Capítulo Vinte



Rainha Elbereth... Esse nome não me é totalmente estranho, quero dizer, eu acho que já o li em algum lugar... Não sei aonde.E por favor, ela é uma elfa, uma rainha elfa! Aonde eu poderia ter lido sobre Elbereth??

Em todo caso, não é de se estranhar que eu que, de camponesa passei a nobre que passei a elfa da guerra, vim para nesse fim de mundo.Por favor, se alguém realmente quer falar minha verdadeira identidade, que fale logo, já estou ficando angustiada com todas essas... merdas?

Eu e Eärendil adentramos o castelo/mansão/conjunto de casas e, enquanto vários elfos olhavam para mim, convenhamos eu não sou tão estranha assim, Eärendil me dirigiu até meus aposentos.Muitos olhares assustados e/ou paralisados vinham em minha direção, dados por elfos mais jovens ou anciões.

Sem me importar muito com aquela situação constrangedora, eu adentrei os meus aposentos e vi um quarto médio, mas que a porta de vidro enfeitada por mármore e sua varanda ficavam de frente para a cascata do rio que vinha logo atrás do Reino da Floresta.

E o sentimento que eu tive foi... Nada.Nenhuma sensação de deslumbramento ou felicidade, não é um aposento que trará realmente a verdade que há por trás de minha vida.

Não adianta.Não irei me deslumbrar por mansões, aposentos luxuosos, jóias caras e vestidos sofisticados.Não irei sucumbir diante coisas tão materiais, não sou uma garota qualquer.Eu não quero riqueza,ostentação.Eu quero minha felicidade.

-Satisfeita com os aposentos, Srta. Lílian?-Perguntou Eärendil em um tom gentil, entrando no quarto depois de mim e logo depois fechando a porta atrás dele.

-Estou sim, obrigada-Respondi educadamente.Sim, eram belíssimos aposentos, mas isso não me ajudaria em nada, só me deixaria mais confusa.Eu me sentei em um sofá de dois lugares da cor palha, que ficava de frente para a cama.

-Então, você deve saber que o Conselho será daqui algumas horas.Gostaria de comer alguma coisa?-Perguntou ele gentilmente, como se eu fosse quebrar.

-Não, não estou com fome-Um ronco surdo de meu estômago fez um estrondo no quarto e logo vi Eärendil sorrir-Está bem, uma bandeja com alguns pães não fazem mal a ninguém, não acha?

E sorri.Ele me retribuiu o gentil sorriso que o dei.

-Eu já volto então-Falou ele, saindo do quarto e fechando a porta logo depois.

Eu olhei em volta.Porque será que sou tão diferente? Porque será que minha vida não poderia ser simplesmente casar com um homem decente, dar filhos a ele e esperar a velhice me alcançar?

Uma resposta veio do fundo de minha mente: Eu não agüentaria ter essa vida medíocre.Não agüentaria ser apenas a esposa de um homem, não agüentaria uma gaiola me espremendo até que o hábito e a velhice me alcancem.Provavelmente eu iria me suicidar se minha vida estivesse destinada de tal jeito.

Eu deitei na cama de casal enorme que, de agora em diante, seria meu refúgio.Olhei para cima, para o teto do quarto e vi várias estrelas prateadas decorando-o.

Logo, eu estava mergulhada em pensamentos sobre minha vida, sobre os acontecimentos.

O que sou? O que faço? Para quê eu vivo?

Eu não sei o que sou, todos me falam quem sou, mas sinto um fundo de mentira em todas as histórias que me contam, sinto um fundo de... sinto um vazio em mim que nada há de preencher, sinto como se o céu e a vida fossem um só, sinto-me perdida em meio ao caos dos acontecimentos.

Sei que não sou a garota mais perfeita que existe, mas também sei que não merecia esta vida qual levo.Não mereço passar por tanto sofrimento... Eu sempre fora uma garota tão obediente,tão educada, tão simpática.... Quero dizer, nem tanto.Mas eu sempre me esforçava em seguir meus princípios, me esforçava no que eu gostava...Mas... Do que eu gosto?

Minha vida está um vazio.Não tenho para onde ir,não sei quem sou e esse vazio me atormenta dias e noites, como se...Nada fosse certo para mim.

Ouvi duas batidas na porta.

-Entre-Falei ainda olhando para o teto.

Um homem loiro entrou e colocou do meu lado uma bandeja de prata com um suco de laranja e algumas torradas passadas na manteiga.Eärendil se sentou ao meu lado na cama.

-Bem, para seu estômago esfomeado, aqui está seu lanche-Falou ele com um pequeno sorriso.

Eu retribuí o sorriso e logo peguei uma torrada.

-Eärendil...-Comecei vagarosamente, olhando para o teto de estrelas prateadas.

-Sim?-Perguntou ele olhando para mim.

-Porque você é tão gentil comigo?-Perguntei o que me intrigava, mesmo sabendo que não era a coisa mais normal para se perguntar, principalmente se é uma coisa tão íntima.

-Eu não sei explicar, Lílian.-Respondeu ele-Eu não consigo explicar.Você é... especial para mim de uma forma que nem eu entendo.

Eu sorri.Ele estava corando.

-Eu não sou especial, Eärendil.Não fale asneiras-Falei enquanto comia a torrada.

Ele me olhou severamente.

-Não estou falando asneiras, Lílian.Não sou homem de iludir pessoas.Você é realmente, uma garota muito especial... e não só para mim.Para todos.

Eu o olhei confusamente.

-Para todos...?-Repeti-Como assim?

-Err... Eu vou aos meus aposentos para me aprontar para o Conselho.-Ele estava desviando a conversa.

-Eärendil! Me fale! Como assim?-Perguntei novamente em um jeito um pouco ameaçador.

-Se bem que você é uma elfa da guerra, não?-Comentou ele sorrindo-Olhaa...Lílian, eu estava confuso se lhe contava ou não, até porque eu posso ser morto por meus superiores, mas eu sinto que você tem de saber isso.Precisamos conversar e, é uma coisa que todos participam, todos mesmo.

Ele se sentou do meu lado novamente e me olhou sério.

-Pode falar,Eärendil.Depois do que eu já passei, estou pronta para tudo.-Falei suprema, mas no fundo eu estava tremendo.

-Pronta para isso...Você não está.-Comentou Eärendil, bastante sério.

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