A gravidade.








- Por que está me dizendo isso agora? - a garota disse, dando um pulo rapido e assustado, com uma mão tampando a boca demonstrando o momendo de desespero e choque .

- O que aconteceu? Foi algo que eu fiz? Por favor, Si..me fala!.. - ela tentou o abraçar, mas seus braços fecharam-se no ar, e o garoto apenas se virou, se distanciando aos poucos, em passos serenos e hesitantes.

- Algumas coisas não precisam de explicação, Serena.. - Sirius se virou para ela, a observando por alguns segundos, como se tentasse desesperadamente achar nela algo que o impedisse de fazer aquilo, já que nem ele achava justo. Não a amava de fato, mas devia haver algo nela que fosse melhor do que em seu verdadeiro amor.

Não adiantou procurar.Não havia nada naquela garota. Sua alma e seu corpo eram tão vagos quanto a grama sob as quais seus pés descalços pisavam; sempre igual, ou seca ou úmida. Não era como ela... Não tinha a beleza da rosa, mesmo que nunca sincera e sempre dissimulada. Cada dia com um novo encanto, e olhares enigmáticos que nem os mais sábios conseguiam descrever.Seu poder sobre todos era tanto, e Sirius sabia, no fundo, que nada daria certo entre os dois.


- Olhe para ela - pensara, alguns dias atrás, assim que voltaram das férias e a vira entrar no castelo pela primeira vez no ano - Todos a amam. Eu só sou mais uma gota no oceano.


- Olhe para ele - Serena, do outro lado da história, pensara assim que o vira também. Mal sabia ela que seus olhares não estavam destinados à sua mísera presença, mas sim à pessoa as suas costas. Sorrira bobamente, e acenara como uma adolescente apaixonada.

Essa mesma adolescente que se sentava naquele momento de tristeza na grama molhada do sereno, abraçada aos próprios joelhos e chorando alto, ainda olhando adiante, na esperança de que Sirius talvez voltasse para resgata-la, e dissesse que tudo havia sido um engano; era ela quem ele amava! Sempre fora!!
Ele não voltou.
E o desgosto e o medo tomaram seu pobre coração. Ela sabia o motivo. Todos sabiam o motivo. Era sempre o mesmo motivo.
Era ela. Afinal, sempre foi bem claro que Haylie gostava dele, nem que um pouquinho mais apenas. Ele sempre foi mais do que os outros.Mas ele
jurara que havia acabado! Que não a amava mais..então fora tudo uma mentira?
Dúvidas surgiam cada vez mais tenebrosas e perversas em sua cabeça. Talvez tivesse sido apenas um passatempo, ou um objeto para despertar na garota dita perfeita algum sentimento a mais por Sirius. Meu Deus! Eles eram quase primos.  De 4º grau, se isso poder existir, mas mesmo assim! Carregavam o mesmo nome. A raiva. A tristeza.  Tudo junto.


- É hora de vê-la queimar. - falou, olhando para a alta torre onde deveria ficar o dormitório da Sonserina - Até o fim


- Esse garoto tem algum bloqueio mental ou algo assim?..Quer dizer..Que tipo de homem dá rosas amarelas para uma garota? Cada aberração que me aparece..

- Haylie, não seja máá! Eu achei um gesto muito bonito -
Melody riu, tomando nos seus braços o grande buquê de rosas amarelas que até então estivera no colo de Haylie, que arrancava pétala por pétala.

- Esse é o tipo de flor que se manda para hospitais, não para a garota com quem quer sair.. - estoura mais uma bola de chiclete, brincando com a ponta dos longos cabelos, cacheando-as e soltando.

- Olhe..tem um bilhete.. - Thomas falou, enquanto futucava no meio do grande arranjo de flores, tirando o pequeno e delicado envelope branco rapidamente e se levantando, o estendendo o mais alto possível para que Melody, que se levantara rápido e começara a tentar pegar de sua mão, não pudesse pega-lo.

- Deixem de criancisse..aposto que já sei o que tem..cof cof.."Sua beleza me alucina, seja miinha, seja minha"..Recebi quatro cartas com frases iguais a essa desde que voltamos.

- Sai, Melody! -
o garoto afastou a amiga, e abriu o envelope rápido,
coçando a garganta e abrindo a boca, recitando a carta em voz alta, fazendo um tom de piada enquanto fazia poses teatrais referentes à peças clássicas que, de acordo com ele, "mostravam apenas o lado gay de cada homem" Leu em voz alta.

