Primeiros contatos



Capítulo V
Primeiros contatos

"Ter um inimigo comum não é bom fundamento para uma amizade verdadeira."
Richard Stengel


-Não pode ser... – murmurou o moreno antes de sentir um esbarrão.
Luna havia trombado abruptamente com ele quando avistou ser verdade o que a amiga dissera.
Ali, em frente a eles, desmaiado após uma perseguição implacável dos Comensais estava ninguém menos que Draco Malfoy.
-Mas... Mas por que estão atrás dele? – perguntou a loira confusa.
-Ele deve ter feito algo que desagradou Você-sabe-Quem... – disse Smith – Algo que desagradou e muito.
Ron e Mione finalmente apareceram no capo, tomando um susto ao reconhecer Malfoy caído no chão, como os demais.
-O que diabos essa doninha está fazendo aqui? – resmungou o ruivo.
A irmão, que já havia se recuperado do susto, começou a verificar os pontos onde o rapaz sangrava.
-Ele está muito machucado – concluiu – Temos que levá-lo ao St. Mungus urgente.
Harry tinha vontade de largá-lo ali mesmo, ou coisa pior.
-Por mim deveríamos entregá-lo aos comensais de uma vez. – Gina olhou-o com reprovação – Pelo menos eles param com esse ataque!
-Já pararam. – disse Hermione – A alguns minutos atrás. Achamos que eles tinham pego você...
Potter olhou desconfiado para o corpo estático no chão.
-Não... Não me pegaram. Só nos deixaram um presente... De Grego.

