Capítulo 5



Luthien estava distraída, escolhendo bombons. Na verdade, estava meio desconfiada que Sirius havia lhe pregado uma peça e não apareceriam, quando sentiu alguém bater em seu ombro.
_Está atrasado!_ disse, ainda virada para as prateleiras.
_Foi mal... Tive que despistar o Pirraça.
_Pirraça?_ ela perguntou, entregando o cestinho cheio de chocolates para a atendente.
_O poltergeist que vive no castelo. Mas para me redimir, hoje é tudo por minha conta.
_Nada disso!_ ela protestou, mas ele já havia entregado as moedas para a dona da loja e pego o saco de doces. _Isso não vai ficar assim!
_Imagino que logo só sobrarão as embalagens mesmo...
_Isso não tem graça!
_Ai, ai... parece que será uma longa tarde!_ ele suspirou, então ofereceu o braço à garota_ Está muito frio.Vamos tomar um chocolate-quente?
_Três Vassouras?_ela enganchou no braço dele, o rosto ficando vermelho, e os dois saíram da loja.
_Não... deve estar lotado... prefiro um lugar mais aconchegante.
Eles foram até a casa de chá de Madame Puddifoot, que estava decorada para o Natal, com festões e luzinhas por todos os lados, se sentaram à uma mesa meio escondida. Logo a menina perdeu a timidez inicial e começaram a conversar animadamente, como se fossem velhos conhecidos e riam muito.
_Então, quer dizer que você colocou fogo na capa dela?
_Mas foi sem querer... na verdade, eu queria colocar fogo no cabelo...
_Luthien, de anjo, você realmente só tem a cara... _ele a encarou e sorriu_ Sabe, nunca conheci uma garota como você...
A menina corou mais vez.
_C-como eu?
_É... você dá risada de tudo. Parece até um garoto...
_Obrigada... eu acho.
_Quer saber? Eu acho que você merece ser uma marota... a primeira menina do nosso grupo.
_Quanta honra... mas você não tem que consultar os outros Marotos?
_Ah! Eles aceitarão... e mesmo que não aceitassem, para mim, você seria uma marota._ ele lhe lançou uma piscadela e começou a olhar em volta, observando a decoração_ Sabe uma coisa que eu odeio no Natal?
_O quê?
_Visgos...
_Por quê? _ ela ficou surpresa
_Nos EUA também tem a tradição do visgo?
_Oras, é claro...
_Todos os americanos a seguem fielmente?
_Imagino que sim, sabe? Tradição é tradição... e que mal faz um beijinho?
_Bom, Luthien, meu problema com o visgo, é que tem pessoas, que começam a perseguir os outros, para conseguir os beijinhos...
_Nossa! Você deve ser muito perseguido...
_Digamos que o grande astro é mesmo o James. Sabe, né? Jogador de quadribol... mas a questão é: é horrível beijar alguém, sem ter vontade, só por causa de uma tradição.
_Bem, isso deve ser mesmo desagradável.
_Ainda assim você diz que tradição é tradição?
_Sim, mas...
_Então, você beijaria alguém que está embaixo do visgo com você?
_Qualquer pessoa? Não, mas de forma geral...
_Verdade?
_Sirius, por que resolveu discutir se a tradição do visgo é válida ou não? É só uma brincadeira... não deveria levar tão a sério.
_Hum... só estou querendo me certificar do que você acha.
_Tem um motivo para isso?_perguntou, desconfiada, levando a xícara à boca
_Tem... estamos embaixo de um visgo. E já que você não se importa em seguir a tradição, eu quero meu beijo.
A menina se engasgou com o chocolate-quente e o rapaz começou a rir.
_Aqui?! Digo; agora?!
_Eu espero você desengasgar...
_Muito gentil de sua parte _retrucou com ironia, e também começou a rir
_Qual a piada?
_Por um momento, eu acreditei que você realmente queria um beijo...
Ele a encarou, espantado e ela parou de rir.
_Mas eu QUERO um beijo.
_Sirius... não devemos brincar com coisas sérias...
_Se alguém está brincando, não sou eu...
_Mas...
_O que aconteceu com o “que mal faz um beijinho?”
Ela suspirou, resignada.
_Vá lá... se você faz tanta questão..._ela se inclinou e lhe deu um selinho.
_Chama isso de beijo? Você criou tanto caso, para me dar um selinho?
_Não vou te dar um beijo de verdade com toda essa gente olhando. E depois, a gente mal se conhece...
_Quanto tempo você precisa para me conhecer e me dar um beijo decente?
_Eu não sei...
_Tudo bem. Não precisa me beijar agora, mas eu não vou esquecer que me deve um beijo.
Ela sorriu e seus olhos brilharam. Rapidamente, ela retirou dois bombons do saquinho e entregou um para ele.
_Coma e me dê a embalagem!
_Por...
_Sem perguntas. Apenas faça_ disse, mordendo seu bombom.
Ele chacoalhou os ombros. Aquela garota com certeza tinha uns costumes estranhos.
Ao terminarem de comer, ela alisou as embalagens e as dobrou formando 2 fitas; então, amarrou uma das fitas, na outra e entregou a ele.
_O que é isso?
_É uma brincadeira das garotas trouxas... chama-se vale-beijo.
_Vale-beijo?
_Sim... quem recebe um deste, pode trocar por um beijo de quem o entregou.
_Quando eu quiser?
_Exatamente.
_E quem garante que você vai me beijar, em troca desse papelzinho?
_Entre os trouxas? Ninguém. Mas pode enfeitiçá-lo se quiser...
_Ok... se você não me beijar... vejamos... _ele lançou um olhar maldoso para a garota e deu um toque com a varinha no vale-beijo.
_O que vai acontecer?
_Você não vai querer saber...
Eles se encararam e sorriram.
_Você se importa em ir ao Correio comigo? Quero mandar uma carta para minha mãe...
_Está bem... você quer ir agora?
_Sim, mas antes tenho que pegar a carta na hospedaria...
_Vamos lá, então._ ele terminou de tomar seu chocolate e chamou Madame Puddifoot para pagar a conta.

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