Loiros



5 – Loiros

Não somos o que queríamos ser
Somos um breve pulsar
Em um silêncio antigo
Com a idade do céu


Draco se sentou na cama, e ficou pensando nas palavras certas para dizer, não sabia como começar... e algo dizia a ele que não iria gostar das respostas de suas duvidas... mas mesmo assim tinha que perguntar...

- Eu já fui treinado? – franziu as sobrancelhas.

“O QUÊ? – Hermione não estava entendendo nada – do que é que essa ‘coisa’ tá falando? – Draco esperava uma resposta, mas ela não tinha noção do que falar – eu acho que ele não está bem...” se sentou ao lado dele na cama.

- Como assim? – tinha a mesma expressão que a dele no rosto, ele ficou quieto e pensou de novo... mas não sabia como explicar a ela...

- Não sei... – passou freneticamente os dedos pelos cabelos, ele sempre fazia isso quando estava nervoso ou preocupado – às vezes eu acho que já fiz algum treinamento ou coisa parecida, já percebi que faço algumas coisas diferentes das outras pessoas...

- Como por exemplo? – agora estava curiosa demais, afinal ele não havia se lembrado... podia continuar com o que vinha fazendo... o medo havia ido embora.

- Andar silenciosamente... – se deitou na cama com as pernas penduradas para fora – você já percebeu como eu sempre ando sem fazer barulho, ninguém percebe quando eu chego...

“Provavelmente é devido ao treinamento de comensal... – desviou o olhar para a janela – porque eu não contei a ele?”

Durante a conversa que ela explicou para ele os fatos de sua vida, e todo a invenção de como se tornaram ‘amigos’ Hermione não mencionara que ele fora um comensal... durante a guerra Draco Malfoy passara para o lado deles, ‘mesmo assim não deixou de ser insuportável’, não fora a julgamento, pois entregara vários esconderijos e planos que não chegaram a ser executados por causa dele... mesmo assim o nome dele não foi revelado a sociedade mágica... apenas alguns bruxos da Ordem sabiam que ele era o espião que denunciara tudo, para todo o resto ele foi um comensal medroso que largou a guerra em seu auge...

“Será que ainda dá pra ver a marca negra no braço dele? – abaixou um pouco o rosto olhando para a manga da blusa de frio dele – não... se desse ele já tinha me perguntado... deve ter sumido por completo com a queda de Voldemort...”

- E então? – perguntou com uma sobrancelha levantada, estava meio que rindo por algum motivo – eu pensei que estava ficando louco, mas depois de ver a sua cara tenho certeza que sou bem normal...

Hermione estava com uma cara muito sonhadora... muito parecida com a Di-lua, ela o olhou sem entender... ainda estava em seus devaneios... ele a puxou pelo braço e ela se deixou cair ao lado dele, bem perto na verdade já que a cama não era tão grande quanto a dela...

- Que? – depois de algum tempo falou meio lerda, nem se importava com o fato de estar deitada ao lado dela, os cabelos esparramados de qualquer jeito no lençol...

- Hermione... acorda... – deu um sorriso meio que a chacoalhando pelo ombro – eu conversando com você e você dormindo de olhos abertos...

- Eu não tô dormindo... – olhou para ele, o mesmo segurava a mão dela sobre a dele brincando com seus dedos, ela parecia nem ligar ou perceber isso – estava pensando...

- E chegou a uma conclusão? – ainda brincava com a mão dela, de vez em quando entrelaçando seus dedos nos dela.

- Sim... – “Não vou te contar nada... vai que você acaba se recordando...” – cheguei a conclusão que você tá se achando... – resolveu amenizar o clima para ver se ele parava de pensar naquilo – tá se achando o máximo por poder chegar aos lugares sem que ninguém perceba... – deu um beliscão na mão dele que estava brincando com seus dedos.

- Mas eu tô falando sério... – queria ter dito isso sem ela está tão perto, quem sabe assim falaria com mais frieza.

- Sei... – respondeu com desdém – agora é minha vez de perguntar... – ela estava realmente curiosa quanto a isso – porque me chamou pelo sobrenome?

“Quando? – puxou um travesseiro e deitou a cabeça – àquela hora... é realmente eu a chamei de Granger, será que eu a chamava assim antes?”