88888888888

-Tá na cara que foi armação...
-Eu concordo com o garoto.
-Certo Moody, certo. Ma por que Voldemort o mandaria para nós?
-Para nos espionar, Remo. Como diria a Mione:“é obvio.”
-O Malfoy? Não Harry, não. Ele sabe que nunca confiariam nele... Para que tentar?
-Como saberiam que vocês haviam ido ao jogo? – perguntou Arthur – Uma ação desse porte requer planejamento...
-Certamente, Weasley. – era a voz forte de Scrimgeou, o atual Ministro da Magia, que se aproximava do grupo de homens parado em um dos corredores do hospital – Mas pelo visto não foi bem planejado, afinal, o garoto-que-sobreviveu continua vivo.
Harry não gostou do cinismo da voz do homem, mas não respondeu, embora palavras para ser grosseiro não faltassem no momento.
-Não queriam a mim... Queriam o Malfoy. Pelo menos foi o que aquela vaca disse.
-Vaca? – perguntou o Ministro curioso.
-A sra. Lestrange. – traduziu Lupin.
-Entendo. Bom, vou precisar do seu depoimento sr. Potter.
-Quando quiser, senhor.
-Conversou com o menino, já, senhor?
-Ah, sim Weasley, já conversei. Ele fala com dificuldade ainda. Sente dores o peito pelo que entendi. Mas me esclareceu muito pouco ainda.
“Obvio” pensou Harry, mas uma vez lembrando da amiga.
-Ele está disposto a cooperar?
-Depois de ter sido perseguido por praticamente toda a tropa de Comensais da Morte, eu também estaria, Lupin... – disse Moody - O que será que ele fez?
-Estou mais interessado em saber porque a mãe dele se recusa a vir visitá-lo... – ponderou o Ministro.
-Ora vamos, Rufus! Simples, ele traiu Voldemort e ela não quer saber mais dele... – alfinetou o ex-auror – Ou você ainda acha que aquela loira é um anjo?
-Não vou discutir isso com você, Moody, não vou mesmo. Só vim até aqui por que o menino me pediu para falar com você, Potter.
-Comigo?
-É... Com você. E eu preciso de informações sobre o ocorrido. O Profeta Diário quer culpados pela falta de segurança no evento e eu pretendo resolver essa questão muito rápido. Por isso, quando sair daqui, quero você no Ministério para prestar esclarecimentos.
Ele nem ao menos se deu ao trabalho de se despedir dos demais. Apenas virou-lhes as costas e se retirou.
Então, todos voltaram suas atenções para Harry novamente.
-O que foi? – perguntou.
-Não vai lá ver o moleque? – falou Moody – Ele quer falar com você!
-Ah, é verdade... – disse, seguindo para o quarto, pensando o que Malfoy poderia querer com ele.
Chegou à porta que estava sendo vigiada por dois Aurores, os cumprimentou com a cabeça e entrou.
Encontrou o antigo adversário de escola tentando se ajeitar na cama, com o rosto contorcido pela dor.
-Me disseram que queria falar comigo?
-É Potter... – ele quase cuspiu seu nome, como de costume – Eu quero. – Harry parou próximo a porta cruzando os braços a espera das palavras do loiro – O sr. Scrimgeou estava me oferecendo proteção caso eu falasse o que aconteceu... – comentou Malfoy.
-Depois do que eu vi hoje, não acho que ele vá poder te proteger muito. Eles pareciam querer seu sangue.
-E queriam. – suspirou sentindo uma nova onda de dor lhe incomodar o peito – Você está certo, não há como o Ministério me proteger deles. Na verdade, só há uma chance de eu sair vivo de tudo isso.
-Imagino que você vá me dizer qual é, Malfoy. Como se eu me importasse.
-Você se importa... Não seria esse heroizinho de conto de fadas se não se importasse.
-Pois você pode se surpreender comigo.
-E você comigo, Potter. – ele apontou a cadeira próxima a sua cama, muito a contra gosto Harry sentou-se, só então ele continuou – Isso tudo aconteceu por que eu tenho uma nova missão para cumprir, Potter... – se calou por um novo segundo, escolhendo as melhores palavras – Eles precisam que você confie em mim...
-Por que? – perguntou Harry, certo de que não ouviria a verdade.
-O lorde quer que eu seja seu informante, junto a você.
O moreno soltou uma gargalhada.
-Nem em sonhos! Conta outra, Malfoy! Você nunca conseguiria isso.
-Eu sei. Por isso estou fadado ao extermínio. Já não completei minha primeira missão.
-Você completou. Dumbledore está morto.
-Mas não por minhas mãos... E, acredite, eu sei, mais do que ninguém, que isso faz muita diferença.
Harry levantou da cadeira com certa revolta. Sua vontade era de voar no pescoço do imbecil que tratava o assassinato do diretor como algo sem importância.
-Eu preciso que me ajude a continuar vivo, Potter. – falou Draco, percebendo o nervosismo do outro – Se o lorde acreditar que posso ser útil junto a você, tenho minha vida prolongada por alguns dias, ou meses.
Harry o encarou.
-Deve estar desesperado mesmo para me pedir ajuda.
-É, estou. Alias, sou capaz de aceitar ajuda até daquele pobretão do Weasley, ou da sangue-ruim da Granger. Tanto faz...
-E precisaria da ajuda deles mesmo, para esse seu planinho dar certo... Isso se houvesse alguma possibilidade de eu concordar com essa loucura...
Draco engoliu seco, mas não deixou que suas feições se alterassem.
-Eu posso ser útil, Potter.
-Ah! Não vejo como Malfoy!
-Tudo tem dois lados... – Potter voltou a encará-lo com rigidez – Posso trazer informações deles para você. E também sei de coisas que podem ajudar.
O outro virou as costas, pensativo, e Draco ficou feliz ao perceber que teria alguma chance.
Foi quando Potter se virou novamente para ele.
-Minha resposta é não, Malfoy.
Draco arfou cansado.
-Eu estaria mentindo se dissesse que achei que seria outra, Potter. – deu um aceno moderado com a cabeça, ombro doía – Então não temos mais nada para falar.
Harry concordou e sair do quarto batendo a porta atrás de si. Draco voltou a deitar o corpo, tentando aproveitar o que ele considerava, seriam suas ultimas horas de vida.

