Grandes surpresas



Nos dias que seguiram o seu retorno de Lanzarote, Gina ficou bem quietinha. Ela, Luna e Laura até queriam mesmo passar uns dias um pouco separadas depois de tanto tempo juntas.

Não importava a que horas ligasse, estava impossível conseguir conversar com Morgana, já que ela sempre estava trabalhando no bar de Daniel ou passando o tempo com Matthew. Rony estava passando suas preciosas e últimas semanas de liberdade de verão na casa dos pais de Hermione antes de ter de voltar ao seu emprego na escola e os gêmeos estavam... bem, quem era que sabia onde estavam?

Agora que estava de volta, Gina não estava exatamente entediada com sua vida, mas não estava felicíssima também. É que parecia tão... tão nada e tão sem sentido. Tivera a viagem para ansiar, mas agora sentia como se não tivesse um motivo para sair da cama de manhã. E como estava dando um tempinho das amigas, não tinha ninguém com quem conversar. Não podia falar de tudo com seus pais. Comparada à semana quente em Lanzarote, Londres estava feia e molhada, o que significava que ela nem mesmo podia tentar manter o seu bronzeado ou apreciar seu novo jardim.

Alguns dias ela nem saía da cama, só assistia televisão e esperava... esperava pelo envelope do mês seguinte de Draco, imaginando em que jornada ele a levaria da próxima vez. Ela sabia que suas amigas desaprovariam isso depois de vê-la tão positiva na viagem, mas quando ele estava vivo, ela vivia por ele; agora que se fora, vivia por suas mensagens. Tudo girava ao redor dele. Ela realmente acreditara que o propósito da sua vida tinha sido conhecer Draco e aproveitar cada dia ao lado dele pelo resto de suas vidas. Qual era o seu propósito agora? Devia ter algum, ou talvez tivesse havido um errinho na administração lá em cima.

Algo que ela tinha certeza que deveria fazer era pegar aquele duende. Depois de um interrogatório mais profundo dos seus vizinhos, Gina ainda não sabia nada a respeito de seu jardineiro misterioso e estava começando a pensar que tudo não passava apenas de um grande erro. Depois de um tempo, se convenceu de que um jardineiro deveria estar cuidando do jardim errado. Desde então, Gina checava todos os dias a caixa do correio procurando por uma conta que se recusaria a pagar.

Mas nenhuma conta, ao menos daquela espécie, chegou. Muitas outras chegavam, e ela estava perdendo dinheiro rápido. Mas ela nem ligava; tinha ficado imune a esses problemas irrelevantes da vida. Apenas sonhava sonhos impossíveis.

Um dia Gina percebeu que o duende não retornara. Seu jardim só era arrumado quando ela não estava em casa. Então levantou cedo e dirigiu até a esquina da sua rua. Deixou o carro lá, voltou andando para casa, voltou para a cama e esperou o jardineiro misterioso aparecer.
Depois de repetir tal comportamento por três dias, a chuva parou de cair e o sol começou a brilhar novamente. Gina estava prestes a desistir de solucionar o mistério quando ouviu alguém se aproximar do seu jardim. Pulou da cama em pânico, despreparada apesar de ter passado tanto tempo planejando. Ela deu uma espiada pela janela e viu um menino que parecia ter uns doze anos andando em direção à sua casa puxando um cortador de grama atrás de si. Ela vestiu rápido um camisão de Draco e desceu as escadas correndo, sem ligar para sua aparência.