- É seu nome também... – disse brincando, não queria mais saber do seu passado no momento, virou a cabeça e o seu nariz ficou perto do cabelo dela... ela tinha um cheiro tão bom... alguns minutos depois saiu daquela posição.

Os dois ficaram em silencio, olhando para o teto... num gesto ofereceu um pedaço do travesseiro para ela, e Hermione sem pensar aceitou, ela tirou os próprios sapatos com os pés e colocou as pernas para cima da cama... dez minutos depois Hermione estava dormindo...

“Você dorme com uma facilidade... – percebeu a respiração dela ficar mais profunda – e agora?”

Viu que ela caíra no sono, mas não queria acordá-la ela parecia estar dormindo tão bem... se levantou e pegou um cobertor para cobri-la, ajeitou cuidadosamente para não acordá-la e resolveu dormir na sala... afinal a sra Granger já havia pego os dois dormindo juntos uma vez, pela segunda vez seria abusar da boa vontade...

Assim que desceu alguns degraus notou que não poderia dormir no sofá, os pais dela estavam deitados no maior cochilo... viu uma garrafa de vinho caída no chão e voltou para seu quarto. Deitou na cama, mas como era uma cama de solteiro não tinha como manter a distancia dela...

“Sinto muito... – o que era mentira – mas vou dormir aqui com você... – se deitou meio de lado ficando de costas para ela e puxou uma parte do cobertor – amanha a gente termina nossa conversa...”

- Boa noite... – ele disse mesmo sabendo que ela estava dormindo.

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Acordou com cabelo no seu rosto, mas o que era estranho era que o cabelo era fino e liso... aquele não podia ser seu cabelo... abriu os olhos e percebeu que não estava no seu quarto...

“Mas de novo! – olhou nervosa ele dormindo ao seu lado com o rosto bem de frente para o dela, podai sentir a respiração dele bater no seu rosto – somos ‘amigos’ e não outra coisa... se bem que a gente só caiu no sono então... – ela olhou o cobertor nas suas pernas e cobrindo Draco pela metade – mas peraí quem pegou isso?”

Deixando essas coisas de lado se levantou e saiu indo em direção ao seu quarto, ainda era cedo... devia ser umas nove da manha, e os pais dela não iriam acordar naquele horário de jeito nenhum...

- Não agüento mais ficar aqui... – foi até o banheiro se trocar – tá certo que eu estava morrendo de vontade de voltar, mas agora... – “O que você esta falando? Até parece que quer voltar para Hogwarts... e enfrentar todos...” – eu vou sair hoje não sei para onde, mas vou sair daqui!

Toda aquela convivência com Malfoy a estava afetando, não via outras pessoas era apenas ele... “Isto está começando a me fazer mal...”

Depois de alimentar Bichento, ela resolveu que não ficaria, mas naquela casa... estava com o seu sobretudo preto, por baixo usava uma saia azul, até os joelhos um pouco rodada, uma blusa preta de mangas compridas, deixava o sobretudo aberto e usava botas de cano curto... atravessou o corredor em direção ao quarto dele entrando com tudo...

- Malfoy, eu vou... – ficou muda, porque não tinha batido na porta, ele estava com a camisa na mão ainda ia se vestir, estava nu da cintura para cima – Hã... – se virou ficando de costas, as palavras demoravam para sair – eu... eu não sabia que você estava...

- Já terminei, pode se virar... – ela obedeceu, mas se arrependeu por ter se virado, ele tinha um sorriso no rosto como se segurasse para não rir dela – e o que você estava dizendo?

“Doninha filha da mãe... – ele esperava uma resposta, e ela se segurava para não bater nele – sempre tem que rir de mim, também Hermione sua tonta é só ‘ele’... qual é o problema de vê-lo sem camisa?”

- Ah... sim... – acordou de seus devaneios – eu vou sair hoje então...

- Posso ir? – não tinha a deixado terminar de falar.

- Não, quero dizer... é que eu queria ir sozinha... – “Mas que droga desgruda um pouco!”

- Você vai a um encontro? – disse sério, tinha certeza que ela estava escondendo alguma coisa.

- Que? Mas é claro que não... – achou a idéia dele absurda demais, queria distância de homens... “Isso porque você dormiu bem pertinho de um... – a consciência dela falou – nada a ver...”

- Como assim ‘claro que não’? – cruzou os braços – é tão impossível assim você sair com alguém?