88888888888



Quando abriu os olhos novamente já era de manhã.
O sol batia no parapeito da sua janela, acusando que o dia lá fora estava lindo. Mas isso não importava, ele não pretendia ver um dia bonito de sol outra vez na sua vida. Na sua curta vida.
-Vamos logo, Gina.
-Mãe! Eu não vou entrar no quarto desse cara para saber como ele está!
-Gina Weasley! Onde está a educação que eu lhe dei? Você ouviu seu pai dizendo que o menino está sozinho no mundo, até a mãe dele virou-lhe a costas.
-Pra você ver a boa bisca que ele é!
-Para com isso, filha, o garoto está precisando de um pouco de apoio, onde está sua compaixão?
Draco não pode ouvir a resposta porque no mesmo instante a mulher abria a porta do seu quarto, puxando a filha pelo braço.
Rapidamente ele fechou os olhos, fingindo dormir. Nem a pau ele ia ficar aturando o sentimentalismo da matriarca dos Weasley.
-Olha só, coitadinho. Está descansando.
-Coisa que eu também deveria estar fazendo, mãe. Por Merlin, não sei por que estamos aqui. Se essa coisa estivesse acordada certamente estaria nos gritando insultos.
-Ele não parece a peste que você e seus irmãos pintam... Olha só, parece um anjinho dormindo.
Ai, mãe... só você.
Draco estava se esforçando para não deixar as feições se alterarem a cada novo comentário que elas murmuravam. Se divertia em imaginar a expressão revoltada da jovem Weasley também. Ele lembrava pouco da garota, apenas que era pobre, usava vestes gastas, ruiva, com um gênio insuportável e que era linda.
O engraçado era que não lembrava direito do rosto dela, mas lembrava de tê-la achado bonita quando, no quinto ano, ficou responsável por tomar conta dela e do resto da sua corja de amigos, a mando da louca da Umbridge.
Lembrava de tê-la chamado de gostosa e da garota ter lhe lançado um feitiço em seguida. Ficou tão furioso na época que, se não fosse a missão que Voldemort lhe arranjara no ano seguinte, perseguir a ruiva e infernizar-lhe a vida, seria, com certeza, seu único objetivo durante o sexto ano.
“E teria sido tudo bem mais divertido”
-Vou deixar esse pedaço de bolo aqui, para ele comer quando acordar. O menino deve estar com muita fome.
E estava mesmo, mas a onde aquela idiota tirou a idéia de que ele comeria algo preparado por um Weasley?
-Mãe... Ele provavelmente vai jogar fora, Achando que tem ratos, ou algo podre nos ingredientes... – é, era exatamente isso que ele pensava.
-Mas pelo menos teremos feito nossa parte, filha.
Draco pode ouvir os passos, depois o ranger da porta se abrindo, não resistiu em abrir os olhos para vê-las nem que fosse de relance. Fechou-os rapidamente ao perceber que a ruiva olhava em sua direção.
-Vamos filha... – disse a mãe, já com o corpo todo para fora do quarto.
Um sorriso maquiavélico passou pelo rosto da menina.
-Claro mãe... – disse, fazendo sinal que a seguiria depois e batendo a porta atrás de si.
Cruzou os braços, esperando que Malfoy abrisse os olhos novamente. Não demorou muito.
Ele soltou um muxoxo irritado ao vê-la.
-O que você ainda está fazendo aqui, garota?
-Só confirmando o cretIno que você é, Malfoy... Fingindo que dormia em meio a uma visita de saúde, que coisa mais feia...
-Só mantendo a minha fama de insuportável, Weasley... Deveria saber que certas coisas não mudam.
-É verdade... – ela caminhou até a cabeceira da cama dele – Minha mãe fez um bolo para você. – ele fingiu não ligar para o comentário – Você deve estar morto de fome, não?
-Não... Nem um pouco.
-Ah, que bom! Então não vai se impostar se eu comer o seu bolo, vai? Eu amo os bolos da mamãe.
-Contando que vá comê-lo bem longe de mim, Weasley, problema nenhum.