Gina abriu a porta da frente, fazendo o garoto pular de susto. Seu braço estava parado no ar e seu dedo estava parado em frente à campainha. Seu queixo caiu ao ver a mulher na sua frente.
“Ahá!” Gina gritou alegremente. “Acho que peguei o meu duendezinho!”
A boca do menino abria e fechava como a de um peixe fora d’água; estava claramente sem saber o que dizer. A certo ponto, seu rosto se contraiu como se fosse chorar e então gritou, “Paaaaiê!”
Gina olhou para os dois lados da rua a procura do pai do garoto e decidiu arrancar o máximo de informações dele enquanto um adulto não chegava.
“Então é você que esteve trabalhando no meu jardim.” Ela cruzou os braços.
Ele sacudiu a cabeça loucamente e engoliu em seco.
“Não precisa negar,” ela disse gentilmente, “te peguei agora.” Ela indicou o cortador com a cabeça.
Ele se virou e gritou novamente, “Paaaaiê!” Seu pai bateu a porta de uma van e caminhou até a casa.
“O que houve, filho?” Ele envolveu o menino pelos ombros e olhou para Gina com um olhar interrogativo.
Gina não ia cair naquela pegadinha. “Só estava perguntando ao seu filho sobre o seu esqueminha.”
“Que esqueminha?”
“Aquele em que o senhor trabalha no meu jardim sem permissão e espera que lhe pague por isso. Já ouvi sobre esse tipo de coisa antes.”
O homem parecia confuso. “Sinto muito, não sei do que está falando, senhora. Nunca nem mexemos no seu jardim antes.” Ele olhou para o estado do jardim da frente da casa pensando que Gina deveria estar maluca.
“Não esse jardim, você arrumou o meu jardim de trás.” Ela sorriu e ergueu as sobrancelhas, pensando que agora o pegara.
Ele riu dela. “Arrumar o seu jardim? Moça, está maluca? Cortamos grama, só isso. Vê isso aqui? É um cortador, nada mais. Tudo o que faz é cortar a maldita grama.”
Gina largou os braços e colocou as mãos lentamente nos bolsos. Talvez falassem a verdade. “Têm certeza de que não estiveram no meu jardim?” ela estreitou os olhos.
“Moça, nunca nem trabalhei nessa rua antes, quanto mais no seu jardim. E posso garantir que não trabalharemos nele no futuro.”
A expressão de Gina caiu. “Mas eu achei que –”
“Não me importa o que pensou. Daqui para a frente, tente saber das coisas antes de sair por aí tocando o terror em criancinhas.”
Gina olhou para o menino e levou as mãos à boca, com vergonha. “Deus, sinto muito!” Ela se desculpou.
“Muito bem, vamos,” o pai do menino falou, girando-o pelos ombros e guiando-o até a van.
“Pai, não quero mais fazer esse trabalho,” Gina ouviu o menino gemer para o pai enquanto andavam.
“Ah, não se preocupe, filho, nem todos serão doidos como ela.”

Gina fechou a porta e analisou seu reflexo no espelho. Ele estava certo; havia virado uma louca. Agora só precisava de uma casa cheia de gatos.
O som do toque do telefone tirou os olhos dela de sua própria imagem.
“Alô?”
“E aí, como você está?” Luna perguntou alegremente.
“Oh, cheia das alegrias da vida,” Gina disse sarcasticamente.
“Ah, eu também!” ela riu em resposta, sem entender a ironia.
“É? E o que te deixou tão feliz?”
“Ah, nada demais, só a vida em geral,” Luna deu risadinhas.
Claro, só a vida. A maravilhosa, maravilhosa e linda vida. Que pergunta idiota.
“E aí?”
“Estou te ligando para te convidar para jantar amanhã à noite. Sei que está meio em cima, então se estiver ocupada... cancele o que quer que vá fazer!”
“Espere um minuto, deixa eu ver a minha agenda,” Gina disse sarcasticamente.
“Tudo bem,” Luna disse seriamente e ficou em silêncio enquanto esperava.
Gina revirou os olhos. “Oh, veja só, quem diria! Parece que estou livre amanhã à noite.”
“Ah, maravilha!” Luna vibrou. “Vamos todos nos encontrar às oito no Chang’s.”
“E quem seríamos todos?”
“Laura e Blaise vão e uns amigos do Tom também. Não saímos juntos há séculos, vai ser ótimo!”
“OK, então, vejo você amanhã.” Gina desligou com um pouco de raiva. Será que Luna havia esquecido completamente que ela era uma viúva de luto e que a vida já não era mais boa para ela? Ela subiu a escada batendo os pés e abriu o guarda-roupa. E agora, que roupa velha e ridícula ela iria usar na noite seguinte e como ela pagaria um jantar caro? Mal podia manter seu carro andando. Ela agarrou todas as roupas do armário, jogou-as com raiva para o outro lado do quarto, sentou-se encolhida no chão e abraçou os joelhos. Talvez amanhã fosse comprar aqueles gatos.