Se em outra época alguém dissesse que Draco Malfoy, mesmo que indiretamente, havia falado que ela era uma garota que sempre tinha encontros, ela iria rir e muito do louco que falasse isso... e no momento ela havia acabado de ouvir o próprio dizer...

- É que sabe... – colocou para atrás da orelha uma mecha do seu cabelo – eu... como eu posso dizer?... eu não tenho encontros assim com tanta freqüência...

“A ‘coisa loira’ se tivesse memória se lembraria muito bem disso... foi por causa disso que eu cai que nem tonta na historia do ‘Admirador Secreto’... – passou a mão no próprio braço como se quisesse esquecer daquilo – como se alguém fosse querer ter algo sério comigo...”

- Por que não? – ela o olhou sem saber o que responder, não queria mais revirar aquele assunto.

- Você realmente quer ir, não é mesmo? – mudou de assunto, mas ele resolveu deixar para lá, uma hora ela contaria a ele – te espero lá embaixo – sem esperar qualquer resposta, saiu do quarto tentando não lembrar do que dois seres desprezíveis já haviam feito com o seu coração.

+++++++++++++++++++++++++++++++++

Chegaram numa espécie de feira natalina, apesar da data já ter passado, havia muitas barracas com as mais variadas comidas natalinas, presentes, lembranças e outras coisas que os vendedores queriam se livrar devido a passagem do natal, tudo tinha o preço reduzido pela metade.

Muitos casais passeavam, crianças corriam para longe dos pais, era difícil achar alguém que estivesse sozinho, um grupo de meninas riam e conversavam diante de uma barraquinha de enfeites...

No momento ela estava um pouco afastada de toda aquela confusão sentada num banco o via pechinchar com um vendedor alguma coisa que ela não conseguia enxergar de onde estava, nunca que ela iria imaginar Draco Malfoy comprando coisas trouxas.

“O que será que ele está comprando? – desviou o olhar de Draco notando as pessoas em volta, quando percebeu um loiro alto ao lado de uma garota de longos cabelos pretos em uma barraca de guloseimas – mas o que ele está fazendo aqui? – se levantou do banco tentando ficar fora da visão do garoto – mas que droga! Vou chamar o Malfoy e sair daqui...”

Andava um pouco abaixada e tinha puxado um pouco a gola do sobretudo, caminhava a passos largos mas sem correr... passou por mais duas barracas e avistou Malfoy já indo para outra...

- Malfoy... – chamou num sussurro, mas com tanta gente e com a musica da banda, ele nunca que iria escutar... – Malfoy... Draco... – disse um pouquinho mais alto.

- Hermione? – olhou em volta e notou uma garota atrás do que parecia um enfeite de natal bem grande – o que está fazendo ai atrás?

- Nada... – olhava para os lados, mas o tinha perdido de vista – vamos embora... – praticamente implorou a ele...

- Acabamos de chegar! – Draco percebera que ela estava nervosa e confirmou isso quando um casal, passou perto deles e ela se abaixou. – está se escondendo de alguém?

- Escondendo? – “Exatamente isso... e você não está cooperando...” – mas é claro que não! Do que eu estaria me escondendo? – respondeu num sussurro ainda abaixada ao chão.

- Não sei... – disse como se estivesse pensando – talvez daquele casal que está logo ali na frente. – assim que ele disse, Hermione se virou ficando de costas.

- Não é nada disso... – agora mesmo ele tinha certeza – vamos embora!

- Não – a olhou com superioridade – acabamos de chegar e eu não vou embora porque você tá fugindo de alguém que eu não faço noção de quem seja e nem do porque.

Ficou de pé, de frente para ele... como odiava quando ele a tratava daquele jeito, como se fosse superior a ela... esqueceu completamente de que estava se escondendo e levantou o dedo para ele...

- Hermione? – um rapaz loiro de olhos muito pretos se aproximou dos dois – há quanto tempo! – disse surpreso, a garota de longos cabelos pretos que estava com ele, tentou ser simpática, mas o sorriso dela não demonstrava isso.

- Johny... – visivelmente notava-se o nervosismo dela – eu pensei que ainda estava no exterior? – Malfoy percebeu logo o clima pesado, deu alguns passos ficando ao lado dela... encarando ainda o rapaz, achou a mão dela que estava muito gelada e entrelaçou seus dedos com os dela.