"
Mando rosas amarelas, para pedir pela cura do seu coração.
Vejo que está partido, e sinto a sua dor corromper a minha alma.
Peço que seja minha, mas não quero-te apenas de carne.
Espero uma resposta sincera, deixando seus preconceitos de lado.
Não sou quem gostaria que eu fosse, mas posso ser muito mais, se me der uma chance"..

- Ahhh! Que graciinha, Lie! Quem mandou, quem mandou? -Melody estendeu o corpo, tentando ler o nome do remetente, mas em vão, pois a carta não tinha tal informação.

- Não tem remetente. Como esse bobo acha que eu vou responder, então?Não disse que devia ser um maluco? Deixa isso para lá, depois coloco as flores na água.- tomou o buquê nas mãos novamente. Apesar de aparentar séria e inabalada, sentia um calor tomar seu corpo ao ouvir a mensagem. Talvez não fosse mesmo quem gostaria que fosse..mas..do que importava? Seja quem quer que fosse..escrevera ali tudo que ela precisava ouvir, e um sorriso sincero foi esboçado em seus lábios, enquanto aproximou as flores do nariz, sentindo seu aroma suave e fechando os olhos.

- Hay, deixa de ser uma muralha. Vamos descobrir quem fez isso. Pode deixar- Thomas piscou, abraçando Melody de lado e rindo, olhando Haylie.



Sirius estava debruçado na grande janela da biblioteca, observando o
movimento noturno no jardim tranquilamente, com os cabelos balançando ao vento forte do fim do verão.Seus olhos percorriam freneticamente tudo no andar de baixo, ao certo procurando Haylie ou Serena, até achar um das duas, ou talvez a mais importante delas.

Sentiu um aperto forte tomar seu coração ao ver o que ninguém mais ali viu; Haylie abraçava-se a um enorme buquê de rosas amarelas, e, com os olhos semi-cerrados, aproveitava seu aroma natural, deixando os cabelos cairem sobre os ombros, inclinando o corpo para frente, sentada em cima das próprias pernas, em uma posição que ele sempre achara particularmente encantadora, pois a deixava com um toque menininha, tão incomum nela.

Incomum? Haylie incomum? Então algo acontecera, afinal! O que? O que ele podia fazer? Sentiu vontade de se jogar da janela e ir direto a ela tirar satisfações, mas contentou-se em sentar na janela de lado, olhando mais atentamente a cada reação da garota. Não sentiu sua pele corar, mas sentiu algo estranho percorrer seus braços, e seu tronco, até sua cabeça. Precisava saber quem mandara as flores. Precisava saber quem a queria tanto assim. O que estava acontecendo? Por que pensava tanto nela? Depois de tudo..tinha de tira-la de sua cabeça..

Balançou-a negativamente e saltou da janela para dentro da bibliioteca
novamente, pegando um livro qualquer em cima de uma das mesas circulares e saindo apressadamente pela porta, até cruzar com alguém no corredor, sem nem prestar atenção ao certo em quem era.

- Ei, cara. Tava te procurando..o pessoal tá no campo de quadribol te
esperando! -
Lupin deu um tapinha nas suas costas - É melhor deixar essa distração toda de lado se quiser vencer o Tiago. Ele está com a corda toda hoje. Parece que encontraram com o Snape antes do treino e poderam se divertir um pouquinho. Hey..você tá..vermelho, cara. Tá tudo certo?

- Ahn..claro! Claro! Vamos nessa!..Era só uma febre, mas já passou!
- Ele olhou em direção a janela, suspirando fundo e agitando a cabeça - Já passou, cara


Robbie Williams - Feel

Come and hold my hand
I wanna contact the living
Not sure I understand
This role I've been given

I sit and talk to God
And he just laughs at my plans
My head speaks a language
I don't understand

I just want to feel real love
Feel the home that I live in
'Cause I got too much life
Running through my veins
Going to waste

I don't wanna die
But I ain't keen on living either
Before I fall in love
I'm preparing to leave her
I scare myself to death
That's why I keep on running
Before I've arrived
I can see myself coming

I just want to feel real love
Feel the home that I live in
'Cause I got too much life
Running through my veins
Going to waste
And I need to feel real love
And a life ever after
I cannot give it up

I just want to feel real love
Feel the home that I live in
I got too much love
Running through my veins
Going to waste

And I need to feel real love
In a life ever after
There's a hole in my soul
You can see it in my face
It's a real big place

Come and hold my hand
I want to contact the living
Not sure I understand
This role I've been given
Not sure I understand
Not sure I understand
Not sure I understand
Not sure I understand

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