*

Gina chegou ao restaurante às oito e vinte, já que tinha passado horas experimentando várias roupas e rasgando umas outras. Em certo ponto, se aquietou com uma que Draco adorava só para se sentir pertinho dele. Não estivera se virando muito bem sem ele; tinha tido mais baixos que altos e estava achado difícil se recompor novamente. Enquanto andava até a mesa do restaurante, seu coração afundou. Só casais. Ela parou abruptamente no meio do caminho e rapidamente deu um passo para o lado, escondendo-se atrás de uma coluna. Não sabia se podia continuar. Não sem Draco. Não tinha a força para ficar lutando contra suas emoções. Olhou em volta para achar a rota de fuga mais fácil; não poderia sair por onde viera ou definitivamente a veriam. Ela viu a saída de incêndio ao lado da porta da cozinha. No momento em que saiu para o ar fresco da noite, se sentiu livre novamente. Ela ia atravessando o estacionamento tentando formular uma desculpa para dizer a Laura e Luna.
“Oi, Gina.”
Ela congelou onde estava e se virou devagar, sabendo que tinha sido pega. Ela viu Daniel inclinado sobre um carro que devia ser dele fumando um cigarro.
“Oi, Daniel.” Ela andou até ele. “Não sabia que você fumava.”
“Só quando fico tenso.”
“Está tenso?” Eles se cumprimentaram com um abraço.
“Estava pensando se devia me juntar à União dos Casais Felizes lá dentro.” Ele indicou o restaurante com a cabeça.
Gina sorriu. “Você também?”
Ele riu, “Bem, não direi a eles que te vi, se é o que você quer.”
“Então vai entrar?”
“Tenho que meter as caras alguma hora,” ele disse, apagando o cigarro com o pé tristemente.
Gina pensou sobre o que ele dissera. “Acho que tem razão.”
“Não tem que entrar se não quiser. Não quero ser o motivo para você passar uma noite terrível.”
“Pelo contrário, seria bom ter outro solitário para me fazer companhia. Há tão poucos da nossa espécie.”
Daniel riu e estendeu o braço. “Vamos?”

Gina enganchou seu braço no dele e ambos andaram lentamente até o restaurante. Era reconfortante saber que não estava sozinha em se sentir sozinha.
“A propósito, vou me mandar daqui assim que acabarmos o prato principal,” ele riu.
“Traidor,” ela respondeu, dando-lhe uma cutucada no braço. “Bem, tenho de ir cedo de qualquer maneira para pegar o ônibus para casa.” Ela não pudera encher o tanque do carro nos últimos dias.
“Muito bem, temos a desculpa perfeita. Vou dizer que tenho que sair cedo para te levar em casa e você tem que estar em casa às... que horas?”
“Onze e meia?” Às doze ela pretendia estar abrindo o envelope de Setembro.
“Perfeito.” Ele sorriu e eles continuaram a andar sentindo-se mais seguros com o apoio do outro.

“Aí estão eles!” Luna anunciou ao vê-los se aproximar da mesa.
Gina se sentou ao lado de Daniel, grudando em seu álibi como cola. “Desculpe por estarmos atrasados.”
“Gina, estes são Catherine e Thomas, Peter e Sue, Joanne e Paul, Tracey e Brian, Laura e Blaise você conhece, Geoffrey e Samantha, e por último, Des e Simon.”
Gina sorriu e acenou para todos.
“Oi, somos Daniel e Gina,” Daniel disse com um quê de zombaria e Gina riu da piada ao seu lado.
“Tivemos de pedir o jantar, espero que não se importem,” Luna explicou. “Mas pedimos vários pratos diferentes para dividir, tudo bem?”
Gina e Daniel acenaram.
A mulher ao lado de Gina, cujo nome ela não lembrava, virou-se para ela e perguntou alto, “Então, Gina, o que você faz?”
Daniel ergueu as sobrancelhas para ela.
“Desculpe, o que eu faço quando?” Gina respondeu seriamente. Ela odiava gente intrometida. Odiava conversas que envolviam o que as pessoas faziam, especialmente quando essas pessoas eram completos estranhos a quem acabara de conhecer. Ela sentiu Daniel sacudindo de tanto sufocar a risada.
“Como você ganha a vida?” a mulher perguntou novamente.
Gina pretendera lhe dar uma resposta engraçadinha, mas parou abruptamente quando todas as conversas da mesa morreram e todos se focaram nela. Ela olhou em volta com vergonha e limpou a garganta nervosamente. “Erm... bem... estou em fase de transição agora.”
Os lábios da mulher começaram a se contrair e ela tirou um pedaço de pão de seus dentes rudemente.