- Voltei há alguns dias... – tinha a sobrancelha levantada diante do ato de Malfoy – não vai me apresentar?

- Ah... sim é claro... – olhou para Malfoy, mas não conseguia pronunciar uma palavra, seu olhar para ele pedia socorro.

- Malfoy... – ele mesmo se apresentou – o namorado de Hermione.

- Johny... – o rapaz apertou a mão dele, tinha uma expressão espantada no rosto, não se sabia se era porque Draco aparentava uma hostilidade enorme com aquele aperto de mão, ou se era por Hermione ter um namorado.

Hermione não conseguia pronunciar uma palavra se quer, e apertava com muita força a mão de Draco, ela tinha certeza que se não fizesse isso não se agüentaria de pé... a garota de longos cabelos pretos olhava impaciente para Johny, e com uma certa duvida quanto a Malfoy ser namorado de Hermione.

- Bem... eu já estava indo... – Johny quebrou o silencio constrangedor que pairava sobre os quatro, se bem que Hermione tinha certeza que todos podiam ouvir seu coração de tão depressa que ele batia – vou almoçar na casa de Meg... a gente se vê... – saiu o mais depressa que pôde, não tinha gostado muito do namorado de Hermione.

Quando notou que os dois estavam fora da vista ela relaxou um pouco a mão que apertava a dele e a soltou, não tinha coragem de olhar para Malfoy... ele iria querer respostas, e ela não estava a fim de dizer nada...

- Vamos? – ele perguntou oferecendo braço para ela – tem uma barraca de refeição ali na frente... estou morrendo de fome.

“Eu não acredito que você não vai dizer nada... – olhou incrédula para Draco – até me ajudou... – chegou o corpo mais perto dele e deu o braço para ele – eu acho que pelo menos por hoje vou dar um tempo no meu plano...”

- Também estou morrendo de fome! – com um sorriso travesso resolveu que naquele dia seria a amiga dele, pelo menos naquele dia.

++++++++++++++++++++++++++++++

Se empanturraram de comida, foram ao parque, assistiram a banda tocar, passearam e conversaram sobre Hogwarts, na verdade Hermione ficou respondendo as perguntas dele... quase o tempo todo de mãos dadas, mas Hermione não viu mal naquilo... eram ‘amigos’ não tinha problema algum...

Chegaram exaustos, bem depois das quatro da tarde... e encontraram a casa vazia e um bilhete em cima da mesa...

“Hermione,
Fui visitar seu tio Albert, não sabíamos que hora vocês voltariam então resolvemos ir, provavelmente ligaremos a noite para saber como vocês estão, voltaremos amanha de tarde.
Bjos
Mamãe.”


- Olha como ela assina... – disse em tom de reprovação, deixou o bilhete na mesa e foi até ele ver o que estava o distraindo.

- Conhece? – no seu braço como se fosse a coisa mais normal que fazia, uma coruja de penas brancas e de olhos claros profundos esticava as asas... mas não era uma coruja qualquer...

- Edwirges! – Hermione exclamou arregalando os olhos, “HARRY! – olhou em volta como se o garoto que derrotou Voldemort estivesse por perto – acalme-se é só a coruja dele...”

- Ela trouxe isso. – jogou para ela um embrulho pequeno quadrado, Draco estava tão maravilhado com a coruja e ela parecia também ter gostado dele. – Edwirges... você tem namorado? – perguntou brincalhão para coruja e ela soltou um pio – você devia conhecer o Áries, ele iria gostar de você...

“É o Harry iria adorar saber que Edwirges está interessada na coruja do Malfoy... – olhou o embrulho na sua mão – isso não é hora de eu me preocupar com namoros de corujas... – rasgou o papel vermelho revelando um livro, de aparência antiga, mas muito bonito – eu não acredito que isso é...”

- Deixou cair um papel – pegou um envelope com o nome dela e do outro lado escrito ‘Harry Potter’... por algum motivo não gostava desse nome. – é o dono dela? – perguntou apontando para coruja.

- É sim. – tomou o envelope da mão dele, mas Draco pareceu nem ligar para o ato brusco dela.

- Que pena... – acariciava o topo da cabeça de Edwirges – uma coruja tão legal com ‘esse’ dono.

Hermione estava abrindo o envelope, quando se deu conta do tom de desprezo nas palavras dele... mas porque? Se ele não se lembrava de nada, porque se comportaria daquele modo?