Ela puxou a cadeira onde na noite anterior Harry sentara para conversar com ele. Fez o mesmo.
-Não vai dar. Se minha mãe me pegaR comendo o seu bolo ela me mata.
-E o mundo perderia uma inconveniente de mão cheia.
-O mundo quase perdeu outra coisa ontem, que não ia fazer muita falta, sabia? – disse ela, mordendo um pedaço do quitute macio – Se o Harry não aparecesse você estaria ferrado, heim.
Ele bufou, irritado com as dores do corpo que o impediam de levantar dali e deixar aquela chata falando sozinha.
-Você não sabe de nada, garota... Para sua informação, seu grande herói não pode me salvar, ok. Ele só adiou o meu destino.
Taí uma coisa que Gina nunca esperava ouvir da boca dele.
-Está enganado, o Harry pode acabar com o seu lorde quando quiser.
Draco riu, amargamente.
-Não, ele não pode. Ninguém pode acabar definitivamente com o Lorde das Trevas, Weasley. – ele se pois a mirar o teto – Outros já tentaram e morreram... É só uma questão de tempo para o seu Harry... – ele demorou a decidir se completaria a frase – E para mim... Mas fique feliz, eu sou o avlo prioritário no momento. Seu queridinho pode esperar.
-Quer realmente que eu acredite nisso, Malfoy? – perguntou Gina, levantando da cadeira.
Ele deu de ombros em resposta.
-Tanto faz se acredita ou não, ruiva.
Ficaram em silencio por alguns minutos. Draco admirando a cor branca do teto e todas as imperfeições que haviam na pintura e Gina a avaliá-lo, tentando de alguma forma decifrar aquele semblante. Logicamente não conseguiu.
-Por que?
Ele olhou-a de rabo de olho, sem mover a cabeça da posição original.
-Por que o que?
-Por que está traindo Voldemort?
Não gostou de ouvi-la pronunciar aquele nome, mas tampouco se deu ao trabalho de demonstrar isso.
-Já respondi essa pergunta ao seu namoradinho, Weasley.
-Harry não é meu namorado.
-Que seja. – deu de ombros – Mas já deixei bem claro para ele que não tenho outra saída. Você quer um motivo? Que tal incompatibilidade de objetivos. Eles me querem morto e eu não gosto da idéia. – sorriu debochado.
-Por que te querem morto? O que você fez de tão absurdo para Voldemort mandar todos os seus comensais atrás de você?
-Ele não mandou ninguém atrá de mim, ruiva... – revirou os olhos, não sabia por que estava respondendo aquele interrogatório idiota, mas as perguntas eram tão esdrúxulas que não havia como deixá-la ao léu – Simplesmente disse que quem quisesse poderia me pegar... Como você, não são só vocês que me adoram.
Gina cruzou os braços, inconformada com os rodeios do loiro.
-Para de me enrolar, anda. O que você fez?
Ele a encacou com certa raiva no olhar. Aquela garota não iria acreditar na historinha que contara para o Potter sobre “não cumpri minha missão”. Não que se importasse com a opinião dela, claro, mas sabia bem que a ruiva tinha influencia sobre o outro e, na sua situação, qualquer ajuda era bem vinda.
Precisava pensar em algo que a convencesse, rápido.
-Será que a senhorita ainda não se tocou que eu sei demais para virar um desertor e continuar vivo?! – jogou. Era a sua ultima cartada.
Bingo!
A cara surpreendida dela lhe fez perceber que fora convincente.
Agora era só manter o teatro.
-Isso ruiva! Desertor! Agora vai correndo contar para aquele insuportável do seu irmão e me deixa em paz!

88888888888

Nem eu acredito que já terminei esse capítulo...
Então, o que acharam do primeiro encontro DG?
Espero que tenham gostado tb!!!!

Bjs a todos
AMB



Compartilhe!

anúncio

Comentários (0)

Não há comentários. Seja o primeiro!
Você precisa estar logado para comentar. Faça Login.