Little Guurmond



– CAPÍTULO 1 _ Little Guurmond –

O rumorejo sobre a velha Floresta de Little Guurmond, ao norte da Escócia, fazia com que a pequena vila ao extremo sul parecesse aos olhos de curiosos, deserta. Os casebres feitos de uma madeira enfraquecida e descascada por diversos animais e castigada pelo tempo deixava visível uma cidade incrivelmente obscura.
A noite dominava o lugar com um céu negro e medonho, com grandes nuvens concentradas sobre a grande floresta, atingindo a sua orla. A lua se mantinha escondida sobre as nuvens, assim como as estrelas e o vento assoprava no local, fazendo os pequenos e antigos lampiões balançarem com força e com um grave som de ferrugem, em especial no O Troteiro, um pequeno bar nas encostas de um morro semi-reto que levava à saída da pequena vila de Guurmond.
Era uma construção simples e excepcionalmente modesta, com algumas janelas com diversos vidros quebrados e empoeirados e uma única porta com uma maçaneta velha e levemente solta se encontrava num canto, de frente para a rua terrosa e com pedras que elevavam o terreno em alguns pontos.
Os outros casebres mantinham o mesmo aspecto que o do Troteiro, contudo, eram afastados da floresta e tinham, visivelmente, pessoas dentro de seus interiores pernoitando nas poucas varandas de algumas casas. Elas formavam um círculo ao redor de um parque antigo cujos balanços e escorregadores se encontravam sujos e danificados pelos pequenos delinqüentes da vila.
Em uma construção que aparentava ser a mais recente de todas as outras, havia uma placa de madeira com as letras formando a palavra hotel eram iluminadas por alguns postes num dos cantos da hospedaria. A tinta branca que predominava na construção não tinha tantos borrões como o bar na saída da vila e talvez isso fizesse com que o saguão fosse um dos pontos mais ativos do lugar.
- Como?! Está dizendo que não há mais uma garrafa sequer de cerveja nesse lugar?! Eu paguei por uma noite aqui, com direito as minhas necessidades! – falava uma voz grave e rouca que vinha de um homem baixo, de cabelos louros e olhos castanhos, com o rosto com algumas rugas muito bem vistas de longe. Brandia uma garrafa esverdeada com algum pouco líquido no seu interior e passava a sua língua sobre os lábios, demonstrando nervosismo.
- Eu realmente lamento por este incomodo senhor... Mas a próxima remessa só chegara dentro de algumas semanas e não posso fazer surgir mais dessas como se fosse... mágica, não é? – falou um rapaz alto de cabelo moreno e encaracolado vestindo um uniforme púrpura berrante e com as mãos levemente postas sobre o balcão bem tratado do hotel.
O senhor tacou a garrafa no chão, espatifando-a em milhares de pedaços que refletiram sobre a luz das lâmpadas presentes ali e andou, mancando até a escada, irritado e murmurando ofensas ao hotel.
- Cuidado! O seu quarto é próximo da floresta... – disse o jovem no balcão.
A atenção do homem que quase subira se voltou para ele, crispando os lábios.
-É uma ameaça, garoto? Está me ameaçando?! – retrucou irritado o homem.
- De maneira alguma, senhor... De maneira alguma. É que – começou o jovem, parecendo ingênuo e pouco convicto das histórias – a floresta é estranha. Ninguém voltou quando entrou lá...
O senhor bufou e se virou para a escada que levava aos andares superiores do hotel, encarando o carpete vermelho sujo que estava disposto sobre os degraus forrados.
- Boatos, é claro. – disse enquanto pisava no primeiro degrau, rangendo gravemente. – Quero cerveja o mais rápido possível, garoto!
E em poucos passos, sumiu na escuridão da escadaria com o pijama azul celeste consigo.
- Claro... – falou o jovem enquanto retirava um pequeno pedaço de madeira de dentro das vestes, apontado-os para os estilhaços – Reparo! – murmurou, e os fragmentos se uniram do mesmo modo que antes, tomando a forma de uma garrafa uma vez mais.