- Porque disse isso? – o bilhete estava na sua mão, mas tinha sua atenção nele.

- O que? Sobre o dono dela? – Hermione confirmou com a cabeça – não gosto desse nome... ‘Harry Potter’ – falou do mesmo jeito nojento.

- Por quê?

- Não sei... simplesmente não gosto. – voltou a passar a mão na Edwirges.

“Que coisa estranha... ele não se lembra do Harry, mas mesmo assim continua o desprezando... – percebeu que tinha um papel nas mãos – depois eu penso nisso!”

‘Hermione,
Feliz Natal!
Provavelmente o natal já deve ter passado, estamos bem longe e Edwirges, por mais que seja rápida, não acho que chegue ai a tempo, você deve estar na sua casa certo? Pensamos em passar o natal com você, mas não teve jeito.
O livro é aquele sim, aquele que você tanto quis quando passamos por aquela loja na Irlanda. Rony também te mandou uma coruja, mas ela deve chegar depois de Edwirges, espero que não esteja se sentindo sozinha durante este feriado... não sabemos quando voltaremos...

p.s: se acontecer alguma coisa e você precisar da gente voltamos voando.

Beijos,
Harry.’


- Que alivio...

- Que foi? – Draco perguntou esticando o pescoço para ler, mas ela guardou o papel dentro do bolso. – porque ‘alivio’?

- Por nada, eu já te contei Harry é um amigo meu e fazia tempo que não recebia noticias dele... – folheou o livro encantada – fiquei feliz em saber que está tudo bem... “E que ele não volta por enquanto...”

Tirou o sobretudo o jogando no sofá e se sentou no chão escrevendo um bilhete, deu para Edwirges, a coruja partiu meio a contragosto, ela tinha gostado muito de Draco. Ainda no chão Hermione se encostou no sofá, e Draco se pos a observá-la, era incrível como ela tinha ficado tão feliz com um livro, se soubesse tinha dado um ao invés do perfume.

“Vejo que já está bem melhor... – pensou no acontecimento da feira – o que significa que voltaremos a nossa conversa... – se sentou ao lado dela retirando os tênis, ela parecia estar em outro mundo. – sinto muito mas quero respostas...”

- Hermione... – a chamou de volta para realidade, a essas alturas ela nem se importava tanto com as interrupções dele – quem era ele?

- Ele quem? – já estava na terceira pagina do livro.

- Johny...

Parou de ler, mas não tirou os olhos do livro, não queria mais tocar naquele assunto... porque ele tinha que revirar aquilo?

- Um conhecido...

- Conte a verdade, eu te ajudei mereço pelo menos saber o que aconteceu!

- Johny é aquele cara trouxa de quem eu te falei no outro dia... – disse meio nervosa aumentando o tom de voz – satisfeito? AGORA ME DEIXE EM PAZ! – se levantou do chão e subiu as escadas rapidamente, Draco foi atrás dela, mas ela havia entrado no quarto e fechado a porta.

- Hermione abra a porta... – ordenou, mas a mesma se recusava a escutar qualquer coisa que ele dissesse – vamos conversar!

- NÃO TENHO NADA PARA FALAR COM VOCE! – disse meio nervosa, a respiração rápida... porque ele tinha que falar sobre aquilo? Se lembrar daquelas coisas só a deixava revoltada... revoltada por ter sido tão idiota em cair naquelas conversas... primeiro foi Johny e depois foi aquela coisa...

- EU VOU FICAR AQUI ATÉ QUE VOCE ABRA A PORTA! – Draco gritou do outro lado, se recusava a deixá-la naquele estado... afinal porque ela não contava tudo de uma vez?

Mal passou dez segundos e ela abriu a porta, ele entrou em silencio e se sentou ao lado dela na cama... se ela o tinha deixado entrar era porque iria dizer alguma coisa então resolveu esperar...

- Eu estava no quinto ano, e vim passar as férias aqui, ele é primo da minha vizinha e estava passando as férias na casa dela... namoramos por uma semana... – disse pensativa.

- E porque terminaram?

- Porque ele me traiu com a minha amiga... – falou meio triste como se recordasse de tudo outra vez – quero dizer, não era ‘amiga’... mas a conhecia desde pequena... – fechou os olhos e deitou na cama – quando eu pedi uma explicação ele não tinha nenhuma, voltei para Hogwarts e depois fiquei sabendo que ele havia ido para o exterior...