“E o que é que você faz?” Daniel perguntou a ela alto, quebrando o silêncio.
“Ah, Geoffrey tem seu próprio negócio,” ela disse, orgulhosamente virando-se para encarar seu marido.
“Ah, certo, mas e o que você faz?” Daniel repetiu.
A moça parecia desconcertada por sua resposta não ter sido boa o suficiente para ele. “Bem, me mantenho ocupada o dia todo com várias coisas.”
“Uau, muito interessante,” Daniel disse secamente.
“E o que é que você faz, Gabriel?” ela disse, encarando-o.
“Desculpe, na verdade o meu nome é Daniel. Tenho um pub.”
“Ah,” ela acenou com a cabeça e desviou o olhar. “Tempo terrível esses dias, não é?” ela falou com o resto da mesa, mudando de assunto.

Todos começaram a conversar e Daniel se virou para Gina. “Aproveitou a viagem?”
“Oh, eu me diverti muito,” ela respondeu. “Fomos com calma e relaxamos todos os dias. Não fizemos nada louco ou esquisito.”
“Era o que você precisava,” ele sorriu. “Ouvi falar da sua experiência de quase-morte.”
Gina revirou os olhos. “Aposto que foi a Luna que te contou isso.”
Ele concordou com a cabeça e riu.
“Bem, tenho certeza de que ela lhe contou a versão exagerada.”
“Na verdade não, ela só me contou sobre como vocês foram cercadas por tubarões e tiveram que ser resgatadas por um helicóptero.”
“Mentira que ela fez isso!”
“É, mais ou menos,” ele riu. “Ainda assim, vocês deviam estar tendo uma conversa muito da boa para não perceberem que estavam quase navegando em alto mar!”
Gina corou um pouco ao lembrar-se de que estavam falando dele.

“Muito bem, todo mundo,” Luna chamou. “Estão provavelmente se perguntando porque Tom e eu os convidamos aqui esta noite.”
“Eufemismo do ano,” Daniel murmurou e Gina riu.
“Bem, temos um anúncio a fazer.” Ela olhou para todos e sorriu.
Os olhos de Gina esbugalharam-se.
“Eu e o Tom vamos nos casar!” Luna soltou um guincho, e as mãos de Gina voaram para a sua boca em choque. Ela não esperava por essa.
“Oh, Luna!” ela falou surpresa, e deu a volta na mesa para abraçar o casal. “Que notícia maravilhosa! Parabéns!”
Ela olhou para o rosto de Daniel; estava branco como um papel.

Eles abriram uma garrafa de champagne e todos levantaram seus copos para um brinde aos noivos.
“Esperem, esperem!” Luna impediu-os logo antes de um dos outros casais começarem um discurso para o brinde. “Laura, você ficou sem bebida?”
Todos olharam para Laura, que segurava um copo de suco de laranja na mão.
“Aqui está,” Tom disse, servindo-lhe um copo.
“Não, não, não! Para mim não, obrigada,” ela disse.
“Por que não?” Luna bufou, chateada por sua amiga não celebrar com ela.
Laura e Blaise se olharam e sorriram. “Bem, não queríamos dizer nada pois é a noite especial da Luna e do Tom...”
Todos a apressavam a falar.
“Bem... estou grávida! Blaise e eu vamos ter um bebê!”
Os olhos de Blaise se encheram de lágrimas e Gina congelou ainda mais chocada em sua cadeira. Ela também não esperava por essa. Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto ia parabenizar Laura e Blaise. Então ela sentou-se e respirou fundo algumas vezes. Era demais para ela.

“Então façamos um brinde ao noivado de Tom e Luna e ao bebê de Laura e Blaise!”
Todos bateram copos e Gina jantou em silêncio, sem realmente sentir o gosto de nada.
“Quer adiantar para onze horas?” Daniel perguntou baixinho e ela concordou em silêncio.
Depois do jantar, Gina e Daniel deram as suas desculpas para sair e ninguém tentou fazê-los ficar.
“Quanto devo deixar para a conta?” Gina perguntou a Luna.
“Ah, não se preocupe.” Ela balançou a mão no ar num gesto de descaso.
“Não seja boba, não posso deixar que pague por mim. Sério, quanto?”
A mulher ao seu lado agarrou o menu e começou a somar os preços dos pratos. Eram tantos e Gina só havia comido o seu próprio, evitando até uma entrada.
“Bem, fica a mais ou menos cinqüenta para cada, incluindo os vinhos e as garrafas de champagne.”
Gina engoliu em seco e olhou para a nota de trinta em sua mão.
Daniel pegou-a pela mão e levantou-a. “Vamos, Gina.”
Ela abriu a boca para dar a desculpa de ter trazido menos do que achava que trouxera na verdade, mas ao abrir a palma da mão e olhar para o dinheiro, uma nota de vinte parecia ter aparecido do nada.
Ela sorriu para Daniel grata e ambos saíram em direção ao carro.