Os corredores do hotel eram escuros, sem lâmpadas ou velas que pudessem iluminar o caminho à frente, mas as luzes vindas da parte de fora da rua eram o suficiente para os primeiros corredores. Callum andava, com a barra do pijama azul celeste raspando o chão do hotel, de uma madeira lustrosa, nada parecida com o hotel em seu exterior
- Maldita espelunca! Não há uma maldita garrafa de cerv... – mas seu comentário foi bruscamente abafado por um grito, fazendo Callum parar automaticamente, estupefato. Era um grito de terror, vindo do andar superior onde foram proibidos dos hóspedes passarem.
Agora estou imaginando coisas?! Ora... – pensou o homem, mas quando fora retomar o seu caminho outro grito preencheu o corredor de baixo, ainda mais pavoroso que o outro. Seu olhar recaiu na porta lacrada que levaria ao andar superior. Com passos cautelosos no chinelo de lã bordô, ele se encaminhou até a porta, cerrando os olhos e observando-a.
Um desenho de serpente em relevo se encontrava no meio da porta. Serpente cujo os olhos brilhavam atentamente em um brilho esmeralda, como se acompanhassem os movimentos de Callum; uma cobra pronta para o bote na vítima. Ele fechou os olhos e tocou a maçaneta, girando-a. A porta abriu, revelando uma escada ainda mais tenebrosa que as demais, sem iluminação alguma. Um novo grito e o pânico enfim afligiu o corpo de Callum, a ponto de fazer suas pernas tornarem-se bambas e maleáveis. Ele inspirou, sabendo de que havia de descobrir o que acontecia ali como um bom historiador. Sua curiosidade falou mais alto e ele subiu, degrau por degrau, contornando o canto e deparando-se com uma brecha na próxima porta e uma voz fria, cruel e sem sentimento algum podia ser ouvida vindo detrás dessa.
- Você me desobedeceu, Lorien... Eu o mandei vigiar atentamente a ele e acabou-o perdendo insignificantemente. Você sabe que quando eles entrarem em Hogwarts, não conseguiremos alcançá-los. O poder daquele bruxo velho não deixará que toquemos naqueles garotos, não sabe, Lorien?
- S-Sim! Lord Vold... – mas sua voz foi prontamente interrompida pela voz do outro.
- Crucio! – e mais um grito encheu o ar, arrepiando a espinha de Callum. Ele voltou a apurar os ouvidos, achando que ouvira as palavras “bruxo” e “Hogwarts”, coisas imaginárias. Supôs que se tratava de um louco e iria entrar o quarto, pronto para rendê-los, quando a mesma voz fria recomeçou a falar. – Não diga o nome do Lorde das Trevas, Lorien... Ele me busca, sabe que o traí, e alcançar Harry Potter antes dele será motivo para que ele me busque pessoalmente. E depois, eu, Lord Damien, reinarei sobre todo o mundo bruxo, tomando o controle completo do Ministério da Magia.
- S-S-Sim, ó Lord Damien – falou a voz esganiçada de Lorien. Callum balançou a cabeça. Ministério da Magia? Mundo Bruxo? E Harry Potter? Sim, agora Callum sabia que se tratava de um louco.
Tomado de coragem, saltou os últimos degraus e escancarou a porta do quarto, observando uma pessoa ajoelhada, com o suor pingando de seu rosto e outra, de pé e com algo como uma varinha apontada para o suposto Lorien. O rapaz ajoelhado tinha em torno de 21 anos, com cabelos castanhos mal cuidados e longos, passando o nível da nuca e tremia assustadoramente no chão, de bruços. O outro era alto e imponente, com alguns fios de cabelos negros e olhos igualmente negros. Seu rosto se voltou para Callum, esboçando um sorriso cruel e dirigindo a palavra à ele.
- Olhe Lorien... Um trouxa. Essa cidade está ficando conhecida... – o bruxo aos seus pés gargalhou forçadamente e com a voz rouca, ainda olhando esgotado para o carpete negro empoeirado do cômodo.
Callum não se conteve, respondendo e encarando o homem de cabelos negros.
- Trouxa?! Você se intitula um Lorde?! Quem pensa que é?! Quem é Harry Potter?! Hein? Ah, claro! Esqueci que são loucos. Estão brincando de quê? – zombou Callum.
O sorriso desapareceu do rosto de Damien, dando lugar a uma expressão fria.
- Corajoso e tolo... – disse-lhe, enquanto erguia a varinha.
- Ora... Vai fazer uma magia em mim? Quanto medo! – respondeu ironicamente Callum
- Logo cuido de você... Agora, Lorien, você servira como amostra para o que aguarda nosso amigo... – disse Damien, virando-se elegantemente para o sujeito aos seus pés, que agora choramingava.
- Não!!! Milorde!!! POR FAV ...! – mas suas palavras foram abafadas por um raio verde que saíra da ponta da varinha de Damien, acertando a cabeça de Lorien em cheio. O grito que Callum soltou, fora ouvido por toda a vila depois de ver o homem cair no chão, morto e logo em seguida, sentir a morte se aproximar, com sua vista ofuscada por um raio disparado em sua direção, com a mesma cor e efeito que o que fora disparado em Lorien enquanto o bruxo pronunciava...
- Avada Kedavra!
E quando o feitiço acertou Callum, um garoto, em Londres, na Inglaterra, acordou assustado e em desespero. Larry Davidson sonhara, uma vez mais, com Lord Damien.

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