- Hum... – “É por isso que ela fugia... não sabia o que dizer a ele...”, deitou na cama um pouco afastado dela – então é por isso que você não gosta de loiros?

Hermione demorou um pouco para raciocinar, mas depois se lembrou que naquele dia tinha dito a ele que não gostava de loiro... mas não tinha nada a ver já que no momento que ela tinha dito aquilo nem se lembrava do Johny... “É seria bom ficar com amnésia para esquecer essas coisas... – pegou um travesseiro e pos debaixo da cabeça vendo Malfoy olhando o nada – pensando melhor eu acho que não...”

- Exatamente... – disse brincalhona e ele olhou feio para ela.

- Você acha que eu fico bem de cabelo preto? – segurou o próprio cabelo analisando – acho que vou pintar.

- Não adianta tingir. – falou quase rindo com a possibilidade de vê-lo de cabelos pretos – por dentro você ainda é loiro.

- Mas... mas... – pensou em retrucar, mas não achou o que dizer... ao invés disso jogou um travesseiro nela.

POF!

- Ei! – ela fingiu estar nervosa, mas queria rir e muito... pegou seu travesseiro e tacou na cabeça dele, Draco riu e a acertou de novo. Ficaram na guerra de travesseiro por um bom tempo.

- Eu... eu me... rendo... – ofegante ela se jogou na cama, que a essas alturas estava uma bagunça só, lençol revirado, travesseiros jogados para todos os lados, um Bichento medroso em baixo da cama... e seu corpo subia e desci devida a sua respiração ofegante.

- Sabia que não agüentaria... – tentava não aparentar, mas estava tão ofegante quanto ela, tentou manter a pose de ‘vencedor’ mas cinco segundos depois deitou ao lado dela, respirando profundamente. – Hermione...

- Hum.. – passou a mão pelos cabelos para poder vê-lo melhor.

- Por mais que eu seja loiro você sabe que eu nunca faria nada parecido com que Johny fez a você... – falou sério, e de repente dentro da cabeça de Hermione uma sirene disparou...

‘Ele te fez aquelas coisas...

...foi ele que te humilhou...

...foi ele que te machucou...

...como você tem coragem de rir com ele?’


“Isso faz parte do plano! – gritou dentro de sua cabeça, mas a parte racional de seu cérebro não parecia aceitar – precisa parecer natural!”

‘Mas você parece estar se divertindo...’

“Não estou!”

- Hermione? – ele a acordou da briga que ela estava tendo consigo mesma, parecia que tudo em sua vida tinha de repente se descolorido... tinha uma mão em cada lado dela e o rosto perto dela a analisando.

- Claro... – exibiu um sorriso forçado, querendo que ele saísse de cima dela – eu sei que você é diferente.

Um telefone tocou e Hermione saiu do quarto, deixando Draco pensando, no que ele tinha feito de errado, tinha certeza absoluta que ela falara aquelas coisas da boca pra fora.

++++++++++++++++++++++

No outro dia, por alguma razão que ela não sabia, ou não se lembrava... Draco acordou na sua cama, praticamente abraçado a ela... mas a essas alturas ela já nem ligava...

“Minha cama é grande – pensou como justificativa indo me direção ao banheiro – e alem do mais... – quase riu – ele não ronca.”

Lá pelas duas da tarde recebeu o presente de Rony, um outro livro, respondeu a carta dele, e se Draco não havia gostado de Harry, com Rony foi bem pior... ele quase rasgou a carta dele e ela teve que agüentar ele falando mal dele o dia inteiro, isso porque ele não se lembrava de Rony... imagina se ele se lembrasse?

O resto do feriado passou depressa, Hermione tentava se aproximar, mas ao mesmo tempo manter a distancia de Draco e aquela tarefa era um tanto quanto difícil para ela, muitas vezes brigou consigo mesma. ‘Seja mais amiga dele!’ ou então ‘Eu acho que você já parou de fingir e realmente é amiga dele.’. A consciência dela era algo que não a deixava em paz, ele percebeu muitas vezes que alguma coisa a afligia, mas não tinha noção do que poderia ser...

