena lista.

Paulinha Granger A famosa-louca-de-lingua-de-fora-com-palavras-cultas-que-cobra-presente-de-aniversário-que-não-me-ama-mais. Não pode, se você não me amar mais eu vou me jogar de uma ponte e volto para te assombrar, sua palhacinha. XP
Sarinha
RE
Katrina Hathaway
Tata
Juliana Senhorini
Christina
Diany Paula
Carol_Viana
Gabriel
Raysa
Angel
Bru Potter
Srta's Lupin and Weasley
Paula Potter
Sâmya
Ananda
Mary
Carla Ligia
Lorena

e se eu esqueci de alguém, pode me torturar, me massacrar, ou me matar, mas antes eu coloco o nome aqui. Bão, sou eternamente agradecida por todos os comentários que deixaram nessa adaptação, que a história nem é mesmo minha. Espero que em possíveis eventos de novas fics, vocês retornem e me deixem mais feliz com seus comentários.

Vou-me indo nessa de vez, pelo menos nessa história. Ainda tem mais duas adaptações minhas a serem terminadas, e mais duas fics minhas a terem continuação. Ficaria imensamente alegre se passassem por lá e se aqui nessa adaptação vocês completassem 600 comentários. Agradeço também aos que leram, mesmo que todos esse tempo não tenham deixado um sinal de vida.

Obrigada por tudo.

Beiiijos Pessoas!

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Comentários (1)

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