Eles iam em silêncio, ambos pensando no que havia acontecido aquela noite. Ela queria se sentir feliz por seus amigos, queria mesmo, mas não conseguia se livrar do sentimento de ter ficado para trás. A vida de todos estava seguindo em frente, menos a dela.
Daniel parou em frente à sua casa. “Quer entrar para tomar um café, um chá, alguma coisa?” Ela estava certa de que ela iria dizer não e ficou chocada quando ele tirou o cinto de segurança e aceitou o convite. Ela adorava Daniel, ele era bastante fofo e era legal estar com ele, mas agora ela só queria ficar sozinha.

“Foi uma noite e tanto, não?” ele disse, tomando um gole de seu café. Gina apenas sacudiu a cabeça se acreditar. “Daniel, conheço essas garotas a minha vida inteira e eu não esperava nada daquilo.”
“Bem, se te faz sentir melhor, conheço o Tom há anos também e ele não falou absolutamente nada.”
“Apesar de a Laura realmente não ter bebido na viagem mesmo,” ela não tinha ouvido uma palavra do que ele dissera, “e ela bem que vomitou umas vezes, mas disse que era maresia...” Ela se perdeu em pensamentos e as coisas começaram a se encaixar.
“Maresia?” Daniel perguntou, confuso.
“Depois da nossa experiência de quase-morte,” ela explicou.
“Ah, certo.”
Dessa vez, nenhum dos dois deu risada.

“É engraçado,” ele disse, acomodando-se no sofá. Ah não, Gina pensou; ele não vai mais embora. “Os caras sempre disseram que eu e a Monique seríamos os primeiros a casar,” ele continuou. “Só nunca pensei que a Monique se casaria primeiro que eu.”
“Ela vai casar?” Gina perguntou gentilmente.
Ele fez que sim com a cabeça e desviou o olhar. “Ele era um amigo meu também,” ele riu amargamente.
“Obviamente não é mais.”
“Não,” ele balançou a cabeça. “Obviamente não.”
“Sinto muito,” ela disse verdadeiramente.
“Bem, todos temos um pouco de má sorte. Você sabe disso mais que qualquer um.”
“Humpf, um pouco,” ela repetiu.
“Eu sei, não tem nada de pouco, mas não se preocupe; vamos ter nossa boa sorte também.”
“Você acha?”
“Eu espero.”

Eles ficaram sentados em silêncio por mais um tempo e Gina olhou para o relógio. Eram doze e cinco. Realmente precisava tirar Daniel dali para poder abrir o envelope.
Ele leu sua mente. “Como vão as mensagens do além?”
Gina sentou-se ereta na beira do sofá e pôs a xícara na mesinha de centro. “Bem, tenho uma para abrir hoje esta noite, na verdade. Então...” Ela olhou para ele.
“Ah, certo,” ele disse, pulando do sofá ao entender. Ele também pôs a xícara na mesa. “Melhor eu deixá-la fazer isso, então.”
Gina mordeu seu lábio vermelho, sentindo-se culpada por expulsá-lo da casa. No entanto, estava também um pouco aliviada por ele já estar indo.

“Obrigada mesmo pela carona, Daniel,” ela disse, levado-o à porta.
“Sem problemas.” Ele rapidamente recolheu seu casaco e saiu pela porta. Eles se abraçaram rapidamente.
“Te vejo em breve,” ela disse, sentindo-se uma ingrata, e observou-o ir ao carro sob a chuva. Ela acenou para ele e sua culpa logo sumiu assim que ela fechou a porta atrás de si.

“Muito bem, Malfoy,” ela disse enquanto se dirigia à cozinha e pegava o envelope da mesa. “O que você tem guardado aqui para mim esse mês?”

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