Chegaram a plataforma, era a hora da verdade... a partir daquele dia todos saberiam que Hermione Granger era amiga de Draco Malfoy... agora estava na fase dois do plano... ‘Meu plano tem fases?’, teria que enfrentar os desafios, as fofocas e todo o resto que vinha acompanhado disso...

Draco olhou as pessoas tentando se lembrar dos nomes, Hermione havia lhe dito alguns nomes, mas estava difícil ele se lembrar de algum... como não tinha muitas malas colocaram suas coisas em um carrinho...

Muitos alunos passaram o feriado prolongado em suas casas, o que significava duas coisas: muita gente dentro do expresso e muita gente pra suspeitar de alguma coisa sobre os dois...

- Hermione... – Draco sussurrou a chamando atrás de uma coluna, ela foi até ele meio receosa – preciso te perguntar uma coisa... – ele se desencostou do carrinho que puxava – a gente vai contar para os outros que somos amigos?

- Como assim? – “E começamos a seção ‘faça uma pergunta sem cabimento para Hermione’...”

- Você não disse antes que nós fingíamos que não éramos amigos... – ele a olhou curioso – a gente vai continuar com isso ou todos vão poder saber que somos amigos?

“Eu não tinha pensado nessa possibilidade... – colocou a mão no queixo – é claro que eu adoraria que ninguém soubesse de nossa ‘amizade’ minha reputação, ou o que sobrou dela está em risco... – olhou um Draco impaciente esperando pela resposta – mas por outro lado é muito mais fácil eu ser a amiga dele para ficar por perto e continuar o plano... – viu alguns alunos surgirem da parede invisível – McGonagall também sabe da ‘historia’... então acho que é isso...”

- Todos vão saber que somos amigos... – puxou o carrinho tentando evitar o olhar dele que no momento perfurava suas costas – você está com amnésia e precisará de minha ajuda...

- Se é por causa disso fique sabendo que sei me virar muito bem sozinho – o tom de voz era agressivo, ele passou por ela pegando bruscamente o carrinho, colocou Áries no vagão das corujas e entrou no expresso.

Draco estava parado no meio do corredor segurando a gaiola de Bichento e uma mala na outra mão, nem percebeu que todos olhavam para ele como se ele fosse uma espécie rara em extinção...

Olhava mas não tinha recordação de nada... e aquilo era realmente angustiante, se virou e encontrou uma garota que o olhava como se esperasse alguma atitude dele... ela andou em sua direção e disse...

- Monitores Chefes ficam na primeira cabine – Hermione passou por ele e ouviu o miado de Bichento, ele estava vindo atrás dela.

Draco entrou, guardou sua mala de mão na parte de cima, soltou Bichento, que pulou para o seu colo, e se pos a olhar a paisagem de lá de fora. Na volta do feriado monitores não trabalhavam no expresso. Ela pegou o livro que tinha ganhado e começou a ler enquanto um garoto muito mal humorado a olhava a cada cinco segundos.

Depois de uma longa viagem silenciosa, pois nenhum dos dois haviam aberto a boca, chegaram em Hogsmeade ele já havia prendido o Bichento e o carregava na gaiola, passou por ela e entrou na carruagem... ela estava alguns passos atrás...

“Isso me trata assim o resto do dia... – andava devagar quando um aluno que devia ter uns doze anos loiro passou correndo por ela a derrubando no chão, se levantou batendo a saia – eu definitivamente ODEIO LOIROS...”




N/A: OIe! Nossa esse cap veio rápido... até eu estou impressionada! E então... ele não se lembrou... mas como vcs perceberam, ele continua com sua ‘adorável’ personalidade... huhuhuhuhuhuhu... no prox cap teremos mais perguntas que talvez sim ou talvez não serão respondidas... huhuhuhuhuhuhuu... eu sei q vcs acham q a reação dos outros naum foi lá essas coisas... mas pensa bem gente os outros pensam q são assuntos da monitoria então a emoção ainda esta por vim... huhuhuhuhuhuhuh

Musica do começo: Idade do CéuZélia Duncan

Obrigada a quem leu, a quem votou e principalmente a quem comentou...

- Melissa
- Mari Evans Potter
- Sonekinha_89
- *snowqueen*
- Laah Malfoy
- Anna P. Otaku
- Rhaissa Black
- ***Sarinhaaa***

Até o prox cap!

Bjinhos

Debyh Wood

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